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COMPRAS E ESTOQUES Esta apostila abrange os seguintes tópicos: 1) Picking 2) Compras e estoques 1) PICKING Afinal, o que é picking? Como ele funciona e qual a sua importância para a Cadeia de Suprimentos? Para estudarmos os processos de picking, que são as atividades de separação e preparação de pedidos, é importante fazermos aqui uma inter-relação com as principais atividades de armazenagem e estocagem. Já entendemos que todos os armazéns têm alguns tipos de atividades comuns, como: • recebimento de produtos / mercadorias; • armazenagem (guarda) dos produtos; • separação de produtos de acordo com pedidos dos clientes; • preparação dos produtos para entrega no cliente. A atividade de picking pode ser definida como a atividade responsável pela coleta dos itens corretos de produtos, em suas quantidades corretas, no armazém, de acordo com o pedido do cliente. O processo de picking é considerado uma das atividades mais importantes no armazém. Ele cria um diferencial competitivo fundamental para o sucesso da empresa. Outro aspecto importante é quanto ao deslocamento de pessoal no processo de picking, que pode corresponder a até 40% do tempo total do processo. Essa atividade pode diferenciar em custos e logicamente no tempo do atendimento do pedido, que vai se refletir na satisfação do cliente. Hoje, as exigências cada vez maiores dos clientes por tempos curtos no atendimento a seus pedidos e a não tolerância a erros fazem do picking um processo que deve ser administrado cuidadosamente. A armazenagem moderna deve estar preparada para enfrentar alguns desafios. Dentre eles destacamos: • Proliferação do número de SKUs: As empresas necessitam estar sempre aumentando seu mix de produtos com o intuito de aumentar seu share. Essa é uma ação que visa sempre a apresentar “novidades” ao mercado. • Aumento do número de pedidos: Hoje, há um entendimento geral de que os estoques devem ser mínimos. Isso provoca pedidos cada vez menores, com menor número de itens, ampliando, assim, a frequência de pedidos, ou seja, menores compras e entregas mais frequentes. • Concentração em grandes armazéns: O conceito de muitos CDs para aproximar os produtos da demanda vem se modificando. Há uma tendência a menos armazéns (CDs) e, com isso, as poucas instalações restantes tendem a ser grandiosas. • Tempos de entrega cada vez mais comprimidos: a demanda exige tempos de entrega mais curtos. Além dessas tendências, as empresas perceberam a importância da utilização do serviço como diferencial. A qualidade do produto deixa de ser o único aspecto importante para o cliente, que agora exige algum diferencial que serviços como o picking podem oferecer. A gestão dos processos de picking deverá atribuir conceitos de flexibilidade para que possa diferenciar, em determinados momentos, o atendimento a alguns clientes mais exigentes e prioritários. A atividade de picking, separação de pedidos, é intensiva em movimentação de materiais. Dependendo do tipo de armazém, cerca de 30% a 40% de seus custos estão diretamente ligados à atividade de picking. Isso ocorre porque a mão de obra utilizada e o tempo associado a essa atividade são maiores que nas outras atividades de armazenagem. Por meio de estudos de sistemas de separação de pedidos mais típicos, onde se utiliza uma grande quantidade de documentos em papel e operações de deslocamento e coleta de produtos, temos informações de como é gasto o tempo do operador nessa atividade. Novas tecnologias de armazenagem, como Carrousels, mini-loads, sistemas AS/RS (Automatic Storage and Retrieval Systems), aliadas a um eficiente programa de WMS, são combinações de equipamentos e sistemas de controle que deslocam, armazenam e coletam produtos com alta precisão, segurança e velocidade, dependendo do grau de automação utilizado. Tais sistemas também reduzem o tempo de movimentação do operador, pois tem como objetivo trazer os produtos específicos no momento da separação, além de redução no tempo de contagem. Nesse contexto, coletores de código de barras são fundamentais e imprescindíveis para uma eficiente operação de picking. No planejamento da operação de picking, temos que verificar como será organizado o processo e, para isso, teremos que considerar as seguintes definições: • Como dimensionar o número de operadores no processo? Deve-se concentrar muitos pedidos para poucos operadores, ou, ao contrário, distribuir os pedidos por vários operadores? • Esses operadores recolherão todos os itens constantes nos pedidos ou selecionarão alguns itens comuns e recolherão apenas esses? • Na utilização do sistema EDI, quantas importações de pedidos deverão ser feitas a cada turno? Dependendo do tipo de armazenagem, o número de pedidos que devem ser atendidos por dia e o prazo de entrega dos pedidos, temos quatro tipos de picking: • Picking por zona ou área Esse tipo de picking deverá ser utilizado para armazéns muito grandes e que contenham um número também grande de SKUs. Esses estoques são organizados por família de produtos (por exemplo: cama/ mesa/ banho/ higiene/ limpeza/comestíveis etc.) e, para cada zona ou área do estoque, haverá uma equipe de operadores que só atuará naquele setor. Na chegada do pedido, cada operador retirará apenas os itens referentes à sua zona ou área de trabalho. Se, ao final, o pedido estiver completo, ele será destinado para conferência e despacho, caso contrário, será encaminhado para a zona correspondente aos itens que ainda devem ser coletados. • Vantagem do picking por zona: aumenta a produtividade, pois evita grandes deslocamentos no interior do armazém. • Desvantagem do picking por zona: os controles devem ser mais apurados em função do manuseio do pedido, geralmente por diversas zonas. • Picking discreto ou simples Nesse processo, observa-se que cada operador atende apenas a um pedido por vez e coleta também apenas um item de cada vez. É ainda característica desse processo uma única importação de pedidos por turno. Recomenda-se a utilização desse tipo de picking quando a operação é baseada em papel. • Vantagem do picking simples: Redução do índice de erros em função da sua simplicidade • Desvantagens do picking simples: (a) Baixa produtividade; (b) Atrasos nas entregas são possíveis. [DG: Excluir a expressão “Figura 3” da imagem acima] • Picking por onda ou por levas Parecido com o picking simples, sua diferença está na importação de pedidos, que acontece várias vezes por turno. A vantagem sobre o picking simples é a sua maior produtividade. • Picking por lote ou concentrado Neste processo, são acumulados e concentrados diversos pedidos, selecionados itens comuns a eles, e então distribuídos aos operadores que irão coletar itens iguais. Posteriormente, os itens coletados serão distribuídos pelos pedidos correspondentes até serem completados. Este processo deve ser empregado para lotes fracionados. • Vantagem do Picking por lote: alta produtividade, pois vários pedidos estarão sendo atendidos simultaneamente. • Desvantagem do Picking por lote: carece de controles efetivos, pois a distribuição dos itens nos pedidos correspondentes, e que são trabalhados por vários operadores, facilita o erro. Alguns critérios devem ser adotados para que o processo de picking, seja ele qual for, tenha sucesso, e isso independe do tamanho, volume, tipos de estoque, necessidades do consumidor e tipos de sistemas de controle da operação do armazém. Os critérios mais importantes a serem seguidos são: • Priorizar itens de maior giro no estoque Deve-se primeiramente identificar os produtos de maior giro no estoque, normalmente utilizando-se a classificação ABC. Pelo próprio conceito da classificação ABC, vamos constatar que um pequeno número de itens é responsável por um grande giro (movimentação) no estoque:são os chamados itens “A”. Existe, também, um número considerável de itens que verificam um razoável giro (movimentação) no estoque: são os itens “B”. Há ainda um maior número de itens que giram pouco (slow movers) e que se denominam itens “C”. Após essa identificação, e para um melhor fluxo operacional no interior do armazém, é que os itens de maior giro, os “A”, devem ficar agrupados próximos à expedição. Logo depois os de giro razoável, os “B”, e, no fundo do armazém, os que giram menos, os “C”. Essa organização permitirá que tanto os operadores quanto os equipamentos de movimentação tenham maior eficiência, visto que seus deslocamentos serão racionalizados. Pedidos simples e exatos Os pedidos com que os operadores irão trabalhar em seu dia a dia deverão ser simples, claros e exatos. Deverão conter algumas informações básicas, como: • Descrição exata do item • Código e lote do item • Quantidade pedida • Localização do item no armazém • Informações sobre o cliente: razão social, registros fiscais e local de entrega Layout adequado do armazém O armazém deverá ter um layout adequado para a sua finalidade, que vai depender de diversos fatores, como: quantidade de SKUs estocados, tipo de mercadoria, giro do armazém, equipamentos utilizados, frequência de movimentações etc. Deve ser um aspecto fundamental no layout do armazém o seu endereçamento, para que, por ocasião do picking, os itens sejam localizados com facilidade e rapidez. Indicadores de desempenho Como parte fundamental do controle das operações do armazém e, em particular, das operações de picking, é necessário que o gestor crie e desenvolva alguns indicadores de desempenho. Vale aqui ressaltar que os indicadores de desempenho ou indicadores de performance devem sempre perfazer uma relação, ou seja, uma informação com relação a outra informação. Por exemplo, pode-se criar um indicador que traduza a quantidade de pedidos atendidos no dia versus a quantidade total de pedidos importados naquele mesmo dia. Quanto ao seu conceito, os indicadores poderão ser: • Indicadores de produtividade Medem a quantidade de serviço prestado ou trabalho realizado. Por exemplo: número de itens produzidos, de dados processados, de clientes atendidos etc. • Indicadores de economia e eficiência Estes fazem a associação das cargas de trabalho com os recursos empregados. Como exemplo, temos: • utilização de energia por metro quadrado de instalação; • número médio de pedidos atendidos por operador etc. Por estabelecer a relação dos recursos consumidos e as cargas de trabalho, este tipo de indicador é de maior utilidade; • atendimento real de 26 pessoas por hora. Padrão de atendimento = 25 pessoas por hora. Taxa de Eficiência = 26/25 x 100 = 104%. Neste caso, obteve-se uma eficiência de 4%. • Indicadores de eficácia Estes tipos de indicador visam a avaliar se a atividade ou serviço está atingindo seu objetivo ou meta. São voltados para resultados, e não para os custos. Eficácia no uso dos recursos = Recursos consumidos/Recursos planejados Eficácia das atividades = Atividades desempenhadas/Atividades planejadas • Indicadores de quantidade Volume de recursos, níveis de atendimento e número de horas empregadas. • Indicadores de qualidade Qualidade do atendimento e qualidade dos serviços. • Indicadores de tempo Tempo padrão de atendimento, tempo médio de execução e padrões de rendimento. • Indicadores de custos Custos de serviços, custo do material e custo padrão. 2) COMPRAS E ESTOQUES A importância da função “Compras” é evidenciada pelos seguintes aspectos: • globalização da economia, da produção, da competição, dos sistemas financeiros e comerciais; • compressão do tempo disponível; • competitividade crescente; • utilização da TI; • importância cada vez maior do cliente. O ato de comprar inclui as seguintes etapas: • determinação do que, de quanto e de quando comprar (Gestão de Estoques); • estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica ou seleção de fornecedores; • promoção de concorrência, para seleção do fornecedor vencedor; • fechamento do pedido, mediante de autorização de fornecimento ou contrato; • acompanhamento do pedido; • encerramento do processo, após recebimento do material (Recebimento) Os objetivos estratégicos da função “Compras” são os seguintes: • garantir um fluxo contínuo na cadeia de suprimentos; • adquirir materiais de forma econômica; • incentivar a padronização e simplificação de materiais; • considerar as limitações financeiras da empresa e a capacidade de armazenamento; • minimizar o custo do processo aquisitivo; • pesquisar, permanentemente, o mercado fornecedor; • manter relações de lealdade e respeito; • pesquisar novos produtos; • adquirir material em quantidades econômicas, sem faltas ou excessos. Os princípios fundamentais de organização do setor de Compras são os seguintes: • Autoridade para compra • Registro de compras • Registro de preços • Registro de fornecedores • Pesquisa: Estudo do mercado Estudo dos materiais Análise de preços Investigação das fontes de fornecimento • Aquisição: Análise das cotações Entrevista com vendedores Negociação Efetivação do pedido As fases do planejamento de Compras são as seguintes: • Levantar com os clientes internos (produção, manutenção, operação, administração) as suas necessidades de material e serviços para o próximo ano e a médio e longo prazos. • Elaborar o cronograma de execução das quantidades a comprar. • Avaliar com o controlador de estoques as possibilidades de espaço físico nos próximos meses para a eventualidade de compras especulativas. • Pesquisar os preços de materiais e serviços para elaborar o plano financeiro de Compras. • Procurar engajar os fornecedores considerados leais ou parceiros nos esforços de planejamento. Vantagens do planejamento de Compras: • as necessidades de compras poderão ser consideradas em conjunto para atender a diversos clientes internos; • poderão ser obtidas as melhores condições de mercado, principalmente em relação a preço. MODALIDADES DE COMPRAS • COMPRA NORMAL (Conforme fluxo básico de compra) • COMPRA EM EMERGÊNCIA • CONCORRÊNCIAS REPETITIVAS Inconstantes (compras isoladas) Constantes (ressuprimento definido) • CONTRATOS DE LONGO PRAZO • Vantagens para a empresa contratante: redução do estoque; estoques de segurança podem ser eliminados; eliminação de cotação de preços e análise de propostas; ampliação do poder de negociação; Redução dos atrasos em função do planejamento. • Vantagem para a empresa contratada: Fornecimento assegurado e programado Como já sabemos, precisamos formar parcerias com os principais fornecedores da cadeia de suprimentos, fornecedores que nos supram de materiais e serviços importantes, como, por exemplo, as matérias-primas. Para que essa parceria seja possível, é preciso que haja um alinhamento das intenções. Só assim se formará uma relação de interdependência entre cliente e fornecedor. Vamos eleger algumas características fundamentais de um bom fornecedor: • Qualidade • Preço competitivo • Entregas pontuais • Organização • Estruturação • Habilidade no desenvolvimento de produto • Desenvolve produtos diferenciais • Íntegro (Ético) • Confiável • Guarda informações confidenciais • Objetivos empresariais compatíveis com os do cliente • Esforça-se para a resolução de conflitos • Compreende as negociações do cliente • Compartilha informações de mercado • Genuinamente preocupado com os negócios do comprador • Preocupa-se com as prioridades • Desenvolvimento tecnológico compatível com o exigido pelo comprador Algumas ferramentas importantes devem ser utilizadas no processo de Compras, com a finalidade de agilização, segurançae redução dos custos de aquisição. Essas ferramentas estão embasadas na Tecnologia de Informação e sua aquisição vai depender do investimento que a empresa possa executar. Vejamos algumas delas. OUTSOURCING Outsourcing significa, essencialmente, a opção por uma relação de parceria e cumplicidade com um ou mais fornecedores da cadeia produtiva, numa decisão tipicamente estratégica, abrangente e de difícil reversão. As terceirizações são ações específicas e devem ser consideradas como de fácil reversão. e–BUSINESS São as atividades econômicas que se utilizam de redes eletrônicas como plataforma tecnológica. Essa expressão engloba os diversos tipos de transações comerciais, administrativas e contábeis, que envolvem governo, empresas e consumidores. Abrange o e-commerce e os processos internos, tais como produção, desenvolvimento, estoque, etc. e–COMMERCE É a principal atividade dessa nova categoria de negócios. Abrange os processos nos quais consumidores, fornecedores e parceiros encontram-se envolvidos nas atividades de marketing, vendas, entregas de pedidos etc. e–PROCUREMENT É a aquisição de bens e serviços por meio da Internet. A automatização do procedimento de compras de uma pessoa física ou jurídica de direito privado ou público, seja para consumo próprio ou de matéria-prima necessária para a execução de suas atividades e funções. e–MARKETPLACE São sites que funcionam como um ponto de encontro, ou mercado virtual, onde vendedores e compradores ficam frente à frente para negociar e concretizar negócios de maneira simples e rápida. CONCORRÊNCIA MODALIDADES DE COLETA DE PREÇOS As principais modalidades de coleta de preços são as seguintes: • COLETA DE PREÇOS NORMAL É o processo normal de coleta de preços, respeitando os prazos e prioridades estipulados pela empresa. • COLETA DE PREÇOS EM EMERGÊNCIA São compras que necessitam de uma prioridade alta e normalmente realizadas com preços mais elevados. • COLETA DE PREÇOS PARA CONTRATAÇÃO MEDIANTE AUTORIZAÇÃO DE FORNECIMENTO É uma contratação simples para entrega imediata ou de curto prazo. • COLETA DE PREÇOS PARA CONTRATAÇÃO A LONGO PRAZO Ao contrário da AF (Autorização de Fornecimento), essas contratações têm programação de entrega de longo prazo. A dispensa da concorrência é admitida nos casos em que se caracterizem: a) pequenos valores b) conveniência administrativa c) concorrência sem resposta d) concorrência com preços superiores aos do mercado e) fornecedor exclusivo f) compra de imóvel CONDIÇÕES GERAIS DE CONCORRÊNCIA As condições gerais de concorrência são as seguintes: • PREÇO: Os preços devem ser condizentes com os praticados no mercado, respeitando a qualidade do material desejado. • ALTERNATIVAS: Deve ser verificado se existem alternativas para os materiais solicitados, devendo sempre acompanhar a qualidade necessária. • GARANTIA: Os materiais adquiridos devem ser garantidos pelo fornecedor quanto à qualidade e funcionalidade. • ACEITAÇÃO DO MATERIAL: Após verificados e conferidos os materiais, procede-se à aceitação dos mesmos de maneira formal com a assinatura do recebedor. • OUTRAS CONDIÇÕES: Quaisquer condições que não estejam estipuladas nas condições gerais da concorrência. INFORMAÇÕES ADICIONAIS a) PREÇO-TETO – É o preço máximo estipulado para a aquisição. Vantagens Desvantagens 1 - Estabelece o máximo que será pago por produto/serviço. 1 - A variedade de compras permite a determinação do teto com segurança. 2 – O dispêndio poderá ser previsto. 2 – Mal formulado, pode induzir a preços mais elevados. 3 – Pode induzir a preços melhores. 3 – A sequência de vários preços–teto irreais poderá torná-lo desacreditado. b) PREÇO DE REFERÊNCIA Vantagens Desvantagens 1 - Após uma série de consultas, a depuração do preço de referência pode torná-lo o mais real possível. 1 – Indicar em compras de vulto, como referência, pode conduzir a preços mais elevados. 2 – Estabelece parâmetros para julgamento sem possibilidade de impasses, como no caso do preço-teto. 2 – Indicar como referência preço de compra obtido em condições adversas (emergência) pode conduzir a preços mais elevados.
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