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Introdução à Teoria Geral do Crime - Resumo de Rogério Sanches


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Introdução à Teoria Geral do Crime
1. Introdução
• A teoria geral do crime analisa os elementos necessários para a configuração do crime
→ Também observa os pressupostos para imposição da sanção penal
• É um instrumento indispensável para a interpretação da lei penal
2. Infração Penal, Crime, Delito e Contravenção Penal
• A infração penal pode ser analisada sob o enfoque formal ou material
→ Formal: Aquilo que está rotulado como infração penal em norma penal incriminadora
→ Material: Comportamento que causa relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
• A infração penal divide-se em crime e contravenção penal
→ A diferença entre elas é de valor, o crime é mais grave, a contravenção menos lesiva
3. Diferenças entre Crime e Contravenção Penal
3.1. Quanto à pena privativa de liberdade imposta
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção,
quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a
infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente. 
• Pelo art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal, os crimes são punidos mais severamente
→ O crime recebe pena de reclusão ou detenção, as contravenções são outras penas
3.2. Quanto à espécie de ação penal
• Contravenções são processadas por ação penal pública incondicionada (Art. 17, LCP)
• Os crimes são, em regra, perseguidos mediante ação penal pública incondicionada
→ Pode ser ação penal de iniciativa privada ou pública condicionada quando a lei dispuser
3.3. Quanto à admissibilidade da tentativa
• A tentativa de crime é punida pelo artigo 14, parágrafo único, do Código Penal
• A tentativa de contravenção penal não é punível, conforme artigo 4º da LCP
3.4. Quanto à extraterritorialidade da lei penal brasileira
• A regra do artigo 7º do CP aplica-se somente aos crimes
• A contravenção penal praticada no estrangeiro não é punida pela lei brasileira
3.5. Quanto à competência para processar e julgar
• Os crimes podem ser julgados pela Justiça Federal ou Estadual
→ Federal: Hipóteses do artigo 109 da CF
→ Estadual: Competência residual
Art. 109 Aos juízes federais compete processar e julgar:
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
• As contravenções sempre são julgadas na Justiça Estadual
→ Exceto em caso de foro por prerrogativa de função
3.6. Quanto ao limite das penas
• A pena de crime não ultrapassa os 30 anos, a de contravenção não passa dos 5 anos
3.7. Quanto ao período de prova do sursis
• O sursis é a suspensão da execução da pena por prazo determinado (período de prova)
→ No crime, esse período é de 2 a 4 anos
→ A Lei de Contravenções Penais estabelece o prazo de 1 a 3 anos para contravenções
3.8. Quanto ao cabimento de prisão preventiva e temporária
• Não é possível impor prisão preventiva pela prática de contravenção penal
→ Interpretação do artigo 313 do CPP
• No rol de infrações em que pode haver prisão temporária não há nenhuma contravenção
→ Lei 7.960/89, Art. 1º, III
Art. 1° Caberá prisão temporária:
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal,
de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
a) homicídio doloso;
b) seqüestro ou cárcere privado;
c) roubo;
d) extorsão
[...]
3.9. Quanto à possibilidade de confisco
• Somente é possível confiscar bens que sejam produto de crime
3.10. Quanto à ignorância ou à errada compreensão da lei
• Nas contravenções penais, a lei pode deixar de ser aplicada por esse motivo
→ Se for escusável
• Em crimes, o desconhecimento da lei é inescusável, servindo no máximo como atenuante
Crime Contravenção Penal
Tipo de pena privativa de
liberdade
Reclusão/Detenção e/ou Multa Prisão simples e/ou Multa
Espécie de ação penal Ação penal privada e Ação penal
pública (condicionada ou
incondicionada)
Ação penal pública
incondicionada
Punição da tentativa Pune a tentativa Não pune a tentativa
Regras da
extraterritorialidade
Admite extraterritorialidade da
lei penal
Não admite extraterritorialidade
da lei penal
Competência para
processo e julgamento
Justiça Federal e Justiça Estadual Justiça Estadual (salvo na
hipótese de foro por prerrogativa
de função federal ou nacional)
Limite de cumprimento da
pena
30 anos 5 anos
Período de prova do sursis 2 a 4 anos ou 4 a 6 anos 1 a 3 anos
Cabimento da prisão
preventiva e temporária
Cabe nas hipóteses do artigo 313
do CPP e artigo 1º, III, da Lei nº
7.960/89
Não cabe
Possibilidade de confisco Só instrumentos do crime podem
ser confiscados
Não se admite confisco de
instrumento de contravenções
4. Sujeitos (Ativo e Passivo) do Crime
• O sujeito ativo é a pessoa que pratica a infração penal
→ É sempre pessoa física capaz e com 18 anos completos
Questão: Pessoa jurídica pode figurar como sujeito ativo de crime?
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação
de reparar os danos causados. 
Esse é um tema bastante controverso, existindo 3 correntes que abordam o tema:
• A pessoa jurídica não pode praticar crimes nem ser responsabilizada penalmente
→ Só pode ser responsabilizada administrativa, tributária e civilmente
• Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais
→ Relação objetiva entre o autor do fato ilícito e a empresa
→ No entanto, a pessoa jurídica não pratica crimes, somente a pessoa física o faz
• A pessoa jurídica é um ente autônomo, pode cometer crimes ambientais e sofrer pena
→ Sua responsabilização está condicionada à atuação de uma pessoa física
 - Essa é a corrente predominante no STJ
 - Critica-se que a punição da pessoa jurídica estaria condicionada à da pessoa física
 - Se a pessoa física recair em excludente, deixaria de ser punida a pessoa jurídica
Questão: E se, constatada a prática de um crime, a pessoa jurídica for dissolvida durante a
apuração ou o processo criminal?
• A apuração, o processo ou a aplicação da pena devem continuar
→ Deve ocorrer antes da liquidação
• Nesse caso, somente a pena de multa poderá ser aplicada à pessoa jurídica
→ Penas restritivas de direitos e prestação de serviços pressupõem o exercício da empresa
Questão: Pessoa jurídica de direito público pode ser responsabilizada penalmente por delito
ambiental?
• A responsabilização ocorre em decorrência de atos que buscam o interesse da entidade
→ O interesse do Estado é o bem comum, então seria difícil uma atuação em seu benefício
• Por ser uma questão controvertida, existem 2 correntes acerca desse tema
• A pessoa jurídica de direito público não pode ser responsabilizada
→ A condenação forçaria o Estado a aplicar a pena em si mesmo
→ A pena seria um ônus contra a própria sociedade
• A pessoa jurídica de direito público pode e deve ser responsabilizada
→ As normas não excepcionam a responsabilidade penal da pessoa jurídica
→ As pessoas jurídicas de direito público e de direito privado devem ter tratamento igual
→ Não seriam aplicadas todas as penas à pessoa jurídica de direito público
 - Não pode haver suspensão das atividades, interdição de estabelecimento
• Quanto ao sujeito ativo, o crime classifica-se em:
→ Comum: O tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente
→ Próprio: O tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente
→ De mão própria: A execução do crime só pode ser praticada por ele
• Sujeitopassivo: Pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal
→ Constante (mediato, formal, geral ou genérico): Será sempre o Estado
→ Eventual (imediato, material, particular ou acidental): O titular do interesse protegido
 - Comum: O tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente
 - Próprio: O tipo penal exige qualidade ou condição especial do agente
• Se o sujeito ativo e o passivo são comuns, o crime é classificado como bicomum
• Se o sujeito ativo e o passivo são próprios, o crime é classificado como bipróprio
• Crimes de dupla subjetividade passiva: Têm, obrigatoriamente, pluralidade de vítimas
• Peculiaridades do sujeito passivo:
→ O morto não pode ser sujeito passivo, pois não é titular de direitos
 - A vítima pode ser a coletividade ou a sua família
→ Animais não são vítimas de crimes, podem ser somente objeto material do delito
 - O sujeito passivo é o proprietário do animal ou a coletividade
Questão: Pode o homem ser, ao mesmo tempo, sujeito ativo e passivo do crime?
• Não, pois a sua conduta não iria exceder a sua esfera individual
• Para Greco, o crime de rixa é uma exceção, o sujeito seria ativo e passivo simultaneamente
5. Objetos (Material e Jurídico) do Crime Material
• O objeto material é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa
→ Eventualmente, pode ser igual ao sujeito passivo
Questão: É possível crime sem objeto material?
• Sim, nem todo tipo penal possui objeto material
• Se ausente ou absolutamente impróprio, o crime é impossível ou um quase-crime
• O objeto jurídico é o bem protegido pelo direito penal, o interesse tutelado pela norma
Existem duas teorias dos bens jurídicos
• Teoria monista personalista: Os bens jurídicos individuais são protegidos penalmente
→ A tutela penal favorece a pessoa
• Teoria monista coletiva: Protege-se os bens jurídicos em perspectiva coletiva
• Teoria dualista: Divisão dos bens jurídicos em individuais e coletivos
→ Os bens pessoais e os bens coletivos não dependem uns dos outros
→ Individuais = Vida, patrimônio e liberdade pessoal
→ Coletivos = Interesses amplos e gerais, como a fé pública
→ É possível que certos tipos penais protejam mais de um interesse jurídico
→ Não é possível crime sem objeto jurídico
 - O comportamento é criminalizado justamente para proteger o bem jurídico
6. Classificação Doutrinária de Crimes
• Classificação legal: Denominação que a lei confere ao crime (nomen juris)
• Classificação doutrinária: Características das infrações penais
6.1. Crime material, formal e de mera conduta
• Material: Exige a ocorrência de uma modificação exterior para sua consumação
• Formal: O resultado é previsível, mas dispensável, consuma-se com a conduta
• Mera conduta: Descreve a conduta sem mencionar resultado, dispensável
→ O resultado jurídico ocorre, mas não é da natureza da conduta
6.2. Crime comum, próprio e de mão própria
• Comum: Pode ser praticado por qualquer pessoa
→ A lei não menciona nenhuma qualidade especial do sujeito ativo
• Próprio: O tipo penal exige que o agente possua determinadas características
• De mão própria: Somente pode ser cometido por certo agente, insubstituível
→ Não admite a coautoria, apenas a participação
→ O agente deve ser o designado no tipo penal
6.3. Crime doloso, culposo e preterdoloso
• Doloso: Quando o agente quer o resultado ou assume o risco de produzi-lo
→ Se quer, o dolo é direto, se assume o risco o dolo é eventual
• Culposo: O resultado não é desejado, mas é previsível
→ Decorre da inobservância dos deveres de cuidado
• Preterdoloso: Crime praticado com dolo no fato antecedente e culpa no agravante
6.4. Crime instantâneo, permanente e instantâneo de efeitos permanentes
• Instantâneo: Se consuma em momento determinado, imediato
• Permanente: A execução se protrai no tempo por determinação do sujeito ativo
→ A ofensa se dá de maneira constante e cessa de acordo com a vontade do agente
→ O prazo prescricional só passa a ser contado quando cessa a ofensa ao bem jurídico
• Instantâneo de efeitos permanentes: Consumação em momento certo, efeitos se estendem
6.5. Crime consumado e tentado
• Consumado: Nele se reúnem todos os requisitos de ordem legal
→ Difere do crime exaurido pois neste ocorrem fatos após a consumação
→ O exaurimento do crime deve ser considerado na aplicação da pena
• Tentado: O resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente
6.6. Crime de dano e de perigo
• Dano: Efetiva lesão ao bem jurídico penalmente tutelado
→ Não havendo lesão, ou é um indiferente penal ou houve a tentativa
• Perigo: Exposição do bem jurídico a perigo
→ Concreto: O risco para o bem jurídico deve ser comprovado
→ Abstrato/Presumido: A lei presume que aquela ação causa perigo
6.7. Crime simples, complexo, qualificado e privilegiado
• Simples: Possui apenas um tipo penal e nenhuma circunstância de gravidade
• Complexo: É formado por mais de um tipo penal
→ Complexo em sentido amplo: O delito adicionado de elementos que não são crime
Questão: O que se entende por crime ultra complexo?
• É um crime complexo acrescido de outro, que é sua majorante ou qualificadora
→ A conduta majorante ou qualificadora é absorvida pelo crime de roubo
• Evita o bis in idem
• Qualificado: Tem a mesma natureza do simples/complexo, mas há um agravamento
• Privilegiado: O crime está rodeado de circunstâncias que diminuem a sua gravidade
6.8. Crime plurissubjetivo é unissubjetivo
• Plurissubjetivo: O concurso de agentes é imprescindível para sua configuração
→ Também chamado de crime de concurso necessário
→ Condutas paralelas: Todos tem o mesmo fim
→ Condutas divergentes: As ações dos agentes são dirigidas uns contra os outros
→ Condutas bilaterais: As condutas dos agentes provavelmente se encontrarão
• Unissubjetivo: Pode ser praticado por uma ou algumas pessoas
→ Concurso eventual de agentes
6.9. Crime comissivo e omissivo
• Comissivo: Realiza-se uma conduta proibida pelo tipo penal incriminador
• Omissivo: É a não realização de uma conduta que era ideal
→ O agente estava juridicamente obrigado e podia realizar a conduta
→ Viola uma norma mandamental
 - Pode decorrer do próprio tipo penal (próprio) ou de cláusula geral (impróprio)
• Crime de conduta mista: Ação seguida de omissão
6.10. Crime unissubsistente e plurissubsistente
• Unissubsistente: Ocorre através de um único ato
→ Não admite a tentativa
• Plurissubsistente: Vários atos provocam, juntos, a consumação
→ É possível a tentativa
6.11. Crime habitual
• Configura-se através de atos reiterados
• A repetição da conduta mostra que aquela atividade é costumeira da parte do agente
• Não admite a tentativa
6.12. Outras classificações
• Observar o pdf
7. Substratos do Crime
• O conceito analítico de crime é a estrutura do delito, os seus substratos
→ Fato típico
→ Ilicitude
→ Culpabilidade
• Estando presentes os três substratos, surge a punibilidade, o direito de punir