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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 1 Ondas, segmentos e intervalos Introdução Recordando o estímulo elétrico, ele se inicia no nó sinusal, percorre o feixe intermodal e para no nó atrioventricular. Do nó AV, o es- tímulo elétrico passa pelo feixe de Hiss que, ao se dividir em ramos direito e esquerdo, leva o estímulo para o interior da massa mi- ocárdica, por meio de ramificações denomi- nadas Fibras de Purkinje. Conceitos Ondas – despola- rização e repolari- zação das câma- ras cardíacas. São elas as ondas P, complexo QRS e onda T. Intervalo – é a distância entre o início de uma onda ao início/final de uma outra onda. Ex.: intervalo PR e intervalo QT. Segmento – é a distância entre o final de uma onda ao início de outra onda. Ex.: seg- mento ST Significado de cada personagem Onda P – é a despolarização dos átrios, mo- mento em que ocorre a contração atrial. Intercalo PR – momento do retardo fisioló- gico no nó atrioventricular. Isso evita que o átrio contraia ao mesmo tempo que o ven- trículo. Complexo QRS – é a despolarização ventri- cular, quando ocorre a contração dos ventrí- culos (sístole). Onda T e segmento ST – é a repolarização ventricular. Nesse momento, ocorre a finali- zação da sístole ventricular e do relaxa- mento ventricular. Após a onda T, tem-se uma linha isoelétrica, cujo início representa a fase de enchimento rápido. Onda P Representa a despolarização atrial, feita pelo estímulo elétrico que nasce no nó sinu- sal. No ECG, é fundamental saber reconhe- cer se a onda P está normal. Para isso, é pre- ciso conhecer 3 coisas: Duração normal da onda P: até 0,12 segun- dos (três quadrados pequenos). Amplitude normal da onda P: até 0,25mv (2,5 quadrados pequenos). Morfologia normal da onda P: na maioria das derivações, está positiva. Importância clínica Indica se o ritmo é sinusal ou não; Avalia sinais de sobrecarga atrial direita e/ou esquerda; Pode sugerir patologias como valvopatia mi- tral/tricúspide, hipertensão pulmonar e sis- têmica severas; Quando ausentes, podem representar fibri- lação atrial ou flutter atrial. Intervalo PR É o começo da onda P e o segmento PR. Re- presenta a despolarização atrial e o atraso fi- siológico do estímulo ao passar pelo nó atri- oventricular. Para reconhecer o padrão de normalidade, deve-se conhecer: Duração normal do intervalo PR – de 0,12- 0,20 segundos (três a cinco quadradinhos). Varia conforma a FC. Importância clínica Avaliar a presença de bloqueio atrioventri- cular; Pode indicar infradesnivelamento, como pe- ricardite; Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 2 Quando curto, sugere síndromes de pré-ex- citação. Segmento PR É o final da onda P até o começo do QRS. As suas alterações são avaliadas junto com o in- tervalo PR. Complexo QRS Ele representa a despolarização ventricular, quando o estímulo elétrico desce pelo cora- ção e leva à contração ventricular. O com- plexo QRS é composto por 3 ondas: Onda Q – é a primeira deflexão negativa e corresponde ao vetor de despolarização septal. Onda R – é a primeira deflexão positiva, cor- respondendo ao vetor resultante da despo- larização das paredes livres dos ventrículos. Onda S – é a deflexão negativa após a onda R. Para se avaliar o complexo QRS, deve-se co- nhecer o seu padrão de normalidade. Morfologia normal do QRS: varia conforme a derivação. De maneira geral, derivações pre- cordiais (V1 a V6) tendem a ter uma onda R que começa pequena em V1 e cresce até V6. Para a onda S, tem-se o contrário (início grande e progressiva redução). O eixo do QRS tende a ser positivo. Duração normal do QRS: em geral, é rápida – de 0,06 a 0,10 segundos. Na prática, consi- dera-se alterações se maior que 0,12 segun- dos (três quadradinhos). Amplitude normal do QRS: é o tamanho do R e do S. É útil para avaliar sinais de sobre- carga ventricular. Importância clínica Avaliar a presença de bloqueios de ramo; Pode indicar infartos prévios; Avaliar sinais de sobrecarga ventricular e sín- dromes de pré-excitações. Segmento ST Ocorre após o término da despolarização ventricular e antes do início da repolariza- ção. O ST normal deve ser isoelétrico e com leve concavidade para cima. Importância clínica Muda a conduta no contexto de síndromes coronarianas agudas; Pode sugerir lesão de órgão-alvo, quando as- sociado a outros achados de sobrecarga ven- tricular; Pode sugerir intoxicação por medicamen- tos/impregnação digitálica; Onda T É a repolarização ventricular. Morfologia normal da onda T: ascendente lento, descendente rápido. Em geral, a onda T deve ter a mesma direção (positiva ou negativa) que a onda de maior amplitude do complexo QRS – ou seja, o eixo da onda QRS deve ser o mesmo da onda T. Importância clínica Pode sugerir distúrbios eletrolíticos impor- tantes, como hipercalemia; Pode sugerir alterações isquêmicas Intervalo QT Inicia-se no começo do QRS e se estende até o final da onda T, passando pelo complexo QRS, segmento T e onda T. É a principal medida da repolarização ventri- cular! Varia com a FC, logo deve ser corrigido por ela. Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 3 Como calcular Tomando dois batimentos contíguos, mede- se o intervalo QT: número de quadradinhos multiplicado pelo tempo de cada (0,04s). Esse valor de QT deve ser corrigido pela FC. Para isso, deve-se tomar o valor entre a dis- tância das duas ondas R (número de quadra- dinhos multiplicado pelo tempo de cada um, ou seja, 0,04s). Com esses dois dados (QT e RR), usa-se a fórmula de Bazett. No exemplo a seguir, tem-se: QT=10s; RR=0,88. São considerados normais: QTc de homens <0,45 segundos; QTc de mulheres <0,46 segundos. Importância clínica Síndromes como QT longo e QT curto po- dem precipitar arritmias. Cálculo da FC Ritmo regular: 1500/número de quadradi- nhos entre duas ondas R. Como cada segundo corresponde a 25 milí- metros, em 60 segundos se tem 1500 milí- metros. Ritmo irregular: contar o número de QRS na derivação D2 longo e multiplicar por 6 – isso é possível, pois o ECG exibe o registro de 10 segundos.
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