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Métodos experimentais (4 aulas)

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ABORDAGEM EXPERIMENTAL – PARTE 1 
Delineamentos Experimentais – I 
 
Objetivos de delineamentos experimentais 
- Delineamentos experimentais servem, basicamente, para demonstrar relações de causa 
e efeito entre variáveis. 
- Enquanto pesquisas descritivas, como as observacionais, mostram correlações entre 
variáveis, as pesquisas experimentais podem demonstrar qual variável é a causa e qual 
é o efeito. 
Na psicologia eles são importantes: como os fenômenos psicológicos podem ser 
causados por variáveis ambientais ou sociais; por meio deles podemos comprovar a 
eficácia de tratamentos para problemas psicológicos. 
 
Características 
- Manipulação (controlada) da variável independente – variação sistemática das 
condições e verificação de seus efeitos sob a variável dependente 
- Randomização da amostra: grupos de participante: precisam ser compostos de maneira 
aleatória. (sorteio: para diluir as características individuais dos indivíduos) 
- Controle de variáveis estranhas: explicações alternativas ao efeito das variáveis 
independentes sobre a dependente 
- Experimentos replicáveis = replicabilidade. 
- Grupo controle e experimental: o que são e para que servem? 
Forma básica/comum de se delinear procedimentos experimentais 
2 grupos, um experimental (o que manipula a variável independente) e um segundo que 
irá comparar os resultados do grupo experimental (grupo controle) sem variação da 
variável independente 
Nem sempre tem grupos controles* 
- Estudo piloto: o que é e para que serve? 
Estudo piloto é um estudo inicial que todo delineamento experimental precisa fazer para 
verificar se o desenho experimental é capaz de produzir as condições que se planejam. 
Uma espécie de testes, para ver se as variáveis estão controladas, se o resultado é capaz 
de responder à pergunta de pesquisa ou não. 
Pode se controlar as doses dos grupos experimentais** 
Os grupos devem ser bem variados entre diferenças individuais*** para que seja 
possível diluir essas diferenças** 
Caso isso não aconteça os grupos devem ser comparáveis em relação as características 
importantes para o tratamento (idade e condições prévias de saúde) *** 
 
** Expectativas dos indivíduos: é necessário se considerar, pois podem gerar vieses, 
que precisam ser controlados (estudos cegos ou duplo cegos) 
Estudos cegos: o paciente não sabe se ele está recebendo o medicamento correto ou o 
placebo 
Duplo cegos: a pessoa que está avaliando não sabe qual é o paciente que é ingeriu o 
medicamento ou o placebo 
Replicabilidade: o estudo deve ser descrito de forma suficientemente clara, de modo que 
ele possa ser replicado por outros pesquisadores em outros locais. É possível realizar 
variações no experimento. 
Replicação direta: quando o estudo é replicado exatamente nas mesmas condições 
Replicação sistemática: quando o estudo é replicado com algumas variações. (variável 
independente é sistematicamente manipulada) 
 
 
 
 
ABORDAGEM EXPERIMENTAL – PARTE 2 
Delineamentos experimentais – II 
Delineamentos básicos 
Delineamentos de grupos independentes (aleatórios): 
1. Cada grupo participa de uma única condição (controle ou manipulação) 
2. Os grupos devem ser compostos de forma aleatória. 
3. Os grupos são tratados igualmente, exceto pelo nível da variável independente. 
Pesquisa de meninas (5 a 6 anos) que são expostas a bonecas de corpo perfeito (modelos 
de corpos) desde cedo, se isso iria afetar a imagem dela e desenvolver uma insatisfação 
com o próprio corpo. 
Duas bonecas: Barbie (“corpo perfeito”); Boneca Anyy (Proporções corporais próximas 
a realidade) 
Forma aleatória; três grupos: 1° mira se prepara para ir à festa: Barbie; 2° boneca anny, 
3° não havia boneca (fotografias neutras) 
O livro “mira se prepara para ir à festa” variava apenas na presença ou não da boneca. 
O 1° e 2° grupo grupos experimentais (variação da VI) 
O 3° grupo controle 
- Manipulação; - condições constantes; - balanceamento (precisam ser comparáveis) 
 
Delineamentos de grupos pareados 
1. É comum com grupos pequenos de participantes 
2. Usa-se uma tarefa prévia para parear os grupos. 
 
*grupos tem que ser comparáveis entre si. 
São comuns em grupos pequenos de participantes. 
 
Como fazer com que os grupos sejam comparáveis? 
1. Balanceamento: na designação aleatória, as características relevantes dos 
participantes são, em média, iguais entre os grupos. (sorteio) 
2. Randomização em bloco: Faz-se blocos aleatórios com as condições e os 
participantes são designados a essas condições por “blocos”. Os blocos são 
rodados em tempos diferentes. 
Vantagens: trabalha com cada indivíduo individualmente/ coleta as três 
condições ao mesmo tempo e permite uma diluição de alguma variável estranha. 
 
 
Validade Interna 
• Grau em quem diferenças no comportamento em relação a uma VD podem ser 
atribuídas clara e definitivamente ao efeito de uma VI. Quando variáveis não 
controladas podem explicar as mudanças na VD, diz-se que há uma ameaça à 
validade interna de um experimento. 
• Condições para inferências causais (a VI afeta – ou não – a VD) 
Covariação: quando eu vario a VI a VD também varia; a covariação significa 
que quando for mudado o nível da VI ocorre mudança no nível da VD 
Relação de ordem temporal: primeiro tem que haver a variação da VI depois a 
variação da VD 
Eliminação de causa alternativas plausíveis: por meio da randomização das 
amostras, que essas possíveis características que sejam importantes diluem 
 
Ameaças À validade interna 
• Designação “aleatória” de grupos inteiros: diferenças podem causar vieses na 
pesquisa. 
• Variáveis externas (aquelas que não são de interesse direto, mas que podem 
gerar confusão): Variáveis externas aos indivíduos da pesquisa, são questões que 
podem interferir nos resultados da pesquisa. 
• Perda seletiva de participantes (em oposição a perdas mecânicas): por 
desistência, ou dados dos participantes tem problemas; as perdas são naturais 
“perdas mecânicas”, são inerentes ao procedimento, e as pessoas; Perda seletiva 
é quando começa a perder mais participantes de uma condição do que de outra. 
Explicação alternativa para o fato de a intervenção não funcionar. A própria 
condição experimental gera a desistência dos participantes 
• Expectativas dos participantes e dos experimentadores (placebo e duplo cego): 
As expectativas interferem nos resultados. Isso é controlado por estudo duplo 
cego ou por estudos com placebo (no caso de medicamento) 
Placebo: um grupo de intervenção e um grupo de intervenção mais genérica: 
placebo entre aspas na psicologia. 
 
Validade externa 
• Nível em que os resultados de um estudo podem ser aplicados a outros 
indivíduos 
• Ameaças à validade externa: 
- Artificialidade de experimentos (experimentos conduzidos em situação 
natural): isso compromete a variável externa do experimento. Fazer tarefas 
ecológicas (proximidade com a situação natural) ou fazer experimentos em 
situações naturais – podem ser maneiras de reduzir a artificialidade 
 
- Características da amostragem (e.g., estudantes universitários) – estudos 
transculturais: críticas a serem feitas com estudantes universitários (pois não 
representam a população (nem ao menos a população de jovens). Valorização de 
estudos que trabalhem com populações diversas. Estudos feitos em diferentes 
regiões do mundo. 
*como determinadas culturas enfrentam um problema como o isolamento social. 
 
- Os resultados de um experimento podem ser muito específicos de um grupo ou 
de uma região – replicações sistemáticas ou diretas. 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM EXPERIMENTAL – PARTE 3 
 
Delineamentos Experimentais III 
 
Delineamentos de grupos pareados 
 
• Utilizado para criar grupos comparáveis quando há poucos participantes para a 
designação aleatória. (usar técnicas para que os grupos sejam comparados) 
• Nesse caso, o pesquisador torna os grupos equivalentescombinando os 
participantes. (em relação a características que são importantes para a pesquisa) 
• Como fazer? É necessário um pré-teste que meça as características relevantes 
dos participantes que, depois, serão distribuídas no grupo – tarefa de 
pareamento (distribuir os indivíduos no grupo de forma equilibrada) 
 
Variáveis de emparelhamento: variáveis importantes que podem interferir no 
resultado e que terão de ser controladas e distribuídas entre os grupos. 
Como emparelhas essas variáveis? 
- É preciso aplicar uma escola em função da característica a ser avaliada; 
ranquear os scores. 
- Frequência de problema de comportamento (VD) 
Mede a frequência antes da intervenção 
 
Vantagens dos grupos pareados: pode-se trabalhar com grupos comparáveis 
mesmo quando eles sejam pequenos. 
 
 
Delineamentos de grupos naturais 
 
• Utilizadas quando o interesse são as variáveis de diferenças individuais 
(característica ou traço que varia entre os indivíduos). Exemplos: afiliação 
religiosa, nível de ansiedade, gênero, grau de extroversão, etnia etc. *essas 
características são características que não podem ser manipuladas/ os grupos são 
determinados por características naturais. 
• Essas VI’s são SELECIONADAS, e não manipuladas. *Pois não é possível 
manipular as VI’s. Estuda-se os grupos que são naturalmente formadas. 
• Essas pesquisas são correlacionais, pois tentam relacionar a característica 
individual a uma outra variável. Exemplos: o nível de esperança de pessoas 
com diagnóstico de Mal de Parkinson ou de pacientes com AVC. – Pode-se 
verificar covariação entre as variáveis, mas não necessariamente relação causal. 
*Essas pesquisas não são propriamente do tipo experimental, são muito mais 
correlacional 
Experimental – possibilidade de encontrar relações de causa e efeito, relações 
em que a VI e a VD, relações causais 
Correlacionais – possibilidade de verificar duas variáveis que se covariam, 
quando uma varia a outra também varia. Tem dificuldade em estabelecer relação 
de causa e efeito. 
 
 
• Nesse caso, há dificuldades de se ter certeza sobre a relação temporal entre 
as variáveis e sobre se outras diferenças individuais podem ser explicações 
alternativas para a covariação. 
Boas relações de covariação, mas dificilmente pode-se afirmar que uma variável 
seja a causa da variável independente que é o foco na pesquisa. 
 
 
Delineamento de medidas repetidas. 
 
• Alternativa a delineamentos com grupos independentes. *apenas um grupo 
• Todos os participantes passam por todas as condições e variações da VI que será 
manipulada. *Ele só pode ser aplicado sem que haja interferência de uma 
condição experimental na outra/ são delineamentos que servem especificamente 
para alguns problemas de pesquisa/ todos os participantes passam por todas as 
condições da pesquisa. 
• Vantagens: Redução do número de participantes requeridos para completar todas 
as condições; Maior controle sobre as diferenças dos participantes e maior 
habilidade para detectar um efeito da VI (grupos podem ser muito balanceados e 
tem uma melhor habilidade para detectar um eventual efeito da variável 
independente) 
• Desvantagens: efeitos de carry over (como você carrega um resíduo de uma 
condição para outra condição) entre condições; cansaço do participante (a 
motivação pode ir decaindo e pode ser um viés na análise dos dados) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABORDAGEM OBSERVACIONAL – PARTE 4 
 
 
Delineamentos quase-experimentais 
 
 
• São uma boa maneira de resolver problemas de pesquisa aplicada, mas é preciso 
levar em conta os problemas de validade dos resultados. Formas de se testar 
soluções para problemas de ordem prática. 
• Por que quase-experimental? Eles têm esse nome porque nesses delineamentos 
existem dificuldades de controle que são centrais nos delineamentos 
experimentais. Esse problema diz respeito a aleatorização das amostras. 
• Dois tipos de delineamentos: delineamentos de grupo e delineamentos de sujeito 
único. 
 
 
Delineamentos de grupo: podem ser de grupos específicos, nos quais são 
testadas intervenções clínicas e temos os delineamentos que testam intervenções 
maiores e em larga escala. 
 
Delineamento de pós-teste apenas com grupo controle não equivalente: são 
delineamentos com grupo experimental e controle, mas nos quais os 
participantes não são distribuídos aleatoriamente pelas condições. Nesse caso, a 
aplicação de pré e pós-teste ajuda a resolver eventuais problemas com as 
medidas de VD. 
Esses delineamentos são aplicados em grupos muito pequenos, com um número 
reduzido aos participantes. 
Amostra de conveniência – sem possibilidade de sortear. 
Aleatorização da amostra – não tem um número suficiente de participantes. 
Por que vale a pena fazer esse tipo de pesquisa: Não fazendo a pesquisa é pior. 
Oportunidade de ter a pesquisa é os resultados iniciais, descobertas etc. 
Delineamentos quase experimentais precisam de muita replicabilidade. 
A pesquisa quase experimental não consegue ter todos os controles, mas 
possuem alguns. Ela peca na possibilidade de fazer a aleatorização das amostras. 
 
Os delineamentos quase-experimentais podem servir para testar intervenções de 
larga escala, como programas governamentais. Nesse caso, por que são 
chamados de quase-experimentais? Porque de fato nós vamos ter que pegar um 
programa que é dirigido ao número enorme de pessoas, muitos dados e muitas 
percas de dados. São delineamentos que necessitam de muito tempo para bons 
resultados, e precisam ser tratados quantitativamente de uma forma muito séria. 
 
Delineamento com sucessões (séries) cronológicas interrompidas: são 
delineamentos empregados para avaliar o impacto de programas governamentais 
ao longo do tempo. Faz-se a medida da VD ao longo de um tempo antes da 
introdução do programa e depois do programa instalado. É preciso cuidado para 
determinar quanto tempo antes e depois é necessária a medida da VD. 
Delineamentos uteis para trabalhar com grandes programas/programas em larga 
escala. 
Delineamento com sucessões controle: é quando se encontra um grupo que 
possa servir de controle para comparar com as medidas de séries interrompidas. 
É um aprimoramento do delineamento anterior (citado acima). 
Quando determinada variável é aplicada somente em um grupo** 
 
 
Delineamentos de sujeito único 
 
Tem como objetivo: 
a) Eliminar problemas com a variabilidade dos participantes em amostras 
maiores: dificuldades de grupos homogêneos; homogêneos: grupo artificial, 
pois a realidade é que as pessoas variam muito entre si. Podem ser feitos 
com pequenos grupos. 
b) Realizar pesquisas mesmo com a impossibilidade de compor amostras 
maiores devido a características específicas dos participantes. Solução para 
fazer pesquisa de intervenção com poucos indivíduos, sendo esta intervenção 
válida (medindo seu efeito, ainda com o número muito reduzido de 
participantes) 
c) Clarificar resultados que ficam obscurecidos quando se analisam médias de 
grupos ou apenas resultados finais (pós-testes) 
Medidas de processo: observar a evolução da VD ao longo da VI. 
Acompanhar o quanto o individuo vai melhorando ao longo do processo 
As medidas de processo são derivadas de delineamentos de sujeito único. 
Medidas de pós testes – medidas de produto: são medidas derivadas de 
delineamentos de grupos. 
 
 
Delineamentos de reversão: servem para demonstrar a reversibilidade da 
manipulação da VI. A fase A envolve uma série de observações de LB da 
frequência natural de um comportamento; na fase B, a VI é introduzida e são 
observadas (ou não) mudanças na VD. 
• ABA: permite a análise dos efeitos controladores da introdução e 
subsequente remoção da VI. No entanto, quando a pesquisa trata de 
intervenção, há questões éticas envolvidas nesse tipo de delineamento. 
Um segundo problema diz respeitoà duração dos efeitos de uma VI ao 
longo do tempo. 
É esperado que o comportamento não volte como estava na linha de base. 
A intervenção não pode terminar aqui, o comportamento precisa diminuir 
de frequência. 
• ABAB: controla problemas observados nos delineamentos ABA (por 
terminar na fase B) e fornece duas ocasiões para verificação dos efeitos 
da VI. 
Exemplos: pesquisas sobre efeitos de drogas. 
 
*Linha de base (LB)/fase A: medida do comportamento tal qual ela se apresenta no 
ambiente natural, na sua forma natural. Observações: medidas da VD (do alvo da 
intervenção) qual frequência, intensidade de ocorrência do comportamento. A medida a 
partir da qual iremos medir a modificação da VD por meio da introdução da VI. 
Fase A – linha de base 
Fase B – intervenção 
Retorno a linha de base, fase A – retirada de intervenção. 
 
Delineamentos com linha de base múltipla: Comportamentos são identificados e 
medidos ao longo do tempo para fornecer LB’S (linhas de bases) sobre as quais as 
mudanças possam ser avaliadas. A VI é manipulada sobre um dos comportamentos, 
uma mudança é produzida, enquanto as outras LB’S permanecem estáveis. Em seguida, 
a VI é aplicada a outro comportamento, e assim sucessivamente. 
*Vamos trabalhar com um número maior de comportamento e participantes. A 
introdução da VI ocorre a cada comportamento em diferentes momentos. Intervir no 
comportamento 1, mede-se o comportamento 2 e 3. É necessário observar a intervenção 
e se caso ela interfere em outros comportamentos. 
Os delineamentos com linhas de bases múltiplas podem ser feitos entre sujeitos, entre 
comportamentos e entre situações. 
Suposição básica: os comportamentos (participantes ou situações) são independentes 
entre si. Caso ocorra um efeito geral sobre todos os comportamentos após a aplicação da 
VI sobre apenas um deles, há dificuldades em atribuir à VI os efeitos observados. 
Follow – up – acompanhamento pós intervenção. * 
O tempo pode ser uma variável importante na diminuição ou aumento de um 
comportamento. * 
Esse delineamento permite o acompanhamento de um processo.

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