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Victoria Chagas 1 FISIOPATOLOGIA DA DOR NOCIOCEPTORES Na pele os receptores são terminações nervosas livres e são dispersas nas camadas superficiais da pele e em tecidos internos como o periósteo, paredes das artérias, superfícies articulares e a foice e tentório da abóbada craniana. Há 3 tipos de nociceptores: - Mecânicos: fibras A-delta pouco mielinizadas que respondem a estímulos mecânicos (ex: dor causada por objeto pontiagudo) - Térmicos: fibras A-delta pouco mielinizadas que respondem a estímulos térmicos >45°C. - Polimodais: fibras C não mielinizadas que respondem a estímulos térmicos, mecânicos e químicos. Algumas substâncias que excitam o tipo químico de dor são: bradicinina, serotonina, histamina, íons potássio, ácidos, acetilcolina e enzimas proteolíticas. Além disso as prostaglandinas e a substância P aumentam a sensibilidade das terminações, mas não ativam diretamente. O limiar térmico da pele é acima de 45º C e abaixo de 5ºC A intensidade da dor está relacionada a intensidade do dano tecidual. NEUROTRANSMISSÃO ▪ DOR RÁPIDA → Fibras A-delta - Descrita como dor pontual, dor em agulhada e dor elétrica (bem localizada) - GLUTAMATO → neurotransmissor das fibras - Sobe pela via central espinotalâmico lateral FIBRAS TIPO A-delta FIBRAS TIPO C - Pouco mielinizada - 5 a 30m/s - Estímulos mecânicos e térmicos - Dor rápida ou primária - Sem mielina - 0,5 a 2,0 m/s - Estímulos mecânico, térmicos e químicos (polimodais) - Dor lenta ou secundaria Victoria Chagas 2 VIA TRATO NEOESPINOTALÂMICO/ESPINOTALÂMICO LATERAL - Neurônio 1: Terminações livres até a raiz dorsal da medula - Neurônio 2: Corno posterior da medula na lâmina I de rexed (marginal) → decussa na medula e ascende no trato espinotalâmico lateral para o tálamo - Neurônio 3: parte do tálamo para as áreas somatossensoriais ▪ DOR LENTA → Fibras C - Sentida após 1 segundo - Descrita como dor em queimação, dor pulsátil, nauseante e crônica - SUBSTÂNCIA P → neurotransmissor das fibras - Sobe pela via central espinorreticulotalâmica TRATO PALEOESPINOTALÂMICO/ESPINORRETICULOTALÂMICO - Neurônio 1: terminações livres para coluna posterior da medula espinhal (lâmina ll e lll) - Neurônio 2: ocupa a lâmina V de Rexed e decussa formando o tracto espinorreticular - Neurônio 3, 4, 5....: sinapse em vários níveis de formação reticular do bulbo, ponte e mesencéfalo. Victoria Chagas 3 FENÔMENO DA HIPERALGESIA/SENSIBILIZAÇÃO Quando a dor é intensificada devido a lesão de um tecido, essa lesão vai aumentar a sensibilidade dos nociceptores a estímulos que antes não eram dolorosos → hiperalgesia Primária (no tecido lesado) e secundária (na região) o PERIFÉRICO: - Decorrem dos compostos químicos liberados no local da lesão, incluindo bradicinina, histamina, prostaglandinas, acetilcolina, leucotrienos, serotonina e subst. P → reduzem o limiar de despolarização dos nociceptores → ↑ respostas ao estímulo → hiperalgesia o CENTRAL: - Condições de lesão persistente faz com que as fibras C disparem repetidamente e dessa forma a resposta dos neurônios do corno dorsal aumenta de maneira progressiva. - O aumento da resposta de alguns neurônios é chamado de FENOMENO WIND UP e depende da frequência dos estímulos → despolarização lenta e duradoura → dor mais intensa e prolongada MODULAÇÃO DA DOR (ANALGESIA) o REGULAÇÃO PERIFÉRICA TEORIA DA COMPORTA/PORTÃO: - Na medula, os neurônios nociceptivos de segunda ordem, além de receberem projeções dos neurônios nociceptivos provenientes da periferia, também recebem projeções de interneurônios inibitórios, que, por sua vez, são ativados por fibras aferentes ABeta que conduzem estímulos táteis (massagem, fricção, gelo...) Assim, uma estimulação sensorial pode inibir a informação nociceptiva. - Fibras ABeta → sensações não nocivas como massagem, térmicos e etc. - Fibras A delta inibe o disparo das lâminas l e V que vão levar a dor através da ativação de interneurônios inibitórios presentes na lâmina ll (esses interneurônios liberam encefalinas que inibem o disparo nociceptivo da lâmina l) - Por esse motivo esfregamos o local em casos de batida e a dor diminui, pois o estímulo tátil ativo essas fibras Abeta que ajudam a diminuir a sensação de dor. Victoria Chagas 4 o REGULAÇÃO CENTRAL/DESCENDENTES - O pensamento também é capaz de modular a informação nociceptiva que alcança os neurônios de segunda ordem na medula. São clássicos os exemplos de soldados ou atletas que, sob o estresse momentâneo, não percebem que estão gravemente feridos. De maneira inversa, medo, ansiedade e depressão podem exacerbar a dor, evidenciando o papel da atividade cortical na sua modulação. - Substância cinzenta periaquedutal (PAG) faz conexões excitatórias com o núcleo magno da rafe e o tegumentar lateral, do qual partem projeções serotoninérgicas e adrenérgicas (noradrenalina) que inibem, diretamente ou por meio de interneurônios, secretores de opioides, os neurônios de segunda ordem das lâminas I e V de rexed. O pensamento/informação vai estimular o sistema límbico e o hipotálamo → Estimula a formação reticular → Libera na medula serotonina e noradrenalina → A noradrenalina e a serotonina estimula interneurônios inibitórios na lâmina ll que libera endorfinas e inibe a lâmina l (que leva o estímulo nociceptivo) → serotonina vai inibir também a lâmina V (que leva o estímulo nociceptivo) → modulação da dor
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