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Gastroenterite Aguda Infecções do trato gastrointestinal. Causas: agentes bacterianos, virais ou parasitários. Transmissão comum por alimentos. Manifestações comuns: diarreia, vômitos (pode estar associado a febre e dor abdominal). O termo abrange a maior parte das etiologias infecciosas da diarreia. EPIDEMIOLOGIA NA INFÂNCIA Porcentagem significativa das mortes infantis (18%). 1,5 milhão de mortes /ano – segunda maior causa de mortes infantis Quase 2,5 bilhões de episódios diarreicos anualmente em crianças <5 anos. 3,6 episódios por crianças/ano. Hospitalização + mortalidade por Shigella dysenteriae. quase 160.000 mortes por ano. Escherichia coli enterotoxigênica: 300.000 - 500.000 mortes entre crianças <5 anos por anos. Rotavírus: 527.000 mortes/ano, 30% das mortes por diarreia em crianças <5 anos. Vacinação preventiva contra rotavírus = diminuição de casos ETIOLOGIA Causada por infecção por via fecal-oral ou ingestão de alimentou ou água contaminados. Associada à pobreza, má higiene ambiental e índices de desenvolvimento. Infecções de pequena inoculação: Shigella, E. coli êntero-hemorrágica, Campylobacter jejuni, norovírus, rotavírus,Giardia lamblia, Cryptosporidium parvum, Entamoeba histolytica. · Transmissão por contato interpessoal · Outros são por contaminação de alimentos. Clostridium difficile está ligado à diarreia associada a antibióticos e colite pseudomembranosa. Surtos transmissíveis pela água ocorrem em decorrência das espécies Cryptosporidium, C. jejuni, norovírus, Shigella, Giardia, E.coli, Plesiomonas shigelloides ou Vibrio. PATOGÊNESE DA DIARREIA INFECCIOSA Dependem do organismo: · possuem toxinas pré-formadas (S.aureus, Bacillus Shigella) · toxinas secretoras (cólera, E.coli, Salmonella) · citoróxicas (Shigella, E.coli) Diarreia não inflamatória = enterotoxina, destruição das vilosidades superficiais pelo vírus, aderência de parasitas, aderência e/ou translocação por bactérias. Diarreia inflamatória = bactérias que invadem o intestino diretamente, citocinas + perda de líquido, proteína e células p/ lúmen intestinal. Alguns tem +1 mecanismos de virulência. Rotavírus: agressão das extremidades das microvilosidades dos enterócitos (penetração por invasão direta ou endocitose cálcio-dependente. Maior parte dos patógenos bacterianos produz enterotoxinas. *afetados os rearranjos citoesqueléticos. *Aumento de AMPc na mucosa – inibição da absorção de NaCl. Dano histológico extenso – alteração da morfologia celular/ redução da absorção de NaCl e Na+. FATORES DE RISCO PARA GASTROENTERITE Contaminação ambiental e maior exposição aos enteropatógenos. Riscos adicionais: tenra idade, deficiência imunológica, sarampo, desnutrição, ausência de aleitamento materno exclusivo Deficiências nutricionais – destaque para deficiência de vitamina A. · Risco de morte por diarreia, sarampo e malária: elevado em 20-24%. Deficiência de zinco. · Aumento do risco de mortalidade por diarreia, pneumonia e malária em 13-21%. Diarreia persistente é definida por episódios agudos de duração ≥ 14 dias. Episódios frequentes podem resultar em comprometimento nutricional e desnutrição proteico calórica. Tempo maior de 14 dias pode resultar em comprometimento nutricional e predispor ao desenvolvimento de diarreia persistente. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DIARREIA Relacionadas ao patógeno e a dose ou inoculação Outras manifestações estão ligadas a complicações e natureza do patógeno infectante. Ingestão de toxinas pré formadas: inicio rápido de náuseas e vômitos em até 6 horas (pode haver febre, cólicas abdominais e diarreia no período de 8-72h). Diarreia aquosa + cólicas abdominais após 8-16 horas de incubação estão associasas ao C. perfringens e B. cereus (produtores de enterotoxinas). Cólicas abdominais + diarreia aquosa após 16-48h podem estar associadas a norovírus, Cryptosporidium e Cyclospora, além de H1N1. Diarreia com presença de sangue + leucócitos decais + cólicas abdominais: Salmonella, Shigella, C. jujuni, Yersinia enterocolitica, E. coli enteroinvasiva ou hemorrágica e V.paraemolyticus. Diarreia sanguinolenta e cólicas abdominais após incubação de 72 – 120 h: Shigella e E.coli produtora de toxina Shiga. Microrganismos associados a disenteria ou diarreia hemorrágica podem causar diarreia aquosa sem febre isoladamente. DIAGNÓSTICO Reconhecimento clínico, avaliação de gravidade e confirmação por exames laboratoriais. Avaliação Clínica da Diarreia Manifestações mais comuns: diarreia, cólicas abdominais e vômitos. Manifestações sistêmicas são variadas. Avaliação deve incluir: · Grau de desidratação e de acidose, fornecer reanimação e reanimação e reidratação rápidas (intravenoso ou oral) · Verificar histórico de contato, viagens ou exposição. Ingestão de alimento ou água contaminada, creches, contato com viajantes de áreas endêmicas e utilização de agentes antimicrobianos. · Determinar a etiologia da diarreia -prescrição de antibioticoterapia imediata. Náuseas e vômitos indicam infecção na parte superior do intestino. Febre - processo inflamatório, resultado de desidratação ou coinfecção do trato urinário. · Gestão integrada de doenças infantis EXAME DE FEZES Informação importante sobre a etiologia da diarreia. Amostra de fezes: detecção de muco, sangue e leucócitos. Leucócitos fecais = invasão bacteriana da mucosa colônica. Em áreas endêmicas: a microscopia de fezes deve incluir pesquisa de parasitas que causam diarreia (ex: G. lamblia e E. histolytica). Coproculturas devem ser obtidas o mais rápido possível quando a microscopia de fezes tem: diarreia sanguinolenta, leucócitos fecais, em surtos e com suspeita de síndrome hemolítico-urêmica e nas crianças imunossuprimidas com diarreia – amostras devem ser preparadas imediatamente. (diarreia complicada) PCR é muito utilizada para a produção e o diagnóstico de diarreia bacteriana. TRATAMENTO Reidratação Oral Crianças são mais suscetíveis à desidratação que os adultos – exigência maior de líquido e eletrólitos basais/kilo Correção em 4-6 horas (evitar danos) Hidratação oral é preferível. Riscos que podem necessitar ressuscitação intravenosa: · <6 meses · Prematuros · Doença crônica · Vômitos persistências · Débito urinário precário, · Olhos fundos · Consciência deprimida Alimentação Enteral e Dieta Seletiva Ajuda na recuperação pós episódio Alimentação contínua e adequada p/idade Superfície intestinal afetada em casos de diarreia prolongada – ainda assim a absorção de nutrientes é satisfatória. Contínua com a reidratação oral. Aleitamento materno e fórmulas devem ser retomados rapidamente. Suplementação com Zinco Redução da duração e gravidade da diarreia – evita grande parte dos casos de recorrência. Melhora nas taxas de cura da diarreia Administração de zinco causa aumento da utilização da SRO e redução do uso inapropriado de antimicrobianos. Crianças com diarreia em área de risco: devem receber zinco, via oral, por 10-14 dias, durante e após diarreia (10 mg/dia p/ lactentes com <6 meses e 20 mg/dia >6 meses) Terapias Adicionais Utilização de bactérias probióticas para prevenção tem sido bem sucedida. Melhora da flora do hospedeiro: diminuição das citocinas pró-inflamatórias, aumento das citocinas anti-inflamatórias. Podem ser usados Lactobacillus, Bifidobacterium. Agentes antimotilidade (loperamida) são contraindicados em crianças com disenteria – não tem nenhum papel no tratamento de diarreia aquosa aguda em crianças saudáveis. Agente antieméticos (fenotiazinas) estão associados a efeitos colaterais potencialmente graves (letargia, distonia, hiperpirexia maligna) A ondansetrona é um agente antiemético eficaz menos tóxico. Persistência dos vômitos pode limitar a terapia de reidratação oral - uma dose única sublingual de um comprimido de ondansetrona dissolvível oral (4 mg para crianças de 4-11 anos de idade e 8 mg para crianças >11 anos de idade [geralmente 0,2 mg/kg]) pode ser administrada. Antibióticoterapia Oportuna – em casos selecionados Pode reduzir a duração e gravidade + evitar complicações. Uso indiscriminado leva à resistência antimicrobiana.Nitazoxanida: eficaz no tratamento de ampla variedade (C. parvum, G.lamblia, E. histolytica, Blastocystis hominis, C.difficile e rotavírus). COMPLICAÇÕES Decorrentes dos atrasos no diagnóstico e na instituição da terapêutica adequada. Desenvolvimento de desidratação + complicações. · Fatal em crianças de tenra idade Terapia inadequada = prolongamento de episódios diarreicos – consequente desnutrição e complicações (como infecções secundárias e deficiências de micronutrientes). PREVENÇÃO Rastreamento de contato e identificação de fontes Promoção de aleitamento materno exclusivo Práticas melhoradas de alimentação complementar Imunização contra rotavírus Melhoria da gestão de casos de diarreia
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