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Anna Beatriz de Moraes - MED 104 SÍNDROMES SEMIOLÓGICAS DO PARÊNQUIMA PULMONAR ➔ SÍNDROME DE CONSOLIDAÇÃO ◆ Aumento da densidade do parênquima pulmonar afetado ◆ Substituição do ar que ocupa os alvéolos por outro material, como as secreções ◆ Isso ocorre no processo pneumônico causado por fungo, bactéria, protozoário ou vírus. Esses microrganismos chegam nos alvéolos, seja por via aérea ou hematogênica, e causam processo in�lamatório na luz alveolar. Com isso, as células sanguíneas de defesa (neutró�ilos, macrófagos) migram para dentro do alvéolo juntamente com material in�lamatório do plasma, causando assim a consolidação. ◆ O que é o parênquima: o calibre das vias aéreas vai reduzindo, e quando chega em um determinado diâmetro, perde a cartilagem, sendo chamado de bronquíolos. Os bronquíolos irão conter os sacos alveolares e os alvéolos (lembrar que os sacos alveolares também estão em íntimo contato com a parede dos brônquios). Além disso, também conta com o interstício vascular, que são as artérias, veias e os vasos linfáticos. São nessas estruturas que ocorre de fato a troca gasosa. ◆ Patologia da condensação: ● À direita temos o ducto alveolar, os alvéolos e os septos alveolares. O buraquinho sinalizado pelo K é um poro que interliga os alvéolos, permitindo a homogeneização do ar nos alvéolos, assim como disseminação do processo in�lamatório. A imagem à esquerda representa uma biópsia pulmonar em um paciente com pneumonia; os pontilhados são os neutró�ilos mergulhados no plasma exsudado dos capilares (processo in�lamatório). Vemos que o espaço alveolar está repleto de processo in�lamatório, o que altera completamente a dinâmica da hematose. ● À esquerda vemos novamente o processo pneumônico acontecendo nos alvéolos. À direita, temos uma �igura que ilustra um fragmento de pulmão com contraste radiológico, na qual podemos ver os brônquios reduzindo seu calibre, até chegar na extremidade com aspecto de algodão, que con�igura os sacos alveolares. Vê-se que eles estão consolidados. ● Pneumonia lobar: o pulmão direito está cheio de ar, por isso está preto. Vemos uma radiogra�ia de um paciente que possui uma pneumonia lobar. O pulmão esquerdo está completamente tomado por um grande processo in�lamatório pneumônico, que em razão de possuir secreção densa, �ica esbranquiçado no raio-x. No ápice do pulmão esquerdo, vemos a árvore brônquica (apontada pelas setas vermelhas) que se assemelha a galhos Anna Beatriz de Moraes - MED 104 lineares de cor cinza, eles representam a via aérea, que nesse caso está pérvia (não à toa está na cor cinza). Isso con�igura um problema, pois a via aérea está pérvia, porém o parênquima pulmonar está consolidado, o que irá provocar alterações na expansibilidade, frêmito tóraco vocal, percussão e ausculta pulmonares. ● Aerobroncograma e “hepatização pulmonar”: vemos um raio-x complementado por uma tomogra�ia. No raio-x, o que está preenchendo os alvéolos é um adenocarcinoma de pulmão, um tipo de câncer que preenche a luz alveolar, e nesse caso está se concentrando principalmente nos lobos inferiores e médio do pulmão esquerdo, e de forma mais branda no lobo inferior do pulmão direito. Na TC, vemos também uma parte do pulmão direito pouco consolidado na parte da frente, e o pulmão esquerdo com uma consolidação extensa. Essa linha em preto no meio do pulmão é o aerobroncograma, vista na TC e signi�ica que o brônquio está pérvio no meio de um parênquima todo consolidado. Essa grave consolidação é chamada de hepatização pois o pulmão �ica tão denso, que sua textura se assemelha à do �ígado. Ao percurtimos esse pulmão tão consolidado, teremos um som maciço; se percurtimos a região com pouca consolidação será um som sub maciço; se percurtimos a região com parênquima normal, teremos um som claro atimpânico. ● Pneumonia não lobar: não preenche completamente um lobo pulmonar inteiro, e sim apenas uma parte. A proporção da alteração do exame �ísico vai estar relacionada com o nível de comprometimento do parênquima pulmonar. No caso dessa pneumonia: 1) a inspeção estática estará normal; 2) a expansibilidade da base pulmonar direita estará reduzida devido ao comprometimento alveolar, que não estão distendendo; 3) a percussão da base pulmonar direita terá som submaciço ou maciço. ● Edema pulmonar: consolidação por edema pode ser cardiogênico (quando é por insu�iciência cardíaca) ou não cardiogênico (processos in�lamatórios da vasculatura pulmonar). O mais comum é o cardiogênico, como esse da imagem abaixo, que podemos perceber devido à cardiomegalia evidente. Temos a imagem em asa de borboleta: a região central, ao redor dos hilos pulmonares, concentram a consolidação por extravasamento do líquido, causado pelo aumento da pressão hidrostática na microcirculação pulmonar. Isso ocorre porque o coração está enfraquecido e não consegue bombear o sangue para ele seguir adiante, logo, o líquido acumula no pulmão, aumentando a PH e se acumulando nos alvéolos. Esse líquido é pobre em células e proteínas. Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ● Tendo em vista que a semiologia do EAP e da pneumonia são bem parecidas, como diferenciar? R: pela clínica do paciente. Se for EAP, paciente irá falar que possui histórico de HAS/ICC, cansaço, tosse seca, dispneia paroxística noturna, edema de MMII; paciente com pneumonia vai apresentar quadro infeccioso: tosse, febre, dor torácica ou não, expectoração purulenta. ➔ GÊNESE DOS SONS PULMONARES ◆ Ruídos laríngeos: fonação ◆ Fluxo será turbilhonar enquanto passar na traqueia/laringe. Ao auscultarmos bem em cima da região esternal, terá ruído grave e alto, caracterizado como bronquial. ◆ Ao auscultarmos o terço superior do campo pulmonar (entre os brônquios e os sacos alveolares, exatamente na região intermediária superior), terá o som broncovesicular. ◆ Fluxo será laminar/difusional quando chegar aos brônquios, bronquíolos. Na traqueia terá ruído grave e alto, quando chega no bronquíolos o som da ausculta passa a ser mais suave e abafado por conta do parênquima pulmonar e redução da área por onde passa o ar. Nessa região, teremos o som caracterizado como murmúrio vesicular. ◆ Quando o parênquima pulmonar está com secreção, ele �ica consolidado/hepatizado. Dessa forma, quando o ar passar por ali, vai vibrar um ruído mais alto e grave do que o murmúrio vesicular normal, chegando mais facilmente à caixa torácica. O som bronquial se desloca para baixo, para a região alveolar. ◆ O frêmito toracovocal também estará aumentado. ➔ SEMIOLOGIA DA CONSOLIDAÇÃO PULMONAR ◆ Inspeção: expansibilidade reduzida (especi�icar lado e lobo pulmonar), hipoventilação da região consolidada, tórax atípico, sem lesões de partes moles e ósseas, FR elevada (por estímulo do SNC que não detecta o O2 entrando) e sinais de esforço respiratório ● Parênquima pulmonar hepatizado ◆ Palpação: dor torácica, expansibilidade reduzida, frêmito toracovocal aumentado. Essa dor só irá existir quando a pleura parietal estiver afetada, tendo em vista que o pulmão não tem receptores para dor. Ela será ventilatório-dependente, localizada sobre a região do pulmão acometida, sem alívio ou piora à palpação. ● Vibração das vias aéreas melhor transmitida à parede torácica ◆ Percussão: pulmão maciço ou submaciço - macicez. ● Substituição de ar no parênquima acometido por material denso ◆ Ausculta: ruídos pulmonares - som bronquial ou broncovesicular substituto - ruídos adventícios - crepitações �inas e/ou grossas ● Vibrações das vias aéreas melhor transmitida à parede torácica ● O preenchimento dos alvéolos com o processo in�lamatório aumenta a tensão super�icial, di�icultando muito a ação do surfactante, com isso as paredes dos alvéolos tendem a se fechar. Porém, a secreção in�lamatória ali presente impede o seu fechamento total. O que irá se fechar é o bronquíolo terminal (bronquíolo respiratório), quando o paciente inspira, eles se abrem, gerando os ruídos crepitantes �inos e/ou grossos. ➔ SÍNDROME DE ATELECTASIA ◆ É o aumento da densidade do parênquima pulmonar afetado Anna Beatrizde Moraes - MED 104 ◆ Ocorre colapso do parênquima pulmonar pelo esvaziamento dos espaços aéreos parenquimatosos ◆ Atelectasia Obstrutiva ● NA IMAGEM AO LADO: ocorreu uma obstrução da via aérea (brônquio lobar); a redução do lobo superior direito provocou uma (quase) verticalização da �issura horizontal; acompanhado de aumento da densidade do parênquima pulmonar. Esse aumento ocorreu porque como os alvéolos não estavam recebendo �luxo aéreo, o ar que já estava contido neles foi absorvido pela microcirculação pulmonar, acarretando no colapso dos alvéolos. Assim, como o parênquima deixou de ser aerado, sua densidade aumentou, se expressando radiologicamente como um tecido branco. ● NA IMAGEM AO LADO: a estrutura obstruída por uma coleção de secreção foi o brônquio fonte esquerdo, acarretando no colapso/atelectasia de todo o pulmão esquerdo. Seu conteúdo aéreo foi absorvido e sua densidade aumentou ● Na atelectasia de um pulmão inteiro, o paciente vai apresentar: ○ Na inspeção estática, teremos assimetria de hemitórax ○ Na radiogra�ia, veremos diferença no espaço intercostal entre um pulmão e outro (no pulmão normal é maior); o diafragma no lado comprometido estará mais elevado (a pressão interna nesse hemitórax estará menor do que a pressão abdominal). ○ Na inspeção dinâmica, veremos expansibilidade nula, aumento da frequência respiratória para tentar compensar a área do pulmão colapsada (o cérebro manda informações para aumentar a FR), sinais de esforço respiratório. ○ Na palpação, teremos frêmito toracovocal abolido, ausência de dor. ○ Na percussão, teremos som maciço (porque não tem ar no pulmão) em todo hemitórax comprometido, som hiper ressonante no pulmão normal (porque ele vai estar mais aerado do que o normal). ○ Na ausculta, teremos MV abolido, sem ruídos adventícios (pois para eles ocorrerem precisamos de ar no pulmão) ◆ Atelectasia Adesiva: é quando não temos surfactante atuando no parênquima pulmonar, o que faz a tensão super�icial do líquido no alvéolo aumente, provocando o colapso dos alvéolos. ● Ocorre na Síndrome da Membrana Hialina, em que a criança nasce com pouco ou nenhum surfactante pulmonar, e por isso nasce com o pulmão colapsado, radiologicamente branco. É preciso injetar pelo TOT o surfactante, que vai se disseminar bilateralmente pelo pulmão, reduzindo a tensão super�icial e abrindo os alvéolos. ◆ Fibroatelectasia: relacionada à �ibrose do parênquima pulmonar. Ocorre quando há dano pulmonar cuja resolução se dá por �ibrose, fazendo com que o parênquima pulmonar reduza. ● Ocorre na Tuberculose, que é uma doença infecciosa que se cura por uma �ibrose no local de infecção. O tecido �ibrótico substitui as cavernas causadas pela tuberculose. Anna Beatriz de Moraes - MED 104 ● Ocorre na Pneumonite Actínica: uma mulher com CA de mama, e parte do tratamento é submeter a região cancerígena à radioterapia. A radiação atinge o câncer e também o parênquima pulmonar, causando �ibrose nele. Hoje em dia é menos frequente pois a radioterapia está mais aprimorada. ◆ Atelectasia compressiva: quando o indivíduo tem uma in�lamação da pleura e acúmulo de líquido no espaço pleural (o derrame pleural). Esse líquido comprime o parênquima pulmonar. ● Também pode ocorrer em casos graves de ascite, em que o líquido na cavidade abdominal comprime o diafragma, o qual empurra o pulmão, fazendo com que o parênquima pulmonar colapse nas bases. ➔ HIPERINSUFLAÇÃO PULMONAR ◆ Principal causa é a DPOC (causada pelas toxinas do cigarro) ◆ Na �igura à esquerda, temos a estrutura do parênquima pulmonar normal, com os alvéolos em azul, a microcirculação entre eles. Eles estão aderidos à via aérea, que é o bronquíolo no meio com seu epitélio, glândula submucosa, musculatura da sua parede. À medida que a gente insu�la o pulmão, insu�lamos os alvéolos na periferia, que expandem a caixa torácica e tracionam a parede do brônquio. Na expiração, a tração na musculatura brônquica reduz, ele reduz seu calibre, o ar sai. ◆ À direita, temos um parênquima com DPOC. As toxinas do cigarro irritam as glândulas submucosas, e elas passam a produzir mais secreção para proteger a via aérea, porém essa secreção �ica depositada na luz da via aérea (vai reduzir o seu calibre). Além disso, as toxinas do cigarro vão causar aumento da espessura (edema) da parede brônquica, reduzindo ainda mais o calibre da via aérea. Vai ocorrer também �ibrose da parede brônquica, causando bronquiolite obliterante. Todos esses fatores di�icultam muito a passagem do ar, pois a via aérea �ica MUITO estreitada. ◆ As toxinas do cigarro também vão causar ruptura na parede alveolar, comprometendo a sustentação que proporciona a tração, responsável por abrir a via aérea. Na expiração, o brônquio vai reduzir de calibre mais rapidamente, com isso ele pode colapsar antes de colocar para fora o ar que tinha dentro dele. Esse é o fenômeno do aprisionamento aéreo, que é a explicação da hiperinsu�lação pulmonar. Na imagem abaixo, podemos ver o afrouxamento da parede do alvéolo. ◆ Anna Beatriz de Moraes - MED 104 Aqui, vemos o RX de um pulmão normal, com seu diafragma convexo na imagem anterior e de per�il. No pulmão hiperinsu�lado, o diafragma �ica rebaixado e reti�icado no per�il. A incursão dele será bem curta, o que irá gerar consequências. ◆ A ausculta dessa via aérea, com essa característica típica de DPOC, será: ● Ruídos adventícios: sibilância (causada pelo estreitamento) e roncos (causados pelo depósito de secreção) ● Murmúrio vesicular: reduzido, pois �luxo aéreo está reduzido ◆ Na inspeção estática será possível observar o tórax em tonel ◆ Na inspeção dinâmica teremos expansibilidade bem reduzida, frequência respiratória reduzida (ele aumenta o tempo de expiração para tentar manter a pressão positiva no alvéolo) ◆ Na palpação, normalmente não terá pontos dolorosos, terá frêmito toracovocal reduzido (vai ter mais ar acumulado no parênquima pulmonar) ◆ Na percussão, teremos som hiper ressonante ◆ Na ausculta, teremos murmúrio vesicular universalmente reduzido (se for nos dois hemitórax), sibilância, roncos. Eventualmente, pode apresentar ruídos adventícios descontínuos (crepitações) nas bases, porém nesses casos devemos descartar outra alteração além da DPOC grave, como pneumonia, congestão pulmonar, áreas de micro atelectasia.
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