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MARIA GABRIELA – MEDICINA (sanarflix) 1 A diarreia é uma alteração do hábito intestinal caracterizada por diminuição da consistência das fezes, aumento da frequência das evacuações (mais que 3 por dia) ou aumento do volume das fezes. Pode ser classificada em: Diarreia aguda: alteração na forma das fezes e na frequência de evacuações ocorrendo em 24 horas e durando < 14 dias Diarreia persistente: persistência das manifestações entre 14 – 30 dias Diarreia crônica: diarreia com duração > 30 dias CLASSIFICAÇÃO Topografia: ▪ Alta: intestino delgado o Grande volume o Frequência menor o Presença de restos alimentares ▪ Baixa: relacionada ao cólon o Volume menor o Frequência maior o Tenesmo FISIOPATOLOGIA Osmótica: acúmulo de elementos osmoticamente ativos, gap osmolar fecal alto (> 125 mOsm/L), geralmente cessa com o jejum Secretória: distúrbio do transporte hidroeletrolítico na mucosa. Gap osmolar fecal baixo (< 50 mOsm/L), não cessa com o jejum Invasiva: inflamação com possível eliminação de muco, pus ou sangue. Aumento da calprotectina ou lactoferrina fecais Esteatorreica (disabsortiva): fezes amareladas, fétidas, oleosas (brilhantes), aderentes. Distúrbio funcional: ausência de doença orgânica justificável. Possuem critérios específicos baseado no Roma IV OBS: incontinência fecal não é diarreia, são fisiopatologicamente diferentes. EPIDEMIOLOGIA/ETIOLOGIA → Países desenvolvidos: o Doenças funcionais o Medicações o Doenças inflamatórias intestinais o Síndromes disabsortiva o Infecções crônicas (imunossuprimidos) o Neoplasias → Países em desenvolvimento: o Infecções crônicas (bacterianas, parasitoses, micobacterioses) o Doenças funcionais o Doenças inflamatórias intestinais o Síndromes disabsortivas ABORDAGEM Doença orgânica x doença não orgânica História: ▪ interpretação da queixa (diarreia? Incontinência fecal?); MARIA GABRIELA – MEDICINA (sanarflix) 2 ▪ características físicas das fezes, volume e frequência ▪ duração dos sintomas ▪ natureza do início (repentino ou gradual) ▪ todos os medicamentos (incluindo os sem receita e suplementos) ▪ histórico de viagens ▪ diário alimentar ▪ associação com status psicológico ▪ infecções bacterianas recorrentes? Dicas práticas na investigação de disabsorção: ▪ as fezes podem ser macroscopicamente normais na esteatorreia ▪ diarreia aquosa, flatulência e distensão abdominal que ocorrem dentro de 90 minutos da ingestão de carboidratos ▪ dor abdominal é incomum (exceto: pancreatite crônica, doença de Crohn ou Pseudo obstrução intestinal ▪ pensar sempre na doença celíaca e parasitoses intestinais ▪ histórico de cirurgias abdominais ou úlcera pépticas recorrentes ▪ quantificar o consumo de álcool Exame físico: ▪ ectoscopia: linfadenopatia, desnutrição, exoftalmia ▪ pele: flushing, rash, dermografismo ▪ tireoide ▪ ausculta pulmonar e cardíaca ▪ abdome: timpanismo, ascite, hepatomegalia, massa ▪ avaliação perianal e toque retal ▪ extremidades: unhas, edema, prurido deve-se solicitar hemograma, eletrólitos, EPF – exame parasitológico de fezes (3 amostras), coprocultura, pesquisa de leucócitos fecais, sangue oculto e gordura fecal. Caso a apresentação clínica sugira fortemente uma suspeita, já podem ser solicitar exames mais específicos, como: ASCA (Doença de Crohn), p- ANCA (retocolite ulcerativa, os anticorpos anti- transglutaminase, anti-endomísio e anti-gliadina (doença celíaca), amilase e lipase (pancreatite) OBS: o tratamento de diarreia crônica implica em tratar a causa base! Se exames normais, cogitar doença funcional ou síndrome do intestino irritável (aplicar critérios de ROMA IV para síndrome do intestino irritável). EXAMES COMPLEMENTARES Solicitar apenas para pacientes com doença orgânica ou nos casos em que houve falha na terapia empírica ▪ laboratoriais: hemograma, ureia e creatinina, sódio e potássio séricos, albumina sérica, análise fecal (pH, Gap osmolar fecal, calprotectina, elastase fecal) ▪ endoscópicos: colonoscopia (pacientes com diarreia inflamatória ou secretória, fazer biópsia seriada mesmo que a colonoscopia esteja normal), endo/enteroscopia (pacientes com disabsorção) ▪ imagem (casos de esteatorreia, diarreia secretória, diarreia inflamatória) – identificar anormalidades anatômicas, extensão de inflamação, pancreatite crônica, neoplasias o trânsito intestinal: pouco útil hoje em dia o USG abdome: limitações técnicas o Tomografia: boa opção, radiação o Ressonância: boa opção, sem radiação, custo e tempo elevados
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