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Mariana Marques – T29 INTRODUÇÃO • O exame físico geral é a primeira etapa do exame clínico. Tem como objetivo complementar a anamnese e fornecer uma visão do paciente como um todo. • O exame físico é dividido em exame geral e específico. • Consiste numa avaliação objetiva que visa avaliar os sinais do paciente, onde deve-se colher dados mensuráveis do paciente como medidas da pressão arterial, peso, altura, IMC, circunferência abdominal e de quadril, frequência cardíaca e respiratória e temperatura. ALTURA E ENVERGADURA • A altura do indivíduo vai da planta dos pés até o vértice da cabeça (distância planta-vértice. • Para realizar a medição, o paciente deve ficar sem sapatos e com o queixo posicionado paralelamente ao solo. • O registro da altura deve ser feito em centímetros, com duas casas decimais. PESO • O peso do indivíduo corresponde à massa total, a qual deve ser avaliada em uma balança antropométrica em quilogramas e em frações de 100 gramas. • O paciente deve estar descalço e com roupas leves (se possível ou necessário, somente com as roupas íntimas). • Para os recém-nascidos, deve ser usada uma balança própria e, para pacientes com dificuldade de ficar em pé, a cama-balança. • O peso ideal nos adultos pode ser calculado pelo índice de massa corporal (IMC). OBSERVAÇÃO Ganho de peso rápido (> 1 kg em 24 horas): pode sugerir quadro de retenção hídrica (insuficiência renal, cardíaca, hepática) ou desnutrição. Perda de peso rápida: pode sugerir neoplasia, tuberculose, diabetes ou hipertireoidismo. IMC • O IMC é um indicador adequado para a avaliação do estado nutricional de um paciente e de fácil utilização, porém pode conter imprecisões, em casos de indivíduos com grande massa muscular, podendo-os classificar como apresentando sobrepeso ou obesidade. • Para realizar esse cálculo é necessário que antes seja realizada a medição da altura e peso do paciente. • O cálculo do IMC deve ser feito usando a seguinte fórmula: peso ÷ (altura x altura). CLASSIFICAÇÃO IMC Desnutrição Grave < 16 Desnutrição Moderada 16-16,99 Desnutrição Leve 17-18,49 Baixo Peso < 18,5 Normal 18,5-24,99 Sobrepeso > 25 Pré-obesidade 25,1-29,9 Obesidade >30 Obesidade Grau I 30,1-34,99 Obesidade Grau II 35-39,99 Obesidade Grau III >40 CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL E DO QUADRIL • As medidas de circunferência abdominal e quadril são importantes para a avaliação da obesidade, no que diz respeito à gordura visceral (gordura intra-abdominal entre as vísceras), e complementam os dados obtidos pelo IMC. • Circunferência abdominal: medida com a fita métrica posicionada em um ponto médio entre o rebordo costal e as cristas ilíacas (altura do umbigo). ▪ Mulheres: abaixo de 80 cm (alto risco > 88 cm). ▪ Homens: abaixo de 94 cm (alto risco > 102 cm). Exame físico quantitativo e Sinais Vitais Mariana Marques – T29 • Circunferência do quadril: medido com uma fita métrica no nível do trocânter femoral, sendo utilizada no cálculo da relação cintura-quadril (RCQ), calculada pela divisão do valor da circunferência abdominal pelo quadril. ▪ RCQ > 0,8: obesidade androide (mais comum em homens e associada à gordura visceral, acumulada na região do tórax e abdome, com deposição cutânea e intra-abdominal – mais perigosa). ▪ RQC < 0,8: obesidade ginecoide (mais comum em mulheres e associada à gordura acumulada em regiões como coxas, nádegas e pelve, com deposição subcutânea – celulite). ÍNDICE TORNOZELO-BRAQUIAL • É um exame complementar não invasivo auxiliar no diagnóstico da doença arterial obstrutiva periférica (DAOP) dos membros inferiores. • Este índice é calculado pela razão da pressão sistólica da artéria braquial direita ou esquerda, com a pressão sistólica das artérias dos tornozelos direito ou esquerdo. • Para ser considerado normal, esse índice deve ser maior ou igual à 0,9. CLASSIFICAÇÃO ITB Normal > 0,9 Alteração discreta 0,71-0,89 Alteração moderada 0,41-0,70 Alteração importante < 0,4 Sugere calcificação de Mockenberg > 1,4 ESTADO NUTRICIONAL • Avaliado pela relação de dados objetivos (altura, peso, circunferência abdominal/quadril e idade) relacionados com os aspectos subjetivos do paciente (estado geral, aspecto da pele, tecido subcutâneo (panículo adiposo) e sistema muscular). SINAIS VITAIS PULSO CONCEITOS: • Os pulsos arteriais consistem no batimentos de uma artéria superficial os quais podem ser percebidos pela palpação. • Para a medida de frequência, ritmo e amplitude podem ser usados alguns pulsos, como o radial (mais usado) e o carotídeo (mais preciso). • Os pulsos podem ser divididos em periféricos (temporal, radial, poplíteo, tibial posterior, braquial e pedioso) e centrais (carotídeo, axilar e femoral). TÉCNICA DE MEDIÇÃO DO PULSO RADIAL: • É necessário deixar o antebraço do paciente repousado e palpar o pulso durante um minuto usando os dedos indicador e médio. Mariana Marques – T29 VARIÁVEIS AVALIADAS: • Forma: cheio (indica normalidade) e fino (indica comprometimento sistólico). • Simetria: pulso simétrico (pulso sentido bilateralmente) e pulso assimétrico (pulso não é sentido de forma bilateral). • Ritmo: rítmico (as pulsações se repetem constantemente) e arrítmico (as pulsações não são constantes). • Frequência: quantidade de pulsações que são realizadas durante um minuto (valor de referência: 60 - 100bpm). - Taquicardia: frequência maior que 100bpm. - Bradicardia: frequência menor que 60 bmp. • Amplitude: - Ausente: pulso não palpável. - Diminuída: pulso pouco palpável. - Normal: pulso facilmente palpável. - Aumentada: pulso facilmente palpável, muito elevado. TIPOS DE PULSO: • Normal: Cheio, simétrico, rítmico e com amplitude normal. • Parvus et Tardus: ocorre prolongamento da aceleração sistólica (tardus) com uma amplitude reduzida do pico sistólico (parvus). Característico da estenose aórtica valvar. • Martelo D’Água: se caracteriza por uma ascensão rápida da onda de percussão sistólica, seguida de um colapso súbito. Característico da insuficiência aórtica. PRESSÃO ARTERIAL CONCEITOS: • Refere-se à pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias devido às contrações cardíaca. • Para a aferição é usado o esfigmomanômetro, com o auxílio de um estetoscópio e de palpação. • A maneira mais adequada e precisa para avaliar a pressão arterial é o uso de cateter intra-arterial, que, por ser um método invasivo, torna-se inviável na prática diária, sendo reservado somente a pacientes graves em estado de choque. • Para ser considerado hipertenso, o paciente pode possuir alteração nas duas pressões (sistólica e diastólica) ou apenas em uma delas. CUIDADOS ANTES DA AFERIÇÃO: • Certificar que o paciente não esteja com a bexiga cheia, que não tenha praticado exercício físico 60min antes da aferição, que não tenha feito a ingestão de bebidas alcoólicas, cafeína ou outros alimentos e nem fumado 30 min antes da aferição. • Medir o comprimento entre a estrutura óssea do acrômio até o olecrano e tirar a média e, medir a circunferência do braço do paciente para fazer a escolha do tamanho correto do esfigmomanômetro a ser utilizado. • Deve-se ainda garantir que o paciente esteja com o braço no qual será realizado a aferição esteja exposto, apoiado e alinhado com a altura do coração, os pés estejam apoiados e as pernas descruzadas. TÉCNICA DE AFERIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL: • Deve-se posicionar o esfigmomanômetro sobre a artéria braquial do paciente e ao mesmo tempo encontrar o pulso radial utilizando duas polpas digitais. • A seguir, insufla-se o esfigmo, acompanhando os valores indicados no manômetro enquanto se sente o pulso radial até que ele desapareça. • Em seguida, deve-se posicionaro estetoscópio na artéria braquial do paciente de forma que ele não fique posicionado abaixo do esfigmo e insuflar cerca de 30 mm/Hg a mais do valor que foi encontrado anteriormente ao desaparecimento do pulso radial. • Após a insuflação, deve-se liberar a válvula de maneira lenta, enquanto realiza a ausculta da artéria braquial onde deve-se auscultar dois sons importantes, enquanto visualiza os valores apresentados no ponteiro do manômetro, o primeiro som audível consiste na pressão sistólica do paciente, enquanto o último som audível é a pressão diastólica do paciente. CLASSIFICAÇÃO PAS (mmHg) PAD (mmHg) Ótima <120 <80 Normal 120-129 80-84 Limítrofe (pré-hipertensão) 130-139 85-89 Hipertensão estágio I 140-159 90-99 Hipertensão estágio II 160-179 100-109 Hipertensão estágio III >180 >110 Hipertensão sistólica isolada >140 <90 PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA: • Só pode ser obtida por métodos diretos, ou seja, métodos invasivos, como a utilização de cateteres centrais, utilizada em cirurgias e em UTIs. • Uma forma aproximada para calcular a PAM é por meio da aferição pressão sistólica e diastólica através da fórmula: PAM= Pressão sistêmica + 2 Pressão diastólica / 3 Mariana Marques – T29 PRESSÃO DIFERENCIAL: • Refere-se à diferença entre as pressões sistólica e diastólica, que, encontra-se entre 30 e 60 mmHg. • Pressão convergente: ocorre quando a pressão diferencial está diminuída, como nos casos de hipotensão arterial aguda, insuficiência cardíaca grave, estenose aórtica, derrame pericárdico, pericardite constritiva e durante o sono. • Pressão divergente: ocorre quando pressão diferencial está aumentada, como nos casos de hipertireoidismo e na insuficiência aórtica (síndromes hipercinéticas). HIPERTENSÃO DO AVENTAL BRANCO: • Consiste na elevação persistente da pressão arterial no consultório médico ou na clínica, com pressão normal em quaisquer outras circunstâncias quando avaliada pela monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA). HIPERTENSÃO MASARADA: • Consiste na pressão arterial que é normal no consultório e anormal na avaliação pelas medidas domiciliares ou pela MAPA no período da vigília. FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA CONCEITO: • Consiste na contagem do número de movimentos respiratórios que o paciente realiza em 1 minuto. • Para que essa medida seja fidedigna é necessário que o paciente não perceba que o examinador esteja fazendo a contagem para que não ocorra alteração inconsciente do ritmo respiratório. • Um método para realizar essa contagem é após avaliar o pulso arterial do paciente, continuar mais 1 minuto na mesma posição fingindo estar ainda avaliando a pulsação, enquanto avalia a frequência respiratória. VALORES DE REFERÊNCIA: • Eupneia: frequência respiratória normal, encontrada entre 12 e 20ipm (incursões por minuto). • Taquipneia: frequência respiratória elevada (>20ipm). • Bradipneia: frequência respiratória diminuída (<12ipm). TEMPERATURA • Expressão numérica em graus Celsius da quantidade de calor de um corpo. • A temperatura é regulada por um centro termorregulador do sistema nervoso central chamado termostato hipotalâmico o qual coordena o equilíbrio entre a produção e a perda de calor. • Produção de calor: a principal fonte de calor do organismo é o metabolismo energético total do corpo decorrente do metabolismo das células do organismo. • Perda de calor: ocorre principalmente pela superfície corporal a partir de quatro mecanismos: irradiação (por meio de raios térmicos), condução (por contato com superfície fria), convecção (pela troca de ar quente da superfície corporal para o ambiente mais frio) e evaporação (por meio da transformação da água líquida para gasosa). AFERIÇÃO DA TEMPERATURA: • Há diversos locais que podem ser utilizados para realizar a aferição da temperatura como: axila, cavidade oral, reto, membrana timpânica, artéria pulmonar, esôfago, nasofaringe, bexiga e vagina. CUIDADOS PARA A AFERIÇÃO CORRETA: • O paciente deve estar em repouso, já que a atividade física aumenta a temperatura corporal. • Limpeza adequada do termômetro. • O termômetro deve ser colocado adequadamente no local, de acordo com as descrições. FEBRE: • Distúrbio em que há alteração (elevação) do valor do set point hipotalâmico. • Nesse caso, o organismo utiliza mecanismos de conservação de calor para elevar a temperatura corporal ao nível determinado pelo termostato. • Quadro clínico: calafrios e vasoconstrição. • Causas: infecciosa, traumática, neoplásica, metabólicas e reações de hipersensibilidade. • características da febre: início, intensidade, duração (dias, semanas ou meses), término e modo de evolução. CLASSIFICAÇÃO DA FEBRE PELA TEMPERATURA AXILAR FEBRE TEMPERATURA AXILAR Leve 37-37,5 Moderada 37,5-38,5 Alta >38,5 OBSERVAÇÃO: Febre de origem indeterminada (FOI) é a febre com duração maior que 3 semanas, com temperatura axilar maior que 38,3ºC, cujo diagnóstico não é estabelecido após 1 semana de investigação em regime hospitalar ou por mais de três consultas investigativas ambulatoriais. Mariana Marques – T29 HIPERTERMIA: • Aumento da temperatura corporal por aumento da produção de calor ou diminuição de sua perda. • Nesse caso não há alteração do termostato hipotalâmico e o organismo utiliza seus mecanismos de perda de calor objetivando diminuir a temperatura ao nível determinado pelo termostato. • Quadro clínico: sensação de calor e vasodilatação. • Causas: exercício físico intenso, hipertireoidismo, hipertermia maligna (síndrome hipermetabólica de causa desconhecida e estimulada por anestésicos gerais, relaxantes musculares e estresse). HIPOTERMIA: • Diminuição da temperatura abaixo de 35ºC na axila ou 36ºC no reto pela redução da produção de calor ou aumento de sua perda. • Causas: situações de frio intenso, infecções graves, hipotireoidismo, choque, síncope, hemorragias graves, coma diabético, politraumatismos, abuso de álcool e drogas ilícitas, e estágios terminais de muitas doenças. CLASSIFICAÇÃO DA HIPOTERMIA HIPOTERMIA TEMP. SINAIS E SINTOMAS Leve 32-35 Palidez, vasoconstrição, tremores, aumento da PA e taquicardia. Moderada 30-32 Rigidez muscular e redução dos tremores, da PA e da frequência cardíaca. Grave >30 Respostas comprometidas levando a um aumento da perda de calor, sonolência e coma. qSOFA x CHOQUE SÉPTCO qSOFA: • Ferramenta para se usar à beira do leito para identificar pacientes com suspeita/documentação de infecção que estão sob maior risco de desfechos adversos. • O qSOFA avalia 3 critérios para pesquisar precocemente pacientes graves com suspeita de sepse em ambientes de emergência, ou à beira-leito. • A presença de 2 desses 3 critérios + infecção suspeitada ou confirmada é suficiente para entregar um diagnóstico de SEPSE. • Critérios avaliados: ▪ Glasgow < 15. ▪ Pressão Arterial Sistêmica < 100 mmHg. ▪ Frequência Respiratória > 22 ipm. CHOQUE SÉPTICO: • Estado de falência circulatória aguda associada a foco infeccioso ou predomínio de componente endotóxico. • É definido como sendo uma complicação grave da sepse, em que mesmo com a realização do tratamento adequado o paciente continua com a pressão arterial diminuída e níveis de lactato altos. • Critérios avaliados: ▪ Vasopressor PAM > 65 mmHg. ▪ Lactato > 2 mmol/L. ▪ Ausência de hipovolemia.
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