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PUBLICAÇÃO-PTARH DM--1682015

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
LODOS GERADOS NAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE 
ESGOTOS NO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO DE SUA 
APTIDÃO PARA O CONDICIONAMENTO, UTILIZAÇÃO E 
DISPOSIÇÃO FINAL 
 
 
LUCILENE FERREIRA BATISTA 
 
 
 
ORIENTADOR: MARCO ANTONIO ALMEIDA DE SOUZA 
 
 
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E 
RECURSOS HÍDRICOS 
 
 
PUBLICAÇÃO: PTARH.DM – 168/2015 
BRASÍLIA/DF: MARÇO – 2015 
ii 
 
 
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL 
 
 
LODOS GERADOS NAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE 
ESGOTOS NO DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO DE SUA 
APTIDÃO PARA O CONDICIONAMENTO, UTILIZAÇÃO E 
DISPOSIÇÃO FINAL 
 
LUCILENE FERREIRA BATISTA 
 
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL 
E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE 
BRASÍLIA COMO PARTE DOS REQUISISTOS NECESSÁRIOS PARA A 
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E 
RECURSOS HÍDRICOS. 
 
APROVADA POR: 
 
 
_______________________________ 
Prof. Marco Antonio Almeida de Souza, PhD (ENC-UnB) 
(Orientador) 
 
 
___________________________________________ 
Profª Yovanka Pérez Ginoris, Dr. (ENC-UnB) 
 (Examinador Interno) 
 
 
__________________________________________ 
Prof. Valderi Duarte Leite, Dr. (UEPB) 
(Examinador Externo) 
 
 
BRASÍLIA-DF, 23 DE MARÇO DE 2015. 
iii 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
BATISTA, L.F. (2015). Lodos gerados nas estações de tratamento de esgotos no Distrito 
Federal: um estudo de sua aptidão para o condicionamento, utilização e disposição final. 
Dissertação de Mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, Publicação 
PTARH.DM-168/2015, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de 
Brasília, Brasília, DF, 197p. 
CESSÃO DE DIREITOS 
NOME DA AUTORA: Lucilene Ferreira Batista 
TÍTULO: Lodos gerados nas estações de tratamento de esgotos no Distrito Federal: um 
estudo de sua aptidão para o condicionamento, utilização e disposição final. 
 
GRAU: Mestre ANO: 2015 
É concedida à Universidade de Brasília permissão para reproduzir cópias desta dissertação 
de mestrado e para emprestar ou vender tais cópias somente para propósitos acadêmicos e 
científicos. O autor reserva outros direitos de publicação e nenhuma parte dessa dissertação 
de mestrado pode ser reproduzida sem autorização por escrito do autor. 
 
 
Lucilene Ferreira Batista 
Brasília-DF, Brasil 
BATISTA, L.F. 
LODOS GERADOS NAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS NO 
DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO DE SUA APTIDÃO PARA O 
CONDICIONAMENTO, UTILIZAÇÃO E DISPOSIÇÃO FINAL. xxvii, 197p., 210 x 297 
mm (ENC/FT/UnB, Mestre, Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, 2015). Dissertação 
de Mestrado – Universidade de Brasília. Faculdade de Tecnologia. Departamento de 
Engenharia Civil e Ambiental. 
1. LODO DE ESGOTOS 2. TRATAMENTO DE LODOS 
3. DISPOSIÇÃO FINAL 
I. ENC/FT/UnB II. Título (série) 
iv 
 
 
Dedicatória 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sidney, como diz em Cantares: eu sou do meu amado. 
E o meu amado é meu. 
 
João Vítor, Ana Laura, Ana Luísa e Luís Felipe, 
Filhos, vocês são as alegrias do meu viver. 
 
Mamãe, 
Uma mulher forte, batalhadora, sábia, sempre será 
um exemplo a ser seguido! 
A vocês dedico. 
v 
 
 
 
Agradecimentos 
 
Ao finalizar este trabalho tenho muitos motivos para agradecer, agradecer aos que me 
apoiaram, aos que me ajudaram, aos que me toleraram, aos que me incentivaram, aos que 
me desafiaram; não foi fácil, não foi rápido, não foi perfeito, em muitos momentos não foi 
bom, mas... 
Ah! Como foi enriquecedor. Então, invisto essas linhas em meus agradecimentos 
especiais... 
 
Ao meu marido Sidney, que sempre será meu parceiro de empreitadas, como um dia 
prometemos: nos bons e maus momentos. Em nossa caminhada, mais que aprender a 
dividir, temos aprendido a somar e tem sido perfeito! A alegria dessa conquista também é 
sua, te amo! 
 
Aos meus filhos minha gratidão, pelos sorrisos que iluminam minha vida, pelos abraços 
despretensiosos que aquecem meu coração. Com vocês tudo fica mais lindo, tem mais cor, 
tem mais brilho, a vida vale a pena ser vivida! 
 
À minha mãe, minha maior incentivadora, minha âncora, meu porto seguro, sem você 
não teria conseguido, você é a vovó mais presente e muitas vezes foi uma mãe para meus 
filhos, por saber que você estava cuidando pude continuar, sabendo que eles estavam em 
boas mãos. Esse sonho também foi seu e sua realização é meu presente. Te amo mamãe! 
 
Ao meu orientador Marco Antonio, acredito que farei parte de seu recorde, agradeço pela 
paciência e orientação, por ter me aceitado e acreditado que conseguiria, agradeço pela 
compreensão. De uma coisa tenho certeza, fui uma provação que você venceu, mas pense 
pelo lado bom... dizem que as provações nos fazem mais fortes. 
 
À minha família, a vocês que sempre acreditaram em mim, divido com vocês as alegrias 
dessa vitória. 
vi 
 
 
Aos professores e equipe do Programa de Pós-graduação em Tecnologia Ambiental e 
Recursos Hídricos - Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de 
Brasília, pelos ensinamentos e apoio. 
 
À Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal – CAESB, pela 
disponibilização dos dados e por proporcionar minha participação no curso de mestrado. 
 
Aos amigos que me ajudaram, seja direta ou indiretamente, na realização desse trabalho: 
a Ana Maria Machado, você tem sido uma companheira de caminhada e de ideais; Ana 
Maria do Carmo Mota como já lhe disse, quando crescer quero ser igual a você; Daidi, 
você foi um instrumento nas mãos de Deus para que eu pudesse iniciar minha carreira; 
Carlos Eduardo, por permitir que eu me engajasse nesse projeto; Leonor pela disposição 
em ajudar e pelos conselhos; Marise, pela ajuda inestimável e a tantos outros que 
estiveram comigo ao longo do caminho, meus sinceros agradecimentos. 
 
Comecei meus agradecimentos com os amores da minha vida e quero encerrar com 
Aquele que é a razão do meu viver, ao meu Deus, o Senhor da minha existência, minha 
eterna gratidão. 
Não há conquista que tenha alcançado somente por meus próprios méritos, o Senhor 
tem sido meu refúgio, a alegria do Senhor tem sido minha força... “uns confiam em 
carros, outros em cavalos, eu, porém, confio no Senhor dos Exércitos”... que me tem 
sustentado até aqui. 
 
A meu Senhor e Rei minha adoração, meu louvor e minha gratidão. 
 
“Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão 
insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem 
conheceu a mente do Senhor? 
Quem se tornou seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu alguma coisa, para que Ele 
lhe recompense? 
Portanto Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja a glória eternamente! 
Amém.” 
(Romanos 11:33 -36) 
vii 
 
 
RESUMO 
LODOS GERADOS NAS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS NO 
DISTRITO FEDERAL: UM ESTUDO DE SUA APTIDÃO PARA O 
CONDICIONAMENTO, UTILIZAÇÃO E DISPOSIÇÃO FINAL. 
 
O Distrito Federal (DF) se destaca no Brasil pelos elevados índices de atendimento por 
sistemas de esgotamento sanitário. São 16 Estações de Tratamento de Esgotos (ETE) em 
operação, que empregam tecnologias de tratamento diversificadas e geram diariamente 
cerca de 300 toneladas de lodo. A gestão adequada do lodo de esgotos constitui-se em um 
desafio para os projetistas e operadores dos sistemas, pois a disposição final desse resíduo 
tornou-se um dos problemas ambientais urbanos mais relevantes da atualidade, não apenas 
pelos grandes volumes gerados, mas também por ser um resíduo de composição variável. 
Nesse contexto, a presente pesquisa objetivou a caracterização dos processos de geração e 
tratamento e da qualidadedo lodo de esgotos gerado em todas as ETEs do DF, com vistas a 
identificar as alternativas de disposição final que sejam técnica e ambientalmente viáveis. 
A ETE Brasília Norte foi selecionada para um estudo de caso detalhado das etapas 
intermediárias de tratamento de lodo, e a análise dos dados disponibilizados pela CAESB 
permitiu uma avaliação das variáveis que influenciam o desempenho operacional das 
unidades de geração e tratamento do lodo, do seu comportamento e das eficiências 
alcançadas. Isso pode nortear o planejamento de ações para otimização de processos e 
melhorias operacionais, visando principalmente ao atendimento dos requisitos de qualidade 
dos lodos para as alternativas de disposição final selecionadas. Os coeficientes de produção 
de lodo foram verificados e comparados com a literatura clássica, tendo-se deparado com a 
dificuldade em se estabelecer um padrão de geração de lodo para a fase de tratamento 
primário, demonstrando a necessidade de se definirem rotinas operacionais que permitam 
estabelecer os parâmetros para elaboração de cenários de produção de lodo. Foram 
levantados os requisitos necessários às alternativas de tratamento e de disposição final do 
lodo, e com a caracterização dos lodos das ETEs do DF, foi construído um cenário em que 
foram priorizadas as alternativas que propiciam o aproveitamento do lodo. Concluiu-se 
que, para as características atuais, as alternativas possíveis para uso e disposição dos lodos 
das ETEs do DF são: recuperação de áreas degradadas, produção de substrato vegetal e 
codisposição em aterro sanitário. Concluiu-se ainda que um tratamento complementar para 
higienização do lodo permitiria sua adequação para o uso agrícola. 
Palavras-chaves: lodos de esgotos, tratamento de lodos e disposição final, esgotos 
domésticos. 
viii 
 
 
ABSTRACT 
SLUDGE GENERATED IN SEWAGE TREATMENT PLANTS IN FEDERAL 
DISTRICT: A STUDY ON ITS ABILITY FOR CONDITIONING, USE AND FINAL 
DISPOSAL. 
The Federal District (DF) stands out in Brazil by the high attendance indices for sewer 
systems. There are 16 Sewage Treatment Plants (STP) in operation, employing diverse 
treatment technologies and daily generate about 300 tons of sludge. Proper management of 
sewage sludge constitutes a challenge for the designers and operators of systems as the 
final disposal of this waste has become one of the major urban environmental problems of 
today, not only by the large volumes generated, but also by being a variable composition. 
In this context, the present study aimed to characterize the processes of generation and 
treatment and the quality of sewage sludge generated in all the DF STPs, in order to 
identify the final disposal alternatives that are technically and environmentally viable. STP 
Brasilia North was selected for a detailed case study of the intermediate steps of sludge 
treatment, and the analysis of data provided by CAESB allowed an assessment of the 
variables that influence the operating performance of generating units and sludge 
treatment, their behavior and the efficiencies achieved. This can guide the planning of 
actions for process optimization and operational improvements, aiming mainly to meeting 
the quality requirements of the sludge according to the selected alternatives of disposal. 
The sludge production rates were checked and compared with the classical literature. It 
was faced with the difficulty in establishing a pattern of sludge generation to the primary 
treatment phase, demonstrating the need to define operational routines needed to establish 
the parameters for the development of future scenarios of sludge production. The 
requirements to the sludge and final disposal alternative treatment technologies were raised 
and with the characterization of sludge from the DF STPs, it was composed a scenario in 
which priority was given to alternatives that provide the sludge utilization. It was 
concluded that, for the current characteristics, possible alternatives for use and disposal of 
sludge from the DF STPs are: reclamation, plant substrate production and co-disposal in 
landfill. It was also concluded that complementary treatment for sludge disinfection would 
allow their suitability for agricultural use. 
 
Keywords: sewage sludge, sludge treatment; sludge disposal. 
 
ix 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1 
2. OBJETIVOS ................................................................................................................ 4 
2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 4 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 4 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 5 
3.1 LODOS DE ESGOTOS ........................................................................................... 5 
3.1.1 Características e produção de lodos nos processos de tratamento de 
esgotos ........................................................................................................................... 5 
3.1.1.1 Características dos esgotos afluentes ......................................................... 6 
3.1.1.2 Tipos de tratamento e produção típica de lodo .......................................... 7 
3.1.1.3 Eficiência operacional em tratamentos biológicos .................................... 9 
3.1.2 Aspectos relevantes na caracterização do lodo de esgotos ......................... 10 
3.1.2.1 Tipos de lodos .......................................................................................... 10 
3.1.2.2 Características gerais dos lodos de ETEs ................................................ 11 
3.1.2.3 Riscos microbiológicos ........................................................................... 13 
3.1.2.4 Metais pesados ......................................................................................... 18 
3.1.2.5 Outros compostos potencialmente tóxicos no lodo ................................. 20 
3.2 MANEJO DE LODOS DE ETES – TÉCNICAS DE PROCESSAMENTO E CONTROLE
 25 
3.2.1 Processos de tratamento de lodos ......................................................... 25 
3.2.1.1 Estabilização de lodos ........................................................................ 26 
3.2.1.2 Remoção da umidade .......................................................................... 28 
3.2.1.3 Higienização de lodo de esgoto ....................................................... 31 
3.2.2 Controle ........................................................................................................ 37 
3.2.3 Disposição adequada dos resíduos ....................................................... 38 
3.2.3.1 Aterro Sanitário ................................................................................... 39 
3.2.3.2 Landfarming .......................................................................................... 40 
3.2.3.3 Incineração ............................................................................................ 40 
3.2.3.4 Usos benéficos do lodo ...................................................................... 42 
3.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A SELEÇÃO DO 
TRATAMENTO ADEQUADO DE LODO .......................................................... 52 
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 54 
4.1 DIAGNÓSTICO DO MANEJO DE LODOS DAS ETES DO DISTRITO 
FEDERAL .................................................................................................................... 55 
4.1.1 Caracterização qualitativa do lodo desaguado para fins de 
disposição final .......................................................................................................56 
4.1.2 Caracterização quantitativa dos lodos gerados nas ETEs do 
Distrito Federal ...................................................................................................... 58 
4.2 ESTUDO DE CASO .............................................................................................. 58 
4.2.1 Descrição da Estação de Tratamento Brasília Norte – ETEB Norte ........ 59 
4.2.2 Avaliação do desempenho das unidades de tratamento da fase sólida e do 
comportamento do lodo ao longo das etapas de geração. ...................................... 61 
4.3 ANÁLISE DO PADRÃO DE PRODUÇÃO DE LODOS DE ESGOTOS NAS 
ETES DO DF .................................................................................................................. 64 
4.4 IDENTIFICAÇÃO DOS USOS POTENCIAIS DOS LODOS DE ESGOTOS, 
APLICÁVEIS AO DISTRITO FEDERAL ................................................................. 66 
x 
 
 
4.5 COMPARAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS ...................... 67 
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS ........................................... 69 
5.1 GESTÃO DE LODOS NAS ETES DO DISTRITO FEDERAL ......................... 69 
5.1.1 Sistema de Tratamento de Esgotos no Distrito Federal ............................. 69 
5.1.2 Tecnologias de tratamento de esgotos em operação no Distrito Federal.. 70 
5.1.3 Características dos esgotos afluentes às estações de tratamentos de esgotos 
do Distrito Federal ..................................................................................................... 80 
5.1.4 Geração de lodo de esgotos nas ETEs do Distrito Federal ........................ 85 
5.1.5 Produção de lodos de esgotos nas ETEs do DF ........................................... 92 
5.1.6 Características sanitárias dos lodos gerados nas ETEs do Distrito Federal 
 ......................................................................................................................... 97 
5.1.7 Características físico-químicas dos lodos gerados nas ETEs do Distrito 
Federal ...................................................................................................................... 106 
 5.1.8 .... Cenário atual do manejo de lodo desaguado das ETEs do Distrito Federal
 ........................................................................................................................... 115 
5.2 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DAS UNIDADES DE TRATAMENTO DA 
FASE SÓLIDA E DO COMPORTAMENTO DO LODO AO LONGO DAS 
ETAPAS DE GERAÇÃO - ESTUDO DE CASO ETE BRASÍLIA NORTE .......... 118 
5.2.1 Detalhamento do fluxo de tratamento da fase sólida da ETEB Norte .... 119 
5.2.2.1 Decantador Primário .................................................................................. 120 
5.2.2.2 Adensador por gravidade ........................................................................... 121 
5.2.2.3 Adensador por flotação .............................................................................. 121 
5.2.2.4 Câmara de flotação do polimento final...................................................... 122 
5.2.2.5 Digestor primário anaeróbio ...................................................................... 123 
5.2.2.6 Condicionamento e desaguamento de lodo ............................................... 124 
5.2.3 Avaliação do desempenho das unidades de tratamento da fase sólida e do 
comportamento do lodo ao longo do sistema. ....................................................... 126 
5.2.3.1 Decantador primário .................................................................................. 126 
5.2.3.2 Adensador por gravidade ........................................................................... 131 
5.2.3.3 Adensador por flotação .............................................................................. 137 
5.2.3.4 Câmaras de flotação do polimento final .................................................... 140 
5.2.3.5 Digestor anaeróbio primário ...................................................................... 141 
5.2.3.6 Desaguamento do lodo digerido ................................................................ 151 
5.3 ANÁLISE DO PADRÃO DE PRODUÇÃO DE LODOS DE ESGOTOS NAS 
ETES DO DF ................................................................................................................ 157 
5.3.1 Produção teórica de lodo nas ETEs do Distrito Federal .......................... 158 
5.3.2 Produção real de lodo na ETE Brasília Norte .......................................... 160 
5.4 USOS POTENCIAIS E DISPOSIÇÃO FINAL DOS LODOS DE ESGOTOS 
APLICÁVEIS AO DISTRITO FEDERAL ............................................................... 166 
5.4.1 Caracterização do Distrito Federal – área, vegetação, solo e clima ........ 166 
5.4.2 Identificação dos usos aplicáveis ao Distrito Federal e análise comparativa 
para atendimento aos requisitos de qualidade ...................................................... 168 
5.4.2.1 Uso e aplicação no solo ............................................................................. 170 
5.4.2.2 Produção de substrato vegetal ................................................................... 174 
5.4.2.3 Uso como matéria-prima na fabricação de cerâmica vermelha ................. 176 
5.4.2.4 Disposição em Aterro Sanitário ................................................................. 177 
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 178 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 184 
xi 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela3.1 - Produção teórica e características do lodo em função do tipo de Tratamento de 
Esgoto Utilizado na ETE ....................................................................................................... 8 
Tabela 3.2 – Classificação de lodos de ETEs. ..................................................................... 11 
Tabela 3.3 – Composição química e propriedades típicas do lodo bruto e digerido. .......... 12 
Tabela 3.4 – Concentração de patógenos em lodo produzido em diversas ETEs do Brasil.14 
Tabela 3.5 - Grupo/Classe de alguns compostos micropoluentes emergentes de alguns tipos 
de lodo. .............................................................................................................................. 23 
Tabela 3.6 – Faixas usuais de densidades e de massas específicas de alguns tipos de lodo.38 
Tabela 3.7 – Principais parâmetros de valor agronômico dos lodos produzidos em ETEs do 
Brasil .................................................................................................................................... 45 
Tabela 3.8 - Concentrações máximas permissíveis de metais em lodos de esgoto para 
aplicação no solo ................................................................................................................. 45 
Tabela 3.9 - Valores máximos para agentes patogênicos no lodo de esgoto Classe A e B . 46 
Tabela 4.1 - Parâmetros de caracterização do Lodo ............................................................ 57 
Tabela 4.2 – Metodologias analíticas para determinação dos parâmetros de interesse ...... 57 
Tabela 4.3 – Parâmetros avaliados para o diagnóstico do comportamento do lodo ............ 62 
Tabela 4.4 – Tabela de variáveis operacionais e formulários aplicados ao estudo de caso da 
ETEB Norte. ........................................................................................................................ 63 
Tabela 5.1 – Tecnologias de tratamento de esgotos aplicados nas ETEs do DF, População, 
Vazão e Carga Orgânica (real e de projeto) ........................................................................ 71 
Tabela 5.2 – Produção absoluta de areia das ETEs do Distrito Federal – ano 2013. .......... 74 
Tabela 5.3 – Concentrações usuais para esgotos domésticos afluentes, reportados na 
literatura ...............................................................................................................................80 
Tabela 5.4 – Estatística descritiva referente às concentrações de esgotos afluentes às ETEs 
do Distrito Federal, agrupados por tecnologias de tratamento similares. ............................ 81 
Tabela 5.5 – Tipos de lodos gerados nas ETEs do Distrito Federal. ................................... 86 
Tabela 5.6 – Tipos de tratamento de lodo empregados nas ETEs do Distrito Federal. ....... 86 
Tabela 5.7 – Parâmetros e Indicadores de geração de lodo – ano base 2013 ...................... 93 
Tabela 5.8 – Produção de lodo nas ETEs do Distrito Federal – Período 2004 a 2013. ....... 96 
Tabela 5.9 – Estatística descritiva referente às concentrações de coliformes termotolerantes 
nos lodos desaguados das ETEs do DF. .............................................................................. 98 
Tabela 5.10 – Estatística descritiva referente às concentrações de ovos de helmintos e ovos 
viáveis de helmintos nos lodos desaguados das ETEs do DF. .......................................... 101 
Tabela 5.11 - Concentração de bactérias no lodo primário e secundário, observadas nos 
Estados Unidos, em número/g de massa seca.................................................................... 102 
Tabela 5.12 – Indicador de Desenvolvimento Humano – IDH do Distrito Federal, 
distribuído por Região Administrativa, ano 2003. ............................................................ 105 
Tabela 5.13 - Composição dos lodos de esgotos gerados nas ETEs do DF quanto aos 
parâmetros agronômicos, expressos em base seca ............................................................ 107 
xii 
 
 
Tabela 5.14 - Composição dos lodos de esgotos gerados nas ETEs do DF quanto às 
substâncias inorgânicas, expressos em base seca. ............................................................. 108 
Tabela 5.15 – Composição de lodo de esgotos em diversas ETEs no Brasil e no Distrito 
Federal. .............................................................................................................................. 109 
Tabela 5.16 – Descrição das unidades de tratamento da fase sólida da ETEB Norte. ...... 120 
Tabela 5.17 – Estatística descritivas dos teores de ST(%) no lodo primário na ETEB Norte 
 ........................................................................................................................................... 127 
Tabela 5.18 – Parâmetros de projeto do decatador primário da ETEB Norte ................... 128 
Tabela 5.19– Dados operacionais do decantador primário da ETEB Norte. .................... 128 
Tabela 5.20 – Volumes médios de lodo descartado do decantador primário e 
Concentrações médias de ST para cada ciclo. ................................................................... 129 
Tabela 5.21 – Estatística descritiva dos teores de ST(%) no lodo adensado (adensador por 
gravidade) na ETEB Norte. ............................................................................................... 131 
Tabela 5.22 – Taxa de aplicação de ST (TAS - kgST/m².d) afluentes ao adensador por 
gravidade da ETEB Norte, entre os anos de 2008 e 2014. ................................................ 135 
Tabela 5.23 – Estatística descritiva dos parâmetros de controle do lodo químico da ETEB 
Norte .................................................................................................................................. 140 
Tabela 5.24 – Carga de sólidos aplicada aos digestores anaeróbios por tipo de lodo, em 
KgSS/d. .............................................................................................................................. 142 
Tabela 5.25 – Parâmetros operacionais de controle do processo de digestão anaeróbia da 
ETEB Norte ....................................................................................................................... 143 
Tabela 5.26 – Variáveis operacionais e parâmetros de controle do processo de 
desaguamento de lodo. ...................................................................................................... 152 
Tabela 5.27 – Parâmetros adotados para cálculo de produção teórica de lodo: remoção, 
coeficiente de produção e teor de sólidos. ......................................................................... 158 
Tabela 5.28 – Parâmetros adotados para cálculo de produção teórica de lodo: remoção e 
coeficiente de produção. .................................................................................................... 159 
Tabela 5.29 – Produção teórica de lodo nas ETEs do Distrito Federal considerando a carga 
orgânica teórica.................................................................................................................. 159 
Tabela 5.30 – Produção teórica de lodo nas ETEs do Distrito Federal considerando a carga 
orgânica real aplicada em 2013. ........................................................................................ 160 
Tabela 5.31 – Volume médio mensal de lodos produzidos diariamente na ETEB Norte, nas 
diferentes etapas de geração e tratamento. ........................................................................ 161 
Tabela 5.32 – Média mensal do Teor de sólidos em suspensão dos diferentes tipos de lodos 
produzidos diariamente na ETEB Norte, em %, ano 2013 ................................................ 161 
Tabela 5.33 – Parâmetros operacionais da ETEB Norte e valores de população equivalente 
e coeficiente de produção de lodos determinados a partir das equações, dados de 2013 .. 162 
Tabela 5.34 – Parâmetros operacionais e valores determinados de população equivalente e 
coeficiente de produção de lodo para os reatores biológicos de lodos ativados da ETEB 
Norte, dados de 2013. ........................................................................................................ 164 
 
xiii 
 
 
Tabela 5.35 – Parâmetros operacionais da ETE Paranoá e valores determinados de 
população equivalente e coeficiente de produção de lodo no reator UASB, dados de 2014 .. 
 ........................................................................................................................................... 165 
Tabela 5.36 – Alternativas de usos potenciais e disposição final levantadas na literatura.169 
Tabela 5.37 – Composição dos lodos gerados nas ETEs do Distrito Federal, segundo os 
parâmetros restritivos nas Resoluções do CONAMA e CONAM .................................... 171 
Tabela 5.38 – Composição dos lodos gerados nas ETEs do Distrito Federal – Parâmetros 
agronômicos ...................................................................................................................... 173 
 
 
xiv 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 3.1 - Composição do esgoto doméstico..................................................................... 7 
Figura 3.2 - Principais ovos de helmintos encontrados em biossólido oriundo de tratamento 
por digestão anaeróbia ......................................................................................................... 15 
Figura 3.3.- Rotas de exposição de fármacos no ambiente. ................................................ 24 
Figura 4.1 – Fluxograma das etapas e atividades necessárias ao desenvolvimento da 
pesquisa. .............................................................................................................................. 54 
Figura 4.2 – Vista aérea da estação de tratamento de esgotos Brasília Norte. .................... 59 
Figura 4.3 – Fluxograma de tratamento da ETE Brasília Norte. ......................................... 61 
Figura 4.4 – Representação esquemática dos passos realizados para a identificação das 
alternativas de manejo de lodo de esgotos........................................................................... 67 
Figura 5.1 – Concentrações dos esgotos afluentes às ETEs do DF, agrupadas por 
tecnologias de tratamento de esgotos similares – parâmetro DBO (mg/L) – entre anos 
2004 -2013. ..........................................................................................................................82 
Figura 5.2 – Concentrações dos esgotos afluentes às ETEs do DF, agrupadas por 
tecnologias de tratamento de esgotos similares – parâmetro DQO (mg/L) – entre anos 
2004 -2013. .......................................................................................................................... 82 
Figura 5.3 – Concentrações dos esgotos afluentes às ETEs do DF, agrupadas por 
tecnologias de tratamento de esgotos similares – parâmetro SS (mg/L) – entre anos 2004 -
2013 ..................................................................................................................................... 83 
Figura 5.4 – Concentrações dos esgotos afluentes às ETEs do DF, agrupadas por 
tecnologias de tratamento de esgotos similares – parâmetro TKN (mg/L) – entre anos 2004 
-2013 .................................................................................................................................... 83 
 Figura 5.5 – Concentrações dos esgotos afluentes às ETEs do DF, agrupadas por 
tecnologias de tratamento de esgotos similares – parâmetro P-total (mg/L) – entre anos 
2004- 2013. .......................................................................................................................... 84 
Figura 5.6 – Carga orgânica removida das ETEs Brasília Sul, Brasília Norte, Melchior, 
Gama, Riacho Fundo e Paranoá (KgDBO/dia) – 2013 e 2014 .......................................... 93 
Figura 5.7 – Eficiência média de remoção de DBO registradas nas ETEs Brasília Sul, 
Brasília Norte, Melchior, Gama, Riacho Fundo e Paranoá (%) – 20131 e 2014 ................ 94 
Figura 5.8 – Evolução da Produção de Lodo no Distrito Federal (ton/d) entre os anos de 
2004 e 2013 ......................................................................................................................... 95 
Figura 5.9 – Resultados de Coliformes termotolerantes nos lodos desaguados no Distrito 
Federal (2007 – 2014) ......................................................................................................... 99 
Figura 5.10 – Resultados de coliformes termotolerantes nos lodos desaguados gerados no 
Distrito Federal (2007 – 2014) – média anual ..................................................................... 99 
Figura 5.11 – Resultados de ovos de helmintos viáveis nos lodos desaguados, gerados no 
Distrito Federal (2007 – 2014) - Nº de ovos viáveis de helmintos/g massa seca .............. 101 
Figura 5.12 – Resultados de coliformes termotolerantes nos lodos desaguados gerados no 
Distrito Federal (2013 – 2014) – média anual. .................................................................. 103 
Figura 5.13 – Resultados de parasitologia dos lodos desaguados, gerados no Distrito 
Federal (2007 – 2014) - Nº de ovos de helmintos/g massa seca versus IDH. ................... 106 
xv 
 
 
Figura 5.14 – Concentração de Nitrogênio em experimentos com lodo de ETEs do DF x 
ETEs brasileiras. ................................................................................................................ 110 
Figura 5.15 – Concentração de Fósforo em experimentos com lodo de ETEs do DF, 
comparadas a algumas ETEs brasileiras. ........................................................................... 110 
Figura 5.16 – Concentração de Potássio em experimentos com lodo de ETEs do DF 
comparadas a algumas ETEs brasileiras. .......................................................................... 111 
Figura 5.17 – Concentração de Matéria Orgânica em experimentos com lodo de ETEs do 
DF x ETEs brasileiras. ....................................................................................................... 111 
Figura 5.18 – Concentração de Cálcio em experimentos com lodo de ETEs do DF x ETEs 
brasileiras ........................................................................................................................... 112 
Figura 5.19 – Concentração de Ferro em experimentos com lodo de ETEs do DF x ETEs 
brasileiras. .......................................................................................................................... 112 
Figura 5.20 – Concentração de Magnésio em experimentos com lodo de ETEs do DF x 
ETEs brasileiras. ................................................................................................................ 113 
Figura 5.21 – Concentração de Zinco em experimentos com lodo de ETEs do DF x ETEs 
brasileiras. .......................................................................................................................... 113 
Figura 5.22 – Concentração de Cobre em experimentos com lodo de ETEs do DF x ETEs 
brasileiras ........................................................................................................................... 114 
Figura 5.23- Evolução das Alternativas de disposição de lodo no DF (2012-2014) ........ 116 
Figura 5.24 – Fluxograma da ETE Brasília Norte – Tratamento da fase sólida................ 119 
Figura 5.25 – Dispersão de ar na câmara de flotação. ....................................................... 123 
Figura 5.26 – Raspadores de superfície das câmaras de flotação. ..................................... 123 
Figura 5.27 – Série temporal das concentrações de sólidos ST (%) no lodo primário ...... 127 
Figura 5.28– Concentração de sólidos ST (%) no decantador primário – valores mínimos, 
máximos, mediana e os 1º e 3º quartis. ............................................................................. 127 
Figura 5.29 – Série temporal dos volumes de lodo descartado diariamente do decantador 
primário ............................................................................................................................. 129 
Figura 5.30 – Distribuição das concentrações do lodo primário, em termos de %ST, ao 
longo dos 3 ciclos de extração de lodo testados. ............................................................... 130 
Figura 5.31 – Série temporal dos teores de sólidos totais no adensador por gravidade. ... 131 
Figura 5.32 – Box-plot das concentrações de sólidos ST (%) no adensador por gravidade 132 
Figura 5.33 – Série temporal da captura de sólidos no adensador por gravidade ............. 133 
Figura 5.34 – Box-plot das capturas de sólidos ST (%) no adensador por gravidade. ...... 133 
Figura 5.35 – Série temporal da taxa de aplicação de sólidos (TAS) e captura de sólidos no 
adensador por gravidade. ................................................................................................... 134 
Figura 5.36 – Série temporal de captura de sólidos no adensador no ano de 2014 ........... 136 
Figura 5. 37 – Box-plot do tempo de detenção hidráulica no adensador por gravidade ... 136 
Figura 5.38 – Box-plot da TAS sólidos no adensador por gravidade ............................... 138 
Figura 5.39 – Série temporal da TAS sólidos e captura de sólidos dos adensadores por 
flotação da ETEB Norte. ................................................................................................... 139 
Figura 5.40 –Volume de lodo químico gerado na ETEB Norte (m³/d) anos 2008 – 2014 .... 141 
xvi 
 
 
Figura 5.41 – Box-plot da concentração de sólidos (%ST) de lodo químico gerado na 
ETEB Norte, anos de 2008 – 2014. ................................................................................... 141 
Figura 5.42 – Box-plot da concentração de sólidos totais no lodo digerido ..................... 144 
Figura 5.43 – Box-plot da concentração de sólidos totais voláteis no lodo digerido ........ 144 
Figura 5.44 – Série temporal das concentrações de sólidos totais e sólidos totais voláteis no 
lodo digerido. ..................................................................................................................... 144 
Figura 5.45 – Série temporal do tempo de detenção hidráulica no digestor anaeróbio. .... 145 
Figura 5.46 – Série temporal de sólidos voláteis e sólidos totais no lodo digerido. .........146 
Figura 5.47 – Box-plot do tempo de detenção hidráulica no digestor primário anaeróbio 
(DGP), em dias .................................................................................................................. 147 
Figura 5.48 – Relação de SV/ST no lodo digerido do DGP da ETEB Norte. ................... 147 
Figura 5.49 – Eficiência de remoção de sólidos voláteis na digestão de lodo da ETEB 
Norte. ................................................................................................................................. 148 
Figura 5.50 – Carga orgânica volumétrica (COV) afluente ao digestor primário anaeróbio 
da ETEB Norte, em KgSS/m³.d ......................................................................................... 149 
Figura 5.51 – Box-plot do pH no lodo digerido ................................................................ 150 
Figura 5.52 – Box-plot da relação acidez/alcalinidade no lodo digerido. ......................... 150 
Figura 5.53 – Série temporal do teor de sólidos (%) no lodo afluente à desidratação 
mecânica da ETEB Norte. ................................................................................................. 153 
Figura 5.54 – Box-plot da carga hidráulica aplicada às prensas desaguadoras da ETEB 
Norte. ................................................................................................................................. 154 
Figura 5.55 – Box-plot do volume de lodo afluente à desidratação mecânica da ETEB 
Norte. ................................................................................................................................. 154 
Figura 5.56 - Box-plot do teor de sólidos no lodo desaguado da ETEB Norte. ................ 155 
Figura 5.57 - Box-plot da captura de sólidos no lodo desaguado da ETEB Norte ............ 155 
Figura 5.58 – Box-plot do consumo de polímero catiônico no condicionamento do lodo 
afluente à desidratação da ETEB Norte. ............................................................................ 156 
 
xvii 
 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
Al - Alumínio 
ANA - Agência Nacional de Águas 
Ca - Cálcio 
CAESB - Companhia de Saneamento 
Ambiental do Distrito Federal 
Cd - Cádmio 
CETESB - Companhia de Tecnologia de 
Saneamento Ambiental 
CF - Coliformes Termotolerantes 
Co - Cobalto 
CODEPLAN - Companhia de 
Planejamnto do Distrito Federal 
CONAMA - Conselho Nacional do Meio 
Ambiente 
COV - Carga Orgânica volumétrica 
Cr - Cromo 
Cu - Cobre 
DBO - Demanda bioquímica de oxigênio 
DF - Distrito Federal 
DP - Decantador Primário 
DS - Decantador secundário 
EMBRAPA - Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária 
EPA - Agência de Proteção Ambiental 
(Estados Unidos) 
ES - Escoamento superficial 
ETE - Estação de Tratamento de Esgotos 
Fe - Ferro 
Hg - Mercúrio 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia 
e Estatística 
LA - Lodos ativados 
LAF - Lagoa aerada facultativa 
LAMC - Lagoa aerada de mistura 
completa 
LAN - Lagoa anaeróbia 
LAP - Lodos ativados aeração 
prolongada 
LF - Lagoa facultativa 
LM - Lagoa de maturação 
LP - Lagoa de polimento 
mg kg-1 - miligrama por quilograma 
mg L-1 - miligrama por litro 
Mg - Manganês 
Mo - Molibdênio 
Ni - Níquel 
NOVACAP - Companhia Urbanizadora 
da Nova Capital do Brasil 
NT - Nitrogênio total 
NTK - Nitrogênio total Kjeldahl 
Pb - Chumbo 
PDAD - Pesquisa Distrital por Amostra 
de Domicílios 
PO4 - Fosfato 
PRODES - Programa de Despoluição de 
Bacias Hidrográficas 
PROSAB - Programa de Pesquisa em 
Saneamento Básico 
P-total Fósforo total 
Se - Selênio 
Si - Silício 
SST - Sólidos suspensos totais 
ST - Sólidos totais 
SV - Sólidos voláteis 
TAS - Taxa de aplicação de sólidos 
TDH - Tempo de detenção hidráulica 
UASB - Upflow anaerobic sludge blanket 
Zn - Zinco 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A sociedade atual e a comunidade científica têm fomentado o avanço de discussões com 
respeito às garantias para as gerações futuras de um ambiente saudável, compatibilizando o 
desenvolvimento às limitações dos recursos naturais. 
Dentre os problemas ambientais, agravados pela crescente concentração urbana, um dos 
mais relevantes da atualidade é, sem dúvida, o destino adequado para os milhões de 
toneladas de resíduos gerados, diariamente, em todo o mundo. 
Neste contexto, a disposição final do lodo, resíduo proveniente do tratamento de esgotos, 
vem se caracterizando como um desafio para os governantes e profissionais do setor. O 
aumento do número de estações de tratamento de esgotos e o consequente incremento da 
produção de lodos de esgotos torna imperiosa a abordagem do problema. 
Os múltiplos aspectos envolvidos, tais como o volume significativo de material gerado, as 
limitações na localização de áreas para destinação final de resíduos sólidos, o custo 
elevado para operacionalizar a disposição adequada e aspectos de ordem ambiental e 
sanitária, tornam a gestão de resíduos do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES), bastante 
complexa. 
Mundialmente, as práticas de minimização da produção de resíduos têm sido estimuladas, 
priorizando a reciclagem como opção de destino final. Por esta razão, o uso do lodo de 
esgoto na agricultura vem se tornando uma alternativa de grande interesse. Esta 
possibilidade tem o benefício de transformar um resíduo problemático e de difícil 
disposição em um insumo agrícola, fornecendo matéria orgânica e nutrientes ao solo. 
Entretanto, o conhecimento sobre os riscos ambientais e à saúde da população e o aumento 
das exigências legais sobre as técnicas de manejo do lodo têm sido objeto de diversas 
discussões e pesquisas para o aprimoramento da gestão do lodo. 
Alguns avanços tecnológicos alcançados no tratamento de esgotos apresentam reflexos 
também no tratamento do lodo, tais como: o emprego de técnicas para o condicionamento 
e desaguamento do lodo; a utilização de processos térmicos para o seu tratamento; o uso de 
aterros sanitários controlados, como alternativa para a disposição final dos resíduos do 
2 
 
tratamento. Esses aperfeiçoamentos, entretanto, conduzem a um acréscimo dos custos 
operacionais do tratamento. 
Diversos autores destacam que os problemas decorrentes da geração de lodo de esgotos 
requerem soluções tão ou mais complexas que o próprio tratamento de esgotos e podem 
representar um aumento substancial dos custos totais, cerca de 50%, se considerados os 
gastos até a disposição final do lodo (Rulkens,2004; Fernandes e Souza, 2001; Além 
Sobrinho, 2001). 
O Distrito Federal (DF), à luz dessas reflexões, ocupa posição de destaque no panorama 
nacional, uma vez que, devido aos elevados índices de atendimento à população, pelo 
sistema de esgotamento sanitário, cerca de 89,7% da população regularmente instalada no 
Distrito Federal, apresenta a maior produção per capita de lodo do país. 
A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB) alcançou, em 2005, 
a marca de 100% de tratamento do esgoto coletado, número expressivo, considerando a 
realidade nacional. 
Entretanto, o Distrito Federal está em evidência não apenas pelo volume de lodo gerado, 
mas também pelo emprego de tecnologias de tratamento diversificadas, que foram 
combinadas para atender aos elevados níveis de exigência dos corpos receptores da região. 
O lodo removido nas diferentes etapas do tratamento de esgoto, devido aos grandes 
volumes e à composição variável, constitui-se um problema particularmente complexo. É 
importante o conhecimento dos requisitos necessários à aplicação das técnicas de 
tratamento disponíveis e das características do lodo, com vistas a alcançar a qualidade 
desejável a sua correta utilização ou destinação, para melhor orientar as decisões quanto ao 
seu processamento. 
Quanto ao tema da disposição final do lodo, a aplicação agrícola vem sendo discutida 
como uma proposta viável para o DF, devido às condições do solo da região, pobre em 
matéria orgânica, e aopotencial do lodo como condicionador de solo e fertilizante. A 
adoção dessa prática, entretanto, precisa estar amparada pelo conhecimento dos elementos 
que podem vir a produzir impactos negativos ao ser humano ou ao meio ambiente. 
Além disso, do ponto de vista estratégico, a melhor solução deve prever um conjunto de 
alternativas, evitando-se a dependência de uma única opção. Uma abordagem possível é 
3 
 
aquela que priorize o aproveitamento do resíduo, mas como alternativa de contingência, 
aponte um segundo bloco de opções que possibilite sua disposição adequada. 
Assim, para permitir o delineamento das alternativas adequadas ao Distrito Federal, é 
preciso a realização de estudos que aliem a caracterização do lodo, ao conhecimento do seu 
comportamento, nas diversas etapas de tratamento, e dos requisitos necessários à utilização 
de cada alternativa de processamento. 
4 
 
2. OBJETIVOS 
 
2.1 OBJETIVO GERAL 
 
Avaliar as características dos lodos provenientes das estações de tratamento de esgotos 
sanitários do Distrito Federal, visando ao diagnóstico da sua aptidão para o 
condicionamento, utilização e disposição final, considerando as alternativas aplicáveis ao 
Distrito Federal. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 Realizar o diagnóstico do manejo de lodos no Distrito Federal-DF, por meio da 
compilação de dados e informações que compreendam as tecnologias de tratamento 
empregadas nas Estações de Tratamento de Efluentes- ETEs do DF e a produção de 
lodo, por tipo de processo, sistematizando os dados de quantidade e qualidade, de 
forma a facilitar a compreensão do problema e a análise das soluções. 
 Caracterizar qualitativa e quantitativamente os diferentes tipos de lodos produzidos, 
ao longo das etapas de tratamento, classificando-os segundo suas características e 
processos de geração. 
 Avaliar o comportamento do lodo ao longo das etapas de tratamento, confrontando 
suas características com os requisitos indicados para cada etapa de processamento, 
com vistas a identificar as alternativas que minimizem a produção e melhorem a 
qualidade do lodo gerado. 
 Verificar o potencial de aproveitamento dos lodos de esgotos gerados nas ETEs da 
Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB), considerando 
as suas características e a demanda da região. 
 
5 
 
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
3.1 LODOS DE ESGOTOS 
O lançamento dos esgotos “in natura”, nos corpos hídricos, provoca interferência direta no 
ambiente aquático, afetando suas características físicas, químicas e biológicas. Esse 
impacto é causado, em parte, pelo incremento na disponibilidade de matéria orgânica, que 
causa o desequilíbrio das interações estabelecidas no ecossistema aquático. Por esta razão, 
um dos principais objetivos do tratamento das águas residuárias é remover a matéria 
orgânica presente. 
Um dos subprodutos resultantes do processo de tratamento de esgotos é um resíduo que 
pode apresentar-se na forma sólida, semi-sólida ou líquida, rico em matéria orgânica e em 
nutrientes, com grande potencial poluidor, denominado lodo de esgoto. 
Segundo Jordão e Pessoa (2005), entre os resíduos do processo de tratamento de esgotos, o 
lodo adquire posição de destaque, merecendo especial atenção não só pelos grandes 
volumes gerados e por seu potencial de poluição, mas também pela complexidade de seu 
tratamento e pelos custos advindos de seu manejo adequado. 
Para efeito do presente trabalho, é importante definir os termos “lodos de esgoto” e 
“biossólidos”. Lodos são os efluentes sólidos das estações de tratamento de esgoto, não 
introduzidos nos ciclos de recuperação e reciclagem. Biossólidos são os sólidos, após 
adequação e tratamento, em qualquer forma, destinados para uso agrícola (Spinosa, 2007). 
No entanto, em decorrência do largo uso, em bibliografia, do termo “lodos de esgoto”, para 
designar tanto o lodo produzido nos processos de tratamento de águas residuárias, quanto o 
lodo tratado e condicionado para uso agrícola, nesta dissertação, não será feita esta 
diferenciação entre biossólidos e lodos de esgotos: ambos os termos serão utilizados como 
sinônimos. 
3.1.1 Características e produção de lodos nos processos de tratamento de 
esgotos 
A quantidade e as características dos lodos produzidos, em estações de tratamento de 
esgotos, são definidas, dentre outros fatores, pela qualidade dos esgotos afluentes, pela 
6 
 
alternativa de tratamento adotada, assim como pela eficiência operacional do sistema, visto 
que esta pode resultar em produção menor de lodo. 
A seguir, são descritos, de maneira sucinta, os aspectos de maior interesse para o 
conhecimento da qualidade e produção de lodo oriundo do tratamento de esgotos. 
3.1.1.1 Características dos esgotos afluentes 
As águas residuárias municipais ou esgotos têm sua origem nas atividades antrópicas, 
apresentando uma acentuada variação de suas características tanto quantitativas, quanto 
qualitativas. Esta variabilidade está relacionada, principalmente, à sua origem, à vazão de 
esgotos coletada, ao sistema de coleta (separador absoluto ou sistema unitário), à extensão 
e ao estado de conservação das redes coletoras. 
Quanto à origem, os esgotos podem ser classificados em: domésticos e industriais. Os 
esgotos domésticos são constituídos, essencialmente, de despejos domiciliares, 
provenientes das instalações sanitárias das edificações, como nos centros urbanos não há 
separação na coleta de esgotos hospitalares e provenientes de setores de serviços, esses 
também compõe o chamado esgoto doméstico. Outras parcelas constituintes dos esgotos 
são as águas de infiltração e uma parcela de águas pluviais. 
Os esgotos industriais apresentam características com acentuada diversidade, diretamente 
relacionada aos processos da cadeia produtiva, podendo conter teores de metais pesados e 
de outros compostos tóxicos bastante indesejáveis aos tratamentos biológicos. Um dos 
agravantes do lançamento indiscriminado de despejos industriais, no sistema coletor de 
esgotos sanitários, é a concentração, no lodo, de compostos que inviabilizam os processos 
de condicionamento e disposição propostos. 
As características físicas, químicas e biológicas dos esgotos sanitários são bastante 
variadas, entretanto, sua composição, em termos percentuais, apresenta as seguintes 
parcelas: 99,8% a 99,9% de água e 0,01 a 0,02% de sólidos, sendo que do total de sólidos, 
70% são orgânicos e 30% inorgânicos (Figura 3.1) (Melo e Marques, 2000). Os sólidos 
podem ser classificados, segundo seu tamanho e estado, em sólidos em suspensão (SS) ou 
dissolvidos (SD); segundo suas propriedades químicas, em voláteis ou fixos e, segundo 
suas propriedades de sedimentação, em sedimentáveis e em não sedimentáveis. A fração 
sólida é formada por compostos orgânicos (proteínas, carboidratos, óleos e graxas etc), 
7 
 
nutrientes (nitrogênio e fósforo), metais, sólidos inertes, sólidos inorgânicos, compostos 
não biodegradáveis, organismos patogênicos e, em alguns casos, contaminantes tóxicos 
decorrentes de atividades industriais ou aportes acidentais às redes coletoras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: adaptado de Melo e Marques (2000) 
 
Quanto às características biológicas, nos esgotos sanitários são encontrados diversos 
organismos: bactérias, fungos, vírus, protozoários, entre outros. Estes são responsáveis por 
viabilizar os processos de decomposição e a estabilização da matéria orgânica. A 
componente biológica, entretanto, destaca-se não apenas por seus efeitos benéficos, mas 
também por representar a característica de interesse sanitário, considerando-se os riscos 
epidemiológicos pela presença de agentes patogênicos. 
3.1.1.2 Tipos de tratamento e produção típica de lodo 
Os tratamentos baseados em processos biológicos têm se firmado como os de maior 
interesse para as águas residuárias de origem doméstica. Essa preferência reside nofato de 
que eles são tecnologias exaustivamente estudadas, cuja essência é a reprodução de 
fenômenos e processos observados na natureza, para que, em condições controladas, seus 
efeitos sejam maximizados, acelerando a decomposição dos resíduos, com resultados 
satisfatórios e a um menor custo. 
O tratamento biológico viabiliza a remoção das substâncias orgânicas biodegradáveis 
(coloidais ou dissolvidas) e, em alguns casos, de nutrientes (nitrogênio e fósforo), a partir 
ÁGUAS RESIDUÁRIAS 
ÁGUAS SÓLIDOS 
ORGÂNICOS INORGÂNICOS 
PROTEÍNAS 
CARBOIDRATOS LIPÍDIOS 
AREIA, SAIS 
METAIS 
 99,9% 0,1% 
 70% 30% 
Figura 3.1 – Composição do esgoto doméstico 
8 
 
de reações químicas promovidas por micro-organismos anaeróbios, aeróbios e facultativos 
que assimilam a matéria orgânica (Metcalf & Eddy, 1991). 
A produção de lodo apresenta elevada variabilidade de acordo com o tipo de tratamento 
empregado. Segundo Campos (2000), de maneira geral, a cada pessoa corresponde uma 
produção diária de lodo, para os processos aeróbios, da ordem de 20 a 35 g de sólidos 
secos e, para os processos anaeróbios, de 3 a 15 g de sólidos secos. Jordão e Pessoa (2005) 
comentam que, por meio de uma operação de “balanço de massa” de uma ETE, pode ser 
estimada a quantidade de sólidos retidos ou gerados no sistema. A Tabela 3.1 relaciona as 
características dos lodos gerados, bem como a produção per capita, por processo de 
tratamento. 
A gestão de lodo em uma ETE visa principalmente orientar as melhores práticas para o seu 
manejo, de maneira a se alcançar a redução dos volumes gerados e adequar as 
características do lodo para as etapas de processamento as quais será submetido, sempre 
vislumbrando a alternativa de disposição final a ser aplicada. 
Tabela3.1 - Produção teórica e características do lodo em função do tipo 
de Tratamento de Esgoto Utilizado na ETE. 
Origem do 
Lodo 
Produção 
de Lodo 
gSS/hab.dia 
Teor de 
Sólidos 
(%ST) 
Estabilidade Aspecto Desaguamento 
Decantador 
Primário 
35 a 45 2 a 6 
Necessita 
estabilização 
Marrom a marrom 
escuro, aparência 
floculenta, odor 
pouco ofensivo, 
tende a tornar-se 
séptico e gerar 
odores rapidamente 
Boa 
Aeração 
Prolongada 
38 a 45 0,8 a 1,2 Estabilizado 
Negro, aparência 
floculenta, odor 
não ofensivo 
Regular 
UASB 7 a 18 3 a 6 Estabilizado Boa 
Filtro Anaeróbio 
(após UASB) 
3 a 9 0,5 a 4 Estabilizado Boa 
Lagoas 
Anaeróbias 
13 a 45 15 a 20 Estabilizado Boa 
Lagoas 
Facultativas 
20 a 25 10 a 20 Estabilizado Boa 
Lagoas de 
Maturação 
3 a 20 10 a 20 Estabilizado Boa 
Filtro Biológico 
de Alta Taxa – 
Lodo 
Secundário 
2030 1 a 3 
Necessita 
estabilização 
 
Lodo ativado 
convencional 
60 a 40 0,2 a 0,4 
Fonte: Adaptado de Além Sobrinho (2001) e von Sperling (2002) 
9 
 
Como tanto a quantidade quanto a qualidade do lodo produzido por uma ETE dependem 
não apenas da vazão e das características do esgoto, mas também do tipo de tratamento e 
da operação da ETE, é possível utilizar a produção do lodo como um referencial da 
eficiência de operação, à medida que o conhecimento da produção esperada de lodo para 
cada tipo de tratamento, pode indicar se os descartes de lodo do sistema estão abaixo ou 
acima do ideal. Além disso, o aspecto do lodo, apesar de não ser um parâmetro mensurável 
é um indicador do grau de estabilização do material. 
3.1.1.3 Eficiência operacional em tratamentos biológicos 
O desempenho dos processos de tratamento biológicos apresenta uma relação de 
dependência direta com as práticas operacionais, empregadas nas estações de tratamento. 
Dentre as variáveis operacionais, a de maior relevância, sem dúvida, é a idade de lodo, 
visto que essa define a proporção de massa de lodo disponível para o metabolismo 
bacteriano, ou seja, a proporção do material biodegradável e a massa bacteriana presente 
no sistema de tratamento. 
Nos sistemas aeróbios, a idade do lodo influi não somente na produção de lodo, mas 
também, na sua composição: quanto maior a idade de lodo, maior seu grau de 
estabilização. Isto decorre do fato de que a população de bactérias, atuantes no processo 
metabólico de utilização da matéria orgânica, será maior, transformando a DBO afluente 
em massa bacteriana. Por outro lado, quanto menor a idade de lodo, maior será a fração 
volátil do lodo, resultando em diminuição da estabilidade, aumento do potencial de atrair 
vetores disseminadores de doenças e dificuldade em separar a água dos sólidos. 
No caso de reatores anaeróbios, Campos (1999) destaca que a determinação de uma 
frequência de descarte adequada resultará, diretamente, em menores concentrações de 
sólidos no efluente final, em consequência, em uma melhor qualidade em termos de SS, de 
DQO e DBO particuladas. Outro aspecto favorável da adoção de descartes de lodo 
otimizados é uma geração menor de lodo. 
Outras rotinas operacionais também influenciam a eficiência dos processos de tratamento, 
entre elas estão aquelas que envolvem as operações unitárias como o gradeamento e a 
desarenação. A remoção de sólidos grosseiros e de areia do sistema protege as unidades 
subsequentes, evitando perda de volume útil nos reatores e os prejuízos em função das 
remoções, impactando positivamente a qualidade do lodo gerado. 
10 
 
3.1.2 Aspectos relevantes na caracterização do lodo de esgotos 
As características do lodo afetam diretamente os processos de tratamento e disposição 
final, o conhecimento de suas características é fundamental para se definir as linhas 
mestras de manejo do lodo. 
3.1.2.1 Tipos de lodos 
Os processos de tratamento de esgotos podem dar origem a diferentes tipos de lodo, 
variando conforme as tecnologias empregadas, as etapas intermediárias do processo, a 
alternativa de estabilização e o condicionamento do lodo. 
Como o tipo de lodo é função do sistema de tratamento da fase líquida, quanto mais 
complexo for o fluxograma de uma estação, maior será a variabilidade do lodo produzido. 
Dessa forma, em estações onde o esgoto bruto é recebido nos decantadores primários, são 
gerados o lodo primário, constituído de sólidos sedimentáveis, na etapa biológica é gerado 
o lodo secundário ou biológico, se os lodos primário e secundário forem enviados para o 
tratamento conjuntamente, tem-se o lodo misto e assim por diante. Na Tabela 3.2 
apresenta-se uma classificação dos tipos de lodo relacionando-os com o processo que lhes 
deu origem e suas características. 
A compreensão das variedades de lodos existentes é de relevante interesse para a definição 
dos tratamentos mais adequados a cada tipo de lodo. Para cada tratamento, deve-se levar 
em consideração as características desejáveis para o lodo, os requisitos de qualidade 
exigidos, com vistas à alternativa de destinação elegida, e a redução de volume, objetivo 
perseguido em todas as etapas de manejo do lodo. 
 
 
11 
 
Tabela 3.2 – Classificação de lodos de ETEs 
Tipo de lodo Origem Características 
Lodo primário 
ou bruto 
Proveniente do tratamento primário do 
esgoto e obtido, normalmente, por 
sedimentação. 
Possui uma coloração acinzentada, é pegajoso, 
de odor desagradável e pode decompor-se 
facilmente. 
Lodo digerido Processos de estabilização de lodos. 
Apresenta redução de SSV superior a 40%, 
dependendo do processo empregado. Quando 
bem digerido não possui odor ofensivo. 
Lodo aeróbio 
não 
estabilizado 
Sistemas de lodos ativados e em reatores 
aeróbios com biofilmes – alta carga (von 
Sperling e Gonçalves, 2001). 
Compreende a biomassa de micro-organismos 
aeróbios, gerada nos processos metabólicos de 
degradação da matéria orgânica, descartada do 
sistema. Necessita de processo de digestão 
complementar. 
Lodo aeróbio 
estabilizado 
Lodos ativados com aeração prolongada e 
reatores aeróbios com biofilmes – baixa 
carga (von Sperling e Gonçalves, 2001) 
Constitui o lodo excedente, resultante de 
respiraçãoendógena prevalecente, com um 
menor teor de matéria orgânica e maior 
quantidade de sólidos inorgânicos, não havendo 
necessidade de uma etapa posterior de digestão. 
Lodo 
anaeróbio 
estabilizado 
Processos de degradação da matéria 
orgânica, em condições anaeróbias. 
Ocorrência em reatores anaeróbios e no 
fundo de lagoas de estabilização. 
Lodo com menor teor de matéria orgânica, 
quanto melhor a digestão, menor o potencial de 
geração de odor. 
Lodo misto 
Tratamento conjunto de lodos excedentes, 
de origem em tratamentos primário e 
secundário. 
 Suas características são uma composição dos 
lodos que lhe deram origem. 
Lodo químico 
Produzido em estações de tratamento 
onde se tem uma etapa físico-químico de 
tratamento da fase líquida. 
 
Fonte: adaptado de von Sperling e Gonçalves (2001); Ferreira et al(1999). 
3.1.2.2 Características gerais dos lodos de ETEs 
O lodo é constituído, em boa parte, por bactérias vivas (Fernandes, 2000). No lodo aeróbio, 
a fração de massa bacteriana é elevada (dependendo da idade do lodo, 50% a 90% da 
biomassa), enquanto no lodo anaeróbio esta fração está na faixa de 2 a 20% (Aisse et al., 
1999). 
Na maior parte das etapas do seu manuseio, o lodo é constituído de mais de 95% de água, 
com uma concentração de sólidos, da ordem de 0,25 a 12% do lodo, em peso. Apenas por 
convenção, o lodo é designado por fase sólida, visando distingui-lo do fluxo do líquido que 
está sendo tratado (Metcalf & Eddy, 1991). 
12 
 
Durante o processo de digestão, o lodo perde cerca de 2/3 de matéria orgânica. Após a 
digestão, os sólidos presentes no lodo são constituídos por 45% de matéria orgânica e 55% 
de substâncias minerais. A composição típica do lodo bruto e digerido é mostrada na 
Tabela 3.3. 
 
Tabela 3.3 – Composição química e propriedades típicas do lodo bruto e digerido. 
Item 
Lodo bruto Lodo digerido 
Faixa Típico Faixa Típico 
pH 5,0 – 8,0 6,0 6,5 – 7,5 7,0 
Alcalinidade (mg/L em CaCO3) 500 - 1500 600 2500 - 3000 3000 
Ácidos orgânicos (mg/L em HAc) 200 – 2000 500 100 – 600 200 
Sólidos totais (ST) 2 – 8 5 6 – 12 10 
Sólidos voláteis (%ST) 60 – 80 65 30 – 60 40 
Graxas e gorduras solúveis em éter (%ST) 6 – 30 - 5 – 20 18 
Proteínas (%ST) 20 - 30 25 15 - 20 18 
Nitrogênio (N, %ST) 1,5 – 4,0 2,5 1,6 – 6,0 3,0 
Fósforo (P2O5, %ST 0,8 – 2,8 1,6 1,5 – 4,0 2,5 
Potássio (K2O,%ST) 0,0 – 1,0 0,4 0,0 – 3,0 1,0 
Celulose (%ST) 8 - 15 10 8 - 15 10 
Ferro (exceto na forma de sulfeto) 2,0 – 4,0 2,5 3,0 – 8,0 4,0 
Sílica (SiO2, %ST) 15 - 20 - 10 - 20 - 
Fonte: adaptado de Metcalf & Eddy (1991). 
Nos sistemas de tratamento de esgoto, o lodo produzido concentra os nutrientes, a matéria 
orgânica, os metais pesados, os organismos patogênicos e outros elementos que podem 
oferecer risco à saúde e ao meio ambiente, caso não sejam controlados e monitorados 
adequadamente. 
A matéria orgânica presente no lodo pode ser expressa em termos da concentração de 
sólidos em mg/L, teor de sólidos secos em percentagem, ou representada pela relação 
sólidos voláteis/sólidos totais, em % SV/ST. O teor de sólidos do lodo gerado nas estações 
de tratamento de esgotos domésticos costuma apresentar faixas típicas de variação de 
acordo com o próprio tipo de lodo (Tabela 3.1). Valores típicos para lodo gerado em 
estações de tratamento de esgotos domésticos estão na faixa de 75 a 85% SV/ST (Jordão e 
Pessoa, 2005). 
O teor de nutrientes (N, P e micronutrientes) e o conteúdo de matéria orgânica presentes no 
lodo têm importância maior nos casos de aplicação no solo ou uso para produção de 
fertilizantes. Normalmente, os teores de nutrientes presentes no lodo de esgoto são 
13 
 
superiores aos encontrados na maioria dos materiais orgânicos de uso habitual na 
agricultura (Pegorini e Andreoli, 1999). 
3.1.2.3 Riscos microbiológicos 
O lodo de esgoto contém diversos micro-organismos. Estes podem ser saprófitos, 
comensais, simbiontes ou parasitas, sendo esta última categoria patogênicacapaz de causar 
doenças ao ser humano, por meio de contato direto ou por meio de vetores (ratos, pássaros, 
moscas) que tenham contato com o lodo. 
A sanidade do lodo está intrinsecamente relacionada com o perfil da saúde da população 
que gerou o esgoto, com o tipo de organismo biológico, nele contido, e com as condições 
ambientais às quais é submetido. Entre as condições que influenciam a concentração de 
patógenos presentes, no lodo, destacam-se o tipo de tratamento a que o esgoto e o lodo 
foram submetidos, também influenciam no resultado do grau de sanidade atribuído a um 
lodo, o método de estocagem, o tempo de permanência nos locais de estocagem, o clima ou 
estação do ano. 
Os agentes bacterianos mais freqüentes são: Salmonella spp., Shigella sp., Escherichia 
coli, Vibrio cholarae, Leptosira sp. Dentre os agentes virais podem ser citados: vírus da 
hepatite A, rotavírus, enterovírus, e reovírus. Quanto aos protozoários, são encontrados: 
Cryptosporidium, Entamoebahistlytica, Giárdia lambia, Balantidium coli e Toxoplasma 
gondii. Os helmintos mais frequentes são: Ascaris lumbricoides, Ascaris sum, Toxocara 
sp., Trichuristrichiura, Taeniasolium, Taeniasaginata, Necator americanus e Hymenolepis 
nanam, Hymenolepis diminuta (USEPA, (1992); Soccol et al., 2010) 
Na Tabela 3.4, são apresentados os resultados de determinação de patógenos em lodos 
produzidos em ETEs brasileiras. 
 
14 
 
Tabela 3.4 – Concentração de patógenos em lodo produzido em diversas ETEs do Brasil 
ETE 
Concentração de patógenos 
Coliformes 
fecais NMP/g 
Salmonellasp NMP/4g 
Ovos Helmintos 
viáveis/4g 
Cistos de 
protozoários NMP/g 
ETE Barueri1 5,4 Ausente 1,25 Ausente 
ETE Barueri2 475000 36,5 Ausente Ausente 
ETE Suzano1 <3,0 Ausente 
Presente em 25% das 
amostras 
Ausente 
ETE ABC1 1250 ND ND ND 
ETE Lavapés3 138 Ausente ND ND 
ETE Franca2 760000 3,1 1,4 0,2 
ETE Belém 864000 
Presente em 17% das 
amostras 
17,2 0,1 
Notas: (1) Condicionamento do lodo com cal e cloreto Férrico; (2) Condicionamento do lodo com polímero; 
(3) Condicionamento do biossólido com cal a 20% 
Fonte: Tsutiya (2001a) 
Em se tratando de organismos patogênicos, os helmintos despertam um grande interesse, 
isto porque o ambiente encontrado, nos processos de tratamento de esgotos, é propício ao 
embrionamento de seus ovos. No lodo, a sobrevivência, em temperaturas de 20º a 30ºC, 
pode ser de meses. 
Os ovos de helmintos têm se mostrado mais resistentes aos diferentes tipos de tratamentos 
de esgotos empregados, tais como a desinfecção com cloro, irradiação ultra-violeta (UV), 
ozônio, dentre outros. Alguns gêneros, como Ascaris, Toxocara e Tricuris, são 
extremamente resistentes à ampla variedade de condições físicas e químicas, sendo capazes 
de permanecer viáveis, em condições de sombra e umidade, por dois até sete anos, no solo 
(Bettiol e Camargo, 2006; Who, 2006; Corrêa et al., 2007; Soccol et al, 2010) 
Dentre as bactérias entéricas patogênicas encontradas no esgoto, a Salmonela spp e a 
Shigella spp representam o maior risco de infecção para humanos, já que são mais 
encontradas em esgotos domésticos (Andreoli et al., 2003). 
Paulino et al. (2001) estudaram a prevalência e a viabilidade de ovos e larvas de helmintos 
e cistos de protozoários presentes em biossólidos e em esgotos submetidos ao tratamento 
em reatores anaeróbios de leito fluidizado (RALF), na região metropolitana de Curitiba, 
Paraná. Os autores relataram que houve diferença significativa quanto ao número de ovos 
viáveis de helmintos presentes no material de quatro estações estudadas. A redução da 
viabilidade dos ovos de helmintos variou de 59,7 a 93%. Segundo as conclusões dos 
autores, novos tratamentos higienizantes são necessários para a utilização do lodo 
15 
 
produzido, por digestão anaeróbia, na agricultura ou para outros objetivos visando reduzir 
o risco para saúde humana e animal.Figura 3.2 - Principais ovos de helmintos encontrados em biossólido oriundo de tratamento 
por digestão anaeróbia. 
Fonte: Paulino et al. (2001) 
Nota: Os resultados apresentam as médias aritméticas dos dados obtidos em quatro reatores 
de leito fluidizado, estudados na região metropolitana de Curitiba, Paraná. 
Pires (2003) avaliou a presença de organismos patogênicos no solo e no líquido percolado 
que recebeu aplicação de lodo em diferentes dosagens. Neste experimento, além de 
helmintos e protozoários, foram feitas análises de coliformes totais e E. coli. Os resultados 
obtidos, para aplicação de lodo no solo, demonstraram que: os patógenos concentraram-se 
na camada superficial do solo (0-20cm); quanto maior a dose de lodo aplicada, maior a 
concentração destes organismos. No líquido percolado, não foram detectados patógenos. 
Segundo concluiu o autor, a dose de aplicação recomendada é a de 2,5 SST/ha a cada 40 
dias, para garantir que não haja riscos de contaminação pela presença de patógenos. 
Souza et al. (2008) avaliaram a sobrevivência dos ovos de helmintos no solo após a 
incorporação do lodo em um Latossolo Vermelho distrófico argiloso do Cerrado. 
Inicialmente, foi determinada a concentração de ovos de helmintos viáveis presentes no 
lodo de esgotos produzidos na ETEB Sul (Brasília – DF). Posteriormente, o lodo foi 
incorporado ao solo e foram feitas amostragens. Durante o período de amostragem, não foi 
realizado plantio de culturas, sendo observada uma tendência de queda na concentração, 
desde o primeiro dia da incorporação do lodo até o décimo sexto dia, e, a partir desta data 
até o trigésimo dia, não foram recuperados ovos viáveis de helmintos nas amostras. 
Taenia sp 0,4% 
H. Nana 1% 
H. Diminuta 3% 
Toxocara 5,5% 
Trichuris sp 4,5% 
Ascaris sp 85% 
16 
 
Tendência semelhante, de decréscimo de viabilidade dos ovos de helmintos, foi verificada 
por Lemainski et al. (2007), em cultivo de milho e soja, depois da aplicação de 60 mg.ha-1, 
base úmida, de lodo de esgoto, em solo do Cerrado. A redução, em menor magnitude, do 
número de ovos de helmintos viáveis no solo, também foi constatada por Soccol et al. 
(2001) em experimento realizado na Fazenda Experimental do Cangüiri da UFPR, 
utilizando lodo digerido aeróbio incorporado ao solo, na mesma dose. O lodo digerido 
continha 7,87 ovos de helmintos viáveis por grama de sólidos totais. O número de ovos 
viáveis de helmintos nos tempos: inicial (12 horas depois da incorporação), 40 e 180 dias, 
depois da incorporação, foi de 0,89, 0,19 e 0,03 ovos por grama de sólidos totais, 
respectivamente. 
Uma análise dos resultados, entre os diferentes experimentos mencionados acima, conduz 
à reflexão sobre algumas causas prováveis para os níveis distintos de redução de 
sobrevivência dos patógenos, entre elas: as condições locais da aplicação no solo, 
relacionadas aos processos de dessecação e insolação, devido à influência do clima, e a 
competição com organismos do solo. 
Uma alternativa mais barata, capaz de propiciar a redução de patógenos no lodo, proposta 
por Popat et al. (2010), é a digestão anaeróbia termofílica. Para melhor estabelecer a 
relação tempo de retenção e temperatura, os autores inocularam ovos de Ascaris suum 
(inoculados 104.(4g.ST-¹) e PVS-¹ (polivírus) em amostras de lodo primário. A cinética da 
inativação desses patógenos foi avaliada nas temperaturas 51,1ºC, 53,31ºC, e 55,51ºC. As 
amostras foram coletadas no tempo 0; 0,5h; 1h; 1,5h; 2h; 4 ou 12h; 8 ou 16h, de acordo 
com o tempo de residência nos digestores. Os tempos de coletas foram determinados 
segundo estudos prévios que indicavam a rápida inativação dos patógenos nas 
temperaturas testadas. Para que houvesse redução ≥ 2log dos ovos, a temperatura de 
55,5ºC foi a que alcançou a maior velocidade de inativação, obtendo essa redução em 2 
horas. 
Mun et al. (2009) compararam a inativação de ovos de Ascaris lumbricoides no solo 
através da irradiação UV, ozônio e radiação micro-ondas. Em uma amostra de 25g de solo, 
com 14% de água, inocularam aproximadamente 7x10³ ovos. Expuseram a amostra a 
radiação de micro-ondas (700W, 2.450MHz), por períodos que variaram de zero a 70s. 
Verificaram que houve inativação de aproximadamente 2,5 log de ovos em 60 segundos. A 
amostra de solo, com igual concentração de ovos, quando submetida à irradiação UV de 
17 
 
253,7 nm (intensidade de 3mW cm²), com e sem agitação por 3.600 segundos, atingiu 
inativação de aproximadamente 0,32 e 0,01 log, respectivamente. O tratamento por ozônio 
obteve inativação de 0,13 log quando a amostra foi submetida, por 30 minutos, a uma dose 
5,8 ±0,7 mgL-¹ de ozônio dissolvido. Os autores esclarecem que a irradiação UV e o 
ozônio não foram tão eficientes devido às partículas do solo que protegem os ovos, assim 
como ao envoltório de três camadas desses ovos. A irradiação micro-ondas foi mais 
eficiente, pois alcançou altas temperaturas em pouco tempo. 
Maya et al. (2010) avaliaram a eficiência de diferentes fatores combinados na inativação 
de helmintos presentes no lodo de esgoto. Para realizar o experimento, foram selecionados 
ovos de A. lumbricoides, A. suum, Toxocaracanis, Trichuristrichiura, H. nana e Taenia 
solium, por terem sido encontrados em lodo de diferentes países. Para avaliar os efeitos 
combinados de temperatura, umidade e tempo de exposição, 210 ovos desses helmintos (35 
ovos de cada gênero) foram inoculados em amostras de lodo com umidade de 95, 90 e 
80%, submetidas a temperaturas que variaram de 30 a 80ºC e tempo de exposição 30, 60, 
120 e 180 minutos. Os autores observaram que nas condições de 70ºC, umidade de 80% e 
tempo de exposição de 120 minutos todos os ovos foram inativados. Nessas condições a 
temperatura decompõe a membrana vitelina que protege o ovo, deixando-o vulnerável. 
Para verificar a eficiência de cal associado à umidade foram adicionados 15% e 20% de cal 
em amostras de lodo com umidade de 90% e 80%. As amostras foram estocadas por 0,5h a 
10 meses, em temperaturas entre 22-25ºC e umidade 60-90%. Com relação à adição de cal 
verificaram que adição de 20% de cal aumentou o pH a 12,5, contribuindo com a 
inativação dos ovos quando expostos por 4 meses em umidade de 80%. Verificou-se ainda 
que Ascaris sp foi o helminto mais resistente, já os helmintos T.canis e T. solium, T. 
trichiura e H. nana foram os mais sensíveis aos tratamentos empregados. 
No caso de oocistos de Cryptosporidium, em experimento realizado, verificou-se que estes 
são capazes de deslocamentos no solo, por várias semanas, sendo que em alguns casos 
permaneceram viáveis, no solo, por períodos maiores que 70 dias. A maioria dos oocistos é 
encontrada na camada superficial do solo – 2cm e há um decréscimo conforme aumenta a 
profundidade. Ainda a respeito de profundidade: até 30cm são recuperados alguns 
oocistos, mas nunca em profundidades superiores a 70cm (Pires, 2003) 
Com relação às bactérias presentes no lodo de esgotos, quando estes são dispostos no solo, 
elas têm o seu tempo de sobrevivência reduzido pela competição e predação dos 
18 
 
microrganismos do próprio solo, principalmente de protozoários de vida livre, 
considerados importantes predadores de coliformes. Tal afirmação foi comprovada por 
estudos de Andraus et al. (2001), nos quais bactérias entéricas aplicadas em solo estéril sob 
controle sobreviveram mais tempo do que aquelas semeadas em solo não estéril. 
De acordo com estudos do próprio autor acima citado, cistos de protozoários, no solo e nas 
plantas, são rapidamente mortos pelos fatores ambientais, portanto considera como mínima 
a ameaça à saúde pública e de animais, contrariando recomendações de outros autores com 
relação aos riscos potenciais da aplicação de lodo ao solo. 
Em resumo, os estudos demonstram grande variabilidade de resultados sobre a presença, 
ausência ou tempo de sobrevivência de diversos micro-organismos presentes no lodo

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