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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA............................................................ 3 2.1 A Função Diagnóstica da Avaliação Psicopedagógica ......................... 6 2.2 Recursos a Serem Usados no Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica ..................................................................................................... 8 2.3 Etapas do Diagnóstico ........................................................................ 10 2.3.1 Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.) ................. 11 2.3.2 Entrevista de Anamnese .............................................................. 11 2.3.3 Provas e Testes............................................................................ 14 2.3.4 Síntese Diagnóstica...................................................................... 15 2.3.5 Entrevista de Devolução e Encaminhamento ............................... 15 3 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM ........................... 17 4 TESTES E TÉCNICAS NA PSICOPEDAGOGIA ...................................... 20 4.1 Testes Psicopedagógicos ................................................................... 22 4.2 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA ................ 27 4.3 Teste de Desempenho Escolar .......................................................... 29 4.4 Provas Projetivas Psicopedagógicas.................................................. 31 4.5 Provas Operatórias Piagetianas ......................................................... 39 4.6 Intervenção Psicopedagógica ............................................................ 41 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 43 2 1 INTRODUÇÃO Prezado Aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Fonte: cristianefreitas.com.br A Avaliação Psicopedagógica é um dos elementos críticos da intervenção psicopedagógica, pois nela se estabelece as decisões direcionada à prevenção e recurso das prováveis dificuldades dos alunos, visando promover melhores condições para o seu desenvolvimento. Ela é um processo compartilhado de coleta e análise de informações relevantes acerca dos vários elementos que intervêm no processo de ensino e aprendizagem, visando identificar as necessidades educativas de determinados alunos ou alunas que apresentem dificuldades em seu desenvolvimento pessoal ou desajustes com respeito ao currículo escolar por causas diversas, e a fundamentar as decisões a respeito da proposta curricular e do tipo de suportes necessários para avançar no desenvolvimento das várias capacidades e para o desenvolvimento da instituição (COLL, MARCHESI & PALACIOS, 2007). 4 Para Deisy Nara a Avaliação Psicopedagógica envolve: a) a identificação dos principais fatores responsáveis pelas dificuldades da criança. Precisamos determinar se trata-se de um distúrbio de aprendizagem ou de uma dificuldade provocada por outros fatores (emocionais, cognitivos, sociais...). Isto requerer que sejam coletados dados referente à natureza da dificuldade apresentada pela criança, bem como que se investigue a existência de quadros neuropsiquiátricos, condições familiares, ambiente escolar e oportunidades de estimulação oferecidas pelo meio a que a criança pertence; b) o levantamento do repertório infantil relativo as habilidades acadêmicas e cognitivas relevantes para a dificuldade de aprendizagem apresentada, o que inclui: conhecimento, pelo profissional, do conteúdo acadêmico e da proposta pedagógica, à qual a criança está submetida; investigação de repertórios relevantes para a aprendizagem, como a atenção, hábitos de estudos, solução de problemas, desenvolvimento psicomotor, linguístico, etc.; avaliação de pré-requisitos e/ou condições que facilitem a aprendizagem dos conteúdos; identificação de padrões de raciocínio utilizados pela criança ao abordar situações e tarefas acadêmicas, bem como déficits e preferências nas modalidades percentuais etc; c) a identificação de características emocionais da criança, estímulos e esquemas de reforçamento aos quais responde e sua interação com as exigências escolares propriamente ditas (MORAES, 2010). Ainda conforme a autora, a Avaliação Psicopedagógica precisa ocorrer em um processo dinâmico, pois é através dela que será compreendido a necessidade ou não de Intervenção Psicopedagógica. O processo de aprendizagem do indivíduo é realizado através dessa avaliação, que tem como intuito entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado. El abarca a entrevista inicial com os pais ou responsáveis pela criança, a análise do material escolar, a aplicação de diferentes modalidades de atividades e o uso de testes para avaliação do desenvolvimento, de áreas de competência e de dificuldades apresentadas. Durante a Avaliação Psicopedagógica podem ser realizadas atividades matemáticas, provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas, leitura, escrita, desenhos e jogos. A princípio, é possível perceber, na consulta inicial, que a queixa apresentada pelos pais e/ou responsáveis para justificar o motivo do encaminhamento para avaliação, geralmente pode não só descrever o “sintoma”, mas também traz consigo indicativos do caminho para início da investigação. “A versão que os pais transmitem sobre a problemática e principalmente a forma de descrever o sintoma, dão-nos 5 importantes chaves para nos aproximarmos do significado que a dificuldade de aprender tem na família” (FERNÁNDEZ, 1991). Conforme Coll e Martín (2006), ao avaliar um aluno busca-se especificar o nível de desenvolvimento de determinadas capacidades contempladas nos objetivos gerais da etapa. Para que esse aluno possa conferir sentido às novas aprendizagens propostas, se faz imprescindível a identificação de seus conhecimentos prévios, finalidade a que se orienta a avaliação das competências curriculares. Moraes, cita alguns instrumentos utilizados nessa avaliação: Dentre os instrumentos de avaliação também podemos destacar: escrita livre e dirigida, visando avaliar a grafia, ortografia e produção textual (forma e conteúdo); leitura (decodificação e compreensão); provas de avaliação do nível de pensamento e outras funções cognitivas; cálculos; jogos simbólicos e jogos com regras; desenho e análise do grafismo (MORAES, 2010). Conforme Coll, Marchesi & Palacios (2007), na Avaliação Psicopedagógica será coletada informações importantes em relação as necessidades dos alunos, assim como de seu contexto escolar, familiar e social, e ainda possibilita a compreensão da necessidade ou não de introduzir mudanças na oferta educacional. Moraes (2010) esclarece que após coletadas as informações consideradas importantespara a avaliação, o psicopedagogo poderá intervir objetivando à solução de problemas de aprendizagem em seus devidos espaços, já que a avaliação tem como finalidade reorganizar a vida escolar e doméstica da criança. 6 2.1 A Função Diagnóstica da Avaliação Psicopedagógica Fonte: neurosaber.com.br O trabalho de Educação Escolar se desenvolve através do processo ensino/aprendizagem e de todos os seus determinantes, sendo assim há um ponto muito importante na prática psicopedagógica que é a busca do diagnóstico do porquê da criança (s) ou adolescente (s) não conseguirem aprender dentro dos padrões pré- estabelecidos pela escola, família e sociedade. Quando se remete ás dificuldades ou problemas de aprendizagem, alguns aspectos tem que ser levados em conta como a constituição do sujeito (física, psicológica, necessidades especiais, afecções cerebrais – lesões herdadas ou adquiridas por distúrbios metabólicos, cromossômicos, etc.); o desejo do sujeito (motivação pessoal, familiar ou social); a família do sujeito (estrutura e dinâmica familiar, nível de autonomia na família, nível sociocultural, relação da família com a escola e papéis assumidos na configuração 7 familiar); e a escola (estrutura, organização material, de conteúdo e pessoal). Dessa forma o cabe ao psicopedagogo vasculhar cada “canto” da pessoa, enxergando não apenas o que a criança mostra, mas saber perceber que a mesma pode ter algum problema imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber conduzi-la a outros profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, etc., com intuito de investigar múltiplos fatores que influenciam o não aprender dessa criança. O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamental é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para valendo-se desta investigação entender a constituição da dificuldade de aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, apud UHLMANN, CIPOLA & JÚNIOR, 2018). É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo, porém uma vez iniciado esse processo, deve-se lançar mão de todos os instrumentos diagnósticos necessários. Essa busca terá o intuito de descobrir as razões que impedem o sujeito de aprender, situação essa levantada por uma queixa seja do educador, da família, da escola ou até mesmo do próprio sujeito. Caberá, portanto, ao psicopedagogo “ouvir” essa queixa, analisá-la, interpretá-la e seguir com seu processo de avaliação como função diagnóstica na busca em atender as necessidades educativas traduzidas em situações passíveis de melhora e com a concretização de auxílio e suporte. 8 2.2 Recursos a Serem Usados no Diagnóstico e Intervenção Psicopedagógica Fonte: institutoinclusaobrasil.com.br O Código de Ética da Psicopedagogia, em seu Capítulo I – Dos Princípios – Artigo 1º afirma que o psicopedagogo pode utilizar procedimentos próprios da Psicopedagogia, procedimentos próprios de sua área de atuação. Rubinstein (1996) destaca que o psicopedagogo pode usar como recursos: a) A entrevista com a família; b) Investigar o motivo da consulta; c) Conhecer a história de vida da criança, realizando a anamnese; d) Entrevistar o aluno; 9 e) Fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança; f) Manter os pais informados do estado da criança e da intervenção que está sendo realizada; g) Realizar encaminhamentos para outros profissionais, quando necessário. Já Bossa (2000) destaca outros recursos, referindo-se as a) Provas De Inteligência (WISC); b) Testes Projetivos; c) Avaliação Perceptomotora (Teste De Bender); d) Teste de Apercepção Infantil (CAT.); e) Teste de Apercepção Temática (TAT.); f) Provas Operatórias de Piaget; g) Avaliação do Nível Pedagógico (Nível De Escolaridade); h) Desenho da Família; i) Desenho da Figura Humana; j) Teste HTP (Casa, Árvore E Pessoa); k) Testes Psicomotores; l) Lateralidade; m) Estruturas Rítmicas... Deisy Nara alerta quanto ao uso de alguns instrumentos privativos de outros profissionais, bem como sugere formas de alcançar os mesmos resultados com tais instrumentos: A autora não apresenta restrição quanto ao uso dos testes, no entanto, alguns destes testes (Wisc, Teste de Bênder, CAT, TAT, Testes Projetivos), aqui no Brasil, são considerados de uso exclusivo de psicólogos. Para evitar atritos, o psicopedagogo pode ser criativo e desenvolver atividades que possibilitem fazer as mesmas observações que tais testes. Ele também pode organizar uma equipe multidisciplinar, de maneira a que se faça uma avaliação de todos os aspectos sobre os quais recai nossa hipótese diagnóstica inicial. Ex: teste de inteligência (psicólogos); testes de audição e de linguagem (fonoaudiólogos). Os pedagogos especialistas em psicopedagogia, podem 10 usar testes como o TDE, Metropolitano, ABC, Provas Piagetianas, provas pedagógicas, etc (MORAES, 2010). Moraes (2010) também sugere o uso de jogos recurso, ao considerar que o indivíduo através deles poderá manifestar, sem mecanismos de defesas, os desejos contidos em seu inconsciente. Além disto, no enfoque psicopedagógico os jogos representam situações-problemas a serem resolvidos, por envolver regras, apresentar desafios e possibilitar observação como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de pensamento e reação diante de dificuldades (MORAES, 2010). 2.3 Etapas do Diagnóstico Fonte: https: researchgate.net O Diagnóstico Psicopedagógico é constituído por várias etapas que se diferencia pelo objetivo da investigação. 11 Moraes falou sobre esse processo: Desta forma, temos a anamnese só com os pais ou com toda a família para a compreensão das relações familiares e sua relação com o modelo de aprendizagem do sujeito; a avaliação da produção escolar e dos vínculos com os objetivos de aprendizagem escolar; a avaliação de desempenho em teste de inteligência e viso-motores; a análise dos aspectos emocionais por meio de testes e sessões lúdicas, entrevistas com a escola ou outra instituição em que o sujeito faça parte; etc. Esses momentos podem ser estruturados dentro de uma sequência diagnóstica estabelecida (MORAES, 2010). Embora existam diversos modelos de sequência diagnóstica, será apresentada o modelo desenvolvido por Weiss (1992). As etapas que compõem o modelo: 2.3.1 Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.) Visa a compreensão da queixa nas dimensões da escola e da família, a captação das relações e expectativas familiares centradas na aprendizagem escolar, a expectativa em relação ao psicopedagogo, a aceitação e o engajamento do paciente e de seus pais no processo diagnóstico e o esclarecimento do que é um diagnóstico psicopedagógico. Nesta entrevista, pode-se reunir os pais e a criança. É importante que nessa entrevista sejam colhidos dados relevantes para a organização de um sistema consistente de hipóteses que servirá de guia para a investigação na próxima sessão. 2.3.2 Entrevista de Anamnese É uma entrevista, com foco mais específico, considerada como um dos pontos cruciais de um bom diagnóstico, visando colher dados significativos sobre a história do sujeito na família, integrando passado, presente e projeções para o futuro, permitindo perceber a inserção deste na sua família e a influência das gerações passadas neste núcleo e no próprio. Na anamnese, são levantados dados das primeiras aprendizagens, evolução geral do sujeito, história clínica, história da família nuclear, história das famílias materna e paterna e história escolar. O psicopedagogo 12 deverá deixá-los àvontade “... para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos sobre a criança para que possam compreender os pontos nevrálgicos ligados à aprendizagem” (WEISS, 1992). A história vital nos permitirá “... detectar o grau de individualização que a criança tem com relação à mãe e a conservação de sua história nela” (PAÍN, 1992). É importante iniciar a entrevista falando sobre a gravidez, pré-natal, concepção. “A história do paciente tem início no momento da concepção e vêm reforçar a importância desses momentos na vida do indivíduo e, de algum modo, nos aspectos inconscientes de aprendizagem” (WEISS, 1992). Algumas circunstâncias do parto como falta de dilatação, circular de cordão, emprego de fórceps, adiamento de intervenção de cesárea, “costuma ser causa da destruição de células nervosas que não se reproduzem e também de posteriores transtornos, especialmente no nível de adequação perceptivo-motriz” (PAÍN, 1992). É interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceito pela família ou rejeitado. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais em relação ao filho. Posteriormente é importante saber sobre as primeiras aprendizagens não escolares ou informais, tais como: como aprendeu a usar a mamadeira, o copo, a colher, como e quando aprendeu a engatinhar, a andar, a andar de velocípede, a controlar os esfíncteres, etc. A intenção é descobrir “em que medida a família possibilita o desenvolvimento cognitivo da criança – facilitando a construção de esquemas e deixando desenvolver o equilíbrio entre assimilação e acomodação...” (WEISS, 1992). É interessante saber sobre a evolução geral da criança, como ocorreram seus controles, aquisição de hábitos, aquisição da fala, alimentação, sono etc., se ocorreram na faixa normal de desenvolvimento ou se houve defasagens. Se a mãe não permite que a criança faça as coisas por si só, não permite também que haja o equilíbrio entre assimilação e acomodação. Alguns pais retardam este desenvolvimento privando a criança de, por exemplo, comer sozinha para não se lambuzar, tirar as fraldas para não se sujar e não urinar na casa, é o chamado de 13 hipoassimilação (PAÍN, 1992), ou seja, os esquemas de objeto permanecem empobrecidos, bem como a capacidade de coordená-los. Por outro lado há casos de internalização prematura dos esquemas, é o chamado de hiperassimilação (PAÍN, 1992), pais que forçam a criança a fazer determinadas coisas das quais ela ainda não está preparada para assimilar, pois seu organismo ainda está imaturo, o que acaba desrealizando negativamente o pensamento da criança. É interessante saber se as aquisições foram feitas pela criança no momento esperado ou se foram retardadas ou precoces. Saber sobre a história clínica, quais doenças, como foram tratadas, suas consequências, diferentes laudos, sequelas também é de grande relevância, bem como a história escolar, quando começou a frequentar a escola, sua adaptação, primeiro dia de aula, possíveis rejeições, entusiasmo, porque escolheram aquela escola, trocas de escola, enfim, os aspetos positivos e negativos e as consequências na aprendizagem. Todas estas informações essenciais da anamnese devem ser registradas para que se possa fazer um bom diagnóstico. 3.2.3 Sessões Lúdicas Centradas na Aprendizagem São fundamentais para a compreensão dos processos cognitivos, afetivos e sociais, e sua relação com o modelo de aprendizagem do sujeito. A atividade lúdica fornece informações sobre os esquemas do sujeito. Winicott expressa assim sua opinião entre o brincar e a autodescoberta: “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu” (WINICOTT, 1975). Neste tipo de sessão, observa-se a conduta do sujeito como um todo, colocando também um foco sobre o nível pedagógico, contudo deve-se ter como postulado que sempre estarão implicados o seu funcionamento cognitivo e suas emoções ligadas ao significado dos conteúdos e ações. Para Paín (1992), podemos 14 avaliar através do desenho, a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. 2.3.3 Provas e Testes As provas e testes podem ser usadas, se necessário, para especificar o nível pedagógico, estrutura cognitiva e/ou emocional do sujeito. O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico psicopedagógico, representa um recurso a mais a ser utilizado quando necessário. É uma complementação que funciona com situações estimuladoras que provocam reações variadas. Existem diversos testes e provas que podem ser utilizados num diagnóstico, como as: i. Provas de inteligência (WISC é o mais conhecido, porém de uso exclusivo de psicólogos, CIA, RAVEN); ii. Provas Operatórias de Piaget; iii. Avaliação do Nível Pedagógico (atividades com base no nível de escolaridade, E.O.C.A.); iv. Avaliação Perceptomotora (Teste de Bender, que tem por objetivo avaliar o grau de maturidade visomotora do sujeito); v. Testes Projetivos (CAT, TAT, Desenho da Família; Desenho da Figura Humana; Casa, Árvore e Pessoa - HTP, também são de uso de psicólogos); vi. Testes Psicomotores vii. Jogos Psicopedagógicos. Conforme Weiss, ” as provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança” (WEISS, 1992). 15 2.3.4 Síntese Diagnóstica “Uma vez recolhida toda a informação (...) é necessário avaliar o peso de cada fator na ocorrência do transtorno da aprendizagem” (PAÍN, 1992). A síntese diagnóstica é o momento em que é preciso formular uma única hipótese a partir da análise de todos os dados colhidos no diagnóstico e suas relações de implicância, que por sua vez aponta um prognóstico e uma indicação. Essa etapa é muito importante para que a entrevista de devolução seja consciente e eficaz. É a resposta mais direta à questão levantada na queixa. Faz-se uma síntese de todas as informações levantadas nas diferentes áreas. É uma visão condicional baseada no que poderá acontecer a partir das recomendações e indicações. 2.3.5 Entrevista de Devolução e Encaminhamento É o momento que marca o encerramento do processo diagnóstico. “... Talvez o momento mais importante desta aprendizagem seja a entrevista dedicada à devolução do diagnóstico, entrevista que se realiza primeiramente com o sujeito e depois com os pais” (PAÍN, 1992). É um encontro entre sujeito, psicopedagogo e família, visando relatar os resultados do diagnóstico, analisando todos os aspectos da situação apresentados, seguindo de uma síntese integradora e um encaminhamento. É uma etapa do diagnóstico muito esperada pela família e pelo sujeito e que deve ser bem conduzida de forma que haja participação de todos, procurando eliminar as dúvidas, afastando rótulos e fantasmas que geralmente estão presentes em um processo diagnóstico. Não é suficiente apresentar apenas as conclusões. É necessário aproveitar esse espaço para que os pais assumam o problema em todas as suas dimensões. Weiss (1992) orienta organizar os dados sobre o paciente em três áreas: pedagógica, cognitiva e afetivo-social, e posteriormente rearrumar a sequência dos assuntos a serem abordados, a que ponto dará mais ênfase. É necessário haver um roteiro para que o psicopedagogo não se perca e os pais não fiquem confusos. Tudo 16 deve ser feito com muito afeto e seriedade, passando segurança. Os pais, assim, muitas vezes acabam revelando algo neste momento que surpreende e acaba complementando o diagnóstico. É importante que se toque inicialmente nos aspectos mais positivos do paciente para que omesmo se sinta valorizado. Muitas vezes a criança já se encontra com sua autoestima tão baixa que a revelação apenas dos aspectos negativos acabam perturbando-o ainda mais, o que acaba por inviabilizar a possibilidade para novas conquistas. Depois, deverão ser mencionados os pontos causadores dos problemas de aprendizagem. Posterior a esta conduta deverá ser mencionada as recomendações como troca de escola ou de turma, amenizar a superproteção dos pais, estimular a leitura em casa etc; e as indicações que são os atendimentos que se julgue necessário como fonoaudiólogo, psicólogo, neurologista etc. 17 3 DIAGNÓSTICO DO DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM Fonte: crismoraes.com.br Investigação é um termo utilizado por Rubinstein (1987), e que definem a psicopedagogia. O profissional desta área deve vasculhar cada “canto” da pessoa, analisar o modo de como ela se expressa, seus gestos, a entonação da voz, tudo. O psicopedagogo deve também enxergar não só o que essa criança mostra, mas saber perceber que ela pode ter algum problema imperceptível que está dificultando sua aprendizagem e saber conduzí-la para um outro profissional, como: psicólogos, fonoaudiólogos, neurologistas, etc., isso significa saber investigar os múltiplos fatores que levam está criança a não conseguir aprender. O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a constituição da dificuldade de aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987). 18 Diagnosticar um distúrbio de aprendizagem é uma tarefa difícil e para fazê-lo de modo preciso e eficiente há que se ter a participação de equipe interdisciplinar e utilização de diferentes instrumentos para avaliação. Fernández (1991) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da “escuta psicopedagógica...” para que “se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção” (BOSSA, 2000). Diagnosticar nada mais é do que a constatação de que a criança possui algum tipo de dificuldade na aprendizagem, fato que normalmente só é detectado quando ela é inserida no ensino formal. Porém, uma vez realizada essa constatação, cabe à equipe investigar a sua causa e, para tanto, deve-se lançar mãos de todos os instrumentos diagnósticos necessários para esse fim. O diagnóstico psicopedagógico abre possibilidades de intervenção e dá início a um processo de superação das dificuldades. O foco do diagnóstico é o obstáculo no processo de aprendizagem. É um processo no qual analisa-se a situação do aluno com dificuldade dentro do contexto da escola, da sala de aula, da família; ou seja, é uma exploração problemática do aluno frente à produção acadêmica. Durante o diagnóstico psicopedagógico, o discurso, a postura, a atitude do paciente e dos envolvidos são pistas importantes que ajudam a chegar nas questões a serem desvendadas. É através do desenvolvimento do olhar e da escuta psicopedagógica, trabalhados e incorporados pelo profissional que poderão ser lançadas as primeiras hipóteses a cerca do indivíduo. Esse olhar e essa escuta ultrapassam os dados reais relatados e buscam as entrelinhas, a emoção, a elaboração do discurso inconsciente que o atendido traz. 19 O objetivo do diagnóstico é obter uma compreensão global da sua forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo neste processo que leve a um prognóstico e encaminhamento para o problema de aprendizagem. Procura-se organizar os dados obtidos em relação aos diferentes aspectos envolvidos no processo de aprendizagem de forma particular. Ele envolve interdisciplinaridade em pelo menos três áreas: neurologia, psicopedagogia e psicologia, para possibilitar a eliminação de fatores que não são relevantes e a identificação da causa real do problema. É nesse momento que o psicopedagogo irá interagir com o cliente (aluno), com a família e a escola, partes envolvidas na dinâmica do processo de ensino- aprendizagem. Também é importante ressaltar que o diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento, por isso ele deve ser feito com muito cuidado, observando o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito. O diagnóstico psicopedagógico é visto como um momento de transição, um passaporte para a intervenção, devendo seguir alguns princípios, tais como: análise do contexto e leitura do sintoma; explicações das causas que coexistem temporalmente com o sintoma; obstáculo de ordem de conhecimento, de ordem da interação, da ordem do funcionamento e de ordem estrutural; explicações da origem do sintoma e das causas históricas; análise do distanciamento do fenômeno em relação aos parâmetros considerados aceitáveis, levantamento de hipótese sobre a configuração futura do fenômeno atual e, indicações e encaminhamentos. O diagnóstico não pode ser considerado como um momento estático, pois é uma avaliação do aluno que envolve tanto os seus níveis atuais de desenvolvimento, quanto as suas capacidades e possibilidades de aprendizagem futura. Por muitos anos, era uma tarefa exclusiva dos especialistas, que analisavam algumas informações dos alunos, obtidas através da família e às vezes da escola, e logo após devolviam um laudo diagnóstico, quase sempre com termos técnicos incompreensíveis. A distância existente no relacionamento entre os especialistas, a família e a escola impediam o desenvolvimento de um trabalho eficiente com o aluno. 20 A proposta atual é que o diagnóstico seja um trabalho conjunto onde todas as pessoas que estão envolvidas com o aluno devem participar, e não atuar como meros coadjuvantes desse processo. Ele não é um estudo das manifestações aparentes que ocorrem no dia-a-dia escolar, é uma investigação profunda, na qual são identificadas as causas que interferem no desenvolvimento do aluno, sugerindo atividades adequadas para correção e/ou compensação das dificuldades, considerando as características de cada aluno. O diagnóstico não deverá somente fundamentar uma deficiência, mas apontar as potencialidades do indivíduo. Não é simplesmente o que este tem, mas o que pode ser e como poderá se desenvolver. É de extrema relevância detectarmos, através do diagnóstico, o momento da vida da criança em que se iniciam os problemas de aprendizagem. Do ponto de vista da intervenção, faz muita diferença constatarmos que as dificuldades de aprendizagem se iniciam com o ingresso na escola, pois pode ser um forte indício de que a problemática tinha como causa fatores intra-escolares (BOSSA, 2000). Ao se instrumentalizar um diagnóstico, é necessário que o profissional atente para o significado do sintoma a nível familiar e escolar e não o veja apenas em um recorte, como uma deficiência do sujeito. Que o psicopedagogo, através do diagnóstico acredite numa aprendizagem que possibilite transformar, sair do lugar estagnado e construir. Que ele seja o fio condutor que norteará a intervenção psicopedagógica. 4 TESTES E TÉCNICAS NA PSICOPEDAGOGIA A área emocional avalia o lado afetivo frente à aprendizagem nos âmbitos: escolar, familiar e consigo mesmo. Dão informações sobre o aspecto emocional e relacional. As Técnicas Projetivas Psicopedagógicas buscamentender o vínculo que o sujeito estabelece com a realidade e com a própria aprendizagem. Investiga-se a rede de vínculos em três domínios: escolar, familiar e consigo mesmo. 21 O uso de provas e testes não é indispensável em um diagnóstico psicopedagógico, porém representa um recurso a mais a ser utilizado quando avaliado necessário na especificação do nível pedagógico, estrutura cognitiva e ou emocional do sujeito. Provas operatórias, testes psicométricos e técnicas projetivas poderão ser relacionados de acordo com a necessidade de confirmação de aspectos levantados aos longos das sessões anteriores. Existem diversos tipos de testes e provas para serem atrelados a um diagnóstico. Como alguns dos testes são de uso privativo de psicólogo, os psicopedagogos devem ser criativos e desenvolver atividades que atendam a mesma propositura dos testes psicológicos apenas administrados por psicólogos, ou trabalhar em conjuntos com uma equipe multidisciplinar objetivando levantar todos os aspectos que envolvem a hipótese do diagnostico inicial lembrando sempre que a psicopedagogia não é um ramo da medicina, mas sim da educação acoplado com a saúde. Dessa forma prioriza- se o conhecimento sobre o qual o processo que se dá a aprendizagem. Lembrando também que algo padronizado não vai servir para todos os “aprendentes”, os testes são apenas umas das alternativas de uso. “[...]as provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções chave do desenvolvimento cognitivo, detectado o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognitiva que opera”. (WEISS 2012, apud UHLMANN, CIPOLA & JÚNIOR, 2018). Os psicopedagogos podem aplicar diretamente os testes de TDE (que busca oferecer de forma objetiva a avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar, mais especificamente da escrita, aritmética e leitura); Teste ABC (para verificar nas crianças de escola primária o nível de maturidade requerido para a aprendizagem da leitura e da escrita); Provas de nível de pensamento (Piaget, como alvo principal crianças na fase escolar, com objetivos de investigar e avaliar o nível cognitivo da criança e constatar se realmente corresponde a sua idade 22 cronológica ou se existe alguma defasagem), testes psicomotores e jogos psicopedagógicos. 4.1 Testes Psicopedagógicos Os Testes Psicopedagógicos são instrumentos que auxiliam o profissional a identificar dificuldades de fala, leitura ou escrita. A identificação do problema por meio dos Testes Psicopedagógicos permite que o profissional elabore o Plano De Intervenção mais apropriada para a escola, aos pais e na clínica. Vale ressaltar que em nenhuma avaliação o resultado deve ser olhado de forma única, é necessário investigarmos todas as áreas do conhecimento para reunir os dados e levantar as hipóteses acerca das dificuldades apresentadas. Antes de realizar o Atendimento Psicopedagógico com o aluno/aprendente o psicopedagogo precisa selecionar alguns testes e materiais que o auxiliem no desenvolvimento de estratégias adequadas para compreender o motivo da(s) queixa(s) apresentadas. Observe abaixo a relação de alguns testes que podem ser utilizados no atendimento psicopedagógico e as idades indicadas para cada uma delas. NOME OBJETIVO INDICAÇÃO ETÁRIA OBSERVAÇÕES ABC Avaliar coordenação motora, memória visual, percepção verbal, entendimento e interpretação de texto, memória auditiva, consciência fonológica, percepção visual e motora, Crianças em fase de alfabetização 23 Audibilização Sondagem da capacidade de audibilização (linguagem receptiva), ou seja, quando a cognição auditiva permite a aquisição e o desenvolvimento correto da fala, da leitura e da escrita. Crianças de 5 a7, mas pode ser realizado em crianças com mais idade também que apresentem dificuldades na aprendizagem. Quando a criança não se alfabetiza, para detectarmos os itens que o teste abrange que são: discriminação fonemática, memória e conceituação. Também em hipótese de Dislexia, DPAC … Até 3 sessões Caixa lúdica e Eoca Caixa Lúdica: O objetivo é estabelecer a relação vincular entre o Pp e a criança (não há o objetivo de analisar as aprendizagens (isso pode até ocorrer, mas não é o propósito principal). Além disso, Crianças e adolescentes (com adaptações para estes). É interessante fazer a sessão lúdica e a Eoca no mesmo atendimento, dividindo o tempo de atendimento por 2 (no caso, mais ou menos 24 o Pp pode observar as relações da criança: resistência, bloqueios, hesitações, repetição de comportamentos que presencia em casa. Eoca: investigar os vínculos que a criança tem com a aprendizagem, suas defesas, condutas, como enfrenta desafios. 25 minutos para cada). Escala de Transtornos Disruptivos Ter subsídios para encaminhamentos em caso de suspeita de transtornos diversos Preferencialmente, crianças de 6 a 12 anos Não se trata de um teste, mas de entrevistas. IAR Verificar o conhecimento do atendente nas seguintes áreas: esquema corporal, lateralidade, posição, direção, espaço, tamanho, quantidade, forma, discriminação visual, discriminação auditiva, verbalização A partir de 4 anos (melhor com 5) Pode ser usado em caso de suspeita de TEA Duas sessões 25 de palavras, análise/síntese e coordenação motora. Papéis de carta O objetivo geral é avaliar as dificuldades de aprendizagem e, se possível, também o nível de escrita da criança. No entanto, cada lâmina tem um objetivo específico, como poderá ser visto no quadro mais adiante. 5 a 11 anos Aplicação demora de 50 a 60 minutos. A indicação etária é um parâmetro. Teste projetivo SPA Investigar o vínculo com a aprendizagem, como o sujeito se vê como sujeito aprendente. (É importante lembrar que o SPA é uma técnica projetiva. Estas têm como objetivo investigar os vínculos do sujeito nos domínios: familiar, escolar e consigo mesmo.). Aprendente de qualquer idade Técnica projetiva. Normalmente é feito em um só atendimento; o tempo depende do quanto cada aprendente gasta em seu desenho. 26 TCLPP Avaliar a competência de leitura silenciosa de palavras isoladas Não há indicação etária, mas de série/ ano que o Preferencialmente, deve ser aplicado em Nome Objetivo Indicação etária Observações O que o teste permite: Interpretar os dados do padrão de leitura específica apresentada pela criança (no modelo cognitivo do desenvolvimento de leitura e escrita); e Inferir o estágio de desenvolvimento em que a criança se encontra. aprendente cursa. 1º ao 5º ano Ensino Fundamental I uma só sessão, apesar de longo. TDE Ser um primeiro instrumento para avaliação psicopedagógica individual, indicando, de maneira abrangente, quais áreas da aprendizagem estão preservadas ou Crianças de 7 a 11 anos (1º ao 6º ano – Ensino Fundamental) O teste não tem ordem para ser aplicado, nem limite de tempo. 27 prejudicadas. A partir dessa avaliação, pode-se desenvolver um plano de investigação e intervenção mais específicos, sugeridos pelos subtestes do TDE. Fonte: blog.psiqueasy.com.br 4.2 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA Fonte: prezi.com EOCA é a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem, elaborada por Jorge Visca, aplicada aos sujeitos em processo de aprendizagem. É o primeiro 28 momento do psicopedagogo com o avaliando que traz a queixa, com o objetivo de observação e das reações do sujeito frente à aprendizagem.O profissional precisa conhecer melhor a maneira como a criança aprende a fazer o que lhe ensinam. Os materiais são deixados sobre uma mesa, que podem ser: lápis de cor, giz de cera, massa de modelar, caneta hidrocor, régua, barbante, palitos de sorvete, borracha, tesoura, cola, papel pautado, papel sulfite, papel colorido, revistas, gibis, livros de acordo com a faixa etária do avaliando, jogos, lápis grafite sem ponta, para que se possa observar a iniciativa do sujeito. Utilizar materiais que sejam coerentes com o ambiente do sujeito. Diante da mesa com todos os materiais já dispostos segue para a aplicação da EOCA, deve-se seguir as seguintes consignas. Consigna de abertura ou inicial, "Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu". Caso o sujeito não se manifeste, parte para a consignação múltipla. Consigna múltipla, "Você pode ler, escrever, pintar, desenhar, recortar, calcular, pode fazer o que quiser". Esta será uma opção, caso ele não responda a consigna de abertura, onde você irá mostrar várias opções de acordo com os materiais presentes na mesa. Consigna fechada, "Gostaria que você me mostrasse algo diferente do que já fez". Fazer algo diferente e observar a iniciativa da criança. Consigna direta, "Gostaria que me mostrasse algo de leitura, escrita ou matemática". Esta consigna será determinada de acordo com a queixa. Consigna de pesquisa, "Para que serve isto, o que você fez, que horas são, que cor você está utilizando, etc." Esta consigna questiona vários materiais expostos, para investigar o conhecimento do sujeito. Deve-se anotar tudo o que for falado e feito pelo avaliando, inclusive suas reações. Isto é um trabalho de muita observação e sensibilidade do psicopedagogo, respondendo somente o que lhe for perguntado e estritamente o essencial, sem qualquer tipo de demonstração satisfatória ou insatisfatória. Deixar o avaliando se manifestar livremente. 29 Alguns fatores devem ser observados, como a temática, ou seja, todas as falas do indivíduo. A dinâmica são todas as manifestações não verbais, como postura, manuseio do material, postura corporal, etc. O produto é aquilo que o sujeito realmente produziu durante a EOCA. A dimensão afetiva manifestada através do comportamento do avaliando como medos, frustrações, fugas, distração, resistência, ansiedade, choro, etc. A dimensão cognitiva também deve ser observada através da utilização dos materiais, estratégias utilizadas durante a atividade, organização, planejamento, a construção da sua produção e suas relações durante o pensamento para execução da tarefa. Se o sujeito não quis produzir nada, deverá ser rigidamente analisado o motivo desta fuga. 4.3 Teste de Desempenho Escolar O Teste de Desempenho Escolar (TDE) foi proposto por Lilian Milnitsky Stein. Esse teste consiste em um instrumento psicométrico, que permite realizar uma avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar, são elas: a escrita, a aritmética e a leitura (STEIN, 1994). O teste embora avalia escolares de 2º a 7º anos do Ensino Fundamental, pode ser utilizado, com algumas exceções, pelos 8º e 9º anos. Conforme Stein (1994), o Teste de Desempenho Escolar é composto por três subtestes: a) Escrita - solicita que o avaliado escreva seu nome e outras palavras isoladas que são apresentadas a partir de um ditado. b) Aritmética - solicita, primeiramente, a solução oral de problemas e, em seguida, a resolução de cálculos de operações matemáticas por escrito. c) Leitura - a criança deverá ler as palavras isoladas solicitadas. 30 Como pode ser observado, esse teste tem como objetivo avaliar o desempenho escolar, especificamente nas áreas da escrita, aritmética e leitura. O instrumento deve ser aplicado de forma individual. Segundo Stein (1994), para que o teste seja aplicado, é necessário que o psicopedagogo esteja familiarizado com as instruções para uma aplicação eficaz. O aplicador deverá explicar para a criança o que deve ser feito, instruí-la de como funciona o TDE. O levantamento de seus dados é feito registrando os itens respondidos de forma correta, cada item correto vale 1 (um) ponto. Cada subteste terá uma pontuação, a soma de todos os pontos subteste em questão é denominada Escore Bruto (EB). O somatório dos Escores Brutos dos três subtestes será o Escore Bruto Total (EBT). O teste conta com algumas tabelas para a classificação dos Escores Brutos por série escolar, ao todo são seis tabelas, uma para cada série. Cada tabela é composta por uma classificação baseada no Escore Bruto de cada subteste (escrita, leitura e aritmética). As classificações podem ser três: Superior, Médio e Inferior, apenas os escores brutos para o 2º ano foram classificados em quatro níveis (Superior, Médio Superior, Médio Inferior e Inferior), a fim de que não ficassem agrupados em intervalos muito grandes. 31 4.4 Provas Projetivas Psicopedagógicas Fonte: blog.psiqueasy.com.br Na Psicologia Clínica, as técnicas projetivas se referem àquelas atividades onde solicita-se ao indivíduo que realize desenhos ou uma representação de uma determinada situação. E através da análise destes desenhos, o psicólogo vai inferir em relação as características do indivíduo. O desenho pode ser uma atividade de grande importância para avaliações psicológicas infantis, sua forma, cores e posição na folha de papel podem dizer muito sobre seu comportamento. Para a Psicopedagogia o objetivo das provas projetivas psicopedagógicas é o de analisar, por meio do desenho, quais os vínculos que o aluno possui com a aprendizagem. Neste sentido, por meio do desenho seria possível diagnosticar possíveis obstáculos à aprendizagem (BUENO & ALMEIDA, 2017). Bueno & Almeida (2017) enfatizaram que o desenho faz parte do desenvolvimento da criança, é por meio dele ficam registrados as emoções, 32 imaginações, descobertas, enfim o mundo que cerca a criança. Por isso, eles destacaram: O desenho não é só uma forma de expressão do ser humano, mas uma linguagem que servirá como primeira escrita. A idade é algo importante na avaliação de um desenho. Não se pode avaliar o desenho de uma criança de 04 anos com mesmos critérios utilizados em uma criança de 12 anos (BUENO & ALMEIDA, 2017). Dessa forma, o desenho infantil como objeto de avaliação se torna uma ferramenta importante na atuação psicopedagógica. Conforme Jorge Visca (1987), as Técnicas Projetivas Psicopedagógicas tem como intuito investigar os seguintes vínculos que a criança pode estabelecer: I. Familiar II. Escolar III. Consigo mesma Estes vínculos serão analisados individualmente. Sendo necessário levar em conta que uma criança difere da outra e por isso, cada análise deve ser feita de forma criteriosa e cuidadosa. Bueno & Almeida (2017) expuseram que o material necessário para a aplicação da prova é: Folhas de papel sulfite; Lápis preto; Borracha. Os autores esclarecem ainda que, as provas necessitam ser aplicadas de forma individual e em cada sessão a solicitação dos vínculos pode variar conforme aquele aspecto da aprendizagem que se quer avaliar. Segundo Jorge Visca (2011) existem vários aspectos que devem ser observados e levados em consideração quando da aplicação das Provas Projetivas Psicopedagógicas: 1. A posição do desenho na folha; 2. As pessoas que estão presentes na produção da criança; 3. Os detalhes das pessoas e/ou objetos que constam no desenho; 33 4. E a descrição verbal que a criança faz de seu desenho. Sobre à posição que os desenhos são apresentados na folha, o autor citou 09 posições que indicam vínculo de aprendizagem, conforme pode ser constatado no quadro a seguir: Fonte: VISCA, 2011 Sobre os desenhos que são solicitados durante a aplicação da prova destaca- se que cadavínculo abrange uma tarefa ou, como afirma Visca (2003), uma consigna diferente, como pode-se verificar a seguir: 1. Vínculo escolar: a) Par educativo; b) Planta da sala de aula; c) Eu com meus colegas. 2. Vínculo familiar: a) A planta da minha casa; b) Família educativa; c) As quatro partes de um dia. 3. Vínculo consigo mesmo: a) O desenho em episódios; b) O dia do meu aniversário; c) Nas minhas férias; 34 d) Fazendo o que mais gosto. Fonte: VISCA, 2011 Objetivando auxiliar nessa compreensão, seguem abaixo quadros das provas que apresentm indicadores de análise mais significativos, materiais e procedimentos: 35 Domínio Escolar Fonte: VISCA, 2011 36 Domínio Familiar Fonte: VISCA, 2011 37 Domínio Consigo Mesmo Fonte: VISCA, 2003 38 A partir dessas indtruções foi selecionado um modelo para melhor ilustrar os argumentos teóricos trabalhados. Desenho do Par Educativo Fonte: MUNIZ, 1984 39 Bueno & Almeida (2017) orientam que durante o processo de aplicação das Provas Projetivas Psicopedagógicas, o professor precisa selecionar aquelas que melhor se aplicam aos seus objetivos, ponderando, obviamente, as queixas apresentadas da criança com relação ao seu processo de aprendizagem. Cada desenho que a criança produz deverá ser analisado de maneira contextualizada, visando sempre identificas possíveis obstáculos à aprendizagem dos alunos. 4.5 Provas Operatórias Piagetianas Fonte: https: elo7.com.br A área cognitiva avalia o processo de desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Deve-se estar atento para concentração, atenção, memória, autonomia e percepção. Busca entender o processo de lógica, ou seja, o raciocínio lógico deste sujeito, se o pensamento equivale com a faixa etária do avaliando. De acordo com Nogueira e Leal (2011, p.122) "as estruturas cognitivas evoluem à medida que a criança cresce, permitindo novas aprendizagens e 40 possibilitando a ela adquirir os conteúdos formais”. (NOGUEIRA, 2011, apud ESPÍNDOLA, 2016). Para o uso da análise da área cognitiva, recomenda-se o uso das provas operatórias criadas por Jean Piaget, que são as provas de conservação, classificação e seleção. Através destas provas pode-se ter uma visão do diagnóstico operatório, mas jamais rotular o avaliando. Com elas podemos perceber se o sujeito tem noção de identidade, compensação, reversibilidade, causalidade, quantificação, raciocínio lógico, estrutura do pensamento, tempo e espaço. Estas provas dão a percepção do funcionamento e desenvolvimento das funções lógicas do sujeito. As provas de conservação são divididas em provas de conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos; prova de conservação das quantidades de líquidos (transvasamento); prova de conservação da quantidade de matéria; prova de conservação do comprimento; prova de conservação do peso e prova de conservação do volume. Já as provas de classificação são divididas em prova de mudança de critério (dicotomia); prova de quantificação da inclusão de classes e prova de intersecção de classes. A prova de seriação de palitos analisa a capacidade de a criança seriar. Para as crianças com 12 anos ou mais pode-se usar a prova de combinações de duplas para pensamento formal e prova de permutações possíveis com um conjunto determinado de fichas. Não é necessário a aplicação de todas as provas, somente as que o psicopedagogo julgar imprescindíveis para o caso que está avaliando. Para cada prova devem ser usadas as suas próprias consignas, suas transformações, argumentações, contra argumentações, justificativas e retorno empírico. As respostas argumentadas por critérios de identidade ocorrem quando o sujeito consegue perceber que nada foi acrescentado ao material da prova. Os critérios de identidade subjetiva ocorrem quando o sujeito tem a percepção de que continua a mesma quantidade de material. A reversibilidade é quando o sujeito 41 questiona o retorno empírico. A compensação é quando o sujeito consegue perceber e argumentar compensando as formas apresentadas, ou seja, se está mais esticado, se achata ou divide. Estas provas são avaliadas por três níveis. O nível 1 de não-conservação, que estabelece a identidade inicial, quando o sujeito não consegue responder as perguntas corretamente, ou seja, dando respostas não conservadoras. O nível 2 de transição ou intermediário, oscila entre as respostas de conservação e não- conservação. O nível 3 de conservação, dá respostas conservadoras, apresentando raciocínio de identidade, ou seja, percebe que nada foi acrescentado ou retirado. A reversibilidade, quando percebe que mesmo após as transformações, o material é o mesmo. E a compensação quando tem a noção que houve o processo de compensar. Com estas provas, o psicopedagogo investiga a dificuldade do sujeito e pode retomar o processo partindo da constatação da dificuldade, portanto é fundamental o olhar psicopedagógico. 4.6 Intervenção Psicopedagógica Segundo Santos et al. (2012), em casos de dificuldades de aprendizagem, quando as intervenções psicopedagógicas ocorrem precocemente, é possível maximizar a evolução do aluno e minimizar os impactos causados ao indivíduo e à sociedade. Rubinstein (1999) sinalou que, em uma intervenção, o foco está no indivíduo, na sua relação com a aprendizagem. Para Blum, Chaves, Watanabe & Tetu (2013) o objetivo do psicopedagogo é ajudar aquele que não consegue aprender formal ou informalmente, para que consiga não apenas interessar-se por aprender, mas também possa adquirir ou desenvolver habilidades necessárias para tal. Na intervenção, embora se utilize de propostas de trabalho para mediar a relação terapêutica, as escolhas dessas propostas e as formas como são apresentadas irão depender da particularidade de cada situação, do sujeito que está sendo atendido e da capacitação e dos recursos que o 42 psicopedagogo dispõe. Assim, o caráter dinâmico da escolha das propostas e a forma como são significadas pela dupla terapeuta-cliente é o que realmente irá provocar as mudanças pretendidas (BLUM, CHAVES, WATANABE & TETU, 2013). Batalloso (2011) assevera que a intervenção é direcionada para a atenção na diversidade, tendo como função possibilitar ajudas singulares imprescindíveis para solver as dificuldades de aprendizagem, bem como auxiliar no desenvolvimento do processo de amadurecimento pessoal a partir das características singulares do indivíduo. Rubinstein (1999) alega ainda que as atividades elegidas e indicadas tanto pelo psicopedagogo como pelo indivíduo são mediadoras que atuam na modificação de pensamento e na utilização das funções cognitivas e a posição assumida pelo sujeito aprendente. Blum, Chaves, Watanabe & Tetu (2013), acrescentaram, Ao fazer uso de recursos que são escolhidos pelo cliente ou propostos pelo terapeuta, este propicia a oportunidade para experimentar situações que promovem a confrontação com a forma de relacionar-se com a modalidade que se utiliza para se estabelecer essa relação (BLUM, CHAVES, WATANABE & TETU, 2013). Esse tipo de confronto pode favorecer a compreensão do estilo de aprendizagem, pois diferentes tipos de atividades podem entrar em contato com "como faço para aprender" e "como faço para me conectar com o conhecimento". 43 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATALLOSO, Juan Miguel. Dimensões da orientação psicopedagógica. In: _______. Dimensões da psicopedagogia hoje: uma visão transdisciplinar. Tradução de Carla Higashi. Brasília: Liber Livro, 2011 BLUM, E. A. F.; CHAVES, D. S. A.; WATANABE, M. & TETU, V. DA AVALIAÇÃO À INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA: UM ESTUDO DE CASO. XI Congresso Nacional de Educação – Educere. Pontifícia UniversidadeCatólica do Paraná. 2013 BOSSA, N. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000 BUENO, A. A. & ALMEIDA, S. V. de. A importância das técnicas projetivas para a avaliação psicopedagógica na ótica da epistemologia convergente. R. Eletr. Cient. Inov. Tecnol, Medianeira, Edição Especial - Cadernos Ensino / EaD, e-5103. 2017 COLL, C., MARCHESI, Á. & PALACIOS, J. Desenvolvimento psicológico e educação: transtornos do desenvolvimento e necessidades educativas especiais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007 COLL, C.; MARTÍN, E. O construtivismo na sala de aula. 6. Ed. Itapecerica: Editora Ática, 2006 FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991 MORAES, D. N. M. de. Diagnóstico e avaliação psicopedagógica. REI: Revista de educação do IDEAU. Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai – IDEAU. Rio de Janeiro, 2010 PAÍN, S. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992 44 RUBINSTEIN, E. A psicopedagogia e a Associação Estadual de Psicopedagogia São Paulo. In SCOZ, Beatriz Judith Lima (et al). Psicopedagogia: o caráter interdisciplinar na formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Medicas, 1987 RUBINSTEIN, E. Da reeducação para a psicopedagoga, um caminhar. In:____ (Org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999 SANTOS, L. H. C. et al. Triagem cognitiva e comportamental de crianças com dificuldades de aprendizagem escolar: um estudo preliminar. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 93-99, 2012. Disponível em: . Acesso em: 30 set. 2012 STEIN, L. M. TDE- Teste de Desempenho Escolar: manual para aplicação e interpretação. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo, 1994 UHLMANN, M. M. B; CIPOLA E. S. M; JÚNIOR A. P. A. de O. A função diagnóstica da avaliação psicopedagógica. 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