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1 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena . PRODUÇÃO DE ACETIL-COA (ACETATO ATIVADO) Nos organismos aeróbios, glicose e outros açúcares, além de ácidos graxos e aminoácidos participam da produção do grupo acetil da acetil-CoA, o que lhes garante entrada no ciclo do ácido cítrico e, posteriormente, na cadeia respiratória. O esqueleto de carbonos de açúcares e ácidos graxos acabam constituindo o esqueleto do grupo acetil da acetil CoA. A maioria dos aminoácidos também entra no ciclo por meio da formação de acetil-CoA, mas alguns vão levar à formação de outros intermediários do ciclo de Krebs. Olhando especificamente para a glicólise, teremos a formação de piruvato a partir da glicose. Esse piruvato vai sofrer uma reação de oxidação e será convertido em acetil-CoA e CO2, o que permite sua entrada no ciclo do ácido cítrico. O chamado complexo da piruvato-desidrogenase ou PDH que atua na catálise dessa reação pela qual passa o piruvato. Esse complexo é um composto multienzimático formado por múltiplas cópias de três enzimas, além da presença de cinco cofatores, dos quais quatro são derivados de vitaminas. É importante ressaltar que a PDH serve de protótipo para outros dois complexos enzimáticos: a α-cetoglutarato- desidrogenase, encontrada no ciclo do ácido cítrico, e α-cetoácido-desidrogenase de cadeia ramificada, presente nas vias de oxidação de alguns aminoácidos. O PIRUVATO É OXIDADO A ACETIL-COA E CO2 A reação catalisada pelo complexo da piruvato-desidrogenase é irreversível e se trata de uma descarboxilação oxidativa, visto que temos a eliminação de um grupo carbonil na forma de CO2 e o piruvato é oxidado, levando à formação do grupo acetil que compõe o acetil-CoA. Teremos a formação de um NADH no processo pela redução de um NAD+ que, mais tarde, será utilizado na cadeia respiratória para a produção de ATP. O COMPLEXO DA PIRUVATO-DESIDROGENASE REQUER CINCO COENZIMAS O complexo piruvato-desidrogenase realiza duas funções, como visto: descarboxilação e desidrogenação (oxidação). Ela precisa de três enzimas para conseguir realizar a conversão de piruvato em acetil-CoA e, além disso, de cinco coenzimas ou grupos prostéticos diferentes. São eles: NAD, FAD, coenzima A, pirofosfato de tiamina (TPP) e lipoato/ácido lipoico. O NAD e o FAD funcionam como transportadores de elétrons, além de que o TPP atua como cofator para a piruvato-descarboxilase. A coenzimas A possui um grupo tiol reativo (-SH) que possui um alto potencial de transferir o grupo acil, podendo, portanto, doar esse grupo para diversas outras moléculas. O quinto cofator, o lipoato, possui dois grupos tiol que podem ser reversivelmente oxidados por uma ligação dissulfeto, situação semelhante ao que fazem os resíduos de Cys. Ele atua como transportador de elétrons e como transportador de acilas. O COMPLEXO DA PIRUVATO-DESIDROGENASE CONSISTE EM TRÊS ENZIMAS DISTINTAS As enzimas que são responsáveis por compor o complexo da piruvato-desidrogenase são as seguintes: a piruvato-desidrogenase (E1), a di-hidrolipoil-transacetilase (E2) e a di-hidrolipoil-desidrogenase (E3). A E2 é o ponto de conexão para o grupo prostético lipoato, unido ao grupo ε-amino de um resíduo de Lys por uma ligação amida. Possui três domínios: domínio lipoil, contendo os resíduos lipoil-Lys; domínio aciltransferase, que contém o sítio ativo da aciltransferase; e o domínio de ligação a E1 e a E3. 2 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena O sítio ativo da E1 vai se ligar ao TPP e o de E3 está ligado ao FAD e ao NAD. Por fim, duas proteínas também fazem parte do complexo: uma proteína-cinase e uma fosfoproteína-fosfatase. . REAÇÕES DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Após a formação do acetil-CoA pelo processo de oxidação do piruvato (ou mesmo de aminoácidos e ácidos graxos), tem-se a possibilidade de se iniciar o ciclo do ácido cítrico. Primeiramente, temos a doação do grupo acetil do acetil-CoA para um composto de quatro carbonos denominado oxaloacetato que, junto desse grupo acetil, vai formar uma molécula de citrato. Ele, por sua vez, vai sofrer uma oxidação e se tornar isocitrato, que acaba passando por uma etapa de descarboxilação oxidativa e se torna α-cetoglutarato (5 carbonos). Esse composto também irá sofrer uma descarboxilação oxidativa e formará succinato (4 carbonos) que, por meio de quatro etapas enzimáticas, vai levar à formação do composto oxaloacetato, que reinicia o ciclo. Durante todo esse longo processo que engloba várias reações, teremos a conservação da energia liberada na oxidação de algumas substâncias do ciclo na forma das coenzimas NADH e FADH2. É importante lembrar que o ciclo de Krebs não está limitado ao fornecimento de energia, visto que seus intermediários podem seguir outras vias metabólicas em que se encaixam, havendo necessidade constante de repor eles. As chamadas reações anapleróticas ou reações de reposição, como o próprio nome diz, são responsáveis por repor os intermediários do ciclo do ácido cítrico, permitindo que ele continue a acontecer sempre que a célula precisar. OBS.: em indivíduos eucariotos, o ciclo do ácido cítrico ocorre no interior das mitocôndrias, mais especificamente na matriz mitocondrial. Já em espécies procariotas, teremos a disposição das enzimas e proteínas presentes nas reações no citosol, sendo que a membrana plasmática passa a funcionar como as cristas mitocondriais que não possuem. As mitocôndrias possuem enzimas que são capazes de converter alguns aminoácidos em α-cetoglutarato, em succinil-CoA ou oxaloacetato, introduzindo-os no ciclo do ácido cítrico através de outros intermediários que não o Acetil-CoA. O CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO TEM OITO ETAPAS ❶ Formação do citrato: a formação do citrato vai se dar por meio da condensação de Claisen das substâncias acetil-CoA e oxaloacetato, em uma reação catalisada pela enzima citrato-sintase. Essa enzima primeiro se liga à molécula de oxaloacetato e sofre uma variação conformacional, criando um sítio de ligação para o segundo substrato, a acetil-CoA. Antes de chegarmos ao citrato em si, teremos a formação de um intermediário tio éster conhecido como Citroil-CoA que, hidrolisado por ajuda da enzima graças a uma outra alteração conformacional que sofre, vai liberar um citrato e uma coenzima A (CoA-SH). Esse CoA-SH pode ser utilizado novamente para uma próxima descarboxilação oxidativa de um piruvato pelo complexo PDH. É uma reação irreversível exergônica. 3 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena ❷ Formação do isocitrato via cis-aconitato: a enzima aconitase, também conhecida como aconitato- hidratase, vai realizar a conversão de citrato em isocitrato, com a presença de um intermediário entre as duas substâncias chamado de cis-aconitato. Vai ocorrer da seguinte forma: por meio de uma reação reversível e usando o seu centro de ferro-enxofre, a enzima aconitase vai receber o seu substrato e, ao mesmo tempo, vai realizar a desidratação dele e uma posterior reidratação (adicionar H2O). O que vai diferir o citrato do isocitrato será a posição do –H e do –OH. ❸ Oxidação do isocitrato a α-cetoglutarato e CO2: a enzima isocitrato-desidrogenase vai ser responsável por catalisar a conversão de isocitrato em α-cetoglutarato, possuindo um intermediário conhecido como oxalosuccinato. Trata-se de uma reação de descarboxilação oxidativa irreversível e exergônica. O oxalosuccinato só vai sair do sítio ativo da enzima quando sofrer uma descarboxilação e se converter em α-cetoglutarato, visto que o íon Mn2+ presente nesse sítio ativo vai interagir com o grupo carbonil do oxalosuccinato intermediário. Um detalhe é que a enzima isocitrato-desidrogenase possui dois tiposdiferentes: um tipo que exige a presença do NAD+ como aceptor de elétrons que se encontra muito na matriz mitocondrial e faz parte do ciclo do ácido cítrico, e uma que exige NADP+ que também está presente na matriz e no citosol da célula, estando presente nas reações de redução anabólicas. 4 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena ❹ Oxidação do α-cetoglutarato a succinil-CoA e CO2: aqui teremos outra descarboxilação oxidativa que vai converter α-cetoglutarato em succinil-CoA, uma substância de quatro carbonos. Trata-se de uma reação irreversível e exergônica. O chamado complexo da α-cetoglutarato-desidrogenase que realiza a catálise da reação e, evolutivamente, é muito similar ao complexo da piruvato-desidrogenase (PDH). Possui três enzimas homólogas à E1, E2 e E3, além de TPP, FAD, NAD, coenzima A e lipoato. As diferenças residem nos sítios de cada múltiplo de enzima que possui certa especificidade para compostos diferentes: um para piruvato e outro para α- cetoglutarato. ❺ Conversão de succinil-CoA a succinato: trata-se de uma fosforilação ao nível do substrato, visto que a enzima conhecida como succinil-CoA- sintetase ou succinato-tiocinase é fosforilada em um resíduo His durante a conversão de succinil-CoA a succinato. Após ser fosforilada, esse grupo fosfato que ela adquiriu vai ser transferido ou a um ADP ou a um GDP. Isso ocorre, pois temos dois tipos dessa enzima: a que tem afinidade pelo ADP e a que tem afinidade pelo GDP. Ao transferir esse grupo fosfato, teremos a formação de GTP ou ATP. Esse GTP pode doar o seu grupo fosfato para um ADP e formar um ATP em uma reação reversível catalisada pela enzima nucleosídeo-difosfato-cinase. Não teremos variação de energia, visto que ATP e GTP são energicamente equivalentes. Teremos também a liberação de uma coenzima A (CoA-SH), que atuava como transportador do grupo succinil no succinil-CoA. ❻ Oxidação do succinato a fumarato: trata-se de uma oxidação promovida pela enzima succinato- desidrogenase, uma enzima que possui três grupos ferro-enxofre diferentes e uma molécula de FAD covalentemente ligada. Essa enzima fica aderida à membrana interna da mitocôndria e faz com que os elétrons que venham da oxidação do succinato passe pelo FAD e pelos grupos de ferro-enxofre e entrem na cadeia de transportadores de elétrons da membrana mitocondrial interna. Teremos a conversão de succinato em fumarato e a formação de FADH2. 5 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena ❼ Hidratação do fumarato a malato: temos aqui a conversão de fumarato em L-malato, uma reação catalisada pela enzima fumarase ou fumarato-hidratase. O intermediário é um carbânion. A enzima é muito estereoespecífica, visto que, na reação direta, só promove a conversão da dupla ligação trans do fumarato e não da dupla ligação cis do malato (isômero cis do fumarato). Da mesma maneira, na reação inversa, a enzima não consegue catalisar uma conversão de D-malato, apenas de L-malato. ❽ Oxidação do malato a oxaloacetato: última reação do ciclo do ácido cítrico, a enzima L-malato- desidrogenase, ligada a uma molécula de NAD+, vai ser responsável por catalisar a oxidação do L-malato a oxaloacetato, formando NADH no processo. Assim, teremos a renovação do oxaloacetato e, portanto, o recomeço do ciclo. A ENERGIA DAS OXIDAÇÕES DO CICLO É CONSERVADA DE MANEIRA EFICIENTE Com as reações do ciclo do ácido cítrico esmiuçadas acima, percebe-se que a energia produzida nas reações de oxirredução foi eficientemente conservada por meio da redução de três NAD+ e um FAD, além da produção de uma molécula de ATP (GTP). Apesar de o saldo energético na forma de ATP ser mínimo no ciclo de Krebs, os aceptores de hidrogênio e elétrons produzidos em uma rodada vão permitir a formação de um número elevado de moléculas de ATP na fase da fosforilação oxidativa. Também foram dispensadas duas moléculas de gás carbônico (CO2), sendo que essas duas moléculas não são as provenientes do grupo acetil do acetil-CoA na primeira rodada em que ele é inserido no ciclo. Serão necessárias mais rodadas para que esses dois carbonos do grupo acetil saia do ciclo. POR QUE A OXIDAÇÃO DO CITRATO É TÃO COMPLICADA? Parece algo muito complicado e contra o princípio de economia máxima de energia que as células realizem um processo tão prolongado que é o ciclo de Krebs apenas para converter um composto de dois carbonos em gás carbônico (CO2). Entretanto, deve-se pensar que a função energética não é a única da qual participa o ciclo do ácido cítrico. Seus intermediários produzidos nas reações, além de serem repostos por outras substâncias (como o oxaloacetato e o α-cetoglutarato produzidos a partir de aspartato e glutamato, respectivamente), podem participar de outras vias biossintéticas no organismo. 6 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena Além disso, se as células aeróbias fazem todo esse processo do ciclo do ácido cítrico é porque certamente é vantajoso evolutivamente falando. Alguns microrganismos atuais (bactérias anaeróbias) utilizam uma espécie de ciclo de Krebs incompleto não com função energética, mas como método de obter os intermediários presentes nele. Eles conseguem realizar as três primeiras reações do ciclo, mas não conseguem converter α-cetoglutarato em succinil-CoA pela falta do complexo de α-cetoglutarato-desidrogenase em sua célula. Entretanto, esses organismos possuem enzimas que permitem o caminho inverso a partir do oxaloacetato, sendo que convertem esse em malato e, posteriormente, em fumarato, em succinato e, por fim, em succinil-CoA. Esses intermediários serão usados como produtos na biossíntese de substâncias, como aminoácidos, nucleotídeos, heme, dentre outras. Pode-se até pensar que o NADH reduzido na descarboxilação oxidativa do Isocitrato seja usado com função energética, mas na verdade ele é reciclado como NAD+ na reação inversa de conversão de oxaloacetato em malato. OS COMPONENTES DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO SÃO IMPORTANTES INTERMEDIÁRIOS DA BIOSSÍNTESE Em organismos aeróbios, o ciclo do ácido cítrico é uma via anfibólica, já que atua tanto no catabolismo oxidativo visto acima quanto na produção de substâncias utilizadas como precursoras para outras vias. Como exemplo, o α- cetoglutarato e o oxaloacetato podem ser convertidos nos aminoácidos glutamato e aspartato e, por meio deles, em outros aminoácidos importantes para o corpo. Além disso, também atuam na produção de nucleotídeos de purinas e pirimidinas. A succinil- CoA vai ser um intermediário importante na produção do anel porfirínico dos grupos heme, que atuam no transporte de oxigênio (na hemoglobina e na mioglobina) e como transportador de elétrons (nos citocromos). REAÇÕES ANAPLERÓTICAS REPÕEM OS INTERMEDIÁRIOS DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Enquanto os intermediários do ciclo do ácido cítrico vão sendo utilizados em outras vias do metabolismo, eles são repostos pelas chamadas reações anapleróticas. Geralmente, tem-se um equilíbrio entre a saída de 7 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena intermediários e a entrada por reações anapleróticas, para que sempre haja um número constante de substâncias essenciais ao ciclo de Krebs. Um exemplo de reação anaplerótica é uma que ocorre muito no fígado e nos rins, que é a conversão de piruvato em oxaloacetato. Isso ocorre por meio de uma reação de carboxilação do piruvato pela adição de CO2, reação essa catalisada pela enzima piruvato-carboxilase. Essa enzima de regulação é essencialmente inativa na ausência de acetil-CoA, seu regulador alostéricopositivo. Assim, quando temos uma grande quantidade de acetil-CoA disponível, ela atua convertendo mais piruvato em oxaloacetato para que ele corresponda à quantidade do acetil- CoA e produza mais citrato. Um outro exemplo é a ação da enzima fosfoenolpiruvato-carboxilase, que também realiza a conversão de fosfoenolpiruvato em oxaloacetato. Um regulador dessa enzima é o intermediário glicolítico frutose-1,6-bifosfato que, em excesso, prova que o ciclo do ácido cítrico está processando muito lentamente o piruvato, por isso ela produz mais oxaloacetato para acelerar esse ciclo. . REGULAÇÃO DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Por meio de moduladores alostéricos e modificação covalente, temos uma regulação das reações que ocorrem no ciclo do ácido cítrico. É importante que haja essa regulação dos intermediários do ciclo para que não haja superprodução ou falta de substâncias essenciais para seu funcionamento. A regulação vai ocorrer em dois níveis: na conversão de piruvato à acetil-CoA pela ação do complexo da piruvato-desidrogenase e na entrada do acetil- CoA no ciclo de Krebs por meio da ação da enzima citrato-sintase. Esse acetil-CoA vem de outras vias que não a glicolítica, sendo que a maioria das células produz pela oxidação de ácidos graxos e certos aminoácidos. O ciclo do ácido cítrico também é regulado nas reações da isocitrato-desidrogenase e da α-cetoglutarato-desidrogenase. A PRODUÇÃO DE ACETIL-COA PELO COMPLEXO PIRUVATO-DESIDROGENASE É REGULADA O complexo da PDH em mamíferos é fortemente regulado alostericamente pelos produtos da reação que atua. ATP, acetil-CoA e NADH inibem fortemente a ação da PDH quando estão em alta quantidade, além de que ácidos graxos também atuam nessa inibição alostérica quando estão em altas quantidades. Por outro lado, a presença de AMP, CoA e NAD+ ativam alostericamente o complexo da PDH. Olhando pela reação de conversão do piruvato em acetil-CoA, quando temos grande ocorrência dessa reação e, portanto, grande produção de NADH, ATP e acetil-CoA, teremos uma inativação da enzima para evitar superprodução e, quando temos muitos reagentes disponíveis, teremos uma ativação da enzima para que não haja falta de acetil-CoA. Além disso, como já dito anteriormente, o complexo da PDH possui três enzimas base (E1, E2 e E3) e duas proteínas de regulação cujo único propósito é ativar ou desativar a PDH. A primeira delas é a proteína piruvato- desidrogenase-cinase que, na presença de grande quantidade de ATP, é ativada e fosforila um resíduo de Ser específico em uma das duas subunidades E1, inativando o complexo da PDH. Quando temos uma baixa concentração de ATP, a piruvato-desidrogenase-cinase vai ser inativada e uma outra proteína, a fosfoproteína- fosfatase irá entrar em ação, promovendo a hidrólise do grupo fosfato do complexo da PDH e, portanto, ativando essa enzima. O CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO É REGULADO NAS TRÊS ETAPAS EXERGÔNICAS 8 CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO Klaide Lopes de Sena O fluxo de metabólitos no ciclo do ácido cítrico é fortemente regulado, de modo que a velocidade desse fluxo é modulada pela disponibilidade de substrato, inibição pelos produtos acumulados e inibição alostérica por retroalimentação das enzimas que catalisam as etapas iniciais do ciclo. As três etapas limitantes do ciclo são aquelas em que temos reações fortemente exergônicas. Primeiramente, a alta concentração de NADH vai agir na inibição de ambas as reações de desidrogenação e também inibe a enzima malato- desidrogenase, fazendo com que tenhamos uma baixa concentração de oxaloacetato e, portanto, diminuição da velocidade do ciclo. Algumas outras relações importantes são: • A succinil-CoA em alta concentração inibe a α-cetoglutarato-desidrogenase e a citrato- sintase; • O citrato bloqueia a citrato-sintase; • O produto final, ATP, inibe a citrato-sintase e a isocitrato-desidrogenase, enquanto que o ADP é um ativador alostérico da enzima citrato-sintase; • A alta concentração do íon Ca2+ indica necessidade muita energia para contração muscular, então ele vai ativar isocitrato- desidrogenase e a α-cetoglutarato- desidrogenase, assim como ativa o complexo da PDH.