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Julia Paris Malaco – ambulatório Insuficiência cardíaca As diretrizes atuais do American College of Cardiology Foundation (ACCF)/American Heart Association (AHA) definem IC como uma síndrome clínica complexa que resulta da redução estrutural ou funcional do enchimento ou do volume sanguíneo ejetado ventricular que, por sua vez, causa os sintomas clínicos cardinais de dispneia e cansaço e os sinais de IC, especificamente edema e estertores. ] É a primeira causa de mortalidade no mundo. É uma síndrome sistêmica caracterizada por uma disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo para atender as necessidades metabólicas dos tecidos. O coração age como uma bomba mandando suprimento para órgãos e tecidos, quando essa bomba não esta fazendo sua função de forma eficiente, esta tendo uma falha, chamamos de insuficiência cardíaca. Em estágios iniciais a morte súbita é devido a causas arrítmicas e em casos graves em causas não arrítmicas. Classificação Temporal: pode ser aguda ou crônica ou depender da agudização da doença crônica Anatômica: pode decorrer de uma cogestão pulmonar ou congestão sistêmica. Uma insuficiência de ventrículo direito na maioria das vezes vem como uma consequência de uma insuficiência no ventrículo esquerdo. Debito cardíaco: baixo debito ou alto debito. Baixo quando a quantidade de sangue que sai do coração é insuficiente. Alto debito quando tem maior exigência metabólica dos tecidos (anemia, tireotoxicose, septicemia) Ciclo: sistólica ou diastólica. pode ser uma insuficiência sistólica onde a fração de ejeção é reduzida. Pode ser diastólica onde a fração de ejeção é preservada. Fração de ejeção (mais importante): quantidade de sangue que é expelida pelo ventrículo por minuto. Reduzida (<40%), preservada (>50%), intermediaria (40-50%) Perfil hemodinâmico Patogênese Fatores determinantes do desempenho cardíaco Contratilidade (força de contração do coração): função de bomba, musculo cardíaco, sarcoma, proteínas contrateis Frequência cardíaca: debito cardíaco = frequência cardíaca X volume sistólico (tto – beta bloqueador) Pre carga: tensão exercida pela parede ventricular após a contração atrial, depende do retorno venoso e depende do volume final da diástole. (tto – diurético) Pos carga: força que o coração faz para vencer a resistência das artérias e arteríolas. Carga contra qual o coração contrai durante uma sístole, depende da complacência arterial e determina a pressão arterial (tto – vasodilatador) Mecanismos neuro hormonais – Mecanismos compensatórios frente a agressão da insuficiência cardíaca. Julia Paris Malaco – ambulatório Vasoconstrição e retenção de sódio e agua São alterações negativas deletérias Sistemas: SNS, SRAA e vasopressina Doença cardíaca esgotam os mecanismos compensatórios fisiológicos ação na bomba cardíaca (fica insuficiente) causa hipoperfusao renal essa hipoperfusao ativa o sistema renina- angiotensina-aldosterona o sistema causa uma contratilidade cardíaca aumentada levando a hipertrofia cardíaca, depressão das catecolaminas cardíacas e piorar a função da bomba cardíaca o sistema SRAA libera aldosterona levando a retenção de sódio e agua (rim reconhece que precisa aumentar a volemia) aumenta pre carga (quantidade de sangue chgenaod no átrio) causa congstao e edema que fazem uma dilatação no coração piorando também a função de bombeamento cardíaco gera vasocontriçao que leva a hipoperfusoa tecidual também piorando a função de bombeamento. A insuficiência cardíaca se inicia quando um evento-índice produz o declínio inicial na capacidade de bombear do coração. Após esse declínio inicial, diversos mecanismos compensatórios são ativados, como o sistema nervoso adrenérgico, o sistema renina- angiotensina-aldosterona e o sistema das citocinas. Em curto prazo, esses sistemas são capazes de manter a capacidade da função cardiovascular dentro do limite da homeostase normal, fazendo o paciente se manter assintomático. Entretanto, com o passar do tempo, a ativação mantida de tais sistemas causa dano secundário no órgão- alvo do ventrículo, com agravamento do remodelamento ventricular e subsequente descompensação cardíaca. Mesmo não tendo sido estabelecidas as razões precisas para explicar por que é possível que pacientes com disfunção VE se mantenham assintomáticos, uma explicação razoável é o grande número de mecanismos compensatórios ativados na presença de lesão cardíaca e/ou de disfunção VE, permitindo aos pacientes manter e modular a função VE por meses ou anos. Na lista de mecanismos compensatórios descritos até o momento estão ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona (RAA) ativação do sistema adrenérgico Responsáveis por, respectivamente, manter o débito cardíaco com aumento na retenção de sal e água e aumentar a contratilidade miocárdica. Além disso, há ativação de uma família de moléculas vasodilatadoras compensatórias, incluindo os peptídeos natriuréticos atrial e cerebral (ANP e BNP), as prostaglandinas (PGE2 e PGI2) e o óxido nítrico (NO), os quais compensam a vasoconstrição vascular periférica excessiva. Ativação dos sistemas neuro-hormonais na insuficiência cardíaca: A diminuição do débito cardíaco nos pacientes com IC produz uma “descarga” dos barorreceptores de alta pressão (círculos) localizados em VE, seio carotídeo e arco aórtico. Essa descarga dos barorreceptores periféricos leva à perda do tônus parassimpático inibitório para o sistema nervoso central (SNC), resultando em aumento generalizado no tônus simpático eferente e em liberação não osmótica de argininavasopressina (AVP) pela hipófise. A AVP (ou hormônio antidiurético [ADH]) é um vasoconstritor potente que aumenta a permeabilidade dos ductos coletores renais, levando à reabsorção de água. Esses sinais aferentes ao SNC também ativam vias eferentes do sistema nervoso simpático que inervam o coração, os rins, a vasculatura periférica e os músculos esqueléticos. A estimulação simpática dos rins leva à liberação de renina, produzindo aumento nos níveis circulantes de angiotensina II e aldosterona. A ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona promove retenção de água e sal e leva à vasoconstrição da vasculatura periférica, hipertrofia dos miócitos, morte celular de miócitos e fibrose miocárdica. Mecanismos básicos da insuficiência cardíaca Insuficiência cardíaca com redução da fração de ejeção: O remodelamento VE ocorre em resposta a uma série de eventos complexos nos níveis celular e molecular. Tais alterações consistem em: hipertrofia de miócitos; alterações das propriedades contráteis dos miócitos; perda progressiva de miócitos em razão de necrose, apoptose e morte celular autofágica; dessensibilização β-adrenérgica; alterações no metabolismo energético do miocárdio; reorganização da matriz extracelular com dissolução da estrutura organizada da trama do colágeno ao redor dos miócitos e substituição subsequente por matriz do colágeno intersticial incapaz de prover apoio estrutural aos miócitos. Julia Paris Malaco – ambulatório Os estímulos biológicos para essas alterações profundas são estiramento mecânico dos miócitos, neuro-hormônios circulantes (p. ex., norepinefrina, angiotensina II), citocinas inflamatórias (p. ex., fator de necrose tumoral [TNF]), outros peptídeos e fatores de crescimento (p. ex., endotelina), bem como espécies reativas do oxigênio (p. ex., superóxido). Remodelamento ventricular esquerdo:A expressão remodelamento ventricular refere-se às alterações na massa, no volume, na forma e na composição do VE que ocorrem após lesão cardíaca e/ou em condições com sobrecarga hemodinâmica. O remodelamento VE pode contribuir de forma independente para a evolução da IC em razão das cargas mecânicas produzidas pelas alterações na geometria do VE remodelado. Além do aumento do volume diastólico final no VE, observa-se afinamento da parede conforme o ventrículo se dilata. O afinamento crescente da parede, somado ao aumento da pós-carga produzido pela dilatação do VE, leva a um descompasso funcional na pós- carga que pode diminuir ainda mais o volume sistólico. Além disso, a tensão elevada na parede ao final da diástole pode causar hipoperfusão do subendocárdio com a consequente piora da função VE; aumento do estresse oxidativo com ativação resultante das famílias de genes sensíveis à geração dos radicais livres (p. ex., TNF e interleucina 1β); expressão sustentada dos genes ativados por estiramento (angiotensina II, endotelina e TNF) e/ou ativação por estiramento das vias de sinalização hipertrófica. A dilatação crescente do VE causa travamento dos músculos papilares e consequente insuficiência do aparelho valvar mitral e regurgitação funcional por essa valva que, por sua vez, agrava sobrecarga hemodinâmica sobre o ventrículo. Em seu conjunto, as cargas mecânicas produzidas pelo remodelamento VE contribuem para a evolução progressiva da IC. Manifestações clinicas Dispneia progressiva: diminuição no rendimento da atividade física, cansaço fácil. O mecanismo mais importante é a congestão pulmonar com acúmulo de líquido no interstício ou dentro dos alvéolos, o que ativa os receptores J justacapilares, estimulando a respiração rápida e superficial característica da dispneia cardíaca. Ortopneia: falta de ar dependendo da posição. A ortopneia, definida como dispneia ocorrendo em posição deitada, em geral é uma manifestação mais tardia de IC em comparação com a dispneia aos esforços. Ela é causada pela redistribuição de volume da circulação esplâncnica e dos membros inferiores para a circulação central quando o paciente permanece deitado, com o consequente aumento da pressão capilar pulmonar. A tosse noturna é uma manifestação comum desse processo, sendo um sintoma muitas vezes negligenciado. A ortopneia costuma ser aliviada quando o paciente senta ou quando dorme recostado sobre muitos travesseiros. Dispneia paroxística noturna: casos mais avançados, acordar com falta de ar, assustado e ao sentar melhora. refere-se a episódios agudos de dispneia e tosse que costumam ocorrer à noite e despertam o paciente, em geral 1 a 3 horas após deitar. A DPN pode se manifestar na forma de tosse ou de sibilos, possivelmente em razão de aumento da pressão nas artérias brônquicas, levando à compressão das vias respiratórias junto com edema intersticial pulmonar, o que produz aumento da resistência nas vias respiratórias. Edema agudo de pulmão: estertores em base pulmonar Derrame pleural: preferencialmente do lado direito Edema de membros inferiores Hepatogemalia: reflexo hepato jugular – palpação do fígado, ao toca-lo o reflexo jugular aumenta, sendo doloroso Astenia, fraqueza, emagrecimento (perfusão periférica diminuída músculos sem suprimento suficiente perda de massa muscular pode causar edema que dificulda ver o emagrecimento). Julia Paris Malaco – ambulatório Respiração de cheyne-stokes: também conhecida como respiração periódica ou cíclica, a respiração de Cheyne-Stokes está presente em 40% dos pacientes com IC avançada e em geral está associada a baixo débito cardíaco. A respiração de Cheyne- Stokes é causada pela redução da sensibilidade do centro respiratório à PCO2 arterial. Observa-se uma fase de apneia durante a qual a PO2 arterial cai e a PCO2 arterial aumenta. Essas alterações nos gases arteriais estimulam o centro respiratório, resultando em hiperventilação e hipocapnia, seguidas de apneia recorrente. Classificação NYHA (baseado na dispneia) – new york heart association Classe 1: Ausência de sintomas ao realizar atividades cotidianas Classe 2: Sintomas leves durante atividades cotidianas Classe 3: Sintomas desencadeados aos pequenos esforços Classe 4: Sintomas aos mínimos esforços e/ou em repouso Classificação de AHA – american heart association Estagio A: sem lesão estrutural, com fatores de risco e sem sintomas Estagio B: com lesão estrutural e sem sintomas Estagio C: com lesão estrutural e sintomas de IC Estagio D: com lesão estrutural com sintomas refratários ao tratamento (não responde mais ao tratamento) Exames complementares para diagnostico Hemograma Ureia Creatinina Parcial de urina Sódio/potássio TSH (avaliar tiroide) HIV Hepatite B ou C Chagas BNP/NTPROBNP: marcador cardíaco quantitativo – diferencia dispneia de origem pulmonar e cardíaca. Acima de 100 é de origem cardíaca, quanto maior, mais avançado Raio X Ecocardiograma: padrão ouro para avaliar função de ejeção Eletrocardiograma Tratamento Objetivos: Aumento da sobrevida, diminuição da morbidade, aumento da capacidade de exercício, aumento da qualidade de vida, diminuir a progressão da IC. Tratamento conforme os estágios de AHA E NYHA Estagio A: paciente com alto risco de IC sem doença estrutural, com fatores de risco e sem sintomas – tratar os fatores de risco (HAS, DM, dislipidemia). Estagio B: paciente com doença estrutural sem sintomas – tratar fatores de risco + medicações com impacto na evolução da IC, tríade: IECA (inibidor da enzima conversora de angiotensina); indicado para todos. Se paciente for intolerante é usado BRA (bloqueador do receptor de angiotensina) Beta bloqueador: mesmo no paciente assintomático Estagio C: paciente tem doença estrutural com sintomas – tratar fatores de risco + medicamentos Beta bloqueador IECA Antagonista da aldosterona (espironolactona): quando for classe 3 ou 4 DE NYHA Diurético: tratamento sintomático para diminuição dos sintomas (furosemida de 20 a 160mg) Estagio D: paciente com lesão estrutural com sintoma refratários ao tratamento - paciente já atingiu o teto máximo de tratamento mesmo assim descompensado Medicamentos IECA: o captopril 8/8 horas o enalapril 12/12 horas o insuficiência renal: se piorar, ver creatinina. Se for < 50% manter a mesma dose. Se for entre 50 e 100% reduzir a dose pela metade. Se for > 100% suspender. o IECA é indicado a todos os pacientes sendo sintomáticos ou não Beta bloqueador o Carvedilol: atingir no máximo 50mg/dia Julia Paris Malaco – ambulatório o Metoprolol: máximo 200mg/dia o Bisoprolol: máximo 10mg/dia o Nebivolol: máximo 10mg/dia o Iniciar com dose baixa no inicio - pode ocorrer piora na função cardíaca. Deve- se sempre chegar a dose máxima o Contraindicações: DPOC, asma, BAV avançado, DAP. Antagonista da aldosterona (espironolactona): o Redução de retenção de sódio e agua o Redução de deposito de colágeno nos mioscitos o Disfunção de ventrículo esquerdo classe ¾ o Suspender potássio Dicas de tratamento Remover causas subjacentes e precipitante Investigar anemia dosando tranferrina e ferritina (grande fator de risco para piora da IC) Mudança no estilo de vida Imunização Diagnostico da síndrome clinica é mais importante do que etiologia IC com função de ejeção preservada é de difícil diagnostico e prognostico ruim, tem biomarcadores elevados e alteração no eco NYHA 2 ou 3 com função de ejeção <35 – trocar IECA por sacubitril valsartana(entresto) Maior mortalidade para pacientes caquéticos (IMC <20 E >35 Insuficiência respiratória – saber identificar se: C: coronária? H: hipertenso? A: arritmia? M: mecanima? E: embolia?