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Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Câncer colo-retal (CCR) Estamos falando de um tumor muito frequente. Esses são os dados do inca, e como podemos observar, tanto em homens quanto mulheres, ele ocupa o quarto lugar em cânceres mais frequentes, perde somente para a pele. No caso do homem, para próstata e pulmão. E no caso da mulher, mama e colo de útero em frequência. Quando a gente avalia mortalidade, ele já ganha o terceiro lugar. É a terceira causa de câncer no nosso país só perdendo para pulmão e estômago. A nível populacional, é importante a gente conhecer e saber os meios de rastreio do câncer colo retal. A incidência do câncer colorretal vai aumentando com a idade. Esse o gráfico ilustra que entre 50 e 74 anos tem essa maior prevalência, e ela é crescente a medida que a idade vai avançando. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Esse gráfico no Brasil mostra que a incidência é maior nas regiões do país com maior desenvolvimento e industrialização, como por exemplo, a região Sudeste e a região sul. Com relação à distribuição do Câncer colorretal pelo intestino, ele ainda é bem mais prevalente no reto e no colo sigmoide. Por isso, muitas vezes os pacientes nos procuram com sintomas de sangramento retal. Importante realização do toque retal, pois muitas vezes o tumor pode estar localizado no reto distal e será sensível ao toque. Assim, temos acesso mais rapidamente a um diagnóstico para esses pacientes. Existem vários tipos de câncer de colo retal, e um dos mais comuns são os esporádicos. São aqueles que não estão relacionados com uma síndrome genética. Desses, os principais fatores de risco são relacionados a idade. Eles podem vir de uma sequência de pólipo adenomatoso ou de uma lesão plana adenomatosa, que vai evoluir com aumento da displasia até formar o carcinoma (80% dos casos). Em 15% dos casos, vai também passar por uma sequência de adenoma até o carcinoma, porém, é um tipo de adenoma chamado de adenoma serrilhado. Nesse tipo de adenoma, a evolução para o câncer é um pouco mais rápida do que o adenoma não ser ligado. Existe também um tipo de carcinoma, que é um pouco mais raro para o carcinoma esporádicos, que são chamados de carcinoma “de novo”. Ele não vem da sequência de adenoma carcinoma, ele já aparece desde o princípio como carcinoma mesmo em uma lesão comum. Existem alguns tipos de câncer de colorretal que têm mutações genéticas, e que favorecem os desenvolvimentos deles, são os chamados câncer de colorretal mais familiares. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Essa seria a sequência adenoma carcinoma, onde tem a mucosa do colo normal. Aparece ali uma lesão polipoide, que a medida que o pólipo vai aumentando de tamanho, vai aumentando também o componente viloso, assim como aparecimento de displasia, que no início é dentro do epitélio. A medida que essa displasia vai atingindo a submucosa, e vai até a parte mais profunda da parede, ela já se torna um câncer invasivo. Entre a formação do pólipo e eu câncer invasivo pode demorar de 7 a 10 anos O câncer de novo são lesões muito pequenas. Não vem de um adenoma, já começa como carcinoma, é mais agressiva e invasão da subcutânea é mais precoce. São mais raras, e no máximo, 5% dos casos. Síndrome de polipose familiar. Polipose adenomatosa familiar -> forma mais clássica é onde o paciente apresenta mais de 100 pólipos distribuídos por todo o colo. É uma síndrome autossômica dominante onde existe uma mutação do Gene APC. Todos esses pacientes tem indicação de uma colectomia pois é a forma de evitar o câncer de colorretal, que vai surgir em torno dos 40. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Outra forma familiar seria a síndrome de Lynch. Também é uma herança autossômica dominante, como a história familiar de câncer de colorretal ou de doença de pólipos avançados. Depende de uma mutação no Gene de reparo. Ocorre em idades mais precoces. Geralmente tem um tumor de crescimento mais rápido de um adenoma de núcleo viloso com displasia de alto grau. Quando devemos pensar que o paciente deve ter uma síndrome hereditária e isso está causando o câncer colorretal dele e da família? Encaminhar para o médico geneticista para investigar a mutação genética. No Peutz-Jegher, é de uma herança autossômica dominante, porém, os pólipos são harmatomatosos, não mais adenomatosos. Tem uma translação para câncer de colo retal bem menor do que dos adenomas. O que chama atenção nessa síndrome, é que aparece essa pigmentação macular melanocítica em pele e mucosas, é bem típico essas manchas nos lábios e nas mãos. O que chama atenção nesse caso é que essas pigmentações acontecem mais frequentemente em crianças, à medida que o indivíduo fica mais velho, isso pode desaparecer e deixa de chamar atenção para essa síndrome. A polipose juvenil é outra síndrome harmatomatosa, também por herança autossômica dominante. O risco de câncer de colorretal não está associado aos harmatomas. Nesses casos, geralmente é porque junto com esses harmatomas, vem também os adenomas. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Câncer de colorretal esporádico é o câncer mais comum. Fator de risco é a idade, basta ter mais de 50 anos para ter mais risco de câncer de colorretal. Hoje, rastreamos pessoas com mais de 45 anos, já que de 2018 para cá, o rastreio mudou. Outros fatores de riscos são a dieta rica em carne vermelha, rica em alimentos gordurosos e pobre em fibras. Presença de adenoma ou câncer colorretal prévio. Quem já teve diagnóstico de adenoma vai ter um rastreio mais frequente. A história familiar de câncer de colo retal é muito importante e principalmente a idade do parente acometido. Se a idade for abaixo de 60 anos o rastreio também muda um pouco. A presença de inflamação crônica do intestino como Doença de Crohn ou colite ulcerativa. Tabagismo obesidade acromegalia síndromes familiares como passe Lins etc. Existem alguns fatores que acreditamos ser protetores. Principalmente uma dieta rica em fibras, atividade física regular e manter o IMC dentro do normal. AAS e anti-inflamatórios não esferoidais ainda não são comprovados. Mas, eles podem até diminuir a formação de pólipos, Porém não diminuem a evolução dos existentes. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 A maioria dos pacientes com câncer de colorretal podem ser assintomáticos, e serem pegos durante um rastreio para câncer de colorretal, somente pela idade. É muito comum paciente fazer colonoscopia para rastreio, sem sintoma nenhum, e durante o exame, perceber o tumor. Os sintomas mais comuns são inespecíficos: astenia, emagrecimento e uma síndrome consumptiva, sem causa estabelecida. Podem ter sintomas que lembram mais o câncer de colo se o paciente tiver lesões maiores. O câncer de cólon esquerdo é mais comum do que o de cólon direito, pacientes podem evoluir com a alteração do hábito intestinal (muda para padrão diarreico ou constipante subitamente). Outra manifestação do cólon esquerdo é o sangramento do colo retal, na forma de enterorragia ou hematoquezia. Pode evoluir com o quadro de suboclusão intestinal, podendo comprometer a luz intestinal e pode ter quadro de distensão e dor abdominal ou parada de eliminação de gases e fezes. No colo direito, o câncer pode ter uma evolução com poucos sintomas predominando astenia, anemia e uma dor com massa palpável. Raramente ocorre sub-oclusão. Nos exameslaboratoriais, é comum termos anemia pela perda crônica de sangue nas fezes. A fosfatase alcalina está elevada principalmente em metástases hepáticas ou ósseas. A sensibilidade de rastreio de sangue oculto fecal é baixa, cerca de 50%. Mas, mesmo com essa baixa sensibilidade, houve uma redução de mortalidade do câncer colo retal em 15 a 33%. O CEA, que é um antígeno carcinoembrionário, é um marcador tumoral, que podemos colher no sangue. Não serve para diagnóstico, ele não é específico, mas é importante para dar seguimento em pacientes que já tem diagnóstico de câncer de colo retal. Vai dosando periodicamente, e se ele começar a subir, pode indicar uma recidiva local ou metástase. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Radiologia é muito útil para rastreio de metástases, tanto ganglionares quanto à distância. Usamos hoje em dia menos o enema opaco, já que houve um avanço da colonoscopia. Esse é um exame contrastado que podemos ingerir contraste pela boca ou injetado pelo ânus. Radiografamos para ver a lesão chamada de mordida de maçã. São lesões vegetantes que geralmente ocupam parte da luz intestinal. Radiologia fica mais para ver metástases e lesões avançadas. A colonoscopia é mais amplamente disponível, é um o exame que fazemos com conforto, desde que o paciente receba a sedação adequada. Conseguimos realizar biópsia e se a lesão for precoce, ou uma ressecção direto na colonoscopia. Aqui, temos alguns exemplos de câncer de colo retal, todos avançados. Essa classificação de Boremann são todos para tumores avançados. 1. lesão protusa e vegetante 2. lesão ulcerada 3. lesão ulcero-infiltrativa, que é a forma mais comum de apresentação 4. infiltrativo difuso Se der sorte de pegar uma lesão precoce: é uma lesão limitada mucosa e submucosa. A infiltração da submucosa é de até 1500 micras. Dividimos a submucosa em três terços. Os dois primeiros terços são os que correspondem as1500 micras. A lesão tem menos chance de ter metástase ganglionar a distância. A classificação do câncer precoce não leva a consideração de metástases linfonodais. A única coisa que define o câncer precoce é sua Invasão na parede intestinal, mesmo tendo metástases ganglionares Classificação de Paris de acordo com achado na colonoscopia: 0IP quando é um pólipo pediculado 0ISP quando é quando é pólipo subpediculado 0IS pólipo séssil As lesões planas ganham o número 2. IIA plana superficialmente elevada ( passar 2,5 mm ou se torna o 01 s) IIB plana plana IIc é o plana superficialmente deprimida ( não pode ultrapassar 2,5 MM de depressão) 0III quando a lesão a profunda mais de 2,5 mm Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Aqui, temos um exemplo de câncer precoce. Uma lesão plana, superficialmente elevada( 0IIA + IIC com uma elevação até 2,5 mm). Uma classificação de Paris que tem dois componentes: tem uma parte elevada nas bordas e uma parte deprimida no centro. Predomina a parte elevada. Parte depressiva é menor. Aqui, é quando uma colonoscopia não consegue ser feita por completo, por ser tecnicamente difícil, ou um paciente com aderências e não consegue subir com aparelho. Podemos lançar mão da colonoscopia virtual. É uma colonoscopia por tomografia, que remontam a imagem 3D. Porém, não é possível biopsiar, nem fazer o tratamento de pequenas lesões. No câncer obstrutivo, onde não dá para ultrapassar o aparelho colonoscópico além da lesão, acaba se fazendo colonoscopia virtual para ver se não tem uma lesão sincrônica no colo proximal à lesão 95% dos casos são adenocarcinomas. Outros tumores como linfoma e tumor carcinoide são mais raros. A disseminação hematogênica mais comum é para fígado. Dependendo do número de lesão e dos segmentos acometidos, é possível fazer hepatectomia segmentar. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 O tratamento é dividido em curativo e paliativo. O curativo, se a lesão for um câncer precoce, você vai fazer a mucosectomia ou dissecção de submucosa por colonoscopia. Se a mucosectomia não for curativa, é possível fazer uma cirurgia. É possível ainda fazer ressecção da lesão, associada a ressecção de metástase hepática. Tratamento em alguns casos vai ser paliativo. A Cirurgia serve para que o paciente não evolua com obstrução intestinal. Em casos onde a cirurgia não é possível, pode lançar mão de próteses endoscópicos e rádio e quimioterapia. Aqui, temos um exemplo de como é realizada a mucosectomia. Temos uma lesão 0IIC onde ela é superficialmente deprimida (menor do que 2,5 mm). Pelo canal do aparelho, passa uma agulha e injeta soro ou outra solução na submucosa. Isso faz com que ela descole da muscular, formando uma lesão polipoide mais fácil de laçar, com menos risco de perfuração. O laço é ligado a um eletrocautere. Pode acontecer de não elevar, precisando então suspender o procedimento, e indicar a cirurgia, pois significa que a lesão pode ter invasão para muscular ou para serosa. Amanda Lima Mutz – MedUFES 103 Estágios avançados como três a podemos ver uma sobrevida de 5 anos a mais de 80% Exemplo de um tratamento paliativo através de prótese endoscópica. Aqui, temos uma lesão que não conseguimos ultrapassar com aparelho. É preciso então passar um fio guia por essa área de estenose tumoral (sempre com controle radiológico para não criar um falso trajeto furação). Quando passa o guia, a prótese expande. Isso evita que o paciente evolua para o quadro de obstrução intestinal, o que é o quadro de maior sofrimento para o paciente.
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