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1 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 Introdução • É o quarto tumor + frequente no mundo (superado apenas por pulmão, mama e próstata): atrás também do de pele que não entra na nossa classificação, inclusive o basocelular (tumor benigno de pele que é o mais frequente). • Incidência aumentando no mundo: isso se deve ao rastreio, pois quanto mais procura, mais acha. E a ideia é achar cada vez mais cedo! • Homens= mulheres; • Pico entre sexta e sétima décadas: embora possa ser encontrado paciente de 30 anos com esse câncer, mas, isso se deve ao fato de ser um câncer de prevalência muito alta. Por exemplo, câncer de pâncreas já é um câncer raro, e fora da faixa etária habitual é mais raro ainda. Como o câncer colorretal tem uma maior frequência, é mais possível ver em várias faixas etárias. Fatores de risco • Mais de 70% desenvolve-se de pólipos adenomatosos: Normalmente os pólipos que vão virar cânceres são: ❖ Pólipos planos, 1,5 cm de diâmetro, tipo viloso, displasia de alto grau. Não necessariamente são lesões pré-malignas ou cânceres (carcinomas), são adenomas! Mas existe uma sequência muito bem definida, que é adenoma → carcinoma. Porém, se tiver pólipo adenomatoso, vai ter que intervir nele. As lesões pediculadas têm uma exérese/ manipulação mais fácil. Os sésseis já se pensa naquela disseminação loco regional e que não vai ter uma margem livre. Um local onde fazer uma polipectomia adequada já se imagina que é um crescimento diferente, que não é tão benigno quanto se espera. Displasia de alto grau/ carcinoma in situ: há intercessão em que os patologistas já acreditam que a displasia de alto grau é igual ao carcinoma in situ! Porque são tratadas da mesma forma: que é polipectomia, se ela for adequada! • Genes envolvidos: ❖ Oncogenes K-ras (cromossomo 12), P53 (c 17); ❖ Genes supressores tumorais APC, MCC (cromossomo 5), DCC (c 18); Ao diagnosticar o câncer de colo, vai solicitar um K-ras para saber qual é o comportamento desse câncer, P53. Em parênteses, são os cromossomos envolvidos na mutação, que são mutações oncogênicas. K-Ras, P53 e APC são comuns em provas, inclusive, porque são ligadas à polipose adenomatosa familiar (PAAF). • Retocolite extensa (+ de 10 anos de duração): Paciente portador de doença inflamatória intestinal com duração há mais de 8 anos, já tem um alto risco para CA! Por isso investiga-se mais de perto! • História familiar de CA colorretal: Existem cânceres colorretais associados a pólipos, e existem os cânceres retais não Polipóides, que são as Sd. de Lynch! • Mulheres com tumor de mama, útero ou ovário, além de tumores renais: São cânceres relacionados à CA de colo. Estes tumores, como têm mutações cromossômicas que fazem interseção, a pessoa que tem câncer de colo, tem predisposição para fazer um câncer de mama, útero ou ovário. • Síndromes familiares: ❖ PAAF (polipose adenomatosa familiar); ❖ CA colorretal familiar 10-15% (número de parentes, idade do diagnóstico); ❖ Colonoscopia a partir de 40 ou 10 anos antes do primeiro caso: é o que é feito; Um parente de primeiro grau com câncer de colo familiar, por mais de uma geração, vai ver os critérios de Amsterdã, que foram modificados e hoje usa Bethesda! Tende-se a solicitar a colonoscopia. O rastreio antigamente era a partir dos 50 anos, hoje ainda tem gente que faz isso, mas na literatura agora é a partir de 45 anos, pois há benefício desse rastreio populacional nessa faixa etária! CA colorretal 2 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 Pólipos Visto na colonoscopia ou endoscopia. • Não neoplásicos: ❖ Hiperplásicos: aumento do número de células/hiperplasia. É benigno, faz apenas rastreio. ❖ Hermatomatosos: São pólipos de outro sítio e com outra textura, com uma arquitetura diferente do habitual, mas normal. Por exemplo, tem uma metaplasia intestinal, com tecidos que vieram do estômago, mas a arquitetura é normal → rastreio normal! ❖ Inflamatórios: relacionados a esofagites, gastrites, processos inflamatórios que geram crescimento celular. Polipectomia de pólipo não neoplásico → colono depois → rastreio habitual (5-10 anos repete). Se tem um DII com mais de 8 anos → rastreio a cada 2 anos. Não modifica rastreio por conta de um pólipo não neoplásico! Hoje o mais frequente é >45 anos, rastreio a cada 5 anos, de acordo com as metanálises mais recentes. Se adenoma/ adenocarcinoma → rastreio com 10 anos. • Neoplásicos: • Adenomatosos: ❖ Tubular: mais frequente (chega a 85% dos casos) e o mais benigno, seria uma sequência precoce. ❖ Tubuloviloso: intersecção entre o tubular e o viloso. ❖ Viloso: adenoma de comportamento mais maligno! Vilão dos pólipos! Achado de Adenomas Tubular e Tubuloviloso, com displasia de alto grau: nova colono a cada 3 anos! Como faria, por exemplo, quando tira um CA. • Adenoma → rastreio um pouco mais para baixo. • Tubular, com displasia de baixo grau → não muda rastreio. • Tubuloviloso ou viloso → rastreio um pouco mais para baixo. Pergunta de prova: qual é o dos pólipos adenomatosos colorretais de comportamento mais maligno? É o viloso, o vilão dos pólipos! • Adenocarcinoma: Pólipos neoplásicos em que vem com adenocarcinoma dentro. • In situ: polipectomia → faz rastreio de CA. ❖ Invasão: Se for adenocarcinoma com margens comprometidas e invasão angiolinfática, complemente a polipectomia (insuficiente)! Faz colectomia, pois adenocarcinoma é CA! Polipose adenomatose familiar (PAF) Pólipos são prevalentes. A maior parte das histórias de câncer é relacionada à sequência adenoma- adenocarcinoma do pólipo colorretal! Existem síndromes poliposas, quando tem mais que 100 pólipos associados → polipose adenomatosa familiar. • Início na adolescência (incidência bem baixa), autossômico dominante (como é dominante, >100 já é PAF), APC mutante. • Múltiplos pólipos adenomatosos (100) em todo TGI + hiperpigmentação retiniana hipertrófica. • Manifestações: diarreia e/ou sangramento (relacionado as arteríolas terminais) retal/ assintomática- maioria. • Rastreio: de 10-12 anos (começa na adolescência) até 35-40 anos (para nessa idade, porque até 40 anos, todos eles fazem CA de cólon). Como não é aconselhado uma colectomia total em um paciente de 10 anos, mantém o rastreio, observando esse paciente, até 35 anos! E perto de 35 anos, ou quando já se julga que ele já é suficientemente capaz de decidir sobre seu próprio corpo (>18 anos), já indica o procedimento cirúrgico, protocolectomia total. O mais comum é que a pessoa já tenha casos familiares anteriores e já esteja fazendo rastreamento. CHC faz rastreio, em caso de gene autossômico dominante que já sabe que todo mundo vai ter! Tratamento COLECTOMIA SUBTOTAL+ ANASTOMOSE ILEORRETAL Sabe-se que todo colón direito faz absorção de água e o colón esquerdo faz absorção do restante dos nutrientes e forma o bolo fecal. Se tirar o colón todo, o paciente irá cursar com diarreia. 3 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 Ao fazer anastomoses ileais, mesmo com a bolsa ileal, acaba tendo múltiplos episódios de dejeções e acaba tendo assaduras. Então, faz o controle com Imosec, mas é muito chato. Ao falar de pacientes jovens, até 40 anos, tende-se a pesar o risco/benefício. O ideal é tirar o cólon inteiro, incluindo o reto, porque é uma doença do cólon inteiro, se eu deixar o reto, pode fazer um câncer, e se for do reto baixo, onde a QT e RT neoadjuvante não der conta, condena-se o paciente a uma ileostomia definitiva. Se deixar o reto, mantém o mecanismo de continência dele, não faz diarreias tão importantes. Por isso, que quando retira o reto, se faz a bolsa ileal para fingir que é um pseudorreto. A anastomoseileorretal é também um mecanismo de continência, para não deixar o paciente ter tantos episódios de dejeção. Há quem faça isso, embora deixe um possível foco de CA ali, mas, por ser um jovem, tem a possibilidade de deixar. Então, tira o colón a partir da válvula ileocecal, deixa o reto, e faz uma anastomose do íleo com o reto. COLECTOMIA TOTAL+ ANASTOMOSE ILEOANAL (BOLSA)- ESCOLHA É o procedimento de escolha para tratamento da PAAF. Tira todo o fator de risco de CA colorretal e faz um mecanismo que simula o reto (tirar todo o cólon, incluindo o reto e fazer o que se chama de bolsa ileal). Existem várias formas de fazer bolsa ileal, mas essa é só uma forma que foi uma das mais simples: pega o ílio e faz uma bolsa ileal e faz anastomose da bolsa ileal com o ânus. Esse então é o mecanismo de continência bolsa íleo anal. Existem 3 anastomoses que são as de maior risco intra-abdominais: esofágica, pancreática a ileoanal- anastomoses de risco de decência alto. É feito uma ileostomia temporal para proteger, que na verdade, é uma ileostomia temporária até a costura pegar e depois de 1 mês, por exemplo, volta lá e costura novamente, fazendo o trânsito voltar ao normal. COLECTOMIA TOTAL + ILEOSTOMIA (DEFINITIVA): Na verdade, quando se tira o reto, chama protocolectomia total para dizer que está tirando o reto + Ileostomia terminal definitiva. É um procedimento que, de maneira geral, não se faz por quê: Primeiro, porque se tirar todo esse colo, tira todo o mecanismo de absorção e a secreção que sai no íleo, isso é extremamente irritativo para a pele. É muito raro fazer esse procedimento, principalmente porque é uma cirurgia eletiva. Faz ileostomia, mas em procedimento de urgência, pensando em converter ela para um íleo transverso, íleo colón anastomose, íleo anal anastomose, não definitiva. Polipose adenomatosa familiar- variantes São variantes que só tem importância maior na prova! • Manifestações extraintestinais específicas (todas elas estão relacionadas com PAAF).; • SÍNDROME DE TURCOR (manhã = turco usa chapéu, e está relacionada a tumores do SNC): ❖ Tumores do SNC (meduloblastoma), glioblastoma, e ependioma; ❖ Hipertrofia congênita do epitélio retiniano. • SÍNDROME DE GARDNER: ❖ Osteomas (ossos longos, mandíbula e crânio); ❖ Tumores de tecidos moles (dermoides, lipomas...) ❖ Hipertrofia congênita do epitélio retiniano; ❖ Dentes supranumerários. 4 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 ❖ Tumores hepatobiliares, tireóide e suprarrenal. Todas estão relacionadas a osso e aos supranumerários! A PAF de Gardner pode acontecer icterícia por tumores, adenomas e pólipos de duodeno, que obstruem a papila. RESUMO: O tratamento das PAFs sempre será cirúrgico até 40 anos. De 10-12 anos até 35 anos, pode-se acompanhar, a depender da escolha do paciente de fazer a colectomia total! E o melhor momento é aquele definido entre o médico e o paciente. Não vamos passar de 35-40 anos, porque depois dessa idade, todos os pacientes terão CA colorretal! Câncer colorretal não polipose (ccnph-sindrome de LYNCH) • Síndrome hereditária autossômica dominante (inativação de MSH2 e MLH 1). LINCHY 1: só CA colorretal; LINCHY 2: CA colorretal + outros cânceres associados. Vai necessitar do rastreio de todo mundo! Está associada a inativação de 2 genes supressores tumorais: MSH2 e MLH 1 e para classificar precisa enquadrar o paciente nos critérios ❖ Critérios de Amsterdã/ Bethesda Os critérios de Amsterdã são os mais antigos, mas ainda se pode encontrar nas provas! E hoje se usa mais o Bethesda. AMSTERDÃ (1991) • Pelo menos 3 parentes com CA de cólon e todos os seguintes: ❖ Uma das pessoas afetadas é um parente de primeiro grau (irmãos e pais) das outras duas pessoas afetadas; ❖ Duas gerações (avô, pai, filho) sucessivas afetadas; ❖ Pelo menos 1 caso de Ca de cólon diagnosticado antes dos 50 anos (fora da faixa); ❖ Exclusão de polipose adenomatosa familiar. CRITÉRIOS DE AMSTERDÃ MODIFICADOS (1998) • Mesmos critérios de Amsterdã, exceto que o CA deve ser associado a CCNPH (cólon, endométrio, intestino delgado, ureter e pelve renal) em vez de especificamente a CA de cólon CRITÉRIOS REVISADOS DE BETHESDA (2003) • Um dos seguintes critérios deve ser encontrado: ❖ CA colorretal diagnosticado antes dos 50 anos de idade; ❖ Tumores colorretais sincrônicos ou metacrônicos (nos primeiros 6 meses, juntos; ou depois de 6 meses) e outros tumores relacionados com CCNPH (inclui estômago, bexiga, ureter, pelve renal [rastreio de sangue oculto na urina], trato biliar, cérebro [glioblastoma], adenomas de glândulas sebáceas, ceratoacantomas e carcinomas de intestino delgado), sem considerar a idade; ❖ CA colorretal com elevada instabilidade de microssatélites (pesquisa molecular- genética) diagnosticado antes dos 60 anos; ❖ História familiar de um ou mais parentes de primeiro grau com CA colorretal ou outros tumores relacionados com CCNPH. Um dos diagnósticos sendo feito antes dos 50 anos (inclui adenomas que podem ter sido diagnosticados antes dos 40 anos de idade); ❖ CA colorretal com 2 ou + parentes com CA colorretal ou outros tumores relacionados com CCNPH, sem considerar a idade. Na prática, vê-se algo fora da curva, já se suspeita. Por exemplo, individuo com menos de 60 anos com CA colorretal, já fico de olho nele. Procura por outros CA associados, parentes próximos, duas pessoas com CA colorretal na família, já fica de olho! Bom senso no dia-a-dia, mas na prova caem os critérios e tem que decorar! Tipos de LYNCH Tipo 1 Tipo 2 Cólon Endométrio (45%), ovário, trato urinário superior Reto Intestino delgado, estômago, biliar SNC 5 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 Os pacientes de Lynch 1 são os que tem CA colorretal. Lynch 2 são os que tem CA colorretal, mais outros canceres associados a eles! Na paciente com Linchy2, precisa fazer pesquisa ginecológica para CA de endométrio e ovário. 43 Rastreamento • Colonoscopia a cada 2 anos dos 20-35 anos; • Após 35, rastreamento anual; • Mulheres: curetagem a vácuo, US TV (procurando CA ovário), CA-125; • Sumário de urina: sangue oculto (por conta de tumores de vias urinárias). Após 35 anos, em Lynch, faz apenas rastreio porque não há pólipo para acompanhar, a gente está rastreando aparecimento de câncer, pois eles têm uma predisposição de maior que 4x de ter câncer colorretal. Além disso, em mulheres faz curetagem, retira o endométrio pra pesquisa de câncer do endométrio, ultrassom transvaginal em busca de câncer de ovário e CA 125 que é o marcador de câncer de células epiteliais de trato ginecológico. Além do sumário de urina para ver sangue oculto na urina por conta de tumores de vias urinais. Então vai procurar o intestino, procurar o trato ginecológico porque mais de 45% deles etapa ligado ao câncer de endométrio A22. Obviamente essa Pesquisa ginecológica é anual. Aqui termina as poliposes. Distribuição e patologia do CA colorretal • Mais de 90% adenocarcinoma (outros: linfomas, carcinóides, sarcoma, carcinoma de células esamosas); • Mais comuns a esquerda (retossigmóide); • Ulcerados, polipoides, anelares, infiltrativos; • Bem, moderadamente e mal diferenciados; • Disseminação: linfática, hematogênica, invasão direta; • 20% metastáticos ao diagnóstico; • Metade curada pela cirurgia; • Principais órgãos de metástase: fígado (1º), pulmão (2º), ossos e cérebro (bem raro). 20% estão no colón direito, no transverso é raro (10%), colo esquerdo descendente 10%, sigmoide 30% e Reto 30% Então a maior parte estão no colón esquerdo. Eles podem ser (aspectos macroscópicos) ulcerados, pode encontrar no pólipo, pode encontrar fazendo síndrome obstrutiva. Ex: Paciente com65 anos, perda ponderal há 15 dias, retenção de gases e fezes e distensão abdominal. Dentro do abdome agudo obstrutivo suboclusivo há três principais suspeitas: Hérnia, Brida e câncer. Esse paciente é a cara do câncer. Se o paciente tem cirurgia prévia, pensa em Brida. Caso não, é câncer até que se prove o contrário. Só vai ser ao contrário quando o paciente tem uma tomografia prévia e viu que a distensão é no Intestino delgado não é de colon. Quando há uma distensão de delgado, há por exemplo uma brida, o que está do ponto de obstrução pra baixo até chegar no intestino grosso, é fino. Entretanto o que está acima do ponto de obstrução fica dilatado porque tudo que vem do estomago não consegue passar, então dilata. Então a dilatação é a montante do ponto de obstrução. Se pegar o paciente e a distensão estiver no cólon, a obstrução é no câncer e o câncer no cólon. Tipos: Podem ser anelares, os que abrem com abdome agudo obstrutivo, ou infiltrativo, quando invade paredes adjacentes. OBS: Num câncer de cólon esquerdo, vamos ter os linfonodos de artéria mesentérica inferior acometidos e então faz uma ligadura da artéria mesentérica inferior pra tirar o cólon esquerdo e, quando eu ligo, trago junto com a peça essa possível disseminação linfática e eu faço a análise dos 6 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 linfonodos. Se eles não foram acometidos, não houve disseminação linfática Manifestações clínicas do ca colorretal • Insidioso; • Obstrução (causa mais comum no intestino grosso); • Perfuração. Pode ocorrer a perfuração: Quando há um tumor de descendente, obstruiu, e tem uma válvula ileocecal continente e tenho um tumor de descendente, faz uma obstrução em alça. OBS: componente valvular (válvula ileocecal): quando o conteúdo do vem para o intestino grosso, essa válvula faz uma continência. No intestino grosso, há bactérias produtoras de gás. Então, o gás e o liquido produzidos ali não conseguem passar e a parede começa a distender. No ceco há o problema: é uma parede extremante fina, e tende à perfurar. Isso é um peritônio fecal com 75% de chances de mortalidade. Quando há obstrução em alça fechada, é uma urgência cirúrgica e tem 6 horas para resgatar o paciente, em termos de volemia, pressão, e colocar ele na sala para que não exploda o ceco e entre em catástrofe abdominal. Existem alguns pacientes que tem válvula ileocecal incompetente. Esses pacientes que a válvula já relaxou, o conteúdo de dentro do intestino entra no íleo. Assim será encontrado algumas vezes na tomografia: fecalização de conteúdo de íleo distal. Com isso, o paciente pode aparecer com quadro insidioso e vômitos fecalóides. • Dor abdominal, alteração do hábito, intestinal e sangramento Pode ter diarréia paradoxal, que é a diarréia em que a obstrução vai fazer com haja transudato para o terceiro espaço e começando assim a fazer diarréia. • Perda de apetite, emagrecimento, diarréia, constipação, tenesmo, muco nas fezes, distensão abdominal, aumento dos gazes, vômitos, anemia e massa palpável Pode ter tenesmo, que é a vontade de fazer cocô, mas não faz. Pode haver muco nas fezes que é a descamação da mucosa tentando vencer o tumor. Distensão abdominal por não passar. Anemias relacionadas as doenças neoplásicas. E quando muito grande pode haver massa palpável. Pergunta: no fecaloma, corre risco de perfurar? Resposta: Tudo que obstrui e que tem uma válvula ileocecal competente fazendo com que a alça funcione como alça fechada tem risco de haver perfuração do ceco. Rastreamento do CA colorretal O rastreamento é muito importante. DECORAR! Alto risco • Síndromes hereditárias e DII ❖ CCRHNP: colono: A partir de 20 anos, a cada 2 anos; Após 35, anual. • PAF: retossigmoidoscopia flexível a partir de 10- 12 anos anual; • DII: colono a cada 1-2 anos após 8 anos de doença Risco moderadamente alto • Ressecção de CA curativa: colonoscopia no 1º ano e após 3 anos. Se tirar um câncer, o risco de fazer um CA secundário é maior que a população geral. Então, é preciso fazer a colonoscopia no primeiro ano pra ver se já há lesão sincrônica ou metacrônica e depois a cada 03 anos. • Parente de primeiro grau com CA antes dos 60 anos: início do rastreamento com 40 anos ou 10 anos antes do primeiro caso EX: parente com CA com 40 e poucos anos teve câncer, o rastreio vai começar com 30 e poucos anos. • Pólipos: ❖ Adenomas tubulares ou displasia de alto baio grau: colono a cada 5 anos após polipectomia ❖ Adenomas viloso e displasia de alto grau: colonoscopia a cada 3 anos- 5 anos OBS: adenoma tubular é o bom, não é o vilão. O adenoma viloso é o ruim, o vilão, é uma lesão pré- câncer (ou carcinoma in situ). 7 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 Risco médio • Início aos 50 anos (sem fatores de risco) - negros 45 anos: ❖ Sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos; OU ❖ Colonoscopia a cada 10 anos; ❖ Anatomia patológica de espécime e avaliação completa do cólon (tumores sincrônicos → 2-8%). Quando estamos no risco médio, o rastreamento tem início aos 50 anos. Negros tem risco elevados acima de 45 anos. Caso encontre questões que digam a partir dos 45 pode considerar certo. Pode ser feito sigmoidoscopia a cada 5 anos ou colonoscopia a cada 10 anos. Lembrar sempre de avaliar na biópsia a presença de tumor sincrônico. • Cea (marcador tumoral). ❖ Não tem valor diagnóstico; ❖ Prognóstico: valor > 10 doença metastática; ❖ Acompanhamento. O CEA não é diagnóstico tumoral. Se ele vier normal, o paciente continua tendo câncer. O CEA é importante para acompanhamento. Se o paciente tem um CEA alto pré-operatório, no pós-operatório ele irá diminuir. Se tiver um novo aumento depois do CEA, durante o acompanhamento, significa que o câncer voltou. O CEA pode aumentar inclusive por múltiplos outros fatores, inclusive no tabagismo. Então CEA vai servir para acompanhamento e quando acima de 10 acredita em doença metastática. O normal do CEA, salvo engano, é 2.56. Estadiamento TNM • T1 até submucosa. • T2 até muscular própria. • T3 até subserosa e gordura pelicólica. • T4 além da serosa para órgãos adjacentes. • N1 até 03 linfonodos. • N2 mais de 4 linfonodos. CRITÉRIOS DE DUKES: Nos critérios de Dukes, o estágio A é a mesma coisa que o TNM, sendo que o estágio A e B são sem linfonodos. Eles não consideram linfonodos. O estágio C, eles somam linfonodos. Estágio B1 muscular própria. B2 subserosa e gordura. B3 órgãos adjacentes. E M1 é metástase que é o estágio D. Exames de estadiamento • TAC de tórax e abdome total; • Cea: Considerando os sítios de metástases: fígado e pulmão, faz o mesmo estadiamento do TGI: tomografia de tórax e abdome total e o CEA necessário no pré-operatório para manter o acompanhamento do paciente. Tratamento • Polipectomia: margens - Bem diferenciado, sem invasão. O tratamento poderá ser feito uma POLIPECTOMIA: Se for carcinoma in situ, com margens negativas, bem diferenciado, sem invasão angiolinfática (todos os critérios de bom prognóstico). Será refeito a colono daqui a 1 ano e a segunda daqui a 3 anos. Se não puder fazer a polipectomia por ser uma lesão maior: caso seja no cólon → colectomia; se for no reto → retossigmoidectomia. CIRURGIA CÓLON: ❖ Margens 5-10 cm ❖ Ligaduras vasculares na origem 8 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 ❖ Linfadenectomia de pelo menos 12 linfonodos ❖ Tumores sincrônicos: colectomia total com anastome ileorretal No tumor de cólon, os pontos importantes são as margens de 5-10 cm, tem que fazer as ligaduras nas origens das artérias (de cólica direita, artéria mesentérica inferior na origem). Ter pelo menos 12 linfonodos na peça presentes, se forfeito menos será inadequada para cólon. E caso seja tumor sincrônico, será feito igual a cirurgia na PAF, colectomia total com ileoretoanastomose (íleo anal anastomose). CIRURGIA RETO (NEOADJUVÂNCIA): ❖ Margens 5-8 cm proximal e 2 cm distal (<1 cm de extensão); ❖ Ligaduras vasculares na origem + mesorreto; ❖ Linfadenectomia até retal superior (não necessário ilíacas). No tumor de reto, é importante saber que, se tirar muita margem, irá cair em: ileoanal ou proctocolectomia total. Então, além de ter essa particularidade de margem, quando cai no ânus, há uma disseminação para baixo do tumor de reto, porém tende a disseminar MENOS para baixo do que para cima. Então, foi visto que nas peças, se o tumor de reto foi achado terá até 1 cm da lesão. Logo, quando temos o reto para baixo, ao invés de deixar 5-10 cm de margem, deixamos só 2 cm de margem distal, pois vemos que só há 1 cm de extensão distal de tumor. Então, se tratando de RETO, será feito margem distal de 2 cm e margem proximal de 5 cm. E também, será feito a ligadura vascular na origem e a linfonodectomia. Sobre a cirurgia COLECTOMIA DIREITA: ❖ Apêndice vermiforme; ❖ Ceco; ❖ Cólon ascendente; ❖ Flexura hepática; ❖ Cólon transverso direito; Se tenho o tumor no apêndice, ceco, cólon ascendente, ângulo hepático, transverso proximal será feito COLECTOMIA DIREITA. Ligarei na origem da artéria cólica direita, retiro o cólon direito + linfonodectomia. Se tenho neo em cólon transverso mais distal (não só de ângulo hepático – início do transverso), farei UMA COLECTOMIA DIREITA AMPLIADA. Ligarei na origem, retirarei o cólon direito + cólon transverso. TRANSVERSECTOMIA: ❖ Colón transverso médio Se tenho tumor de transverso médio, será feito uma TRANSVERSECTOMIA. COLECTOMIA ESQUERDA: ❖ Cólon transverso esquerdo; ❖ Flexura esplênica; ❖ Cólon descendente proximal; ❖ Sigmóide superior. Se tenho tumor de transverso distal, em ângulo esplênico ou cólon esquerdo será feito COLECTOMIA ESQUERDA. RETOSSIGMOIDOSCOPIA: ❖ Colon sigmóide distal; ❖ Reto superior; ❖ Reto médio. RESSECÇÃO ABDOMINO-PERINEAL: ❖ Reto distal. Se eu tiver um tumor de transição descendente, sigmoide, poderá ser feito só SIGMOIDECTOMIA, mas normalmente também faz a retirada do reto alto, acima da flexão retroperitoneal RETOSSIGMOIDECTOMIA (sempre que for reto alto). 9 Beatriz Machado de Almeida Cirurgia oncológica – Aula 10 Se eu tiver um tumor de reto baixo (distal), essa é a AMPUTAÇÃO ABDOMEPERINEAL, pois com o reto baixo colado na margem anal, não consigo deixar cólon para baixo. Será feito no paciente uma COLOSTOMIA DEFINITIVA. Em reto médio para alto ainda consegue ser feito a bolsa ileal ou descendente íleo anastomose. Então, o tumor em sigmóide distal + reto superior e médio será feito retossigmoidectomia; quando for reto distal sem margem será feito a ressecção abdominoperineal. Tratamento multimodal Sobre o tratamento multimodal, objetiva diminuir a lesão. Logo, quanto mais margem para baixo, melhor será. Em tumores de reto, retoextraperitoneal será feito quimio e radio neoadjuvantes. • TNM II (cirurgia com margens comprometidas, linfonodos insuficientes, T4, histologia pouco diferenciada obstrutivos ou perfurados) ou III QT adjuvante folfox ou xeloda E tumores T2 com margens comprometidas, linfonodos insuficientes (menos de 12 linfonodos), T4 poucos diferenciados, obstrutivos ou perfurados ou estadio T3 será feito quimio adjuvante. Folfox (melhor quimioterapia) ou xeloda são tipos de quimioterapias. • TNM IV: Em TNM 4 (metastático) será feito terapia de conversão para tentar resgatar • Retal: neoadjuvância com quimio e radioterapia no pós operatório.
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