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WL-OO-Cursos-06-Direito do Trabalho-05CAP14 a 16

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CAP14A16Capítulo XIV
& RENÚNCIA E TRANSAÇÃOTransação é o ato jurídico bilateral que pressupõe concessões mútuas: tantoo empregado com o empregador abrem mão de parte de seus direitos. Renúncia é o ato unilateral do empregado que abdica de um direito.Havendo livre manifestação de vontade e não resultando prejuízo para o empregado ou afronta às disposições de proteção ao trabalho, o Direito brasileiro, em princípio, admite a transação trabalhista (art. 444).Entretanto, para a renúncia a sistemática é diversa.Pela dependência econômica que se estabelece, presume-se que a vontade do empregado não é livre na vigência do contrato de trabalho ou no seu ajuste inicial.Como os direitos trabalhistas são irrenunciáveis durante a duração do contrato, o ato de renúncia é considerado inexistente, exceto se houver expressa autorização legal. Encerrado o liame de dependência econômica, com a rescisão do contrato, nãose presume mais vontade viciada. Desta forma, não havendo prejuízo para o trabalhador, sendo este capaz, ocorrendo liberdade na manifestação de vontade e obedecida a forma legal, a tendência é admitir a renúncia do empregado aos direitostrabalhistas.O aviso prévio é irrenunciável (Enunciado 276 do TST), mas deve ser admitido como válido o ato do empregado que abre mão do beneficio quando este não lhe convém ou não traz transtorno, como no caso do início imediato em novo emprego.A cláusula de renúncia será sempre interpretada restritivamente.
Capítulo XV& NULIDADES TRABALHISTASNulidade é o vício que impede o ato jurídico de produzir efeitos.A nulidade absoluta caracteriza-se pela falta de algum elemento substancial do ato jurídico: livre manifestação da vontade, agente capaz, objeto lícito e forma prescrita ou não defesa em lei. Também haverá nulidade nos casos expressamente previstos pela lei.A nulidade relativa (anulabilidade) ocorre por incapacidade relativa do agente ou por vício resultante de erro, dolo, coação, simulação ou fraude contra credores.A nulidade absoluta pode ser argüida a qualquer tempo, por qualquer pessoa, não admite convalidação ou ratificação e não se sujeita a prescrição. A anulabilidade, ao contrário, só pode ser reclamada pelo interessado direto e pode se convalidar, com a chegada da prescrição.Quando o grau de nulidade é muito grande e visível, tem-se que o ato jurídico é inexistente. Na prática, a nulidade e a anulabilidade necessitam de reconhecimento judicial. Mas o ato inexistente, de tão óbvio e grave o defeito, dispensa ação judicial para ser declarado sem efeito. Por exemplo, o contrato de trabalho escravoé inexistente, tal o grau de ofensa ao Direito.A lei trabalhista fulmina de nulidade absoluta todos os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na Consolidação das Leis do Trabalho (art. 9º). Porém, são livres as estipulações que não contravenham as disposições de proteção ao trabalho, os contratos co-letivos e as decisões judiciais (art. 444).Ou seja, o ato que afronta regra de proteção do trabalho é nulo; caso contrário o ato defeituoso será anulável.
134 RESUMO DE DIREITO DO TRABALHOMas, atenção: há uma tendência de considerar todos os defeitos do ato jurídico laboral como anulabilidades (nulidades relativas), porque a prescrição atinge indistintamente todos os atos lesivos aos direitos trabalhistas.De qualquer maneira, o reconhecimento de eventual nulidade ou anulabilidade não pode conduzir a conclusões absurdas, contra os interesses do empregado. Assim, por exemplo, mesmo proibido pela Constituição, o trabalho do menor de 16 anos deve ser remunerado, gozando de todos os direitos trabalhistas e previdenciários regulares.
NULIDADES TRABALHISTAS, NA TEORIA:- Absoluta: afronta regra de proteção ao trabalho. Pode ser argüida a qualquer
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CAP14A16tempo, por qualquer pessoa - Relativa: atinge direito disponível. Só pode ser argüida no prazoprescricional, pelo interessado
NULIDADES TRABALHISTAS, NA PRÁTICA:- Exceto os inexistentes, todos os atos defeituosos estão sujeitos a prescrição
Capítulo XVIGREVE1. Conceito. 2. Condição. 3. Procedimento e aviso prévio. 4. Meios. 5.Suspensão do contrato de trabalho. 6. Dispensa vedada. 7. Serviçosessenciais. 8. Locaute. 9. Pequeno dicionário da greve.
& 1. ConceitoGreve é a paralisação coletiva, temporária e pacífica da prestação pessoal de serviços ao empregador, com a finalidade de alcançar uma evolução nas condições de trabalho.
& 2. CondiçãoA greve é um direito (1), exercível somente após esgotadas as possibilidades de negociação coletiva e verificada a impossibilidade de recurso à via arbitral.
& 3. Procedimento e aviso prévioA assembléia-geral da entidade sindical delimita as reivindicações e delibera sobrea cessação coletiva do trabalho. É necessário um aviso prévio ao empregador de, nomínimo, 48 horas.Nos serviços essenciais é obrigatória a comunicação ao empregador e aos usuários com 72 horas de antecedência.
& 4. MeiosPodem ser utilizados todos os meios pacíficos para persuadir os trabalhadores a aderir à greve, mas o acesso ao trabalho é livre. Não pode a empresa constranger dequalquer forma o empregado ao trabalho, nem embaraçar a divulgação do movimento.
(1). Arts. 9°, caput, da CF e 1° da L 7.783/89.
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5. Suspensão do contrata de trabalhoDurante a greve lícita o contrato individual de trabalho, em princípio, fica suspenso: não há pagamento de salário. Todavia, as relações obrigacionais, durante o período de paralisação, serão reguladas pelo acordo, convenção, laudo arbitral oudecisão judicial, podendo ficar ajustado até o pagamento dos salários referentes aos dias parados. Nesta hipótese, o contrato será toma-do como interrompido.
& 6. Dispensa vedadaNeste período são vedadas a rescisão do contrato de trabalho e a contratação de trabalhadores substitutos, exceto nos serviços necessários (2) ou se houver abuso do direito de greve.
& 7. Serviços essenciaisNos serviços essenciais (3) os sindicatos, empregados e empregadores ficam obrigados a garantir, de comum acordo, o atendimento das necessidades inadiáveis dacomunidade, assim entendidas aquelas que coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população.Na omissão dos envolvidos na greve, cabe ao Poder Público garantir os serviços essenciais.
& 8. LocauteÉ proibido o locaute, que, se ocorrer, implicará pagamento dos salários referentes ao período de paralisação. 
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CAP14A16(2). L 7.783/89, art. 9°:"Durante a greve, o sindicato ou a comissão de negociação, mediante acordo com a entidade patronal ou diretamente com o empregador, manterá em atividade equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralisação resulte em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos, bem como a manutenção daqueles essenciais à retomada das atividades da empresa quando da cessação do movimento."Parágrafo único. Não havendo acordo, é assegurado ao empregador, enquanto perdurara greve o direito de contratar diretamente os serviços necessários a que se refere este artigo:(3). L 7.783/89, art. 10: "São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de enegia elétrica, gáse combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III -distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários;V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - tele-comunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI - compensação bancária".
GREVE 137
& 9. Pequeno dicionário da greveBoicote: recusa sistemática de relações sociais ou comerciais, obstrução. Deriva donome do capitão inglês Charles C. Boycott, gerente de propriedades na Irlanda, que,por volta de 1880, ao fazer exigências excessivas aos empregados, causou revolta generalizada. Ninguém aceitava mais trabalharpara ele, vender oucomprar seus produtos. Foi obrigado a transferir-se para outra cidade. Se o boicotefor violento, estará caracterizado crime (art. 198 do CP).Greve: do francês grève, praia de areia. Praça às margens do rio Sena, em Paris, onde se reuniam os desempregados. Movimento de paralisação coletiva do trabalho.Greve branca: greve não declarada. Os grevistas comparecem ao trabalho, mas não trabalham ou então diminuem muito o ritmo. O mesmo que greve de "braços caídos" ou de "braços cruzados".Greve de fome: movimento onde os participantes recusam alimentação. Tem o objetivo de pressionar e constranger publicamente a outra parte, por meio da situação aflitiva provocada pela debilitação da própria saúde.Greve de ocupação: os grevistas tomam a fábrica e se recusam a sair. Atenta contra o direito de propriedade e contra a liberdade de trabalho. Em princípio é ilícita. Pode caracterizar crime (art. 202 do CP).Greve de rodízio: a paralisação atinge setores diversos da empresa, em seqüência oualternadamente, impedindo a produção.Greve de solidariedade: os trabalhadores de um setor aderem à paralisação dos trabalhadores de outro setor, para aumentar a importância e o poder do movimento. Greve de uma só pessoa: não é greve, que é movimento coletivo. Pode motivar dispensa por justa causa. Alguns autores exigem a paralisação de pelo menos três pessoas para caracterizar a greve, como faz o parágrafo único do art. 200 do CódigoPenal. 
138 RESUMO DE DIREITO DO TRABALHO
Greve relâmpago: paralisação rápida do trabalho que atinge um setor da empresa ou um ramo da economia. Locaute: do inglês lockout, greve de empregadores. Paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociações ou dificultar o atendimento de reivindicações. É vedada pelo art. 17 da Lei 7.783/89.Ludismo: movimento de operários ingleses para destruição de máquinas, tidas como responsáveis pelo desemprego (1812). Inspirado na atuação do aprendiz Ned Ludd, de Midlands, Inglaterra, que avançou com um martelo contra um tear, após ter sido espancado pelo patrão. Os luddistas tinham por alvo também as casas dos empregadores, chegando a eliminar alguns deles. Militar: ao militar são proibidas a greve e a sindicalização (art. 142, § 3°, IV, da CF).Operação Excesso de Zelo: durante a greve, de forma ostensiva, o cuidado na 
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CAP14A16elaboração dos produtos chega a extremos, prejudicando a produção normal. No funcionalisto público recebe o nome de Operação Padrão. Provocam-se, por exemplo, enormes filas nos postos de fronteira, pela fiscalização exageradamente minuciosa. Operação Tartaruga: diminuição drástica do trabalho, durante uma greve. Processamento lento das atividades.Parede: o mesmo que greve.Piquete: do francês piquet, soldados da guarda avançada. Movimento de frente dos grevistas para persuadir ou aliciar trabalhadores a aderirem à greve. Não havendo constrangimento ou violência, é autorizado por lei (art. 6° da L 7.783/89). Se houver, pode constituir crime (art. 197, I, do CP).Sabotagem: quebra de máquinas e danificação das instalações, nas greves violentas. Deriva do francês sabot, calçado ou tamanco. Para alguns historiadores a sabotagem inspirou-se no movimento de operários franceses que teriam utilizado seus tamancos para quebrar máquinas. Para outros, a tática de sabotagem foi criada na França, em 1910, durante uma greve, quando 
GREVE 139foram arrancadas as sapatas que mantinham os trilhos ferroviários no lugar. Pode caracterizar crime (art. 202 do CP).Serviços essenciais: tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição deenergia elétrica, gás e combustíveis, assistência médica e hospitalar, distribuiçãoe comercialização de medicamentos e alimentos, funerários, transporte coletivo, captação e tratamento de esgoto e lixo, telecomunicações, guarda, uso e controle desubstâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares, processamento de dadosligados a serviços essenciais, controle de tráfego aéreo e compensação bancária.Servidor público civil: o direito de greve será exercido nos termos e limites definidos em lei específica (art. 37, VII, da CF).A norma constitucional tem eficácia limitada, sendo certo que o direito de greve para o servidor público não é exercível enquanto a lei especial não for editada (4). O Decreto 1.480/95 proíbe o abono, a compensação e a contagem dos dias parados, bem como a exoneração dos grevistas que ocupam cargo em comissão e dosque recebem função gratificada. Se responsabilizada judicialmente a Administração por evento decorrente da paralisação, o funcionário grevista será obrigatoriamente denunciado à lide.
(4). JTJ 198/80: "O texto constitucional que assegura ao servidor público odireito de greve (inciso VII do art. 37 da Constituição da República de 1988)não é auto-aplicável, mas sim de eficácia limitada, de eficácia contida, normade caráter programático, sem aplicação imediata, condicionada ao implemento de uma condição, porque depende da edição de lei complementar. Entendimento este unânime tanto na doutrina (Adilson de Abreu Dallari, in Regime Constitucional dos Servidores Públicos, 1990, p. 153; Manoel Gonçalves Ferreira Filho, in Consentáriosà Constituição Brasileira de 1988, v. I/249, Ed. Saraiva 1990; Maria Sylvia ZanellaDi Pietro, in Direito Administrativo, Ed. Atlas, 5° ed., 1995, pp. 369-370; Celso Antônio Bandeira de Mello, in Curso de Direito Administrativo Malheiros Editores, 5° ed., p. 136; ...) como na jurisprudência (RJTJSP ed. Lex, v. 136/385; JTJ, ed. Lex, v. Ib4/84; RT vs. 685/131 701/142, 703/145 RMS n. 2.683-8/SC, rel. Min. Jesus Costa Lima; RMS n. 2.687-5/SC rel. Min. Édson Vidigal; RMS n. 669/PR rel. Min. Geraldo Sobral; RDA v. 194/107), inclusive do Pretório Excelso (ADIn n. 339-9/RJ, DJU n. 147 de 1.8.1991, pp. 7.056-7.057, apud RT v. 703/146). Destarte, sem a edição da lei complementar reclamada pela norma constitucional, sem essa regulamentação infraconstitucional, não pode mesmo o servidor público exercer o direito de greve. Sua realização, ante a ausência da norma complementar a dar eficácia ao texto constitucional, não se justifica, mostrando-se, pois, ilegal". Vale conferir também LTr 58/647-654 (STF, MI 20-4/DF, j. 19.5.1994, rel. Min. Celsode Mello) e RT 701/142.
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