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EXAME FÍSICO GERAL Também chamada de somatoscopia. Denominação dada à análise geral do paciente. Utiliza basicamente a observação do paciente. Composta por diversos elementos que contribuem para o diagnóstico do paciente. Esses elementos são: estado mental, atitude no leito e posições corporais preferenciais, fácies, aparência e higiene, aspecto da pele e das mucosas, estado nutricional, biotipo do paciente, presença de edemas e avaliação do enchimento capilar, presença de cicatrizes, úlceras, escoriações, deformidades ou amputações, dispositivos externos e estado geral. NÍVEIS E QUALIDADE DE CONSCIÊNCIA NÍVEIS DE CONSCIÊNCIA – o paciente pode se encontrar em basicamente 4 estados: Alerta ou vigil (lúcido): acordado, com consciência do mundo exterior e de si mesmo; Sonolento ou letárgico: facilmente despertável a estímulos leves, como um toque ou a fala em voz baixa; Torporoso ou estupor: desperta apenas com estímulos vigorosos e logo volta a dormir – estímulos mais fortes/álgicos; Comatoso: o paciente não responde a qualquer estímulo (estado de inconsciência prolongado). QUALIDADE DE CONSISTÊNCIA – análise de se o paciente responde corretamente a perguntas simples. Orientação temporal: “Que dia é hoje?”, “Em qual ano estamos?”; Orientação espacial: “Onde você está?”, “Qual o país que você vive?”; Entre outras funções cognitivas como memória, linguagem, lógica (pode ser realizado o mini mental test). COOPERAÇÃO E HUMOR Avaliação do grau de cooperação do paciente durante a anamnese – cooperativo, indiferente ou hostil (em relação ao entrevistador). Além de avaliar o estado de humor durante a entrevista – triste, choroso, melancólico, ansioso, irritadiço, histriônico, excitado, tranquilo... POSIÇÃO e ATITUDE NO LEITO Aqui são avaliadas as posições adotadas pelo paciente do ponto de vista estático. Podem ser avaliadas: postura no leito e atitude/decúbito preferencial. POSIÇÃO NO LEITO – a posição preferida pelo paciente no leito pode indicar muito sobre sua patologia. Alguns exemplos são: Ortopneica: associada a dispneia. Paciente prefere ficar sentado e com braços apoiados ao lado para facilitar a respiração – dispneia ao deitar. EX: ICC, asma, DPOC, etc. Genupeitoral (prece maometana): pacientes com doenças relacionadas ao pericárdio. Preferem ficar nessa posição para evitar que a caixa torácica entre em contato com o pericárdio. EX: derrames pericárdicos. Cócoras (squatting): ocorre principalmente em crianças pequenas com cardiopatias congênitas cianóticas. Traz alivio da hipóxia generalizada. Opistótono: contratura em extensão, lateralização e flexão do tronco. EX: tétano, meningite, histeria... Antálgica: causas variadas mas sempre associadas ao alívio de algum tipo de dor ATITUDE NO LEITO – o paciente pode estar ativo (se move livremente, não está restrito ao leito) ou passivo (não se move, restrito ao leito). A atitude passiva pode ser parcial (situação atual e passível de modificação na qual o paciente se encontra – pós operatório) ou total (comatoso, tetraplégico, hemiplégico, FÁCIES Existem diversos tipos de alterações faciais decorrentes de determinadas doenças, uso de medicamentos e etc. Entre elas tem-se: caquética, hipocrática, renal, leonina, adenoideana, parkinsoniana, basedowniana, mixedematosa... Lembrando que fáscies normais são conhecidas como atípicas. CAQUÉTICA – estado nutricional comprometido com desaparecimento da bola de Bichat e afundamento das têmporas. Pode ocorrer em doenças terminais ou doenças como anorexia. HIPOCRÁTICA – olhos fundos, parados e inexpressivos. Nariz afilado e lábios adelgaçados. Palidez cutânea, sudorese facial e discreta cianose. Indica doença grave e estados agônicos (terminais). RENAL – edema palpebral superior e inferior, e palidez cutânea. Típica da Síndrome Nefrótica. Edema por todo o corpo, mas, mais intensificado no rosto. LEONINA – pele espessa, com tuberculomas de tamanhos variados e confluentes. Madarose. Nariz espesso e alargado, Lábios grossos, proeminentes e endurecidos. Deformidade do queixo e das bochechas por nódulos. Típica de hanseníase. ADENOIDEANA – nariz pequeno e afilado, boca entreaberta, dentes expostos e sulconasolabial proeminente. Ocorre em respiradores bucais. Típica de hipertrofia das adenoides. PARKINSONIANA – fisionomia impassível ou ausência de mímica facial semelhante a uma figura de máscara. Cabeça inclinada para frente imobilizada nesta posição, supercílios elevados, fronte enrugada e olhar fixo dando aspecto de espanto. BASEDOWNIANA – pescoço engrossado devido ao bócio (aumento da tireoide), olhos brilhantes, muito abertos e salientes (exoftalmia), impressão de espanto e ansiedade. Típica do hipertireoidismo (doença de Basedow-Graves). MIXEDEMATOSA – edema em toda a face, lábios grossos, palidez cutânea, pele seca e amarelada, boca larga, madarose, cabelos secos. Fisionomia de apatia mental. Típica de hipotireoidismo. ACROMEGÁLICA – saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maças do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior (prognatismo), além do aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas. Típico de acromegalia. CUSHINGÓIDE OU DE LUA CHEIA – rosto redondo, pleotórico, congesto e levemente cianótico. Conjuntiva congestionada acompanhando obesidade central (facial e abdominal). Estrias violáceas. Típica de hiperfunção das suprarrenais ou uso de corticoide. DOWNIANA – olhos oblíquos com prega cutânea (epicanto) que cobre a carúncula lacrimal, tornando os olhos bem distantes. Crânio pequeno (braquicéfalo), rosto arredondado, nariz pequeno, boca entreaberta e orelhas de baixa implantação. Pescoço “alado” e largo. PARALISIA FACIAL PERIFÉRICA – assimetria da face, com repuxamento da boca para o lado são e apagamento do sulco nasolabial. A paralisia é IPSILATERAL à lesão neurológica, que ocorre no nervo facial (VII Par Craniano). Sinal de Bell – elevação do globo ocular ao fechar a pálpebra, esclera exposta. PARALISIA FACIAL CENTRAL – as mesmas alterações, porém apenas no quadrante inferior da face (testa apresenta movimento de ambos os lados). A paralisia é CONTRALATERAL à lesão neurológica, que ocorre ao nível do sistema nervoso central. ESCLERODÉRMICA – pele pouco móvel, fina, inflexível e endurecida. Sulcos verticais perilabiais e microstomia, com dificuldade de abrir a boca. Pele apergaminhada. APARÊNCIA E HIGIENE Deve-se analisar se o paciente está bem vestido, limpo, cabelos penteados e roupas adequadas. Importante observar também o aspecto das unhas do paciente ou se existe alguma aparência sugestiva de doença crônica ou aguda. Por fim, pode-se ver se a idade aparente corresponde à idade cronológica. PELE E MUCOSAS A pele e as mucosas (conjuntiva, lábios e cavidade oral) devem ser julgadas dessa forma: COLORAÇÃO – o paciente pode apresentar palidez (anemia), cianose (periférica e central) e icterícia – podendo todas serem graduadas em até ++++ (quatro cruzes). Palidez / anemia: paciente apresenta esclera e extremidade (principalmente mãos e pés) hipocorados. Cianose: paciente assume tons azulados de pele. Quando central, atinge nariz, lábios e língua. Quando periférica, atinge mãos e pés. Icterícia: pele e mucosas apresentam tons amarelados – a análise deve ser feita principalmente na região da esclera do olho. Além disso, o frênuloda língua também pode ser analisado. HIDRATAÇÃO – deve-se avaliar a umidade da língua e dos lábios, a produção de lágrimas e a tensão do globo ocular. Também pode ser graduada até ++++. O brilho presente nessas mucosas também é muito relevante. ELASTICIDADE E TURGOR DA PELE – a elasticidade pode ser medida através de um “beliscão” na região dorsal da mão, analisando-se em quanto tempo a pele “volta a posição normal”. Além disso, o turgor é medido com um leve pinçar de dedos na região do antebraço (próximo ao cotovelo) – aspecto de “carne suculenta”. FÂNEROS – UNHAS E CABELOS ESTADO DAS UNHAS – espessura (aumentada ou diminuída), superfície (lisa ou rugosa e irregular), coloração (pálidas e cianóticas), formato e limpeza. ESTADO DOS CABELOS – implantação, padrões de alopecias (generalizadas ou localizadas) e aspecto do couro cabeludo (dermatites, psoríase, abaulamentos, cicatrizes). ESTADO NUTRICIONAL Avaliação muito importante do nível de distribuição do peso corpora. O paciente pode estar eutrófico / bom, obeso, obeso mórbido, emagrecido ou caquético. Nesse momento vão ser importantes as medidas de: peso, altura, IMC, circunferência abdominal e do pescoço, e desenvolvimento físico. ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) – é uma medida criada para a classificação dos indivíduos em relação ao risco para doenças, principalmente as cardiovasculares. O cálculo é feito através do peso (kg) dividido pelo altura (metros) ao cubo (resultado kg/m2). Porém, esse cálculo fica comprometido por não levar em consideração a circunferência abdominal e os biótipos. CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL – homens até 102 cm (gordura em excesso tende a se armazenar na região abdominal – tipo andróide) e mulheres até 88 cm (acúmulo de gordura predomina nos quadris e coxa – tipo genóide). SINAIS DE DESNUTRIÇÃO – emagrecimento, proeminências ósseas evidentes (ossos malares, clavículas, costelas), perda de massa muscular e gordura subcutânea, pele com menos elasticidade, unhas quebradiças, língua despapilada, lábios “rachados”. BIOTIPO ENDOMORFO / BREVILÍNEO – membros proporcionalmente curtos em relação ao tronco, quadris e pescoço mais alargados. Ângulo de Charpy maior que 90°. MESOMORFO / NORMOLÍNEO – proporções “mediadas” entre os segmentos corporais. Ângulo de Charpy aproximadamente 90°. ECTOMORFO / LONGILÍNEO – membros alongados, quadris mais estreitos, pescoço fino e alongado. Ângulo de Charpy menor que 90°. EDEMA Deve-se avaliar a localização, simetria, tamanho (+ a ++++), associação a sinais flogísticos (dor, rubor e calor) e textura (endurecido, mole). Ascite, linfedema, edemas por alergias... CIRCULAÇÃO COLATERAL Quando não há retorno venoso adequado, os vasos ficam sobrecarregados. Varizes são circulação colateral. Vasos com muito sangue pois há algum problema de circulação. Cabeça de medula, cava superior, cava inferior e porto cava. Observado do tórax e abdome. CAVA SUPERIOR – obstrução ao fluxo de sangue venoso através da veia cava superior (VCS). Gera dilatação das veias do pescoço, pletora facial, edema de membros superiores, cianose, cefaleia, dispneia, tosse, edema de membro superior, ortopneia e disfagia. Sintomas de edema pioram ao paciente se deitar. Pode acompanhar neoplasia maligna. CAVA INFERIOR – veias tortuosas e dilatadas a partir do epigástrio. Também pode ter sua causa na obstrução da veia cava inferior através de tumor maligno. Paciente pode apresentar dispneia com diminuição do retorno venoso – sobrecarga hídrica e edema. PORTO CAVA – interação entre a resistência vascular e o fluxo sanguíneo na região portal (gera uma hipertensão portal) – aumento da resistência vascular. Pode apresentar esplenomegalia, circulação colateral com varizes de esôfago e varizes ectópicas, ascite, baqueteamento de dedos, taquipneia e dispneia aos esforços. LESÕES, CICATRIZES, DEFORMIDADES E DISPOSITIVOS EXTERNOS Todos esses precisam ser analisados e observados. Alguns exemplos de dispositivos internos são: acesso venoso, acesso vesicular, fixador externo, acesso subclávio, sonda nasogástrica ou nasoenteral... ESTADO GERAL Avaliação subjetiva com base na experiência clínica. Engloba nutrição, higiene, aparência e modo do paciente – quase todos os tópicos anteriores. A classificação pode ser em: Bom estado geral; Regular estado geral; Mau estado geral; Grave estado geral.
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