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Endometriose 1 🐸 Endometriose 02/09/2021 - Mariana M. de Almeida DEFINIÇÃO Doença inflamatória benigna provocada por células do endométrio (tecido que reveste o útero) que, em vez de serem expelidas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. É crônica e estrogênio-dependente, ou seja, o crescimento das lesões se altera dependendo do grau de atividade estrogênica da paciente. EPIDEMIOLOGIA Apresenta incidência estimada de 10-15% Pode acometer até 25% das mulheres com infertilidade Endometriose 2 Além das repercussões econômicas (afastamento do trabalho, queda da produtividade), as pacientes afetadas têm 20% mais chance de apresentar infertilidade. É, atualmente, a principal causa ginecológica de dor pélvica crônica em mulheres. ETIOLOGIA Existem algumas teorias que tentam explicar a etiologia da doença. Contudo, nenhuma consegue, isoladamente, esclarecer todos os aspectos. TEORIA DA MENSTRUAÇÃO RETRÓGRADA: sugere que a endometriose resultaria da implantação pélvica de células endometriais viáveis e que estas seriam disseminadas pela cavidade peritoneal através de uma menstruação retrógada. *** Menstruação retrógrada é quando a mucosa uterina (endométrio) flui para trás através das trompas de Falópio no abdômen, em vez de deixar o corpo como um período de tecido menstrual. TEORIA DA METAPLASIA CELÔMICA: diz que células indiferenciadas, totipotentes, sofreriam transformações, estimuladas por fatores irritativos - um dos quais poderia ser o sangue - e desenvolveriam tecido endometriótico. TEORIA MULLERIANA: alega que remanescentes dos ductos de Müller se transformariam em focos de tecido endometrial por resposta à ação estrogênica. *** Ductos de Müller, também conhecidos por ductos paramesonéfricos, são estruturas que estão presentes no embrião e que dão origem a genitais internos femininos, caso se trate de uma menina ou permanecem na sua forma vestigial, caso se trate de um menino. METÁSTASE LINFOVASCULAR: propõe que células endometriais viáveis são enviadas a sítios distantes e desenvolvem focos endometrióticos nestes locais. TEORIA DAS CÉLULAS TRONCO: graças a presença de células tronco ativas em focos endometriais, alega que estas teriam um possível papel na origem dos focos de tecido endometrial ectópico. QUADRO CLÍNICO Mulheres portadoras de endometriose têm como principais sintomas Endometriose 3 Dismenorréia (principal sintoma) Dor em focos endometrióticos ou também em outros órgãos afetados pela endometriose como disúria, polaciúria. Dispareunia profunda Infertilidade EXAME GINECOLÓGICO O exame deve ser feito preferencialmente perto da menstruação, inicia-se com a inspeção da vulva onde podem ser observados focos da doença. No exame especular pode-se visualizar no colo uterino desde pequenos focos até endometriomas. O toque vaginal unidigital é utilizado para localizar com precisão o local da dor referida em queixas sugestivas de endometriose pélvica profunda e de septo retovaginal. O toque retal deve complementar o vaginal para confirmar a existência de nodulações na escavação reto-uterina e de espessamento entre o reto e a parede vaginal. DIAGNÓSTICO O exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado pelos seguintes exames laboratoriais e de imagem: Videolaparoscopia - é o mais eficiente, além de diagnosticar as mais variadas lesões permite estadiar a doença e realizar biópsias das lesões USG pélvica e transvaginal - são úteis para o diagnóstico dos endometriomas ovarianos e das lesões de septo retovaginal e pélvicas profundas Ressonância magnética - tem papel importante na endometriose grave, principalmente em localizações pélvicas profundas, principalmente em localizações pélvicas profundas e de septo retovaginal Marcador tumoral CA-125 - se altera nos casos mais avançados da doença (porém não é patognomônico) Biópsia Endometriose 4 CLASSIFICAÇÃO I: mínima II: leve III: moderada IV: grave COMPLICAÇÕES Qualquer órgão da pelve (na cavidade abdominal, bacia) pode ser acometido. A instalação da doença nos ovários pode provocar o aparecimento de um cisto denominado endometrioma. Este cisto pode atingir grandes proporções e comprometer o futuro reprodutivo da mulher. Outros órgãos também podem ser acometidos, como: parte do intestino grosso (reto e sigmóide), bexiga, apêndice e vagina. TRATAMENTO A endometriose é uma doença crônica que regride espontaneamente com a menopausa, em razão da queda na produção dos hormônios femininos e fim das menstruações. Mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos que suspendem a menstruação, no entanto, lesões maiores de endometriose, em geral, devem ser retiradas cirurgicamente. Quando a mulher já teve filhos, a remoção dos ovários e do útero pode ser uma alternativa de tratamento. Anticoncepcionais orais Supressores de função ovariana: análogos de GnRH, progestógenos Cirúrgico (laparoscópico) Cirúrgico conservador - objetivo desse tratamento é retirar a maior quantidade de tecido endometriótico possível, preservando ao máximo a integridade ovariana e reprodutiva Combinado (cirurgia + medicamento) - a proposta do tratamento visa melhorar o sucesso ou facilitar o procedimento cirúrgico