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Hipoglicemia: Definição, Epidemiologia e Tratamento

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Sabrina B 
 
 
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Definição e 
Epidemiologia 
A hipoglicemia é caracterizada por um 
nível baixo de glicose no sangue, 
geralmente abaixo de 70 mg/dl. É um 
problema clínico comum em pacientes que 
estão em tratamento para diabetes 
mellitus, pois fazem uso de 
hipoglicemiantes. 
 
Contudo a sua incidência na população 
não diabética é também significativa, 
podendo ser causada pela exposição a 
outros tipos de fármacos, ingesta 
excessiva de álcool ou por outros tipos de 
disfunções como o insulinoma, sepse, 
cirurgia gástrica, doenças metabólicas 
hereditárias e outras situações. 
Independentemente da causa da 
hipoglicemia, o diagnóstico geralmente 
pode ser estabelecido facilmente através 
dos níveis de glicemia capilar no momento 
em que o quadro se estabelece, se tal 
evento for presenciado em unidade de 
saúde. 
Fisiopatologia da 
hipoglicemia 
Alguns tecidos do corpo humano 
dependem da glicose para seu 
funcionamento, dentre eles o sistema 
nervoso central (SNC), retina, a medula 
renal e os elementos figurados do sangue. 
Em condições fisiológicas a glicose é o 
principal substrato energético do SNC, 
não sendo este capaz de sintetizar ou 
armazenar glicose em quantidades 
suficientes para subsistir além de alguns 
minutos quando privado da glicose. 
A glicose é utilizada como substrato 
energético para os tecidos através de 3 
fontes possíveis: a absorção intestinal, a 
glicogenólise e a gliconeogênese. Os 
níveis de glicose são mantidos constantes, 
geralmente entre os 70 e 110 mg/dl, exceto 
por mudanças agudas em estado pós-
prandial ou de jejum. Isso ocorre graças a 
um sistema de controle neuro-hormonal 
que impede grandes variações nos níveis 
de glicose. 
A hipoglicemia indica que a glicose 
consumida pelos tecidos está sendo 
superior às concentrações plasmáticas. 
Esse desbalanço pode ser resultado de um 
Hipoglicemia 
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consumo excessivo de glicose (exercício 
físico ou a um aumento das perdas 
externas), ou pode resultar de um aporte 
inadequado de glicose (produção 
endógena insuficiente ou estados de jejum 
prolongado). 
A classificação mais utilizada é a que 
divide as hipoglicemias em duas 
categorias: a de jejum e a pós-prandial. A 
de jejum pode resultar da administração de 
fármacos hipoglicemiantes ou outras 
drogas, insuficiência hepática ou renal, 
sepse, entre outras causas. A pós-prandial 
pode ser causada por síndrome de 
hipoglicemia pancreatogênica não 
insulinoma (NIPHS), hipoglicemia pós-
bypass gástrico e hipoglicemia autoimune 
à insulina. 
Quadro clínico de 
hipoglicemia 
Os sintomas de hipoglicemia são 
inespecíficos. A hipoglicemia causa 
sintomas autonômicos e 
neuroglicopênicos. Os sintomas 
autonômicos incluem tremores, 
palpitações e ansiedade/excitação, 
sudorese, fome e parestesias. Os sintomas 
neuroglicopênicos incluem fraqueza 
generalizada, sonolência ou alteração do 
nível de consciência e tontura. 
Ao exame físico, os principais sinais 
encontrados são diaforese e palidez. A 
frequência cardíaca e a pressão arterial 
sistólica podem aumentar, mas 
discretamente. É comum também 
observar alterações cognitivas e 
psicomotoras nesses pacientes. 
Ocasionalmente, ocorrem déficits 
neurológicos transitórios, mas o dano 
neurológico permanente é raro. 
O principal achado laboratorial é a própria 
hipoglicemia plasmática, que no início dos 
sintomas em pacientes não diabéticos 
ocorre com níveis de glicose abaixo de 55 
mg/dL, embora o valor específico varie 
entre os indivíduos. Já em pacientes com 
diabetes, o início dos sintomas de 
hipoglicemia pode ocorrer com níveis de 
glicose menores que 65 mg / dL. 
A grande maioria dos episódios de 
hipoglicemia ocorre em pacientes 
diabéticos na sequência da utilização de 
fármacos como a insulina, as 
sulfonilureias e outros secretagogos, ou 
então na sequência da utilização de álcool. 
A combinação de medicações 
hipoglicemiantes com o álcool torna o 
quadro clínico drasticamente mais 
perigoso. 
Diagnóstico de 
hipoglicemia 
Embora os sintomas autonômicos e 
neuroglicopênicos, associados a baixa 
concentração de glicose plasmática, 
possam ser altamente sugestivos de 
hipoglicemia, eles não confirmam o 
diagnóstico. No entanto, se o paciente 
melhorar após os níveis plasmáticos de 
glicose se normalizarem, a hipoglicemia 
se torna a suspeita diagnóstica principal. 
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A associação de sinais e sintomas 
consistentes com hipoglicemia, 
concentração de glicose plasmática baixa 
e resolução da síndrome com o aumento 
da glicose plasmática após administração 
de glicose ou glucagon foi descrita por 
Whipple em 1938, e leva seu nome, tríade 
de Whipple. Essa abordagem é a melhor e 
mais sólida em evidência para o 
diagnóstico de hipoglicemia. 
Tratamento da 
hipoglicemia 
Tendo em conta a vulnerabilidade do SNC 
à hipoglicemia prolongada, a glicemia 
plasmática deverá ser aumentada assim 
que possível para níveis normais, e uma 
possível recorrência de hipoglicemia 
deverá ser evitada. 
Se não houver sintomas 
neuroglicopênicos que contraindicam, o 
tratamento deve ser feito com 15 a 20 g de 
glicose por via oral, preferencialmente na 
forma líquida por ser de mais rápida 
absorção. As opções são comprimidos 
orais de glicose, suco, leite, outros lanches 
ou uma refeição. Os pacientes devem 
testar novamente a glicose após 15 
minutos e avaliar o uso de glicose 
endovenosa se a hipoglicemia não 
melhorar. 
Se o paciente apresentar alteração do nível 
de consciência e glicemia <70 mg/dl, um 
acesso intravenoso deve ser estabelecido e 
ele deverá receber terapêutica endovenosa 
com glicose 50%. 
A hipoglicemia pós-prandial normalmente 
não requer um tratamento urgente, pois 
são quadro autolimitados e medidas 
preventivas como refeições ligeiras e 
frequentes ao longo do dia ajudam a não 
terem recorrência do quadro. 
Ao contrário de hipoglicemia pós-
prandial, a hipoglicemia de jejum requer 
tratamento durante a apresentação de 
sintomas, além de uma terapia adequada e 
duradoura, tendo em conta o processo 
fisiopatológico subjacente. 
Em pacientes diabéticos que fazem uso de 
hipoglicemiantes a resposta glicêmica à 
glicose intravenosa é transitória. Portanto, 
o tratamento inicial eficaz da hipoglicemia 
muitas vezes precisa ser seguido por uma 
infusão contínua de glicose (ou alimentos, 
se o paciente puder comer). O tratamento 
e a disposição adicionais variam 
dependendo da classe de agente que 
causou a toxicidade e da gravidade dos 
sintomas.

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