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Currículo Teoria e Prática 4

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- -1
CURRÍCULO: TEORIA E PRÁTICA
CENÁRIOS FORMATIVOS DO MUNDO ATUAL 
E ETNOEDUCAÇÃO. A PRÁXIS EDUCATIVA E 
SEUS SIGNIFICADOS
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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Ressignificar o papel da escola e do conhecimento escolar no mundo contemporâneo;
2. analisar as contribuições das teorias críticas e pós-críticas na busca de um novo olhar sobre as diferentes
configurações sociais e culturais presentes na sociedade pós-modernas;
3. conhecer os pressupostos da abordagem multiculturalista e suas implicações para a prática educativa;
4. refletir sobre os processos de aprendizagem em diferentes cenários formativos e suas relações com o currículo.
Não há aprendizagem sem abertura. Ter uma mente aberta é ter escolhas. Respeitar o tempo de aprendizagem é
um ato de amor e fé. Ninguém aprende só mas em contato com o outro. Aceite e compartilhe experiências e
conhecimento. Escutar a si e os outros cria laços de cumplicidade. Não tenha medo de sentir o outro. Experiencie
a liberdade de ousar o novo. Se uma e partilhe a liberdade do aprendizado. Com liberdade e em conjunto
crescemos e superamos as dificuldades. Somos o espaço que habitamos e o tempo que vivemos. Desejos de
mudanças são flechas de luz. Abra sua mente para o voar rumo ao novo é desconhecido. Abandone conceitos
antigos e dance com a liberdade. Traga o velho para se unir ao novo e se torne uno. Sem medo de se unir ao
desconhecido. Caminhe e experiencie novos sentidos. Se curve ao novo e a força que ele tem para mudar. Se alie
com a força do novo e evolua. Ninguém constrói caminhos para estar isolado.
Vimos, nas aulas anteriores, os diversos pensamentos que influenciaram e constituíram as abordagens
tradicionais e críticas sobre o currículo. Analisamos como as ideias desse campo foram se confrontando,
complementando, dialogando e em que terreno surgem as ideias que darão sustentação às novas abordagens.
Agora, estudaremos os eixos centrais do pensamento pós-crítico, procurando compreender os principais
conceitos teóricos que sustentam essa nova maneira de entender o currículo.
1 Pilares do pensamento pós-crítico: inaugurando novos 
olhares
Para entendermos melhor como surgiu o pensamento pós-crítico, é importante analisar o contexto no qual se
insere: os "tempos pós". Tempos de contrastes sociais bastante intensos, fruto da acumulação de capital, da
lógica do consumo e do mercado, dos grandes monopólios. Tempos de contradições. Mundo global, no qual há,
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simultaneamente, um processo de pasteurização e homogeneização das múltiplas expressões culturais e,
também, um processo de emergência ou evidência destas diversidades.
Mundo no qual há a prevalência de determinadas significações, de determinadas visões de mundo, de culturas,
que são veiculadas e assumidas como únicas pelos diferentes meios de comunicação e informação. Tempos nos
quais a Internet, a TV, o Cinema, o Rádio, as Mídias impressas modelam modos de se vestir, de cantar, de
apreciar, de ler o mundo, de ser no mundo. Paradoxalmente, através destes e de outros meios, os grupos
dominados também abrem novos canais de expressão, começam a reivindicar vez e voz, manifestam-se.
2 Do Modernismo ao Pós-modernismo
Segundo Silva (2004), a educação como conhecemos hoje em dia é moderna, por excelência.
Não nos referimos aqui ao conceito de “moderno” mais usual, relacionado à ideia de atual, inovador. Quando nos
referimos à escola “moderna” estamos nos referindo ao que há do pensamento moderno na instituição escolar e,
é claro, no currículo. Mas será que a modernidade é tão evidente ou ela se “esconde” nos discursos e nas práticas
curriculares, nos atos de currículo?
Mas o que há de modernidade na educação e na escola?
Algumas questões podem nos ajudar a refletir e entender como a modernidade se expressa no cotidiano da
escola:
Por que há mais aulas de matemática do que de artes?
Por que, em geral, os livros didáticos são mais valorizados do que produções de autoria dos professores?
Onde se sustentam as ideias de “certo” e “errado” tão presentes no contexto escolar?
Todos os alunos devem aprender as mesmas coisas, do mesmo modo, no mesmo tempo?
Que cultura está mais presente e vale mais nos conteúdos curriculares da História, da Música, das Artes, da
Geografia, das Ciências Naturais, da Língua Portuguesa/Literatura: a da classe dominante ou da dominada?
Quem já não ouviu dizer que “quem faz a escola é o aluno” ou “com a família que tem, só podia dar nisso...”?
Poderíamos enumerar dezenas de questões que nos remetem a alguns paradigmas do pensamento moderno
presentes na escola, dos quais destacamos as ideias:
Ciência como única e verdadeira expressão do conhecimento;
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Padronização e
universalização
concepção de um modelo ideal de indivíduo;
Liberdade e
igualdade
como mérito individual e, consequentemente, a ideia de autonomia.
A escola é moderna porque “seu objetivo consiste em transmitir o conhecimento científico, em formar um ser
humano supostamente racional e autônomo e em moldar o cidadão e a cidadã da moderna democracia
representativa. É através desse sujeito racional, autônomo e democrático que se pode chegar ao ideal moderno
de uma sociedade racional, progressista, moderna.” (SILVA, 2004, p. 111-112).
Assim, a escola revela o pensamento moderno tanto no currículo mais visível, como no currículo oculto, quando
privilegia um modelo de sujeito, uma cultura, quando coloca em polos opostos o saber popular e o saber
científico, quando atribui unicamente aos alunos, e às suas famílias e grupo social, o sucesso e fracasso escolar,
tendo como fundamento um padrão de comportamento, de cultura, de visão de mundo.
A escola é “moderna” e esta modernidade é colocada sob suspeita pelo pensamento pós-moderno.
Para Silva (2004, p. 111), “o pós-modernismo não representa, entretanto, uma teoria coerente, unificada, mas
um conjunto variado de perspectivas, abrangendo uma diversidade de campos intelectuais, políticos, estéticos,
epistemológicos.”
• Definição do pós-modernismo
O pós-modernismo define-se relativamente a uma mudança de época, a um tempo histórico que sucede o
modernismo, que se inicia em meados do século XX.
• Pensamento do pós-modernismo
Por isso mesmo, o pensamento pós-moderno é multifacetado, amplo e complexo, não se restringe a uma
área de conhecimento ou a determinados teóricos. Abarca distintos objetos de estudo e preocupações. O
que as formulações que configuram o pensamento pós-moderno têm em comum é a crítica aos princípios
da Modernidade, época histórica que o antecedeu.
• Principais críticas que o Pós-modernismo à Modernidade
Vamos analisar quais as principais críticas que o Pós-modernismo faz à Modernidade e conhecer alguns
de seus pressupostos. Segundo Silva (2004), o pensamento pós-moderno coloca em dúvida, dentre
outros aspectos:
•
•
•
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- As ideias iluministas de razão e racionalidade;
- A noção de progresso e as verdades absolutas e inquestionáveis sustentadas pelo positivismo científico;
As pretensões totalizantes de saber, a generalização e a universalização, que são fruto da ânsia pela
ordem e pelo controle e da tentativa de elaborar explicações abrangentes que possam reunir em um
único sistema a compreensão total da estrutura e do funcionamento do universo e do mundo social, isto
é, as "grandes narrativas";
- Os cânones do Classicismo e noções de pureza, abstração e funcionalidade que caracterizam o
modernismo na literatura e nas artes;
- A noção humanista de que há características essenciais e comuns aos seres humanos e que servem de
base para a construção da sociedade, pois ela reforça a ideia de universalidade, de homogeneização, de
busca de um modelo único e ideal de sujeito e não considera os aspectos sócio-históricos e culturais;
- O pressuposto de que o sujeito é unitário, isto é, sem divisões e contradições, de que ele é soberano,
autônomo, racional e o centro da ação social, dotado de poder de ação e decisão;
- Para os pós-modernistas,estes princípios modernistas dão sustentação às sociedades totalitárias, às
relações de exploração e dominação, seja pelas estruturas estatais ou pelas estruturas organizacionais
das empresas capitalistas.
A escola, uma das principais instituições através da qual os princípios modernistas são veiculados e
corporificados através do currículo, também é posta sob suspeita.
O pensamento pós-moderno coloca em questão a herança modernista presente na escola e expressa pelo
currículo linear, sequencial, estático, segmentado em disciplinas, que privilegia uma cultura como a única
cultura, que supervaloriza o conhecimento científico em detrimento do conhecimento cotidiano, pois esta
herança não mais responde aos desafios da contemporaneidade, dos tempos pós.
Em síntese, as ideias pós-modernistas estão presentes no pensamento pós-crítico do currículo através da crítica
contundente aos princípios modernistas presentes na prática educativa, que tornam o currículo um importante
instrumento de dominação e exclusão dos indivíduos e grupos, em diferentes aspectos, “cientificamente”
validados e, por isso mesmo, nem sempre visíveis e questionados.
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3 Do Estruturalismo ao Pós-estruturalismo:
Segundo Silva (2004), o pós-estruturalismo trata-se de uma “categoria bastante ambígua e indefinida, servindo
para classificar um número sempre variável de autores e autoras, bem como uma série também variável de
teorias e perspectivas.”
Para o autor, esta multiplicidade de abordagens inclui, invariavelmente, filósofos como Foucault e Derrida, mas
também pode incluir, segundo alguns analistas, Deleuze, Guatarri, Kristeva, Lacan, entre outros, perpassando
diversos campos, como a Linguística, a Teoria Literária, a Antropologia, a Filosofia e a Psicanálise.
Há também divergência quanto à base epistemológica desta categoria descritiva, que para alguns se origina no
pensamento de Ferdinand Saussure e para outros no pensamento de Nietzche e Heiddeger.
O que estas abordagens pós-estruturalistas têm em comum é a crítica aos princípios modernistas. Se, por um
lado, os modernistas acreditavam que o homem era o centro da ação social, capaz de, com sua soberania e
autonomia, pensar, falar, produzir, os pós-estruturalistas defendem justo o contrário: que o homem é pensado, é
falado, é produzido (SILVA, 2004). Para os modernistas, o homem não dirige suas ações, ele é dirigido pelas
estruturas, pelas instituições, pelo discurso.
Embora Foucault rejeite ser categorizado como “pós-estruturalista”, podemos situar seu trabalho e seu
pensamento como um pilar desta vertente teórica. Foucault viveu e produziu grande parte de sua obra numa
época em que o pensamento marxista tinha grande importância e influência nas produções acadêmicas dos
diversos campos do conhecimento.
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O conceito de poder na perspectiva marxista foi um dos focos de sua crítica. Dentre as principais contribuições
deste pensador para a reflexão pós-estruturalista, podemos ressaltar o “deslocamento” que Foucault faz do
conceito de poder. Ele desestabiliza os axiomas e paradigmas marxistas de poder, segundo os quais o poder
estava atrelado às relações econômicas e de classe, ao defender a ideia de que ele não é tão fixo nem estável
como pensavam os marxistas.
Nestes tempos pós, pensar a vida social é, inerentemente, pensar os processos culturais, a cultura, pois é em
torno dela e através dela que gira a vida social. A cultura é o centro do cenário social contemporâneo e tem sido
enfatizada por autores de diferentes enfoques e campos do saber, passando a ser objeto de estudo de diferentes
áreas e abrindo a possibilidade de estudos inter e transdisciplinares.
Não por acaso, a abordagem multicultural do currículo surge nos Estados Unidos, com Peter McLaren, num
momento em que lá se concentrava hegemonicamente o poder econômico. Um país que, como outros países
ricos, atraiu para si um enorme fluxo migratório, em função da demanda por mão de obra e, consequentemente,
no qual passou a coexistir uma diversidade de grupos raciais e étnicos.
Segundo Silva (2004), podemos entender o movimento multicultural de duas formas distintas e ambíguas:
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Como um movimento legítimo de reivindicação dos grupos culturais dominados, principalmente nos Estados
Unidos, com o objetivo de terem suas culturas representadas e reconhecidas na cultura nacional;
No cenário multicultural e diverso da sociedade americana do final do século, o multiculturalismo emergiu como
expressão da resistência de grupos culturalmente subalternizados – mulheres, negros/as, os/as homossexuais –
à tendência homogeneizante do currículo universitário tradicional, no qual eram privilegiados os valores e
representações da cultura dominante – branca, masculina, europeia, heterossexual – expressos através dos seus
cânones literários, estéticos e científicos e transmitidos como universais, difundindo como “a cultura” o que era
apenas uma cultura particular, de um grupo particular. Para esses grupos, o currículo universitário deveria ser
múltiplo, multifacetado, incluindo a contribuição das diversas culturas, em particular as culturas dominadas
(SILVA, 2004).
Esses movimentos do multiculturalismo, assim como outros movimentos de resistência que começam a surgir
em diferentes lugares, passam a ser um dos fatores que impulsionam os estudos culturais nos Estados Unidos, na
Europa, América Latina, assim como em outros locais. Conheça agora estes estudos antropológicos.
3.1 Estudos Antropológicos - a Etnografia
Os estudos antropológicos, em particular a etnografia, também têm um papel importante na centralidade que a
cultura e a diversidade cultural passam a assumir nos diferentes campos do saber. Os estudos etnográficos
imprimem um olhar relativizador sobre as diferenças étnicas e culturais, colocando em questão as análises que
as categorizam como "primitivas", "exóticas" ou "estranhas", a partir de um ponto de vista etnocêntrico (que
privilegia uma etnia, considerando-a como única e soberana) e sociocêntrico (que privilegia um modelo de
sociedade, considerando-o como único e soberano).
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3.2 Manifestações Culturais
Tendo como interesse principal compreender as manifestações culturais dos diferentes grupos sociais, os
estudos etnográficos contribuíram para problematizar a ideia de que a cultura dominante deveria ser o ponto de
referência para a análise das demais culturas, promovendo uma ruptura com o conceito de cultura vigente.
3.3 Etnografia e os Estudos Culturais
A etnografia foi fundamental para os Estudos Culturais, que têm início na década de 60, na universidade de
Birmingham, na Inglaterra, sendo Raymond Williams um dos teóricos e pesquisadores de maior destaque nesta
abordagem. As pesquisas desenvolvidas no Centro de Estudos Culturais Contemporâneos partem da concepção
de cultura desenvolvida por Williams, entendida como o "modo de vida global, como experiência vivida de
qualquer grupo humano" (SILVA, 2004). Sua abordagem contrapõe-se à ideia elitista e burguesa de cultura,
relacionada às "grandes obras" da literatura e das artes, na qual a cultura das classes dominantes era assumida
como única, como "a cultura".
3.4 Diferentes perspectivas dos Estudos Antropológicos
Esta nova forma de conceber a cultura foi um marco teórico fundamental para os estudos culturais que viriam a
ser desenvolvidos e difundidos posteriormente, em diversos países, cujos enfoques passariam a se diversificar,
configurando diferentes perspectivas: estudos relacionados a questões de classe, gênero, raça, etnia, sexualidade,
religião, nacionalidade, além de análises mais gerais sobre as diferentes instâncias de produção e veiculação
cultural na sociedade contemporânea: televisão, cinema, rádio, Internet, museus, publicidade, literatura em
geral, turismo, ciência escola entre outras.
Os estudos culturais desenvolvidos em Birminghan podem ser divididos em duas vertentes teóricas: a marxista
(também denominada de materialista) e a pós-estruturalista.
3.5Estudos Culturais de Vertente Marxista
A vertente marxista, marcadamente influenciada pelas obras de Althusser e Gramsci e apoiada nos conceitos de
ideologia e hegemonia, busca compreender como os determinantes econômicos-estruturais produzem
diferenças e desigualdades sociais e, consequentemente, diferenças culturais. As pesquisas desta vertente são,
em geral, estudos sociológicos, etnográficos, voltados para a análise das subculturas urbanas.
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3.6 Estudos Culturais de Vertente Pós-estruturalista
A vertente pós-estruturalista, tendo por base de sustentação as formulações de Foucault e Derrida, procura
analisar como a linguagem e os discursos produzem identidades e subjetividades, isto é, como os processos
culturais são construídos socialmente através de significados sociais. As pesquisas culturais, nesta perspectiva,
têm como objeto de estudo os "textos" sociais, sejam eles produções dos grupos subordinados ou dos grupos
dominantes, que se hibridizam nas interações sociais e se manifestam através das diferentes instâncias de
produção cultural (conhecimento cotidiano, cultura de massa, conhecimento escolar) evidenciando o
apagamento de suas fronteiras.
3.7 Contribuição desses Estudos Culturais
Mesmo pautados em pressupostos teóricos distintos, estes estudos contribuem para uma compreensão mais
ampla de cultura, entendida não só como cultura dominante, mas como um território no qual convivem, em meio
a tensões e conflitos, diferentes "textos" sociais. Cultura vista como um campo, no sentido bourdieusiano, onde
se travam lutas de representações, no qual os diversos grupos buscam impor e validar suas visões de mundo.
Cultura vista como artefato cultural que forja identidades e subjetividades. Através desses processos culturais,
das representações que são construídas socialmente, veiculadas, naturalizadas, passamos a ver o mundo, a ver
os outros, a nos ver. Os estudos culturais nos possibilitam enxergar que o que enxergamos é uma invenção, uma
construção social e histórica, pautada nas conexões entre cultura, significação, identidade e poder. Promovem
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um olhar crítico sobre a cultura, nos instrumentalizando para o desvelamento da origem sócio-histórica das
representações culturais que foram se naturalizando, e se impondo como verdades, nas diferentes instâncias da
produção e veiculação cultural. (MACEDO, 2007)
Os diferentes aspectos envolvidos no debate sobre o multiculturalismo, movimentos e identidades sociais
colocam muitos e importantes desafios e oportunidades para a escola e para o currículo. Um exemplo do que
deve ser incorporado ao processo de reflexão pedagógica diz respeito à perspectiva crítica desenvolvida quanto
ao etnocentrismo e ao racismo presentes na prática educativa, através dos atos do currículo.
Também apontam para a necessidade de se pensar com seriedade numa perspectiva etnoeducativa, entendida
como “desdobramento da dimensão político–pedagógica da diversidade cultural e como uma resposta de
ideólogos dos movimentos sociais e intelectuais comprometidos com as políticas antirracistas” (MIRANDA, 2011,
p.4)
A abordagem pós-crítica do currículo, na qual se inserem as contribuições do pensamento pós-modernista, os
estudos pós-estruturalistas e multiculturalistas, nos instiga a refletir sobre outros aspectos implicados na
relação entre conhecimento, cultura e poder, que nos levam a pensar sobre alguns pontos que antes eram
negligenciados.
• De que forma a seleção e a organização dos conteúdos curriculares têm lidado com as
diferenças?
• Como os diferentes grupos sociais, raciais e étnicos são contemplados e representados no
currículo?
• Como a cultura de massa se expressa na cultura escolar?
• Que lugar os conhecimentos cotidianos, sejam dos alunos ou professores ou de outros atores
sociais, vem ocupando no contexto escolar?
Estas e outras questões serão aprofundadas na próxima aula, quando estudaremos mais detalhadamente os atos
de currículo numa perspectiva pós-crítica.
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• Distinções entre a abordagem multicultural e intercultural;
• os "atos de currículo" – conceituação e reflexões sobre o seu papel na prática escolar;
• conexões entre os “atos de currículo” e as abordagens multiculturais e interculturais.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisou o contexto sócio-histórico e cultural da contemporaneidade, estabelecendo relações entre as 
características dos tempos pós-modernos e o surgimento das teorias pós-críticas de currículo;
• situou historicamente as abordagens pós-estruturalistas e multiculturais no contexto do pensamento 
pós-moderno, identificando suas contribuições para a ampliação do olhar sobre o currículo e para o 
entendimento das relações entre saber, cultura e poder;
• analisou os pontos de convergência e divergência entre as teorias críticas e teorias pós-críticas e seu 
papel no entendimento e enfrentamento dos desafios da sociedade contemporânea.
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	Olá!
	
	1 Pilares do pensamento pós-crítico: inaugurando novos olhares
	2 Do Modernismo ao Pós-modernismo
	Definição do pós-modernismo
	Pensamento do pós-modernismo
	Principais críticas que o Pós-modernismo à Modernidade
	3 Do Estruturalismo ao Pós-estruturalismo:
	3.1 Estudos Antropológicos - a Etnografia
	3.2 Manifestações Culturais
	3.3 Etnografia e os Estudos Culturais
	3.4 Diferentes perspectivas dos Estudos Antropológicos
	3.5 Estudos Culturais de Vertente Marxista
	3.6 Estudos Culturais de Vertente Pós-estruturalista
	3.7 Contribuição desses Estudos Culturais
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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