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Aula 2.1 – Emancipação Humana por Meio do Trabalho.
Fundamentos Antropológico da Constituição do Ser Social e das Relações da Sociedade Contemporânea
Trabalho: Atividade Sensível do ser social. Roberto da Matta, a partir do olhar antropológico, descreve que a visão social do trabalho se apresenta como um plano em que o sujeito é capaz de formar-se de si próprio. 
A antropologia na busca pela essência humana, procura desvelar o lugar do homem no universo, a sua origem e o seu destino. A necessidade de transformação do destino humano transforma a natureza por meio de trabalho. Possui identidades, singularidades, sentimentos, desejos e aspirações que fazem suprir as necessidades, realizar sonhos e alcançar as realizações. 
O homem não consegue viver sozinho, pois é um ser social que compartilha sua existência por meio da faculdade da linguagem. No passado viveu na Pólis, antiga sociedade grega que compreende a noção de sociedade-estado, o que nos permite dizer que o homem é um ser político que buscou viver em sociedade de forma organizada. 
Da Vinci com o homem com o homem vitruviano contribuiu para a análise antropológica do homem. 
A antropologia filosófica afirma que toda a produção da existência humana é transformada pelo homem, ser de práxis, que cria o seu mundo e a sua história por meio de uma ação social transformadora e consciente. 
A Práxis, pressuposto fundamental da concepção marxista de homem, é considerada um conjunto de trocas antropológicas que determina que o sistema de produção forma o homem pelo processo do trabalho. Marx conceitua a Práxis como prática crítica da realidade. A práxis possibilita sair da abstração filosófica que deixa intacta a vida. 
Bauman, ao descrever a vida em sociedade pós-moderna reconhece que o nosso tempo é tempo fluido, que não tem dimensão espacial. Saímos de sociedade produtores para sociedade consumidores, que se distingue pela reconstrução de vínculos humanos, em que predominam o desapego, com foco no consumo e toda a sua teoria. 
Os sujeitos desse tempo são considerados mercadorias de consumo. Mercado passa a ser o centro das relações. Sujeito consumista, vida de incertezas, contradições e deslocamento. Novas formas de vida.
Como consequência do mundo capitalista, é mais provável que os novos modelos e ambientes de trabalho não permitam as pessoas a construção de narrativas e experiências coerentes para suas vidas, o que poderá impedir a humanização e a formação do caráter, entendido como um valor ético que atribuímos aos nossos próprios desejos e as nossas relações com os outros, como diz Sennet.
Diante dessa realidade, é necessário sempre estar atento ao terreno sócio histórico em que as metamorfoses do mundo e, consequentemente do mundo do trabalho, incluindo a reconstrução produtiva, impactam o mundo dos homens e o seu processo emancipatório. 
Processo Emancipatório do ser social por meio da relações de trabalho
Homens e mulheres são humanizados através do trabalho porque são encarregados pela produção material da sociedade, cumprindo assim sua função social ou seja, conversão da natureza em produtos sociais. 
Marx diz que o homem se torna um ser social mediado pela organização do trabalho, ou seja, atividade teleológica. O trabalho se apresenta como atividade humana que guarda em si a teologia. 
Iamanoto e Carvalho afirmam que as relações sociais, de acordo com as quais os indivíduos produzem as relações sociais de produção, alteram-se, transformam-se com a modificação e o desenvolvimento dos meios materiais de produção, as forças produtivas. Em sua totalidade, as relações de produção formam o que se chama relações sociais: a sociedade, e particularmente, uma sociedade, num determinado estágio de desenvolvimento histórico, uma sociedade com o caráter distintivo particular. 
O capital também é uma relação de produção da sociedade burguesa. Assim a produção social não trata de criação de objetos materiais, mas da dinâmica entre pessoas, entre classes sociais que personificam determinadas categorias econômicas. 
Sendo o capital uma relação social, este pressupões relações antagônicas entre classes e entre trabalhadores e donos dos meios de produção. Esses últimos estabelecem tratos desiguais e hierarquizados de dominação por meio de trabalho assalariado, logica que vai se perpetuando nas relações de produção. No capitalismo o sujeito vai ao trabalho para estabelecer vínculos que vão suprir suas necessidades. 
Teologia, segundo Max é a finalidade a que se destina o trabalho, explica que o homem não transforma apenas o material sobre o que opera, mas imprime a este o projeto que tinha conscientemente em mira, ao qual constitui determinantes de modo de operar e de subordinar a sua vontade. 
De forma sintética, podemos dizer que o salto ontológico que ocorre pelo processo racional, consciente e proposital do trabalho, lócus ou espaço de realização deste, configura-se no ato de pensar algo e transforma-lo em concreto, material, provendo a humanidade do sujeito.
Habermas propõe uma reflexão a partir da reconstrução da teoria de Marx e contribui para a análise de duas importantes categorias: a linguagem, etapa de racionalidade ao agir comunicativo, que ele considera ao processo antecessor ao trabalho em si, e o conceito de emancipação humana, que busca compreender as questões práticas da vida em sociedade, o que ele chamou de mundo da vida, onde este pode ser compreendida como a linguagem. Para Habermas, a sociedade é definida como as ordens legitimas das quais os participantes na interação regulam o seu pertencimento a grupos, assegurando a solidariedade. Entretanto com o crescimento acelerado dos sistemas de produção material, a sociedade deixou de atender a sua função social básica, qual seja, a de lugar de realização das relações morais. 
Todo trabalho contém uma dimensão de conhecimento ético moral, que está implicado a sua natureza teológica e que objetiva agregar valores e o dever de ser orientado para o desenvolvimento do comportamento humano e para as finalidades sociais. 
Iamamoto salienta que o trabalho é inseparável do conhecimento, das idéias de concepções de mundo, isto é, de formas a se pensar a vida real. 
Pelo processo realizado de maneira coletiva, os modos de pesar e agir vao se estabelecendo e se constituindo também coletivamente, por meio de uma maneira especificamente humana de se relacionar, na condição de sujeitos sociais.
O resultado do trabalho coletivo supera a somatória das forças produtivas individuais, pela criação de uma nova força, a força coletiva. 
Para compreender as relações de trabalho, torna-se necessário situar que o capitalismo, de acordo com Giddens, é um sistema de produção de mercadorias centrado na relação entre a propriedade privada do capital e da mão de obra assalariada, despossuída da propriedade privada do capital e a mão de obra assalariada, despossuída da propriedade, sendo esta uma relação que configura o eixo principal do sistema de classes, do processo de exploração e alienação.
O trabalho, como motor da vida social, opera a visão ontológica do homem, da realização individual por intermédio do trabalho, superando o processo de alienação, que se dá de igual forma, pela consciência. Essa passagem, a partir da reapropriação dos meios de produção pelos trabalhadores, foi denominada por Marx como processo de emancipação humana, caracterizada pela forma consciente, livre, coletiva e universal de trabalhar. Podemos dizer que a emancipação humana apresenta uma dimensão política do trabalho porque traz consigo a noção de cooperação e democracia, pontos que fazem parte do processo emancipatório da vida em sociedade.
O trabalho ao envolver a relação subjetiva com a tarefa realizada pelo sujeito, pertence ao campo individual e/ou singular, que é expressa pelo exercício da autonomia. A cooperação pertence ao campo coletivo, dentro de uma dimensão política maior e democrática. 
Pode-se definir que o trabalho está articulado com a ideia de liberdade, compondo a totalidade imaginada em que se encontra a vida dossujeitos sociais, tecida por consciência e relações de solidariedade e confiança. 
Marx, ao integrar uma visão da lógica teórica da política econômica, reconhece que alienação pelo trabalho só poderia ser abolida por meio da superação da propriedade privada, para completa emancipação dos atributos e sentidos humanos. Mas o sujeito, na forma de coisificação em que limita as suas expressões existenciais, não é livre. Sob a racionalidade neoliberal, o trabalhador atende apenas as suas necessidades corporais e perde a sua capacidade criativa e a sua liberdade, condições necessárias para seu projeto emancipatório através do trabalho. A liberdade é alcançada pela emancipação progressiva do sujeito. Emancipar-se é existir a partir da transcendência da essência humana que, pelo trabalho, satisfaz suas necessidades na sua totalidade, por meio das capacidades criativa e produtiva. 
Mundo do Trabalho como espaço de pertencimento e de humanização
 	Marx infere que o processo de humanização do homem se da na constituição das experiências a partir do trabalho, que fundamenta a existência social e que garante a todos uma vida digna de sobrevivência. O trabalho é considerado uma prática social, pois molda o trabalhador por meio da cultura, dos valores, das crenças e da ideologia, elementos que contribuem para a construção das identidades individuais e coletivas, por meio das relações sociais e dos modos de produção trabalhistas. 
	O trabalho associativo promove senso de pertencimento e contribui para construção de identidades individuais e coletivas, por intermédio dos processos de subjetivação e humanização. É o sentido de pertencimento, como crença subjetiva e de origem comum, que projeta o ser humano na condição de sujeito coletivo por meio de representações, símbolos, valores, medos e aspirações. 
	Para Bauman, o procedimento pode ser traduzido como confiança nos benefícios da solidariedade humana e das instituições que dela brotam, prometendo servi-la e garantir sua confiabilidade. Essa construção identitária, de natureza subjetiva, permeia as relações coletivas de trabalho que, como classe trabalhadora, reconhece-se pelo valor legitimo construído socialmente, de representatividade e de luta pelos seus ideais. 
	Não existe dimensão coletiva sem que se estabeleça uma relação de interesses, de semelhanças e/ou de necessidades recíprocas. Essa dimensão se constitui a partir do sentido de pertencimento, da efetiva participação e do desenvolvimento de vínculos. 
	Cabe situarmos a noção de vínculo como um nexo que estabelece uma lição moral entre os homens. A partir da perspectiva psicanalítica, Pichon- Riviere definiu vínculo como uma estrutura complexa que inclui um sujeito, um objeto e a sua mutua inter-relação com o processo de comunicação e aprendizagem. 
	Entretanto, diante do modelo líquido de sociedade contemporânea, descrito pelo sentimento de pertença, está cada vez mais difícil ser percebido.
	Bauman introduziu esse termo para se referir a profunda mudança pela qual a sociedade vem passando, ao dizer que saímos de um modelo pesado, sólido e estável, para um modelo de sociedade liquida, fluida, instável, difusa onde os poderes, as instituições e as relações estão se derretendo, onde as pessoas tornam-se indiferentes e cada um satisfaz aos próprios interesses. 
	As mudanças e contradições da sociedade capitalista pouco permitem que a humanidade usufrua das facilidades que produz quando inserida no trabalho e das relações de confiança e de solidariedade, como resultado do seu movimento. Os elementos necessários a construção de uma identidade desaparece tão rapidamente quanto a velocidade das relações de mercado. Muitos ficam a margem da sociedade.
	O ser humano, par o estabelecimento de sua existência como ser social, necessita desenvolver vínculos que lhe deem sentido, nexo, que façam a ligação do individuo para o social, do particular para o coletivo. Esses nexos contribuem para a preservação da vida, para a promoção de segurança entre os sujeitos, que necessitam de humanização das reações sociais e de continuação das gerações futuras. 
Dica do Professor:
Habitus: Processo de naturalização das práticas artificiais. Construído pelos processos de socialização, por meio da sociedade. Relevância para o entendimento de como o ser humano se desenvolve, como ele busca se entender na sociedade.
Bourdieu: sistema de disposições duráveis e transponíveis que, integrando todas as expectativas passadas, funciona a cada momento como uma matriz de percepções, de aparições e de ações – e torna possível a realização de tarefas infinitamente diferenciadas, graças as transferências analógicas de esquemas. 
Conceitos importantes sobre Habitus: busca traduzir a tenção que ocorre na relação entre biológico (o que é natural) e social (aprende em sociedade).
Revela como as práticas sociais são inscritas no corpo, no indivíduo, conduzindo sua ação e pensamento.
Revela como nos tornamos seres sociais, como se realiza a mediação entre o indivíduo e a sociedade. É a forma pela qual interiorizamos as exterioridades sociais e, ao mesmo tempo, exteriorizamos as interioridades.
Revela como os sujeitos sociais são construídos a partir de uma relação constante entre indivíduos e sociedade, mundo subjetivo e objetivo. 
Se dá pelas experiencias que vivemos e se revelam nas práticas cotidianas, nas formas de pensar e de agir, nas nossa escolhas. 
Bourdieu diz que habitus é uma subjetividade socializada.