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Prescrição médica de fármacos

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1
2
FICHA TÉCNICA
© 2017. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta 
do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade de Brasília
Alguns direitos reservados. É permitida a reprodução, 
disseminação e utilização dessa obra, em parte ou em sua 
totalidade, nos termos da licença para usuário final do 
Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES). Deve 
ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial. 
Ministério da Saúde
Ricardo Barros
Ministro
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde 
– SGTES
Rogério Luiz Zeraik Abdalla 
Secretário
Secretaria-executiva da Universidade Aberta do SUS – 
UNA-SUS
Francisco Eduardo de Campos
Secretário-executivo
Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz
Paulo Gadelha
Presidente
Universidade de Brasília
Márcia Abrahão Moura
Reitora
Enrique Huelva
Vice reitor
Faculdade de Medicina
Gustavo Adolfo Sierra Romero
Diretor
Gilvânia Feijó
Vice diretora
Editores técnicos da Secretaria Executiva da UNA-SUS
Roberto Jorge Freire Esteves
Paulo Biancardi Coury
Revisora técnica-científica da Secretaria Executiva da 
UNA-SUS
Priscila Medrado
Avaliadores de pertinência do Ministério da Saúde
Denise Fernandes Leite
Mariana Alencar Sales Paulo Henrique Gomes da Silva
UNASUS - Universidade de Brasília
Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte
Cidade/Estado: Brasília/DF
CEP: 70910-900
Telefone: (61) 31071885
E-mail: moodle.unasus.unb@gmail.com
Site: www.unasus.unb.br
Coordenação da UNASUS na Universidade de Brasília
Gilvânia Feijó
Coordenadora Geral
Coordenação Geral do Curso
Gilvânia Feijó
Coordenador de Produção 
Jitone Leônidas Soares
Jonathan Gomes Pereira dos Santos
Conteudista 
Kátia Crestine Poças
Revisor Técnico-científico
Celeste Aida Nogueira Silveira
Luiza Hiroko Yamada Kuwae
Editor técnico 
Kátia Crestine Poças
Designer Instrucional
Rute Nogueira de Morais Bicalho
Designer Gráfico 
Daniel Alves Tavares
Web designer 
Gabriel Cavalcanti D’Albuquerque Magalhães
Ilustrador de EaD
Philippe Alves Lepletier
Editor de Audiovisual
Cristiano Alves de Oliveira
Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS
Diretoria Regional de Brasília / FIOCRUZ
Endereço: Campus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte
Cidade/Estado: Brasília/DF
CEP: 70910-900
Telefone: (61) 3329-4517
Site: www.unasus.gov.br
Coordenador Geral 
Alysson Feliciano Lemos
Editor técnico 
Roberto Jorge Freire Esteves
Consultor
Luís Carlos Galvão Lobo
Apoio administrativo
Suzana Melo Franco
http://moodle.unasus.unb@gmail.com
http://www.unasus.unb.br
http://www.unasus.gov.br
Sumário
Atividade 1
Medicamentos na prática clínica: o que precisamos saber sobre eles? ................................. 7
Atividade 2
Técnica da prescrição de fármacos: regulamento, 
tipos de prescrição e técnicas de preenchimento ....................................................................14
Atividade 3
O Uso Racional de Medicamentos e a adesão ao medicamento ..........................................36
Atividade 4
Prescrevendo na Atenção Básica ...............................................................................................46
Atividade 5
Rename e Farmácia Popular .......................................................................................................54
Chegamos ao final do módulo: ...................................................................................................63
Referências Bibliográficas ...........................................................................................................65
Glossário ........................................................................................................................................68
4
Apresentação da Unidade Didática
5
 A Unidade é composta por cinco atividades 
que abordam os seguintes temas: 
6
Convidar os participantes a refletirem sobre seu papel na prescrição de 
fármacos e a desenvolverem uma postura mais ativa para o uso racional 
de medicamentos.
Um dos maiores desafios da prática médica atual é a decisão da melhor 
prescrição terapêutica com a gama de possibilidades ofertadas pela 
indústria farmacêutica nos mercados nacional e internacional.
São fundamentais o estudo continuado, por meio do acesso a cursos 
de atualização e especializações, e o estudo autodidata no consultório 
sempre que necessário. Para tanto, é sempre importante ter às mãos 
textos confiáveis e atualizados de Farmacologia Clínica e manuais que 
contribuem para técnicas que possibilitem uma melhor prescrição na 
decisão terapêutica.
Objetivos Introdução
Nesse sentido, o convite por meio desta Unidade é para compartilharmos 
saberes que possam contribuir para uma prescrição médica racional e de 
qualidade.
7
Medicamentos na prática 
clínica: o que precisamos 
saber sobre eles?
Os medicamentos são produtos especiais elaborados 
com as finalidades de diagnosticar, prevenir, curar 
doenças ou aliviar seus sintomas, sendo produzidos com 
rigoroso controle técnico para atender às especificações 
determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa).
O efeito do medicamento deve-se a uma ou 
mais substâncias ativas com propriedades 
terapêuticas reconhecidas cientificamente, 
que fazem parte da composição do 
produto, denominadas fármacos, drogas 
ou princípios ativos. Os medicamentos 
seguem normas rígidas para poderem ser 
utilizados, desde a sua pesquisa e o seu 
desenvolvimento, até a sua produção e sua 
comercialização (BRASIL, 2010a).
Primeiramente, pensamos no fármaco como 
qualquer substância que altera a função 
biológica por meio de suas ações químicas. 
A Farmacologia é a ciência que estuda o 
resultado da interação de um composto 
químico com os sistemas biológicos 
(BARROS, 2010). As substâncias químicas 
podem ser denominadas medicamentos, 
fármacos e drogas. Vamos entender melhor!
Atividade 1
8
Segundo a Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010b)
Fármaco
é sinônimo de droga. É o princípio 
ativo que será preparado pela farmácia 
de manipulação ou pela indústria 
farmacêutica. Mais especificadamente, de 
estrutura química bem definida.
Medicamento de Referência
é o prouto inovador registrado em órgão 
federal brasileiro, responsável pela 
vigilância sanitária, e comercializado no 
País, cujas eficácia, segurança e qualidade 
foram comprovadas, cientificamente, no 
órgão federal competente por ocasião do 
registro.
Medicamento
é a droga ou a preparação com drogas 
de ação farmacológica benéfica quando 
utilizada de acordo com as suas indicações e 
propriedades. Medicamentos são produtos
químicos utilizados com fim terapêutico.
Medicamento Genérico
é o medicamento similar a um produto 
de referência ou inovador, que pretende 
ser como esse intercambiável, geralmente 
produzido após a expiração ou a renúncia da 
proteção patentária ou de outros direitos de 
exclusividade, comprovadas a sua eficácia, 
a segurança e a qualidade, e designado pela 
DCB ou, na sua ausência, pela DCI.
Droga
é qualquer substância química capaz de 
produzir efeito farmacológico, isto é, 
capaz de provocar alterações somáticas ou 
funcionais, benéficas (medicamentos) ou 
maléficas (tóxico).
Medicamento
é o produto farmacêutico, tecnicamente, 
obtido, ou elaborado, que contém um ou 
mais fármacos e outras substâncias, com 
finalidades profilática, curativa, paliativa 
ou para fins de diagnóstico.
9
Na embalagem dos genéricos tem que 
estar escrito “Medicamento genérico” e o 
número da lei (Lei nº 9.787/99).
Todos os medicamentos genéricos deverão 
ter a tarja amarela que visa facilitar a 
identificação dos mesmos.
Como os genéricos não têm marca, o que 
você lê na embalagem é o princípio ativo 
do medicamento. Fique de olho!
Pergunte ao seu médico se existe um 
medicamento genérico equivalente ao seu. 
Caso exista, peça sua inclusão na receita.
10
Mais conceitos Quer saber mais?
Medicamento 
intercambiável
é o medicamento equivalente 
terapêutico de um medicamento 
de referência, comprovados, 
essencialmente, os mesmos efeitosde eficácia e segurança.
Medicamento magistral
é o medicamento equivalente 
terapêutico de um medicamento 
de referência, comprovados, 
essencialmente, os mesmos efeitos 
de eficácia e segurança.
Medicamento similar
é aquele que contém o mesmo ou os 
mesmos princípios ativos; apresenta 
mesma concentração, forma 
farmacêutica, via de administração, 
posologia e indicação terapêutica; 
e é equivalente ao medicamento 
registrado no órgão federal, 
responsável pela vigilância sanitária, 
podendo diferir somente em 
características relativas ao tamanho 
e à forma do produto, ao prazo de 
validade, à embalagem, à rotulagem, 
aos excipientes e veículo, devendo 
sempre ser identificado por nome 
comercial ou pela marca.
O próximo passo para saber mais sobre tantos conceitos 
envolvidos com os medicamentos é conhecer e explorar 
uma publicação da Anvisa que aborda essa temática: 
O que devemos saber sobre medicamentos. Ela está 
disponível em sua biblioteca.
11
Preparações 
farmacêuticas: 
formas farmacêuticas, 
vias de administração, 
veículos, excipientes, 
doses, cálculos...
Posologia (do grego poso = quanto, mais logos = 
estudo): É o estudo da dosagem do medicamento 
com fins terapêuticos. 
Dose: É a quantidade capaz de provocar uma 
res posta terapêutica desejada no paciente, 
preferivelmente sem outras ações no organismo. 
Dosagem: A dosagem inclui, além da dose, 
fre quência de administração e duração do 
tratamento. 
Idiossincrasia: O termo idiossincrasia refere-
se às reações particulares ou especiais do 
organismo às drogas, comumente chamadas 
reações idiossincrásicas. 
Essas são nocivas, às vezes, fatais, e ocorrem em 
uma pequena minoria dos indivíduos. Na maioria 
dos casos, a causa não é bem compreendida, 
mas se acredita que os fatores genéticos possam 
ser responsáveis em algumas situações.
Forma Farmacêutica: Forma farmacêutica é 
a maneira como os medicamentos são pre pa-
rados, apresentados e, consequentemente, co-
mercializados e utilizados, ou seja, comprimido, 
xarope, suspensão e outros. Na forma farmacêutica, 
além do medicamento principal ou princípio ativo, 
entram outras substâncias na composição, como 
veículo ou excipiente, coadjuvante, edulcorante, 
ligante, preservativo etc. 
As formas farmacêuticas podem ser classificadas 
conforme se exemplifica a seguir:
Soluções
Misturas homogêneas do soluto, que é a base 
farmacológica, com o solvente, que é o veículo. 
Pode-se destinar ao uso sob a forma de gotas; 
Suspensões
Misturas heterogêneas, sendo que o soluto 
deposita-se no fundo do recipiente, necessitando 
de homogeneização no momento do uso; 
Emulsões
Substâncias oleosas dispersas em meio aquoso, 
apresentando separação de fases; 
Xaropes
Soluções aquosas nas quais o açúcar em altas 
concentrações é utilizado como corretivo. Pode 
conter cerca de dois terços do seu peso em 
sacarose; 
Elixires
Soluções hidroalcoólicas para uso oral, açu ca-
radas ou glicerinadas, contendo substâncias 
aromáticas e as bases medicamentosas; 
Loções
Soluções alcoólicas ou aquosas para uso tópico; 
Linimentos
Similares aos anteriores, mas com veículo oleoso. 
12
Comprimidos - Forma farmacêutica de formato 
variável, em geral discóide, obtida por compressão. 
Na maioria dos casos, contém uma ou mais drogas, 
aglutinante e excipiente adequados, prensados 
mecanicamente; 
Drágeas - Similares aos anteriores, mas com re-
vestimento gelatinoso que impede a desin tegração 
nas porções superiores do trato digestivo. O 
revestimento protetor apresenta várias camadas 
com substâncias ativas ou inertes. Costumam ser 
coloridas e polidas, utilizando-se cera carnaúba no 
polimento; 
Cápsulas - Uma ou mais drogas mais excipiente 
não prensados e colocados em um invólucro 
gelatinoso ou amiláceo; 
Pílulas - Associação do princípio ativo com um 
aglutinante viscoso; 
Supositórios - Apresentações semi-sólidas para 
uso retal, que se fundem à temperatura corporal 
pela presença de manteiga de cacau, glicerina 
ou polietilenoglicol; 
Óvulos e Velas - Apresentações semi-sólidas 
para uso ginecológico, cuja diferença entre si é 
a forma.
Preparações sólidas Preparações pastosas
São preparações semi-sólidas normalmente 
destinadas ao uso tópico. Como exemplos, 
temos as seguintes: geleias, cremes, pomadas, 
unguentos e pastas, ordem crescente de vis-
cosidade. Diferem também pelos veículos, que 
são gelatinosos nas geleias, oleosos nas pomadas 
e aquosos nos demais.
13
Vamos falar um pouco 
sobre otimização dos 
esquemas posológicos para 
fecharmos nosso raciocínio. 
A intensidade do efeito de um fármaco está 
relacionada com sua concentração acima de uma 
concentração eficaz mínima, enquanto a duração 
do efeito do fármaco reflete o tempo durante o 
qual seu nível permanece acima desse valor.
Em geral, essas considerações aplicam-se aos 
efeitos desejados e indesejáveis (adversos) 
dos fármacos e, por essa razão, existe uma 
janela terapêutica que reflete a variação das 
concentrações capazes de assegurar a eficácia 
do produto sem os efeitos tóxicos inaceitáveis.
Considerações semelhantes também se aplicam 
após administração de várias doses durante 
um tratamento prolongado e determinam a 
quantidade e a frequência do uso do fármaco 
para obter o efeito terapêutico ideal. 
Em geral, o limite inferior da faixa terapêutica 
do fármaco parece ser praticamente igual à 
concentração do fármaco que produz cerca da 
metade do maior efeito terapêutico possível, 
enquanto o limite superior é aquele no qual não 
mais do que 5 a 10% dos pacientes desenvolvem 
efeito tóxico.
No caso de alguns fármacos, isso pode significar 
que o limite superior da variação não é mais do 
que duas vezes maior do que o limite inferior. Evi-
dentemente, esses valores podem sofrer variações 
significativas e alguns pacientes podem ser muito 
beneficiados por concentrações do fármaco acima 
da variação terapêutica enquanto outros.
Enquanto outros podem produzir efeitos tóxicos 
significativos com níveis muito mais baixos (p.ex., 
digoxina). Para um número limitado de fármacos, 
alguns dos seus efeitos são facilmente mensurados 
(a exemplos da pressão arterial e da glicemia) 
e podem ser usados para ajustar a posologia, 
usando-se a abordagem de ensaio e de erro.
Mesmo em uma situação ideal, surgem algumas 
questões quantitativas, entre elas, a de se 
estabelecer com que frequência a dose deve ser 
alterada e qual a amplitude dessa alteração.
Em geral, isso pode ser determinado por regras 
mnemônicas simples baseadas nos princípios de 
Farmacocinética (p.ex., não alterar a dose em mais 
de 50% e não mais do que a cada 3-4 meias-vidas). 
Por outro lado, alguns fármacos causam pou-
quíssima toxicidade dose-dependente e, em ge-
ral, a eficácia máxima é desejável. Nesses casos, 
doses muito acima da média necessária assegu-
ram eficácia (se isso for possível) e prolongam a 
ação do fármaco. A estratégia de “dose máxima” 
é usada normalmente para as penicilinas. Entre-
tanto, como, para muitos fármacos. Entretanto, 
para muitos fármacos, é difícil avaliar seus efei-
tos tóxicos (ou os fármacos são administrados 
profilaticamente), a toxicidade e a falta de eficá-
cia são riscos potenciais, ou o índice terapêutico 
é pequeno. Assim, as doses precisam ser titula-
das com cuidado e a posologia é limitada pela 
toxicidade, mais do que pela eficácia.
Neste momento, vamos recordar alguns 
aspectos da Farmacologia que dizem respeito 
aos conceitos e à compreensão sobre: Dose 
Efetiva Mediana (DE50), Dose Letal (DL50) e 
Índice Terapêutico (IT). 
14
Agora que revisamos conceitos básicos relacionados aos medicamentos, estamos melhor preparados para abordar as 
técnicas de prescrição e todos os aspectos 
que estão envolvidos com a regulamentação 
brasileira de como compor uma receita para o 
paciente com ética e técnica adequadas.
O conteúdo desta atividade foi trabalhado 
baseado nas legislações vigentes e nas discussões 
e orientações constantes:
No livro “Medicamentos na prática clínica”(BARROS, 2010), em especial o capítulo sobre 
“Técnica de prescrição”, de autoria de Helena 
M.T. Barros, Maristela Ferigolo e Luciana Signor. 
“A prescrição é uma das orientações terapêuticas do médico para seu paciente”
Barros; Ferigolo; Signor, 2010
Técnica da prescrição 
de fármacos: 
regulamento, tipos de 
prescrição e técnicas 
de preenchimento
Atividade 2
15
Prescrição médica
Segundo a Portaria 
GM/MS nº 3.916/98 e 
a Portaria SVS/MS nº 
344/98, a prescrição 
é o ato de definir o 
medicamento a ser 
consumido pelo paciente 
com a respectiva 
dosagem, a duração do 
tratamento e a orientação 
de uso.
Prescrição é uma recomendação 
escrita dada por um médico (ou 
outros profissionais habilitados) ao 
paciente e ao farmacêutico. 
A redação da prescrição é uma arte 
negligenciada tanto no currículo 
das escolas de Medicina, como na 
prática médica. Isso se dá princi-
palmente porque a prática mais 
antiga de redigir prescrições longas 
e complicadas, contendo muitos 
ingredientes, foi abandonada em 
favor de medicamentos industriali-
zados (BARROS, 2010).
Vamos nos aprofundar no tema 
e nos preparar para realizar uma 
prescrição adequada que contenha 
todos os requisitos técnicos espe-
rados com vistas ao uso racional 
de medicamentos e a uma melhor 
adesão ao tratamento.
Segundo Barros (2010), as prescri-
ções podem ser divididas em duas 
grandes classes: magistrais e pro-
dutos farmacêuticos. 
Na magistral, o médico seleciona 
fármacos, dose, veículos ou exci-
pientes de acordo com a forma 
farmacêutica para que o medica-
mento seja preparado. 
O produto farmacêutico pré-com-
posto, ou especialidade farma-
cêutica, é aquele que indica o 
nome genérico do medicamento 
(ou mistura de medicamentos), 
que é fornecido pela indústria far-
macêutica, sem qualquer altera-
ção ou manipulação.
No Brasil, há regulamentação téc-
nica de como compor a receita a 
ser entregue para o paciente em 
código de ética, decretos e leis fe-
derais desde o início do século.
Vamos procurar estudar a prescri-
ção, correlacionando os aspectos 
legais, de modo a proporcionar 
uma leitura mais produtiva, que 
possibilite a você maior compre-
ensão e conhecimento sobre o 
tema.
A Lei nº 5.991/73 e o Decreto nֻº 
74.170/74 estabelecem que so-
mente seja aviada prescrição que 
contiver de modo legível:
● a descrição do medicamento 
nomenclatura oficial [DCB/
DCI] ou nome comercial;
● forma farmacêutica, apresen-
tação;
● o endereço do paciente; 
● o modo de usar a medicação 
(posologia, via de administra-
ção e duração do tratamento); 
● a data;
● a assinatura do profissional;
● o endereço do consultório ou 
residencial;
● o número de inscrição no res-
pectivo conselho da profissão 
(Medicina, Medicina Veteri-
nária ou Odontologia).
Qualquer prescrição tem um pra-
zo de validade de 30 (trinta) dias, 
exceto a notificação da substância 
talidomida (C3), que tem um prazo 
de 15 (quinze) dias após a data de 
emissão pelo prescritor.
Em geral, a prescrição é expressa mediante a elaboração de uma receita, quer seja de formulação 
magistral, quer seja de produto industrializado, por um profissional legalmente habilitado.
16
É vedado ao médico receitar, atestar ou emitir laudos de 
forma segreta ou ilegível sem a devida identificação de 
seu número de registro no Conselho Regional de Medicina 
da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas 
de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros 
documentos médicos.
(Código de Ética Médica, Capítulo III - Artigo 11). 
Observe ainda que apagar, emendar ou inutilizar a receita 
na presença do paciente são processos psicologicamente 
prejudiciais e devem ser evitados. Caso o médico perceba 
que incorreu em um erro, a melhor forma de corrigi-
lo é separar a folha incorreta e iniciar novamente o 
preenchimento.
São vedadas as prescrições ou as notificações ilegíveis ou 
com rasuras, que possam induzir ao erro ou à troca de 
medicação, ou ainda em código (BRASIL, 1973; BRASIL, 
1974; BRASIL, 2001a). Quanto às prescrições em código, 
somente são permitidos o seu aviamento em farmácias 
privativas de instituições (por exemplo, farmácia 
hospitalar) e a sua prescrição por profissional vinculado à 
unidade hospitalar (BRASIL, 1973; BRASIL, 1974). 
E lembre sempre: o médico não pode receitar de maneira 
secreta ou ilegível, com rasuras, ou emitir receitas em 
branco com assinaturas. 
Vamos assistir a duas reportagens exibidas na TV 
aberta, que abordam essa questão de receita secreta 
ou ilegível. 
Clique nos links disponíveis na videoteca 
desta unidade.
17
 Agora que já fizemos vários alertas, vamos apresentar a vocês um roteiro sobre 
como devemos preencher a prescrição. Esse check-list pode ser muito útil como 
consulta em qualquer ocasião de prescrição.
Check-list:
● A prescrição deve ser clara, legível e em linguagem compreensível;
● A prescrição deve ser escrita sem rasura, em letra de forma, por 
extenso e legível, utilizando tinta e de acordo com nomenclatura e 
sistema de pesos e medidas oficiais; 
● No âmbito do Sistema Único de Saúde, o medicamento deve ser 
prescrito pelo nome genérico, obrigatoriamente, adotando-se 
a Denominação Comum Brasileira (DCB) e, em sua ausência, a 
Denominação Comum Internacional (DCI); 
● Nos serviços privados de saúde, a prescrição pode ser feita 
utilizando-se o nome genérico ou o comercial;
● O documento não deve trazer abreviaturas, códigos ou símbolos; 
● Não é permitido abreviar formas farmacêuticas (“comp.” ou 
“cap.” em substituição a “comprimido” ou “cápsula”), vias de 
administração (“VO” ou “IV”, em substituição a “via oral” ou 
“via intravenosa”), quantidades (“1 cx.” em substituição a “01 
(uma) caixa”) ou intervalos entre doses (“2/2 h” ou “8/8 h” em 
substituição a “a cada 2 horas” ou “a cada 8 horas”).
Na prescrição, devem constar:
● Nome, forma farmacêutica e concentração do fármaco prescrito 
(evitando-se abreviações e uso de decimais);
● A quantidade total de medicamento (número de comprimidos, 
drágeas, ampolas, envelopes), de acordo com a dose e duração do 
tratamento;
● A via de administração, o intervalo entre as doses, a dose máxima 
por dia e a duração do tratamento;
● Nome, endereço e telefone do prescritor de forma a possibilitar 
contato em caso de dúvidas ou ocorrência de problemas 
relacionados ao uso de medicamentos prescritos; 
● São obrigatórios a assinatura e o carimbo do prescritor, no qual 
deve constar o número de seu registro no respectivo conselho 
profissional;
● Data da prescrição. 
● Em alguns casos, é necessário constar o método de administração 
(ex.: infusão contínua, injeção em uma única dose); os cuidados 
a serem observados na administração (ex.: necessidade de 
injetar lentamente ou de deglutir com líquido); os horários de 
administração (nos casos de possível interação alimentar ou 
farmacológica, visando maior comodidade, adesão ou melhora 
do efeito terapêutico) ou os cuidados de conservação (ex.: a 
manutenção do frasco em geladeira).
18
“É obrigatória a 
utilização das DCB 
ou DCI em todas 
as prescrições 
de profissionais 
autorizados, nos 
serviços públicos, 
conveniados ou 
contratados, no âmbito 
do SUS”.
Decreto nº 793, de 
5 de abril de 1993 
(Art.35, § 2º)
Na prática, o ato da prescrição 
acontece no final da consulta 
médica, e esse momento é crucial 
para adotarmos uma postura que 
contribua para a melhor adesão 
ao tratamento. Essa postura diz 
respeito ao preenchimento do 
documento em si (a receita) e às 
explicações que sempre devem 
acompanhá-lo: assim temos dois 
importantes compromissos no 
momento da prescrição, o que 
escrevemos (ou digitamos) e o que 
dizemos (ou explicamos).
Perceba que a receita tem mais 
funções do que aparenta: além de 
orientar o paciente, ou quem fará a 
administração dos medicamentos, 
e de servir para a lembrança do uso 
de tratamento, a receita também 
representa um resumo diagnóstico do 
médico, do prognóstico e da conduta 
terapêutica instituída. Serve como 
basede um contrato entre médico 
e o paciente e pode determinar o 
resultado terapêutico individual.
A receita, sempre que possível, 
deve ser feita na presença do 
paciente. Isso é importante para 
que o paciente fique seguro de que 
a prescrição está sendo feita para 
o seu caso em particular, o que 
aumenta a confiança no médico. 
Deve ser escrita sem hesitação 
e com grau de determinação, de 
concentração e de velocidade que 
indiquem a certeza do que está 
sendo feito.
Lembre-se de que, em geral, na 
saída do consultório, o paciente 
já não se lembra das orientações 
dadas sobre o medicamento; muitas 
vezes, nem sequer lembra-se do 
nome. É muito comum a confiança 
de que todas as informações serão 
fornecidas no ato da dispensação 
do medicamento, com a leitura 
da receita. Dessa forma, torna-se 
evidente que o documento escrito 
é de fundamental importância para 
evitarem-se os erros e o retorno 
desnecessário ao consultório.
Vamos reforçar algumas informa-
ções que são essenciais de serem 
passadas aos pacientes em relação 
à prescrição:
● Efeitos dos medicamentos: o 
paciente precisa saber quais 
sintomas desaparecerão ou 
não, quando o efeito iniciar-se-
-á, o que pode acontecer se o 
medicamento não for tomado;
● Efeitos indesejados: quais po-
dem ocorrer, como reconhe-
cê-los, qual é a duração e a 
gravidade, o que fazer;
● Instruções: como e quando 
tomar; qual é a duração do 
tratamento; como guardar;
● Advertências: quando não 
deve ser tomado; qual é a 
dose máxima; por que respei-
tar a duração do tratamento;
● Próxima visita: quando voltar 
(ou não); em que circunstân-
cias retornar antes do previs-
to; 
● Compreensão pelo pacien-
te: perguntar ao paciente se 
compreendeu o que foi dito; 
solicitar que ele repita algu-
mas informações que foram 
dadas; verificar se tem algu-
ma dúvida ainda.
A forma de preenchimento da receita, o local, a comunicação 
verbal e não verbal são pontos fundamentais para o 
estabelecimento da confiança na eficácia terapêutica que o 
paciente deve adquirir.
Agora, convidamos você a mergulhar nas particularidades das 
prescrições (tipo de receitas, técnica de preenchimento) e, a cada passo, 
apresentaremos as receitas que devem ser utilizadas nas prescrições. 
Em alguns pontos, apresentaremos situações para o exercício do 
aprendizado e reflexões.
Vamos trabalhar para conhecer cada tipo de receita e suas particularidades. 
Preparado(a)? Vamos em frente!
20
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autoridade reguladora 
brasileira, permite a venda livre, sem necessidade de prescrição médica, de 
alguns grupos de medicamentos para indicações terapêuticas especificadas. 
Encontram-se nessas condições, respeitadas as restrições em situações 
especificadas, os seguintes grupos: 
● antiacneicos tópicos e adstringentes; 
● antiácidos e antieméticos;
● antibacterianos tópicos; antidiarreicos; 
● antiespasmódicos;
● anti-histamínicos; antisseborreicos;
● antissépticos orais, oculares, nasais, 
de pele e mucosas, urinários e vaginais 
tópicos;
● aminoácidos, vitaminas e minerais; 
● anti-inflamatórios. 
Algumas substâncias, por apresentarem possíveis riscos à saúde e/ou 
potencial de sobreprescrição ou mal uso, ou por induzirem dependência 
física ou psíquica, possuem sua prescrição e sua dispensação sujeitas a 
controle especial. 
A maioria dos medicamentos é prescrita em ambulatórios, em receituários 
comuns do médico ou da instituição onde o paciente está sendo atendido. 
Alguns dos exemplos de tipos de receita 
disponibilizados a seguir foram retirados de Madruga 
(2011). Esse manual encontra-se disponível na sua 
biblioteca.
21
A maioria das substâncias não 
precisa de controle rígido de 
dispensação, sendo prescritas 
em receituários comuns, 
confeccionados pelo médico 
ou pela instituição de saúde, 
nos quais devem constar 
necessariamente os dados 
do médico, como o nome e o registro 
no Conselho Regional de Medicina 
(CRM), com uso do carimbo.
Seu carimbo é de uso pessoal e intransferível!!! 
Evite deixá-lo em gavetas ou em cima da mesa 
quando você não estiver por perto. 
Leve-o sempre com você!!! 
22
Listagem dos agentes 
psicoativos no Brasil:
Outros medicamentos, no entanto, devem ser prescritos em 
receituários ou em notificações específicas (tipo A, B, de Controle 
Especial etc.). 
O uso de receituários diferentes para grupos de medicamentos 
diversos, proposto na nossa legislação, segue os acordos 
internacionais e a classificação da Organização Mundial de Saúde 
(OMS), que classifica as substâncias como necessitando de controle 
rígido na dispensação ou não necessitando desse controle.
Os medicamentos controlados são aqueles que agem no sistema 
nervoso central, com risco de ocasionarem uso abusivo por parte dos 
pacientes, ou alguns outros que podem ocasionar efeitos adversos 
importantes e precisam de monitoramento das agências de saúde.
A seguir, destacamos, no quadro, as famosas “Listas” que estão na 
Portaria nº 344/98, que trata dos agentes psicoativos no Brasil. 
De acordo com a OMS, os agentes psicoativos têm diferentes tipos 
de controle e são classificados segundo essas Listas.
● Listas A1 e A2 (entorpecentes) – morfina e 
derivados, codeína e seus derivados;
● Listas A3, B1 e B2 (psicotrópicas) – anfetamina 
e derivados, benzodiazepínicos, anorexígenos;
● Lista C1 (outras substâncias sujeitas a controle 
especial) – antidepressivos, anticonvulsivantes, 
antiparkinsonianos, entre outros;
● Lista C2 (retinoicas para o uso sistêmico) – 
derivados do ácido retinoico;
● Lista C3 (imunossupressoras) – talidomida;
● Lista C4 (antirretrovirais) – DST/AIDS;
● Lista C5 (anabolizantes) – nandrolona, 
mesterolona, testosterona, entre outros;
● Lista D1 (precursores) – derivados do ergot, 
pseudoefedrina, entre outros.
23
No quadro ao lado apresen-
tamos um resumo muito 
didático com os medica-
mentos a serem prescritos 
com Notificação de Receita, 
segundo sua lista, os tipos 
de notificação de receita, a 
quantidade máxima por re-
ceita, o período máximo de 
tratamento e a responsabi-
lidade da impressão do ta-
lão de notificação.
A seguir, vamos apresentar 
alguns exemplos dos diver-
sos modelos de Notificação 
de Receita e de Receituário 
de Controle Especial.
Tipo de 
Notificação
Notificação de 
Receita “A”
Notificação de
 Receita “B”
Notificação de
 Receita “B2”
Notificação de
 Receita Retinoide
Medicamentos Entorpecentes Psitrópicos Anorexígenos Retinoides sistêmicos
Listas A1, A2, e A3 B1 B2 C2
Abrangência Em todo o território nacional Na Unidade da Federação onde for concedida a numeração
Cor da Notificação Amarela (oficial) Azul Azul Branca
Quantidade 
máxima por 
receita
5 ampolas 5 ampolas - -
Quantidade 
por período de 
tratamento
30 dias; acima 
disso, acompanha 
justificativa 
60 dias 30 dias 30 dias
Quem imprime 
o talão da 
notificação
Autoridade 
sanitária
O profissional retira a numeração junto à autoridade 
sanitária escolhe a gráfica para imprimir o talão às suas 
expensas
Fonte: Brasil (1999, 2007)
24
NOTIFICAÇÃO 
DE RECEITA “B” – 
PSICOTRÓPICOS - COR 
AZUL
NOTIFICAÇÃO 
DE RECEITA “A” – 
ENTORPECENTES - COR 
AMARELA
25
NOTIFICAÇÃO DE 
RECEITA “C2” - 
RETINÓIDES SISTÊMICOS 
- BRANCA
NOTIFICAÇÃO DE 
RECEITA “B2” – 
ANOREXÍGENOS - COR 
AZUL
26
Vamos fazer uma pausa agora...
Que tal exercitarmos o preenchimento de uma notificação de receita?
Veja a situação que virá a seguir.
Observe se todos os campos exigidos 
estão contemplados e como a 
prescrição encontra-se completa, 
com todos os itens que destacamos 
no check-list discutido anteriormente 
nesta atividade. 
27
No quadro ao lado apresen-
tamos um resumo muito 
didático com os medica-
mentos a serem prescritos 
com Notificação de Receita, 
segundo sua lista, os tipos 
de notificação de receita, a 
quantidade máxima por re-
ceita, o período máximo de 
tratamento e a responsabi-
lidade da impressão do ta-
lão de notificação.
A seguir, vamos apresentar 
algunsexemplos dos diver-
sos modelos de Notificação 
de Receita e de Receituário 
de Controle Especial.
Medicamentos Controle especial Anabolizantes Antirretrovirais Adendos das listas
Listas C1 C5 C4 A1; A2; B1
Abrangência Todo o território nacional
Todo o território 
nacional
Todo o território 
nacional
Todo o território 
nacional
Cor A critério A critério A critério A critério
Quantidade 
máxima por 
receita
5 ampolas
3 medicamentos 5 ampolas
5 substâncias
5 medicamentos 3 medicamentos
Quantidade 
por período de 
tratamento
60 dias 60 dias 60 dias 60 dias
Quem imprime 
o talão da 
notificação
O profissional O profissional O profissional O profissional
Fonte: Brasil (1999)
28
MODELO DE 
RECEITUÁRIO DE 
CONTROLE ESPECIAL
29
Prescrição
A Resolução RDC MS/ANVISA 
nº 441, de 26 de outubro de 
2010 estabelece o controle 
de antimicrobianos, de uso 
sob prescrição médica que só 
podem ser dispensados com 
escrituração nas farmácias e 
retenção da receita médica.
E agora, exercitamos o pre-
enchimento de uma receita 
de controle especial? 
Animad@s?
Veja a situação a seguir:
Observe se todos os campos 
exigidos estão contempla-
dos e como a prescrição en-
contra-se completa, com to-
dos os itens que destacamos 
no check-list discutido ante-
riormente nesta atividade. 
A prescrição de medicamentos antimicrobianos deverá ser realizada 
em receituário privativo do prescritor ou do estabelecimento de saúde, 
não havendo modelo de receita específico. A receita deve ser prescrita 
de forma legível, sem rasuras, em 2 (duas) vias, contendo os seguintes 
dados obrigatórios:
1. http://www.anvisa.gov.br/sngpc/
Documentos2012/RDC%2020%20
2011.pdf?jornal=%E2%80%A6
http://www.anvisa.gov.br/sngpc/Documentos2012/RDC%2020%202011.pdf?jornal=%E2%80%A6
http://www.anvisa.gov.br/sngpc/Documentos2012/RDC%2020%202011.pdf?jornal=%E2%80%A6
http://www.anvisa.gov.br/sngpc/Documentos2012/RDC%2020%202011.pdf?jornal=%E2%80%A6
30
Excelente! Observe como já conhecemos alguns exemplos e 
exercitamos um pouco as receitas.
Você já deve saber que, quando a prescrição for feita em 
ambiente de hospitalização, serão utilizados documentos
próprios, internos ao hospital, para a prescrição de todos os 
medicamentos.
Mas se acontecer uma emergência e você não estiver em um 
ambiente hospitalar, estiver desprovido do seu talonário de 
receita especial ou de notificação de receita? O que você deve 
fazer? Nesse caso, em um atendimento emergencial, em que 
o profissional não está com seu talonário, a receita poderá ser 
aviada em papel não oficial.
Porém, fique 
atento(a), 
ela precisará 
conter:
O diagnóstico ou CID (Classificação Inter-
nacional de Doenças);
A justificativa do caráter emergencial de 
atendimento;
A inscrição do Conselho Regional e a 
assinatura devidamente identificada com 
o carimbo do prescritor.
O estabelecimento que aviar a referida receita deverá anotar 
a identificação do comprador e apresentá-la à autoridade 
sanitária local em um prazo máximo de 72 horas.
31
A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 103/2016 dispõe sobre 
a atualização do Anexo I (Listas de Substâncias Entorpecentes, 
Psicotrópicas, Precursoras e Outras sob Controle Especial) da Portaria 
SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998. Conheça a Resolução e a 
Portaria - elas estão disponíveis em nossa Biblioteca virtual. 
Você - médico prescritor - poderá possuir, sob 
sua guarda e responsabilidade, como material 
exclusivamente para tratamento de emergência 
(maleta): medicamentos das listas A1 e A2 
(morfina, codeína, etilmorfina) até três ampolas; 
B1 (benzodiazepínicos) até cinco ampolas. Para 
efetuar a reposição dessas ampolas, deve ser 
feita uma receita amarela ou azul, conforme o 
caso, devidamente preenchida com os dados 
do paciente ao qual tenha sido administrado o 
medicamento.
32
Independente do tipo de re-
ceita, existem algumas ques-
tões que são necessárias sem-
pre e que você precisa estar 
atento(a) para respeitar as 
normas e garantir uma boa 
qualidade para sua prescrição.
A receita deve sempre ser es-
crita de forma legível, já abor-
damos isso anteriormente. 
Você assistiu às reportagens 
sugeridas? Pois é, essa ques-
tão está clara no Código de 
Ética e em outras legislações, 
esse é o primeiro passo para 
uma prescrição de qualidade. 
Faça uso de computadores se 
for possível. A receita pode 
ser manuscrita, datilografada 
ou informatizada.
No caso de má caligrafia, 
procure escrever mais lenta-
mente, escreva em letra de 
imprensa (de forma). 
Não precisa lançar mão de um 
caderno de caligrafia, lembra? 
Basta fazer letra de imprensa.
Brincadeiras à parte, vamos 
continuar...
Além da forma legível, a 
quantidade deve sempre 
ser expressa em algarismos 
arábicos (0,1,2,3...) e sem 
abreviaturas, sem emendas e 
sem rasuras. 
Também já abordamos essa 
questão, lembram-se da si-
tuação-problema gerada por 
rasura? Como a receita é um 
documento médico de va-
lor oficial, escreva sempre à 
tinta. É importante colocar 
nome, endereço, números 
de telefone para contato, 
horários de atendimento, 
números de registro no CRM 
e do CPF impressos no recei-
tuário.
A receita possui uma ordem 
na sua escrita e deve conter 
basicamente:
1.Identificação do paciente;
2.Inscrição;
3.Subscrição;
4.Indicação;
5.Assinatura.
Vamos comentar cada um 
desses itens.
Na identificação do paciente, é 
importante o preenchimento 
do nome completo do 
paciente, sem abreviaturas.
A inscrição é a parte mais im-
portante e é o “coração” da 
sua prescrição. Nesse momen-
to, inserem-se o nome genéri-
co ou a designação registrada 
pela indústria (nome comer-
cial) e as quantidades escritas 
em algarismos arábicos e por 
extenso, entre parênteses. As 
abreviaturas devem sempre 
ser evitadas!
Quando é receitada uma 
fórmula (prescrição magistral), 
temos uma sequência padrão 
a seguir. Veja como ela é:
● Base, ou ingrediente 
principal (princípio ati-
vo ou fármaco);
● Adjuvante, que pode 
contribuir para a ação 
da base;
● Corretivo, que modifica 
ou corrige efeitos inde-
sejáveis da base ou do 
adjuvante;
● Veículo, que é o solvente.
33
A subscrição são indicações 
complementares para auxi-
liar o aviamento da receita.
A indicação consiste nas 
instruções para o paciente, 
que dizem respeito à quan-
tidade, à hora, à frequência 
da dose e a fatores como a 
diluição e a via de adminis-
tração. Se o medicamento 
deve ser usado somente 
para uso externo, se deve 
ser agitado antes de usar, se 
deve ser tomado antes ou 
depois das refeições, em je-
jum etc.
A expressão “tome conforme 
a indicação” nunca é satisfató-
ria, deve sempre ser evitada.
Lembre-se do que já discuti-
mos anteriormente, o pacien-
te ou seu acompanhante pode 
ter dificuldades de lembrar as 
orientações que foram dadas 
no momento da consulta.
Veja, a seguir, algumas dicas 
de termos (palavras) que po-
demos utilizar em instruções 
para o uso de preparações:
● Uso interno: devem co-
meçar com a palavra 
tome;
● Pomada, creme ou lo-
ção: devem começar 
com a palavra aplique;
● Supositório: devem co-
meçar com a palavra in-
troduza;
● Gotas, colírios etc.: de-
vem começar com a pa-
lavra coloque.
Como as instruções devem ser 
empregadas para lembrar o pro-
pósito da prescrição, para isso, 
utilize palavras ou certas frases, 
a exemplo de: “para alívio da 
dor”; “para alívio da coceira”; 
“para alívio da febre” etc.
E, finalmente, a assinatura do 
médico, que deve ser sempre 
acompanhada do número do 
seu registro no Conselho Regio-
nal de Medicina (CRM) e do seu 
Cadastro de Pessoa Física (CPF). 
Não esqueça do uso 
do seu carimbo!
Continuando...
Evite erros e melhore a adesão ao 
tratamento realizando uma indicação 
detalhada e clara em sua prescrição!
34
Vamos realizar um check-list para 
autoavaliação da qualidade técnica da 
prescrição ao paciente.
 Veja o quadro a seguir:
- Ler a receita junto com o paciente;
- Informar o paciente sobre o propósito de cada medicamento e 
como deveria ser usado;
- Informaro paciente sobre como deverá ser usado cada medicamento;
- Informar o paciente sobre os principais efeitos adversos, 
interações do fármaco e procedimentos, caso ocorram;
- Verificar se o paciente compreendeu a receita que o médico 
acabou de lhe entregar;
- Verificar se a caligrafia é legível; se consta na receita nome do 
paciente, uso interno/externo, nome genérico do fármaco, 
forma farmacêutica (comprimido/capsula, etc.) dosagem, 
modo de usar (duas vezes ao dia, nas refeições, etc.), via de 
administração (ingerir, aplicar, etc.), tempo de tratamento, 
assinatura do médico e carimbo do médico.
35
● Esperamos que, com esta atividade, os principais aspectos sobre a prescrição 
de fármacos tenham sido úteis e ficado mais claros e contribuam para uma 
melhor performance no seu trabalho cotidiano.
● É importante estar atento(a) e sempre ciente de que todos os profissionais 
envolvidos na prescrição de medicamentos, e não apenas quem prescreve, 
estão obrigados a respeitar a prescrição, desde que essa siga os preceitos 
legais e esteja adequadamente fundamentada em evidências. 
● Outro aspecto importante é lembrar que, em nosso País, é permitido que 
comerciantes trabalhem com dispensação de medicamentos. Muitas vezes, 
em uma drogaria, quem vai realizar a venda do medicamento é um balconista, 
e esse profissional não é regido por um código de ética e, na maioria das 
vezes, não realizou treinamentos que o habilite a realizar a dispensação de 
medicamentos.
● Ao farmacêutico (profissional habilitado), cabem analisar e dispensar os 
medicamentos, etapas que incluem aviamento dos medicamentos e orientação 
ao paciente. Fica vedado a este profissional dispensar medicamento danoso à 
saúde do paciente ou seguir prescrição que coloca em risco o seu bem-estar.
● Aos profissionais que administram os medicamentos e a todos que 
acompanham o tratamento medicamentoso até seu final, cabe zelar pelo 
sucesso da terapêutica, colocando, sempre e em primeiro plano, a saúde e a 
qualidade de vida do paciente.
● É a prescrição que liga os processos de trabalho desses profissionais e 
possibilita um patamar comum de intercâmbio de conhecimentos, de modo a 
trazer ganhos reais à saúde do paciente.
● Assim, uma prescrição completa, clara e adequada às normas será uma 
garantia para a segurança do paciente e ao uso adequado do medicamento.
36
O Uso Racional de 
Medicamentos e a
adesão ao medicamento 
Inicialmente, vamos situar esse 
tema historicamente, pois algu-
mas datas e alguns documentos 
são marcos importantes. Já con-
versamos sobre eles em lições an-
teriores; aqui, vamos recordá-los 
e apontar sua relação com a URM.
O conceito de URM surgiu pela 
primeira vez como tema de uma 
conferência de especialistas que 
se reuniram em Nairobi, no Quê-
nia, em novembro de 1985. 
Na época, pretendiam debater o 
uso de medicamentos para o al-
cance da meta “Saúde para Todos 
no ano 2000” surgido após a De-
claração de Alma-Ata.
Vocês já devem ter visto essa con-
ferência tão importante, porém 
vale ressaltar que esse documen-
to foi construído com o propósito 
de analisar temas fundamentais, 
entre eles, os critérios de URM.
Atividade 3
37
Avançando um pouco mais no 
tempo e já fazendo um recorte 
para esse tema específico, verifi-
camos que, em maio de 2004, foi 
aprovada a Política Nacional de 
Assistência Farmacêutica (PNAF), 
que engloba a promoção do uso 
racional de medicamentos como 
um dos seus eixos estratégicos, 
devendo este ser fomentado por 
intermédio de ações que discipli-
nem a prescrição, a dispensação 
e o consumo de medicamentos 
(BRASIL, 2004). 
A promoção do uso racional de 
medicamentos junto à população, 
aos prescritores e aos dispensa-
dores é de responsabilidades dos 
gestores federal, estadual e muni-
cipal, segundo a Política Nacional 
de Medicamentos (BRASIL, 1998).
Para colaborar com a importân-
cia de definição de políticas que 
estivessem atentas ao URM, em 
2005, foi realizada a grande ava-
liação de estrutura, de processo e 
de resultados da Assistência Far-
macêutica no Brasil. 
Este vídeo apresenta deba-
te sobre a Política Nacional 
de Assistência Farmacêuti-
ca no Brasil e aborda três 
aspectos: a pesquisa, a pro-
dução e a distribuição de 
medicamentos, além de ou-
tros assuntos, como o aces-
so aos medicamentos pela 
população de baixa renda, a 
farmácia popular, a política 
industrial dos medicamen-
tos e o fortalecimento da 
farmoquímica nacional. 
Clique no link disponível na 
videoteca 
desta unidade.
38
Uso Racional de 
Medicamentos
A Portaria MS/GM nº 
1.555, de 27 de junho de 
2007, institui o Comitê 
Nacional para a Promoção 
do Uso Racional de 
Medicamentos no Brasil, 
que tem, entre suas 
competências, os papéis 
de identificar e de propor 
estratégias de articulação 
e de apoiar iniciativas 
para a promoção do URM. 
A Secretaria de Ciência, Tecnologia 
e Insumos Estratégicos do 
Ministério da Saúde vem realizando 
anualmente, desde 2009, o Prêmio 
Nacional de Incentivo à Promoção 
do Uso Racional de Medicamentos. 
O prêmio tem a premissa de 
incentivar, por meio de premiação 
e reconhecimento de mérito, a 
produção técnico-científica voltada 
à promoção do uso racional de 
medicamentos com aplicação no 
Sistema Único de Saúde e serviços 
de saúde. 
Atualmente, temos instituída a 
PNAUM2 - Pesquisa Nacional sobre 
Acesso, Utilização e Promoção do 
Uso Racional de Medicamentos 
no Brasil -, visto a necessidade de 
conhecer aspectos relacionados ao 
acesso, à utilização e ao uso racional 
de medicamentos no Brasil. 
Entre os objetivos da PNAUM, es-
tão os compromissos temos os 
compromissos de avaliar a utiliza-
ção de medicamentos, com a ca-
racterização das morbidades ou 
das condições de saúde para as 
quais eles são utilizados, de avaliar 
indicadores de acesso aos medica-
mentos e de avaliar indicadores de 
racionalidade do uso, entre outros.
Pronto, depois de 
situarmos você sobre 
alguns caminhos já 
trilhados nessa busca 
para a PURM, podemos 
considerar que o 
conceito de URM já está 
claro?
Ainda em dúvida 
em como você pode 
contribuir para a PURM? 
Então, afinal 
o que é URM?
O uso racional de medicamentos 
(URM) pressupõe o uso adequa-
do à prescrição clínica, observada 
a melhor relação de custo efeti-
vidade e, para que ela aconteça, 
são necessárias a prescrição apro-
priada, a disponibilidade oportu-
na a preços acessíveis, a dispen-
sação em condições adequadas; 
e o consumo nas doses indicadas, 
nos intervalos definidos e no pe-
ríodo de tempo indicado de me-
dicamentos seguros, eficazes e de 
qualidade. Essa definição expõe a 
responsabilidade do governo, de 
profissionais de saúde, do usuário 
e da sociedade na promoção do 
URM (PURM).
A OMS advoga 12 intervenções 
consideradas estratégicas na pro-
moção do uso mais racional de me-
dicamentos. Veja a seguir:
Quer conhecer mais sobre a 
PNAUM? Acesse o site: 
http://www.ufrgs.br/pnaum
http://www.ufrgs.br/pnaum
39
Estratégias na promoção do uso 
mais racional de medicamentos
● Estabelecimento de um corpo nacional multidisciplinar 
que coordene as políticas de uso de medicamentos;
● O uso de diretrizes terapêuticas;
● O desenvolvimento de uma lista nacional de medicamentos 
essenciais;
● O estabelecimento de comissões de farmácia e terapêutica 
(municipais, estaduais e em hospitais);
● A inclusão de treinamento em farmacoterapia baseada 
em problemas em currículos de graduação;
● Educação médica em serviço como requerimento para 
licenciar profissionais de saúde;
● Supervisão, auditorias e retroalimentação do perfil de 
URM;
● Uso de informação independente sobre medicamentos;
● Educação sobre medicamentos dirigidos a indivíduos, a 
famílias e a comunidades;
● Evitar incentivos financeiros perversos;
● Uso de regulação apropriada e de enforced;
● Gasto governamental suficiente que garanta disponibilidade 
de medicamentos e de recursos humanos.
Esse documento da OMS encontra-se disponível
na Biblioteca virtual desta unidade.
40A OMS tem promovido o URM por 
meio de estratégias de cunhos edu-
cacional, gerencial, econômico e 
regulatório e estimula os países a 
segui-lo. A disponibilidade de me-
dicamentos essenciais e a adesão 
às listas de medicamentos essen-
ciais por prescritores e pelos usuá-
rios são realidade, porém apresen-
tam ainda muitos desafios. 
O uso inadequado de medicamen-
tos é um importante problema de 
saúde pública no Brasil, o que justi-
fica todos os esforços direcionados 
a minimizá-lo.
URM pressupõe acesso (um dos 
atributos da Atenção Básica) e uso 
adequado de medicamentos. Lem-
bre-se de que a propaganda farma-
cêutica e as lacunas na orientação 
profissional colaboram para o uso 
inadequado dos medicamentos.
Os papéis da Atenção Básica e dos 
prescritores na PURM são funda-
mentais. Também o potencial das 
ações de educação em saúde para 
o desenvolvimento de uma cons-
ciência coletiva sobre o uso mais 
responsável dos medicamentos é 
essencial para a PURM.
As ações de educação podem ser 
estimuladas e concretizadas na 
equipe e no território, a exemplo 
de reuniões de equipe, na educa-
ção permanente dos profissionais, 
em atividades de sala de espera, 
em ações na comunidade, nas es-
colas e nos espaços comunitários e 
de participação social.
Sugerimos a leitura dos materiais 
disponibilizados pelo Ministério da 
Saúde e pela ANVISA, os quais tra-
rão informações sobre a atuação na 
Atenção Básica.
Disponível na videoteca desta unidade.
41
Bem, até aqui 
aprendemos sobre 
o Uso Racional de 
Medicamentos. 
Essa conversa nos remete 
a outro tema de extrema 
importância e que vamos 
trabalhar a partir de 
agora nesta atividade: os 
aspectos sobre a adesão 
ao tratamento.
Estamo-nos referindo aos 
aspectos sobre a adesão 
ao tratamento.
Preparados para 
discutirmos essa 
temática?
Vamos em frente!
Enquanto o alto consumo de medi-
camentos é demonstrado e discu-
tido por diversos estudos e desper-
ta preocupação em profissionais e 
em autoridades de saúde, a ques-
tão da não-adesão ao tratamento 
medicamentoso prescrito também 
tem tomado importância nas últi-
mas décadas e está sendo incluída 
na lista de preocupações dos pro-
fissionais de saúde, juntamente 
com outros fatores que influem 
sobre o uso racional de recursos 
terapêuticos.
A relevância da questão na tera-
pêutica é indiscutível: da adesão ao 
tratamento dependem o sucesso 
da terapia proposta, a cura de uma 
enfermidade, o controle de uma 
doença crônica, a prevenção de 
uma patologia. 
A adesão dos pacientes 
é definida como o grau 
de seguimento das 
recomendações
médicas
E se o paciente não adere a ele? Por 
que isso acontece? Será que o pa-
ciente sabe o que é aderir ou tem 
consciência da questão? (LEITE; 
VASCONCELLOS, 2003).
Medicamentos podem ser pres-
critos para evitarem-se maiores 
complicações na saúde de uma 
pessoa ou remissão de alguma 
doença, logo, presume-se que 
o não uso de medicações pode 
propiciar uma piora da mesma. 
Assim, pensando nos medica-
mentos como forma de preve-
nirem-se complicações futuras 
no estado de saúde de um indi-
víduo caso uma pessoa deixe de 
utilizar fármacos receitados, ela 
se torna mais propensa a desen-
volver complicações de saúde, e 
mais caro para o sistema público 
será mantê-la em tratamento – 
pois, por exemplo, podem ocor-
rer internações decorrentes de 
complicações geradas pelo não 
cumprimento de uma terapia 
medicamentosa.
Não obstante, um paciente aderen-
te ao uso de medicações, que siga 
as recomendações de uso correta-
mente, tende a onerar menos o Go-
verno nos gastos com a saúde pú-
blica, pois ele evita que maiores 
danos à sua condição de saúde 
atual possam ocorrer (MOURÃO 
JÚNIOR; SOUZA, 2010). 
A discussão sobre a adesão a 
medicamentos envolve inúme-
ros fatores que se relacionam de 
maneira ampla e complexa. Não 
existe uma variável única que faça 
um indivíduo aderir às recomen-
dações feitas por um profissional 
em relação a quais remédios uti-
lizar; a não adesão está envolvida 
com fatores biológicos, psicológi-
cos, culturais e comportamentais, 
que se inter-relacionam. 
Esses fatores subsidiam as deci-
sões de um indivíduo sobre usar ou 
praticar aquilo que lhe foi indicado 
(MOURÃO JÚNIOR; SOUZA 2010).
42
A não adesão a tratamentos com medicamentos pode 
ser classificada como:
● erro de omissão (um medicamento prescrito não é 
utilizado), 
● erro de consumo (um medicamento não prescrito é 
consumido), 
● erro de posologia (uma dose errada é utilizada) e 
● erro no intervalo entre as administrações (por 
exemplo, uma vez em vez de duas vezes ao dia).
Em uma pesquisa realizada por Reitners e colabora-
dores (2008), identificaram-se e organizaram-se as 
publicações com estudos que tratam o tema de ade-
são ao tratamento (farmacológico ou não), organizan-
do-se um quadro muito interessante sobre os fatores 
que determinam a não adesão ao tratamento, o qual 
destacamos ao lado:
Nesse estudo, os autores evidenciaram que a maior 
carga de responsabilidade pela adesão/não-adesão 
ao tratamento é conferida ao paciente e que é neces-
sário que os profissionais e serviços de saúde sejam 
corresponsáveis nesse processo. 
Estima-se que entre 30 e 50% 
dos medicamentos prescritos 
para condições de longo curso 
não são utilizados conforme as 
recomendações recebidas.
O artigo de Reitners e colaboradores 
(2008) está disponível
na biblioteca virtual.
43
Fatores determinantes de não adesão
Relacionadosao tratamento(12,16-18)
Prescrição de esquemas terapêuticos não inadequados (famacológicos e não farmatológicos);
Apresentação dos medicamentos (cor, odor, gosto, tamanho, embalagem;
Custo elevado da medicação.
Relacionados à doença (15,21) Gravidade da doença;Ocorrência de outros problemas de saúde.
Relacionados aos problemas
de saúde (21-23)
Localização da unidade (distante do comicílio, em outra região);
Burocracia;
Insuficiência de recursos humanos e materiais;
Deficiência organizacional;
Deficiência nas visitas domiciliares e na busca ativa dos caos.
Relacionados aos
serviços de saúde(18,24)
Preparo profissional deficiente (erros terapêuticos, inabilidade para modificar esquemas de tratamento, avaliação insuficiente da 
situação de saúde do paciente);
Rotatividade de profissionais no atendimento ao paciente;
Não reconhecimento da responsabilidade do profissional na adesão.
Relacionamento ao relacionamento profissional 
de saúde / paciente(17,25,26)
Comunicação inadequada e insuficiente do profissional;
Dificuldade de relacionamento do paciente com o profissional;
Falta de confiança do paciente no profissional;
Abordagem do paciente de forma imprópria (desatenção e indelicadeza). 
Relacionados ao 
paciente (16,23,25,27,28)
1. Intolerância aos medicamentos;
2. Ausência de sintomas;
3. Melhora dos sintomas;
4. Fatores culturais;
5. Práticas alternativas de cuidado;
6. Dificuldade financeira;
7. Automedicação;
8. Esquecimento da dose diária dos medicamentos;
9. Esquecimento do dia da consulta;
10. dificuldade para se adaptar às exigências do tratamento;
11. Descrença no serviço de saúde;
12. Pouco conhecimento sobre a doença e o tratamento; 
13. Resistência aos medicamentos;
14. Retirada precoce do esquema terapêutico;
15. Dificuldade psicológica para lidar com a doença; 
16. Dificuldade em cumprir as normas do serviço de saúde;
17. Dificuldade em cumprir as normas do serviço de saúde;
18. Dificuldade de relacionamento do 
19. Prescrição mal entendidada;
20. Dificuldade para o autocuidado.
Relacionado a dados
demográficos(8, 11, 16, 29)
Faixa etária que compreende adolescentes e adultos jovens;
Sexo masculino;
Baixo nível de escolaridade e analfabetismo;
Morar sozinho ou em instituições, sem resistência fixa;
Baixo nível socioeconômico.
Relacionados
ao uso de drogas(22, 31)
Alcoolismo;
Tabagismo;
Drogas.
Relacionados a problemas sociais(11, 25, 30, 31) Discriminação social (no trabalho, na escola);Falta de apoio da sociedade e da família.
44
Segundo Beria e Beria 
(2013), a não adesão 
não deveriaser vista 
como um problema do 
paciente.
Ela representa uma 
limitação fundamental 
da provisão dos 
cuidados de saúde, 
frequentemente 
devido a uma falha 
na concordância com 
a prescrição ou na 
identificação e na 
disponibilidade do 
suporte de que o 
paciente necessita.
Em relação às estratégias para 
promover adesão e formas de in-
tervenção, Mourão Júnior e Souza 
(2010) destacam que as pessoas 
tendem a se manterem em uma 
zona de conforto, e mudanças 
que interfiram nelas inclinam-se a 
serem percebidas como desagra-
dáveis. Seria como se ocorresse 
uma perda de equilíbrio e sua se-
gurança estivesse ameaçada. 
Cabe, então, ao profissional, mé-
dico ou não, ajudar cada sujeito 
a sair dessa condição, proporcio-
nando a ele a segurança neces-
sária para tal, o que só se torna 
possível quando se atenta para o 
próprio sujeito e compreende-se 
que ele possui particularidades 
que o levam a agir de determina-
da maneira. 
Seguindo essa perspectiva de ten-
tar promover a adesão, algumas 
estratégias podem ser utilizadas na 
tentativa de ampliar as chances de 
um indivíduo ser mais aderente a 
uma terapia medicamentosa.
Existem algumas maneiras descri-
tas por McDonald, Garg e Haynes 
(2002), as quais o profissional pode 
utilizar para promover a adesão. Tais 
estratégias podem ser por meio de: 
● instrução oral e escrita; 
● orientação terapêutica ao pa-
ciente e à família; 
● utilização das respostas do 
próprio organismo do pacien-
te, como alterações de pres-
são arterial, convulsões – que 
alertam para melhoras ou 
pioras decorrentes do uso ou 
não do medicamento –; 
● lembretes; e 
● recompensas.
Ao utilizar, por exemplo, alterações 
de pressão arterial e convulsões que 
o paciente pode ter apresentado 
devido ao mau ou não uso de me-
dicamentos, o profissional permite 
que o próprio sujeito perceba as 
consequências de sua não adesão, o 
que possivelmente pode modificar 
sua atitude, evitando ocorrências de 
condições desagradáveis.
A combinação entre componentes 
afetivos, comportamentais e cogni-
tivos com intervenções compreen-
sivas são mais efetivas do que inter-
venções de foco único.
Estratégia de tratamento multidis-
ciplinar está associada a um au-
mento na adesão de medicamentos 
em um período de trinta dias após 
alta hospitalar em pacientes idosos 
com problemas cardíacos. 
No intuito de promover mais segu-
rança ao paciente, obtendo-se mais 
conhecimento sobre sua condição, 
pode ser utilizada uma técnica co-
nhecida como psicoeducação. Ela 
propõe a promoção de conhecimen-
to, visando favorecer uma conduta 
mais aderente do indivíduo à terapia. 
Questões relativas à ação do medi-
camento no organismo, aos efei-
tos esperados do mesmo e ao tem-
po que ele leva para proporcionar 
uma melhora do quadro podem 
ser discutidos para o aprendizado 
do paciente. 
45
Inseguranças e medos dos indivíduos podem 
ser diminuídos e, consequentemente, a ade-
são poderá ser promovida, evitando assim, 
falsas expectativas sobre o uso da medicação
Na Atenção Básica, temos uma oportunidade 
muito singular de tratar a não adesão, devido 
às características da atenção ofertada nesse 
nível de atenção e seus atributos de qualida-
de, além dos princípios da Humanização que 
corroboram para um vínculo maior com o in-
divíduo, a família e a comunidade. 
A Política Nacional de Humanização existe 
desde 2003 para efetivar os princípios do 
SUS no cotidiano das práticas de atenção e 
gestão, qualificando a saúde pública no Brasil 
e incentivando trocas solidárias entre gesto-
res, trabalhadores e usuários.
A Política Nacional de Atenção Básica incluiu a 
humanização como uma de suas orientações; 
da mesma forma, a estratégia do NASF tomou a 
humanização como diretriz e princípio, e vários 
de seus dispositivos, como Projeto Terapêutico 
Singular, Apoio Matricial, Acolhimento com Clas-
sificação de Risco e Vulnerabilidade, entre ou-
tros, foram incluídos como ferramentas de ação. 
Mas, sobretudo, a inclusão do conceito-ferra-
menta apoio institucional, principal tecnologia 
de ação da humanização, é uma contribuição 
indelével da PNH para a Atenção Básica. 
Quer conhecer mais textos que analisam e 
discutem abordagens teóricas e análise de 
experiências concretas, apontando alguns 
acúmulos e desafios para a Atenção Básica 
no SUS?
Conheça o Caderno do Humaniza SUS 
Atenção Básica disponível em sua Biblioteca 
virtual.
Para o tratamento da não adesão, é importan-
te melhorar a comunicação com os pacientes.
Na prática individual, é importante levar em 
consideração, antes de realizar intervenções 
para aumentar a adesão, que a terapêutica 
seja racional e baseada em conhecimento 
médico estabelecido e que os riscos poten-
ciais do tratamento sejam menores do que 
os benefícios esperados.
Um SUS humanizado é aquele que reconhe-
ce o outro como legítimo cidadão de direi-
tos, valorizando os diferentes sujeitos impli-
cados no processo de produção de saúde.
Pesquisa
Prescrevendo na 
Atenção Básica
Atividade 4
47
A prescrição médica é conside-
rada racional sempre que o tra-
tamento farmacológico seja de 
fato o indicado, o medicamento 
prescrito seja eficaz para tratar o 
quadro clínico da pessoa e seja 
utilizado na dose e período ade-
quado e a alternativa farmaco-
terapêutica seja a mais segura e 
de menor custo (OZÓRIO et al., 
2012).
Na Atenção Básica, temos a 
oportunidade de conhecer me-
lhor a pessoa que estamos aten-
dendo e o tempo está a nosso 
favor – podemos rever e “bus-
car” nosso paciente sempre que 
preciso (pois o conhecemos e 
sabemos onde encontrá-lo).
Temos também o atributo da 
competência cultural que vai 
contribuir muito para a tomada 
de decisão – a forma como as 
pessoas utilizam suas medica-
ções é muito variável e está for-
temente influenciada pelas suas 
crenças e postura.
Outro ponto de destaque na 
Atenção Básica é a oportunida-
de de aproximação e de acom-
panhamento das pessoas idosas 
e das crianças, dois grupos po-
pulacionais que exigem especial 
cuidado para a tomada de deci-
são e a prescrição.
Os idosos são consumidores em 
potencial de medicamentos, 
muito suscetíveis à polimedica-
ção, aos efeitos adversos e à in-
teração medicamentosa. 
Os pacientes idosos, com já afir-
mamos, são os principais consu-
midores e os maiores beneficiá-
rios da farmacoterapia moderna. 
Mais de 80% tomam, no mínimo, 
um medicamento diariamente. 
Esse grupo etário, no entanto, 
apresenta maior risco de de-
senvolver reações adversas, e 
estas são responsáveis por 10% 
a 20% das admissões hospitala-
res agudas. 
O uso inapropriado de medi-
camentos por idosos tem-se 
tornado um problema, tanto 
do ponto de vista humanístico 
quanto o econômico (TEIXEIRA; 
LEFÈVRE, 2001).
A prescrição de medicamentos 
para essa população envolve 
necessariamente o entendimen-
to das mudanças estruturais ou 
funcionais dos vários órgãos e 
sistemas relacionados à idade, 
implicando alterações na farma-
cocinética e farmacodinâmica 
de vários medicamentos.
O desconhecimento dos pacien-
tes a respeito de suas doenças 
e dos tratamentos implica uma 
das três considerações a seguir: 
os pacientes não são totalmen-
te informados; a situação não 
é claramente explicada; ou se 
explicada, os pacientes não en-
tendem a terminologia médica 
usada pelo prescritor (TEIXEI-
RA; LEFÈVRE, 2001). 
48
Já as crianças exigem uma 
atenção especial, pois as for-
mulações, as dosagens e a ad-
ministração são aspectos que 
exigem uma adequação na 
hora da prescrição. Além des-
ses aspectos, crianças e alguns 
idosos dependem de um res-
ponsável para a administração 
correta da farmacoterapia.
Como já discutimos anterior-
mente, a prescrição deve ser 
realizada com letra legível, com 
inscrição, subinscrição e indica-
ção realizados de forma com-
pleta e com clareza. Prescrições 
incompletas, ilegíveis ou com 
rasuras impedem a eficiência 
da dispensação, acarretam ris-
co de troca de medicamentos e 
de dosagens, levando ao com-
prometimento no tratamento 
farmacoterapêutico.Em um estudo realizado em 
um ambulatório de pediatria, 
concluiu-se que os fatores re-
lacionados à não compreensão 
da prescrição pediátrica foram 
o baixo nível socioeconômi-
cocultural do acompanhan te/ 
responsável. 
Mesmo entre os entrevistadores 
que eram universitários, houve 
incompreensão da letra pres-
crita. Outros fatores estavam 
relacionados ao médico, tais 
como a utilização de símbolos/
abreviaturas, a letra ilegível e as 
orientações fornecidas apenas 
verbalmente (SANO et al., 2002).
Em outro estudo, observou-se 
que as principais informações 
ausentes nas prescrições ana-
lisadas foram a forma farma-
cêutica (84,0%), a concentra-
ção (61,5%), as abreviaturas 
mais utilizadas na via de admi-
nistração (37,2%) e a posolo-
gia (35,3%). A denominação 
genérica esteve presente em 
63,4% e a identificação do 
pres critor estava ilegível em 
88,0% das prescrições (GEYSA 
et al., 2006).
Segundo Ozório e colaborado-
res (2012), a falha de comu-
nicação durante a prescrição 
pode levar ao desconforto e à 
desconfiança quanto à medi-
cação prescrita, ao descrédito 
no médico, ao sistema e à falta 
de adesão ao tratamento. 
Disponibilizamos, em 
sua Biblioteca virtual, o 
artigo “Acidentes com 
os medicamentos: como 
minimizá-los?”. 
Essa revisão apresenta 
e discute os problemas 
relacionados aos 
acidentes envolvendo 
medicamentos, da 
prescrição ao uso, as 
etapas críticas e as 
estratégias para minimizá-
los. Disponível
 na videoteca 
desta unidade.
49
Você pode estar se 
perguntando: 
O que eu posso fazer 
para realizar uma 
melhor prescrição na 
Atenção Básica?
Ozório e 
colaboradores (2012) 
indicam-nos alguns 
passos e conselhos 
úteis que eles 
desenvolveram.
Além disso, eles 
destacam alguns 
dos erros mais 
frequentemente 
cometidos e sugerem 
algumas atividades 
preventivas e de 
educação.
Vamos a essas dicas valiosas para 
uma prescrição na Atenção Básica 
racional e de qualidade.
Na anamnese, você deve incluir 
informações sobre o uso de fár-
macos, não apenas às questões 
mais formais em si, como história 
de alergias, o uso regular ou even-
tual de algum fármaco, o uso de 
algum por conta própria, etc. 
É preciso muita atenção aos as-
pectos inerentes à pessoa: suas 
crenças individuais sobre a doença 
e a medicação, suas ideias e preo-
cupações, sua expectativa sobre 
o diagnóstico e o tratamento são 
pontos-chave para uma boa co-
municação, a qual certamente re-
fletir-se-á na prescrição. 
Tenha certeza de que a comunicação 
inadequada é um fator relevante 
que contribui para erros na me-
dicação como vários estudos apon-
taram para essa realidade.
A OMS desenvolveu um manual sobre 
os princípios da prescrição racional 
para estudantes de Medicina, o Guide 
to Good Prescribing, traduzido para 
o português como Guia para a Boa 
Prescrição Médica (Artmed, 1998). 
Esse manual apresenta ao estudante 
o seguinte modelo nor mativo para a 
farmacoterapia racional: 
No curso do desenvolvimento de 
seus medicamentos, os estudantes 
são ensinados a consultar proto-
colos de tratamento nacionais e 
internacionais, formulários, livros-
texto e outras fontes de informação 
sobre medicamentos. 
Em seguida, eles são ensinados a 
aplicar o conjunto de medicamen-
tos-I a problemas específcos de 
pacientes, usando um esquema de 
resolução de problemas composto 
por 6 passos: 
1. definir o problema do paciente;
2. especificar o objetivo terapêutico; 
3. verificar a conveniência de seus 
medicamentos e escolher o tra-
tamento para esse paciente indi-
vidual; 
4. escrever a prescrição;
5. informar e instruir o paciente; 
6. monitorar e/ou interromper o 
tratamento. A leitura desse livro 
é uma excelente dica para todo 
prescritor!
Segundo Arrais e colaboradores 
(2007), o Guia para a Boa Prescrição 
Médica da OMS nos indica que, 
após selecionar o tratamento me-
dicamentoso e escrever a recei ta, o 
médico deve informar ao paciente:
(a) os objetivos a curto (ou a longo) 
prazo do tratamento instituído; (b) 
como, quando e por quanto tempo 
deve tomar o medicamento; (c) 
seus benefícios e riscos (interações 
medicamento-medicamento ou me-
di camento-alimento, reações ad-
ver sas, intoxicações); (d) procedi-
mentos a seguir se surgirem alguns 
efeitos adversos; (e) forma de 
guardar os medicamentos; e (f) o 
que fazer com as sobras. 
O medicamento é 
um produto que, 
acompanhado de 
informação, facilita o seu 
uso correto.
50
EIS UMA DICA PRECIOSA! PASSOS PARA A TOMADA DE DECISÕES 
COMPARTILHADAS COM A PESSOA
Esses autores afirmam que, atualmente, verifica-se a necessidade do 
resgate das relações médico-paciente e farmacêutico-paciente, como 
um aspecto chave para a melhoria da qualidade do serviço de saúde, no 
qual a personalização da assistência, a humanização do atendimento 
e o direito à informação são componentes básicos desse processo 
(ARRAIS et al., 2007).
A seguir, vamos destacar 2 quadros que foram trabalhados por Ozório 
e colaboradores (2012). O primeiro quadro (ao lado) apresenta passos 
para a tomada de decisão compartilhada com a pessoa e o segundo 
quadro demonstra alguns conselhos úteis na hora de prescrever. 
Vamos a eles:
● Definir o problema: o profissional deve especificar o problema 
que requer uma decisão, levando em consideração as suas 
percepções e as da pessoa.
● Transmitir confiança: deixar claro que os profissionais podem 
não ter uma mesma opinião sobre qual opção de tratamento é 
a melhor.
● Resumir as opções: descrever uma ou mais opções de 
tratamento e, se relevante, a consequência de não tratar.
● Verificar o entendimento: certificar-se do entendimento da 
pessoa sobre as opções.
● Explorar as concepções: evocar as preocupações da pessoa e 
as expectativas sobre a condição clínica, as possíveis opções de 
tratamento e as suas consequências.
● Investigar a aceitação da pessoa: conferir se ela aceita o 
processo de decisão compartilhada e identifica o seu papel na 
interação.
● Envolver a pessoa: comprometê-la no processo de decisão.
● Protelar, se necessário: rever as necessidades e as preferências 
da pessoa, incluindo a opinião da família.
● Rever os acordos: examinar cuidadosamente as decisões de 
tratamento após um período específico de tempo.
51
CONSELHOS ÚTEIS NA HORA DE PRESCREVER VEJA MAIS...
● Antes de prescrever uma medicação ou conduta, deve-se 
conhecer e procurar evidências de seu uso.
● Descrever, de forma compreensível e detalhada, as medidas não 
medicamentosas que fizeram parte da prescrição.
● Prescrever, na medida do possível, somente uma medicação. 
Evitar a polifarmácia.
● Esclarecer à pessoa e/ou ao acompanhante tudo o que for 
imprescindível sobre o medicamento prescrito: dose, duração 
do tratamento, interações medicamentosas, reações adversas e 
riscos durante e depois de seu uso, forma de armazenamento.
● Na prescrição de crianças, conhecer a dose recomendada de 
acordo com o peso, a idade, a apresentação do medicamento e o 
estado nutricional.
● Na prescrição de gestantes, conhecer de forma empírica e 
procurar sempre uma justificativa clínica consistente.
● Escrever a receita médica de forma legível, completa, sem 
abreviaturas, com a inscrição no CRM. Datar e assinar. Utilizar o 
nome genérico ou a denominação comum brasileira (DCB).
● Levar em consideração o custo-benefício dos medicamentos ao 
prescrevê-los.
● Prescrever somente medicamentos que venham ao encontro das 
necessidades da pessoa e nunca para sua própria conveniência 
ou simplesmente porque a pessoa os requer.
● Acordar com a pessoa o retorno da consulta para acompanhamento.
● Prescrever medicação não licenciada ou fora dos termos de sua 
licença (off-label) somente se necessário.
● Renovar receitas, desde que as condições da pessoa estejam 
monitoradas.
● Estabelecer comunicação com a pessoa, levando em consideração 
suas crenças, preocupações e atitudes.
● Registrar as prescrições no prontuário da pessoa para que se 
possa conferir, no retorno, se as orientações foram cumpridas.
● Utilizar,se disponível, prescrição eletrônica. Isso tem sido pro-
posto como uma estratégia importante para reduzir erros com 
medicações, melhorar a qualidade do cuidado com a pessoa e 
reduzir os custos na área da saúde.
52
ERROS MAIS FREQUENTES COMETIDOS
● Uso de medicamentos que trazem mais riscos que benefícios, ou de custo elevado, 
quando existem alternativas mais seguras e acessíveis.
● Prescrição de medicamentos com interações medicamento-medicamento e me-
dicamento-doença clinicamente significativas.
● Prescrições inapropriadas (subprescrição – não prescrever medicamentos que são 
necessários, principalmente no caso de pessoas idosas, ou prescrever por tempo 
insuficiente; superprescrição – prescrever um ou mais medicamentos do que é 
clinicamente necessário, ou por tempo prolongado; sobreprescrição – prescrever dois 
ou mais medicamentos para a mesma finalidade).
● Prescrições incorretas: ambíguas (medicamentos antagônicos), ilegíveis, incompletas 
(ausência de via de administração, forma farmacêutica, concentração, duração do 
tratamento, posologia e data), com uso de abreviações ou, ainda, rasuras, com falta de 
assinatura ou CRM. 
● Prescrições que não levam em consideração as características individuais das pessoas (função 
renal ou hepática reduzida, história de alergia, uso de outros fármacos, gestação, etc).
● Uso de terapias não baseadas em evidências.
● Ausência de informações verbais (o porquê do medicamento; a forma adequada de 
fazer uso de cada substância; a existência de interação ou não com a alimentação; a 
importância do cumprimento dos horários estabelecidos; formas de armazenamento, 
etc.) e não elucidação das dúvidas da pessoa.
● Não monitorar a ação do medicamento.
Seguindo nossa proposta 
de apresentar facilitadores 
para sua prescrição na 
Atenção Básica, destacamos 
no quadro alguns dos erros 
mais frequentes cometidos, 
segundo proposto por 
Ozório e colaboradores 
(2012).
53
Para evitar as duplicações e as interações medicamentosas, o médico 
da Atenção Básica deve elaborar um esquema terapêutico simplificado, 
com dosagens adequadas, e aquelas potencialmente interativas devem 
ser substituídas, procurando o máximo efeito terapêutico com o mínimo 
de drogas e de efeitos adversos.
Antes de prescrever algum medicamento na Atenção Básica, é 
importante que o médico se questione sobre os seguintes pontos:
a) É realmente necessária a utilização de um fármaco para modificar 
o curso clínico desse problema?
b) Qual fármaco indicar?
c) Como deve ser administrado esse fármaco? O idoso ou seu 
cuidador tem condição de assimilar essas informações?
d) O idoso está usando outro fármaco?
e) Quais os efeitos esperados desse fármaco?
f) O fármaco poderá ser utilizado para outros fins que não os da 
prescrição?
g) Os medicamento prescritos estão disponíveis no Sistema Único de 
Saúde?
Racionalizar o uso de medicamentos e evitar os agravos advindos da 
polifarmácia e da iatrogenia serão, sem dúvida, um dos grandes desafios 
da saúde pública deste século. 
Para facilitar essa prática, a Caderneta de Saúde da Pessoa permitirá o 
registro das principais medicações em uso, auxiliando no atendimento 
da pessoa idosa em qualquer ambiente em que isso ocorra.
Para fecharmos esta atividade, compartilhamos alguns 
preceitos gerais pronunciados pelo professor Jairo Ramos 
na primeira edição do livro “Atualização Terapêutica”, há 
quase 50 anos, e que sempre merecem ser lembrados: 
54
Como podemos selecionar uma lista com
medicamentos considerados essenciais? Veja a seguir.
Rename 
e Farmácia Popular
Escolhemos encerrar nossa discussão sobre 
prescrição de fármacos apresentando na 
última atividade algumas informações que 
serão fundamentais de serem conhecidas 
sobre listas de medicamentos na Atenção 
Básica.
Você sabia que trabalhar com conceito e 
lista de medicamentos essenciais faz par-
te das dez recomendações que melho-
ram o uso de medicamentos em países 
em desenvolvimento?
Esse conceito foi criado com a visão de 
que as pessoas, em qualquer lugar, te-
nham acesso aos medicamentos priori-
tários para a saúde pública quando deles 
necessitarem, os quais devem ser efica-
zes, seguros e de qualidade assegurada, 
sendo prescritos e usados racionalmente. 
Atividade 5
55
Critérios de seleção
Baseados em 
evidências e em 
sequência hierárquica, 
englobam: 
Cada país utiliza a lista modelo da 
OMS de modo flexível e adaptável 
às suas condições. A decisão sobre 
quais medicamentos essenciais se-
rão selecionados permanece uma 
responsabilidade nacional. 
Nessa perspectiva, a seleção leva 
em conta as doenças de relevância 
para a população, as condições or-
ganizacionais dos serviços de saú-
de, a capacitação e a experiência 
dos profissionais, a qualidade dos 
medicamentos registrados e dispo-
níveis no país e os recursos finan-
ceiros alocados para a saúde. 
E para a prática clínica, é vantajoso 
trabalhar com listas?
Há evidências de que trabalhar com 
número limitado de medicamentos 
essenciais favorece qualidade de 
atenção à saúde, melhor gestão de 
medicamentos, mais fácil auditoria, 
mais fácil treinamento do prescri-
tor e melhor informação ao pacien-
te, o que foi verificado inclusive em 
países ricos. 
A lista de medicamentos 
essenciais deve orientar e 
racionalizar o suprimento 
de medicamentos no 
setor público, a produção 
local de medicamentos 
e as ações no âmbito da 
assistência farmacêutica
A estratégia de emprego de me-
dicamentos essenciais é impor-
tante vertente para o uso racio-
nal de medicamentos. A lista de 
seleção de medicamentos essen-
ciais deve ter extensões, como 
um formulário terapêutico e 
protocolos clínicos, tudo isso in-
fluenciando positivamente a pre-
venção e o tratamento de doen-
ças prevalentes e relevantes para 
o país.
Mas, na prática, como são selecio-
nados frente a tantas possibilida-
des que a indústria farmacêutica 
disponibiliza?
Na atualidade, cresce o número de 
medicamentos colocado para co-
mercialização, sendo que apenas 
1% representa reais inovações com 
relevância clínica. Há, pois, um ar-
mamentário excessivo e repetitivo, 
criando-se “famílias” de medica-
mentos, em que os mais novos são 
muito semelhantes em eficácia e 
em segurança (me-toos) aos já exis-
tentes. As poucas diferenças en-
contradas dizem respeito a aspec-
tos farmacocinéticos, os quais, por 
vezes, repercutem favoravelmente 
na terapêutica.
Em outras, no entanto, aquelas di-
ferenças não são significativas para 
obtenção de respostas terapêuticas. 
Apesar dessa realidade, os órgãos 
reguladores europeu (EMEA) e nor-
te-americano (FDA) aprovaram mais 
medicamentos em 2008 do que em 
2007. O cerne da seleção racional é 
o processo comparativo, em que re-
presentantes de mesma classe tera-
pêutica são cotejados entre si para 
determinar seu real e relevante be-
nefício clínico para o paciente. 
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Da lista de essenciais, são excluídos 
medicamentos de similar eficácia e segurança, 
de recente introdução no mercado, com 
insuficiente experiência de uso e eficácia ou 
segurança não definidamente comprovados. 
Custo alto não exclui da lista um medicamento, se esse representa a 
melhor escolha para uma condição específica. Ao contrário, se todos 
os critérios hierarquicamente mais importantes (eficácia, segurança e 
conveniência ao paciente) forem similares, a decisão penderá em favor 
do que tiver preço mais justo, para tornar-se mais facilmente disponível 
aos pacientes que dele necessitarem.
Assim, levando em conta os efeitos 
de classe, escolhe-se um represen-
tante com base em fortes evidên-
cias de eficácia e de segurança, 
comprovadas por amplos ensaios 
clínicos randomizados (ECR), com 
base metodológica e desfechos 
de alta relevância clínica, gerado-
res de resultados generalizáveis e 
aplicáveis às condições usuais. Me-
ta-análises e revisões sistemáticas 
os resultados das fontes primárias 
e constituem um dos pilares da evi-
dência, mesmo quando essa ainda 
não se construiu. 
Mostrar que existe incerteza

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