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Síndrome da Ardência Bucal (SAB)

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Beatriz Galvão – Odontologia UFRN 
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SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL (SAB) 
Glossopirose, glossodinia, estomatodinia. 
Queimação ou alteração de sensibilidade na boca (disestese), recorrente, por no mínimo duas 
horas por dia e com mais de 3 meses de duração, sem lesões, ou causas clinicamente 
evidentes. 
Condição que provavelmente inclui diferentes entidades patofisiológicas associadas com 
comorbidades somáticas e psicológicas → dor crônica e resposta variada ao tratamento → 
interfere na qualidade de vida dos pacientes. 
Epidemiologia: condição crônica; incidência 0,7 a 15% da população adulta; sintomatologia 
diária com vários anos; início súbito e de baixa intensidade. 
Características clinicas: dor tipo queimação, alterações de humor (ansiedade/depressão), 
xerostomia, dormência, disgeusia (diminuição ou alteração no paladar), gosto metálico ou 
amargo, dificuldade de deglutição. 
Classificação da SAB: 
1. Tipo 1: ardor surgia paulatinamente durante o dia (35%). 
2. Tipo 2: sintomatologia constante e contínua podendo prejudicar o sono (55%). 
3. Tipo 3: sintomatologia intermitente (10%). 
Etiopatogênese → tratamento → melhoria na qualidade de vida dos pacientes portadores de 
SAB; a problemática é pouco compreendida, causando desafios no acompanhamento dos 
pacientes; multifatorial, não há consenso dos fatores verdadeiros que conduzem ao seu 
desenvolvimento; distúrbios psicológicos/psiquiátricos, neuropatia, alterações no cortisol, 
inflamação, disfunções no ciclo circadiano, disfunções hormonais, dehidroepiandrosterona 
(DHEA), cortisol. 
Disfunções hormonais – alterações no eixo cortisol/DHEA: ↑ cortisol ↓ DHEA. 
Alteração na percepção da dor (natureza do estímulo): 
• Nociceptiva: grau de lesão nos tecidos; variações mecânicas ou térmicas que alteram 
as terminações nervosas livres. 
• Neuropática: dor gerada e mantida pelo SN, desconforto de alto grau, crônico; auxilia 
na sensibilidade paladar 2/3 anteriores da língua; comidas quentes, injúrias por 
anestesias; altera a qualidade de vida, queimação, sensação de choque elétrico, 
formigamento e dormência → 30 a 60% dos pacientes portadores de SAB exibem dor 
de origem neuropática. 
Disgeusia: alterações na eletrogustometria de pacientes com SAB; estudo caso controle em 
pacientes portadores de SAB: ↓ sensibilidade em papilas fungiformes e folheadas – pH da 
saliva → 11 a 69% dos pacientes exibem alterações de paladar. 
Fatores psicológicos: mais associados a mulheres com SAB do que em homens → mulheres: 
altos níveis de somatização, transtornos compulsivos, idealização paranoica → depressão: 
influencia nos níveis plasmáticos de noradrenalina, cortisol → 85% dos pacientes com SAB 
 
Beatriz Galvão – Odontologia UFRN 
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exibem alterações psicológicas; “úlceras imagináveis na língua” – influência do estado psíquico 
do paciente, propenso ao exagero e fixados nos pequenos detalhes da língua. 
Sítios mais afetados: terço anterior da língua, lábios, palato e rebordo alveolar (região 
anterior). 
Diagnóstico e classificação do ardor bucal constituem os primeiros desafios diante de um 
paciente com queixa de ardência bucal. 
Critérios de diagnóstico: análise cuidadosa dos sintomas referidos pelo paciente; sintomas 
referidos por 4 a 6 meses e de forma contínua ou intermitente; a dor raramente interfere com 
o sono e pode ser aliviada com ato de alimentar-se ou beber alguma coisa; é necessário fazer 
um exame clínico bem feito e caracterizar o ardor. 
Exames laboratoriais: glicemia, hemograma (anemia), dosagens séricas de ferro, zinco, 
ferritina, vitamina A,C B1, B6, B12 e folato, cortisol e DHEA, estrógeno e progesterona séricos, 
saliva (alterações significativas de pH, capacidade tampão, proteínas, mucinas, potássio, 
fosfato, imunoglobulinas). 
Há aumento da queimação bucal após bochecho com anestésico tópico, condição neuropática 
central que resulta na diminuição da inibição periférica do nervo trigêmeo. 
Mucosa oral normal e exames laboratoriais dentro dos padrões de normalidade. 
SAB verdadeira → xerostomia não associada a diminuição do fluxo salivar → alterações do Ph 
salivar, capacidade tampão → sugerem envolvimento da função simpática e parassimpática, 
além da injúria neuropática. 
Tratamento da SAB: empírico, alivio da sintomatologia, antidepressivos tricíclicos, 
anticonvulsivantes, ansiolíticos benzodiazepínicos, suporte psicoterapêutico; acupuntura, 
ácido alfa-lipóico (antioxidante), capsaicina (extrato de pimenta), laserterapia de baixa 
intensidade, ajuste de protocolo terapêutico, perspectiva de resolução espontânea. 
Os resultados reforçaram a hipótese neuro-inflamatória para etiopatogenia da SAB: aumenta o 
fluxo salivar – antioxidante, fotobiomodulação. 
Estabelecer critérios para o diagnóstico da SAB e protocolos terapêuticos para a SAB; as 
evidências atuais parecem apontar para uma alteração de origem neuropática. 
Homeostase da boca: balanço hormonal; receptores de hormônios sexuais, esteroides estão 
presentes na mucosa oral e glândulas salivares; associação com sexo, idade e menopausa – 
devido as alterações hormonais que poderiam interferir com a saúde oral e participar da 
Etiopatogênese dos sintomas.

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