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Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados IV Puberdade precoce e normal FISIOLÓGICA Fase de transição entre a infância e a vida adulta; Início do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e a maturação sexual, que culminam na capacidade reprodutiva. Os limites de normalidade para o início do desenvolvimento puberal: Meninas: 8-13 anos; telarca (aparecimento do broto mamário), pubarca (pelos pubianos), e 2 anos após esses sinais corre a menarca; Meninos: 9-14 anos; aumento do volume testicular, pubarca e crescimento peniano. PROCESSOS FISIOLÓGICOS: adrenarca e gonadarca. ADRENARCA Ocorre antes da gonarda; Aumento dos andrógenos adrenais e de seus precursores, principalmente deidroepiandrosterona (DHEA) e sua forma sulfatado (DHEA-S), as concentrações desses hormônios elevam-se aos 6-7 anos nas meninas e aos 7-8 anos no menino; Promove o crescimento de pelos pubianos. GONADARCA: eixo-hipotámo-hipófise-gonadal (HHG) – padrão de atividade variável. Período gestacional (em torno da segunda metade): aumento das concentrações fetais de LH e FSH com níveis semelhantes aos de adultos, porém tem-se uma queda devido retroalimentação negativa exercida pelos hormônios esteroides liberados pela placenta; Neonatal: concentrações voltam a aumentar em razão da perda da inibição da placenta e imaturidade dos mecanismos regulatórios hipotâmicos. Ocorre nos 2 primeiros anos de vida, é a chamada minipuberdade, podem ocorrer sinais discretos de puberdade, esses que regridem sozinhos; Quiescência (fase pré-puberal): ocorre na infância, onde tem-se uma baixa liberação de hormônios gonadotróficos devido a retroalimentação negativa feita pelos esteroides sexuais e outros fatores desconhecidos; PUBERDADE: ocorre uma reativação do eixo H- H-G, essa é influenciada por interação complexa, que diminuem o tônus inibitório e aumenta o excitatório sobre a secreção pulsátil de GnRH. CRITÉRIOS DE TANNER Servem para avaliar a progressão do desenvolvimento puberal; Vai de 1 (pré-púbere) ao 5 (adulto); Em média, o intervalo entre dois estágios puberais é de 1 ano. PUBERDADE PRECOCE Desenvolvimento de caracteres sexuais secundários antes dos 8 anos em meninas e antes dos 9 em meninos. Causas dividem-se em dependentes ou independentes de GnRH. Sua apresentação pode ser classificada como isossexual (características concordantes com o Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados IV gênero acometido) ou heterossexual (características discordantes). Como investigar? Anamnese deve detalhar: idade de aparecimento e ritmo de progressão dos caracteres sexuais secundários, modificação do crescimento linear (velocidade de crescimento), uso de medicamentos, história de alterações congênitas ou adquiridas do sistema nervoso central (SNC), condições perinatais (idade gestacional, peso e comprimento de nascimento, escore de Apgar, intercorrências), história familiar; O exame físico deve identificar: dados antropométricos (peso e estatura para sexo/idade e canal familiar), estadiamento puberal de Tanner, outras manifestações puberais (hipertrofia muscular, acne, alteração da voz), lesões cutâneas, massas palpáveis e estigmas típicos de doenças que cursam com PP; A avaliação clínica geralmente permite distinguir os quadros dependentes dos independentes de GnRH e orienta a escolha dos exames complementares. AVALIAÇÃO LABORATORIAL – PPC ou PPP? Dosagem de LH basal: Método de imunoflurométrico (IFMA); LH > 0,6 U/L em ambos os sexos confimar PPC, nesses casos, dispensa-se o teste de estímulo com GnRH; LH < 0,6 U/L e o paciente com quadro clínico sugestivo, faz se o teste com GnRH. Teste de estímulo de GnRH: Administra-se o GnRH, aí nos tempos de 0, 15, 30, 45 e 60 minutos dosa o LH; Pico de LH >9,6 U/L (meninos) e >6,9 U/L (meninas) – PPC; Sem pico de LH – PPP. PPC – LH alto; PPP – LH baixo. PUBERDADE PRECOCE CENTRAL / VERDADEIRA É aquela dependente de GnRH; Resulta da ativação precoce do eixo H-H-G, assim mimetiza a puberdade fisiológica, tendo uma apresentação isossexual, com aparecimento dos caracteres sexuais secundários na sequência habitual, com intervalos variáveis, a depender do tipo de evolução. ETIOLOGIAS DA PPC Hamartoma hipotalâmico: malformações congênitas, não neoplásicas, que consistem de massa heterotópica de tecido hipotalâmico com neurônios displásicos, localizadas geralmente na base do crânio. Avaliação por imagem para identificação da etiologia: Idade óssea (IO): quando ocorre uma reativação do eixo H-H-G, todos os outros eixos também “amadurecem” mais cedo. Assim, a idade óssea de um paciente com PPC, estará avançada para a sua idade cronológica. Terão o fechamento das epífises com o comprometimento da estatura final. Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados IV Raio X do punho e comparação desse com um altas. Exame de neuroimagem: principalmente a ressonância magnética, para analisar alterações no SNC. Tratamento Análogos de GnRH com ação prolonagada – de início causa aumento da síntese de hormônios gonadotróficos, com administração crônica ocorre inibição do eixo, de maneira completa e constante – casos idiopáticos. O controle é feito pela avaliação clínica (regressão ou estabilização das características sexuais secundárias e crescimento linear) e laboratorial. Concentrações de LH plasmático superiores a 4 ou 6,6 mUI/ml em amostra coletada 2 horas após a aplicação do GnRHa sugerem bloqueio incompleto e necessidade de aumento da dose. A interrupção do tratamento, em geral, deve ser feita entre os 12 – 12,5 anos de IO nas meninas e entre 13 – 13,5 anos nos meninos. A idade cronológica, a adequação psicossocial e o desejo do paciente também devem ser considerados. Se alterações no SNC, é tratamento cirúrgico ou irradiação da lesão associado aos análogos do GnRH. O tratamento adequado resulta em menor prejuízo da estatura final e previne desproporções corporais. O bloqueio com GnRH é totalmente reversível e parece não ter efeitos negativos sobre a função reprodutiva, a massa óssea e o IMC. Indivíduos com PPC não tratados, apesar de terem estatura mais elevada no momento do diagnóstico, geralmente terão baixa estatura na vida adulta. Alguns estudos sugerem que esses pacientes apresentam maior risco de obesidade, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica (HAS), doenças cardiovasculares e câncer. Além disto, não é rara a ocorrência de distúrbios psicológicos e comportamentais. PUBERDADE PRECOCE PERIFÉRICA / PSEUDOPUBERDADE Independente de GnRH, sendo causada pelo excesso de esteroides sexuais, seja pela síntese desses pelas gônadas ou exposição a hormônios exógenos, ou pela síntese de andrógenos pelas adrenais. Os sinais puberais são desordenados e incompletos, podendo ter apresentação isossexual ou heterossexual. Etiologias Síndrome de McCune Albright: mutação do gene GNAS1 que codifica a subunidade alfa da proteína Gs, gerando hiperfunção endócrina e maior risco de malignidade. Caracteriza-se pela tríade: manchas café-com-leite (com bordas irregulares que, geralmente, não ultrapassam a linha média), displasia fibrosa poliostótica (leva a fraturas patológicas e deformidades progressivas) e PPP geralmente nos 2 primeiros anos de vida (sangramentovaginal e desenvolvimento mamário intermitentes, aceleração do crescimento em graus variados, sem pubarca). O tratamento da PPP pode ser feito com inibidores da aromatase (Letrozol ou Anastrozol) ou bloqueadores do receptor de estrógeno. Hipotireoidismo primário: Em algumas meninas, por mecanismos pouco conhecidos, na presença de concentrações muito elevadas de hormônio tireotrófico (TSH), pode haver a formação de cistos ovarianos, telarca e menarca. Acredita-se que o TSH pode atuar sobre os receptores de FSH e gerar efeitos gonadotróficos. A idade óssea estará retardada assim como o crescimento/estatura. Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados IV Avaliação por imagem para identificação da etiologia Ultrassonografia pélvica e abdominal: a pélvica pode indicar aumento do volume uterino e ovariano – tumores e gonadais ou cistos ovarianos. A abdominal é indicado para avaliar tumores adrenais – PPP. VARIAÇÕES BENIGNAS DO DESENVOLVIMENTO PUBEBRAL Telarca precoce isolada Desenvolvimento isolado do tecido mamário em meninas com menos de 8 anos, sem outros achados; Mais frequente nos primeiros 2 anos de vida (minipuberdade); Geralmente regride em alguns meses, todavia, pode persistir por anos, até a idade de início da puberdade normal; Em 13 a 20% dos casos vira a PPC; Valores pré-púberes de LH, FSH e estradiol – FSH maior em relação ao LH. Pubarca precoce isolada / ADRENARCA PRECOCE Aparecimento de pelos pubianos antes da puberdade devido adrenarca precoce; Pelos axilares, odor axilar e acne, discreto avanço da idade óssea e aumento da estatura, sem o comprometimento final da mesma podem ocorrer; Aumento discreto dos valores de DHEA-S, compatíveis, com o estágio dos pelos pubianos.
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