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Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 0 Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 1 MURMIAP MANUAL DE USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS E INSUMOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DE FORTALEZA 1ª EDIÇÃO FORTALEZA FEVEREIRO/2016 Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 2 “O que mais me surpreende na humanidade, são os "homens". Porque perdem a saúde para juntar dinheiro. Depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... ... E morrem como se nunca tivessem vivido ” Dalai Lama Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 3 Manual de Uso Racional de Medicamentos e Insumos na Atenção Primária de Saúde de Fortaleza (MURMIAP) - 2016. Célula de Atenção Primária; Célula de Assistência Farmacêutica; Célula de Atenção à Saúde Mental; 110 páginas 1.Uso Racional de Medicamentos; 2. Terapêutica; 3.Padronização na prescrição de Medicamentos; 4. Elenco de medicamentos da atenção primária em saúde; 5. Atenção Primária à Saúde. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 4 Prefeitura de Fortaleza Secretaria Municipal de Saúde Coordenadoria de Políticas e Organização das Redes de Atenção à Saúde Célula de Atenção Primária á Saúde Roberto Cláudio Rodrigues Bezerra Prefeito de Fortaleza Maria do Perpétuo Socorro Martins Breckenfeld Secretária de Saúde do Município Lúcia Carvalho Cidrão Secretária Executiva Maria Imaculada Ferreira Fonseca Coordenadora de Políticas e Organização das Redes de Atenção à Saúde- COPAS André Luiz Benevides Bomfim Gerente da Célula de Atenção Primária à Saúde – CEAPS Magno de Souza Sampaio Gerente da Célula de Assistência Farmacêutica – CELAF Carolina Aires de Castro Gerente da Célula de Atenção à Saúde Mental – CEASM Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 5 Célula de Assistência Farmacêutica Magno de Souza Sampaio Gerência da Célula de Abastecimento Saullo Diego de Moura de Oliveira Assistência Farmacêutica da Secretaria Executiva Regional I Elida Flávia Peixoto Landim Assistência Farmacêutica da Secretaria Executiva Regional II Olavo Honório Pitombeira Júnior Assistência Farmacêutica da Secretaria Executiva Regional III Osvaldina Nogueira de Menezes Assistência Farmacêutica da Secretaria Executiva Regional IV Rômulo José dos Reis Gomes Lawrence Pinheiro Marinho Assistência Farmacêutica da Secretaria Executiva Regional V Thiago Luciano Ayres Sampaio Assistência Farmacêutica da Secretaria Executiva Regional VI Georgeline Medeiros Silveira Farmacêutica da Farmácia Viva Lúcia Gurgel Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 6 Equipe de Elaboração André Luiz Benevides Bomfim Gerente da Célula de Atenção Primária à Saúde – CEAPS Andreia Maluf Favaro Farmacêutica da Célula de Atenção à Saúde Mental Antonio Carlos Araújo Fraga Farmacêutico da Célula de Vigilância Sanitária de Fortaleza Emilio Rossetti Pacheco Médico de Família e Comunidade da Prefeitura de Fortaleza Frederico Fernando Esteche Médico de Família e Comunidade da Prefeitura de Fortaleza Helaine Cristina Alves de Vasconcelos Farmacêutica da Célula de Assistência Farmacêutica Leandro Araujo Da Costa Médico de Família e Comunidade da Prefeitura de Fortaleza Magda Moura de Almeida Médica de Família e Comunidade da Prefeitura de Fortaleza Magno de Souza Sampaio Gerente da Célula de Assistência Farmacêutica – CELAF Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro Médico de Família e Comunidade da Prefeitura de Fortaleza Otenberg Nogueira De Souza Júnior Médico de Família e Comunidade Rafaela Yasmine de Sousa Ferreira Residente de Medicina de Família e Comunidade da Regional I Roberto Ribeiro Maranhão Médico de Família e Comunidade da Unidade Lineu Jucá Regional I Talita Rodrigues de Souza Farmacêutica da Célula de Assistência Farmacêutica Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 7 SUMÁRIO I. APRESENTAÇÃO .................................................................................................. VIII II. PREFÁCIO .............................................................................................................. IX 1. ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA À SAÚDE NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA ... 11 1.1 Atenção Primária em Saúde ........................................ ..........................................12 1.2 Estruturação da Assistência Farmacêutica ............................................................ 14 1.3 Elenco de Medicamentos Padronizados no Município de Fortaleza ...................... 17 2. INFORMAÇÕES ÚTEIS .......................................................................................... 21 2.1 Dicas para Prescrição Racional de Medicamentos ................................................ 22 2.2 Medicamentos Sujeitos ao Controle Especial ........................................................ 24 2.3 Classificação de Risco dos Medicamentos na Gravidez e Amamentação ............ 27 3. COMPONENTE DESCENTRALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA...... 31 3.1 Orientações sobre os Medicamentos Essenciais Padronizados............................ 32 Ácido Acetilsalicílico .................................................................................................... 34 Amoxicilina / Amoxicilina + Clavulanato....................................................................... 36 Beclometasona ............................................................................................................ 38 Budesonida .................................................................................................................. 40 Carbonato de Cálcio + Colecalciferol .......................................................................... 42 Captopril ...................................................................................................................... 44 Cefalexina .................................................................................................................... 46 Cloreto de Sódio .......................................................................................................... 48 Enalapril ....................................................................................................................... 50 Gliclazida ..................................................................................................................... 52 Ibuprofeno ................................................................................................................... 54 Levodopa + Benzerazida ............................................................................................. 56 Levodopa + Carbidopa ................................................................................................ 58 Losartana ..................................................................................................................... 60 Metformina ................................................................................................................... 62 Miconazol .................................................................................................................... 64 Omeprazol ...................................................................................................................66 Permetrina ................................................................................................................... 68 Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 8 Prednisona/ Prednisolona ............................................................................................ 70 Prometazina................................................................................................................. 72 Ranitidina ..................................................................................................................... 74 Sais para Reidratação Oral ......................................................................................... 76 Sinvastatina ................................................................................................................. 78 Sulfametoxazol + Trimetoprima ................................................................................... 80 4. COMPONENTE ESTRATÉGICO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ............... 83 4.1 Programa de Controle do Tabagismo .................................................................... 85 4.2 Programa de Atenção Integral à Criança e Adulto com Asma ............................... 85 4.3 Programa de Insulinas e Insumos para Diabetes .................................................. 86 4.4 Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis/AIDS ................................... 88 4.5 Programa de Tuberculose e Hanseníase .............................................................. 89 4.6 Programa de Alimentação e Nutrição .................................................................... 90 4.7 Programa de Cuidado com a Mulher ..................................................................... 91 5. MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS ..................................................................... 93 5.1 Fitoterápicos no Sistema Único de Saúde ............................................................. 94 5.2 Farmácia Viva Lúcia Gurgel................................................................................... 95 5.3 Medicamentos Fitoterápicos Disponíveis para Prescrição .................................... 96 Creme de Aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão) .............................................. 96 Elixir de Aroeira 7% (Myracrodruon urundeuva Allemão) ........................................... 96 Elixir de Erva Cidreira (Lippia Alba) ............................................................................ 97 Pomada de Confrei a 5% (Symphytum officinale L.) .................................................. 97 Sabonete Líquido de Alecrim Pimenta (Lippia sidoides Cham) .................................. 98 Tintura de Alecrim Pimenta a 20% (Lippia sidoides Cham) ........................................ 98 Tintura de Malva Santa a 20% (Plectrantus barbarus Benth) ..................................... 99 Xarope de Chambá (Justicia pectoralis Jacq) ............................................................ 99 Xarope de Guaco (Mikania glomerata Sprengel) ...................................................... 100 6. INSUMOS PARA TRATAMENTO DE FERIDAS .................................................. 101 6.1 Princípios Básicos no Tratamento de Feridas ..................................................... 102 6.2 Tipos de Feridas mais Comuns na Atenção Primária .......................................... 103 6.3 Tipos de Curativos Realizados na Atenção Primária ........................................... 106 6.4 Insumos Padronizados para Curativos no Município ........................................... 106 Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 9 APRESENTAÇÃO O Manual de Uso Racional de Medicamentos e Insumos na Atenção Primária de Saúde de Fortaleza (MURMIAP), em sua 1ª edição, traz a relação de medicamentos padronizados pela Assistência Farmacêutica do Município, representando mais uma importante contribuição no campo da assistência à saúde nos serviços da comunidade. O Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Saúde de Fortaleza é fruto do trabalho dedicado aos atuais e futuros profissionais de medicina de família e comunidade e tem por objetivo servir como instrumento de consulta rápida, orientando a equipe de saúde, em especial aos médicos, com relação aos itens medicamentosos disponíveis para prescrição, e padronizar as condutas referentes à prescrição desses medicamentos na rede básica assistencial. É fundamental que todos os profissionais de saúde que realizam assistência primária no município e em especial os prescritores tomem conhecimento e se conscientizem da política institucional referente à padronização e indicação de uso dos medicamentos normatizados neste manual, priorizando a prescrição dos medicamentos aqui relacionados. Consulta recente ao Conselho Federal de Medicina reforçou a obrigatoriedade do médico, quando trabalhando em uma instituição pública ou privada, seguir as normas por ela emanadas. Esta é uma contribuição para a disseminação do conhecimento técnico e o fortalecimento de estratégias para a efetivação do controle de medicamentos na esfera pública, com apoio de todos os envolvidos. O principal desafio ao uso racional de medicamentos na atenção básica é a falta de acesso dos profissionais de Saúde à informação de qualidade e isenta de conflito de interesses. Muitas unidades básicas de saúde não possuem sistema informatizado com acesso à internet para busca de evidências, comprometendo a pesquisa sistemática por fontes confiáveis de informação. A contínua atualização das informações do conhecimento científico torna necessária a reedição deste manual a cada dois anos, para permitir atualizações do elenco de medicamentos disponíveis, através da incorporação de novas tecnologias e substituição daquelas que se mostram menos eficazes e em desuso na atenção primária em saúde. Célula de Atenção Primária à Saúde do Município de Fortaleza Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 10 PREFÁCIO É com satisfação que a Coordenadora de Políticas e Organização das Redes de Atenção à Saúde apresenta o Manual de Uso Racional de Medicamentos e Insumos na Atenção Primária de Saúde de Fortaleza (MURMIAP), em sua 1ª edição, um dos produtos estratégicos na promoção do uso seguro e racional dos medicamentos na atenção primária em saúde. Este manual pretende cumprir sua missão junto à sociedade, tornando-se referência para atividade de seleção e padronização de medicamentos, no contexto da assistência farmacêutica no município de Fortaleza. As Células de Atenção Primária à Saúde e Assistência Farmacêutica compuseram equipes de trabalho, para realização de análise crítica na elaboração das diretrizes e protocolos de recomendação para utilização racional de medicamentos. Desta forma, mostra a amplitude do comprometimento da gestão e a responsabilidade na obtenção de um consenso para tomada de decisões estratégicas no nível primário de saúde. Nesta primeira edição, foi incluída a lista de medicamentos padronizados pela Assistência Farmacêutica do Município, orientações sobre assistência à saúde no município, informações úteis sobre a utilização de medicamentos em crianças, gestantes e idosos, como realizar uma boa prescrição de medicamentos, classificação de risco dos medicamentos na gravidez e na amamentação, bem como informações sobre medicamentos sujeitos ao controle especial, medicamentos fitoterápicos disponíveis no município e insumos para o tratamento de feridas. Ressaltamos que os protocolos de recomendação de utilização, resultante deste trabalho, estarão brevemente disponibilizados em versão eletrônica na internet, no site da Secretaria Municipal de Saúde, no ícone “Downloads”, onde ficará disponível para consulta pública dosleitores a fim de receber críticas e sugestões para seu aperfeiçoamento em: http://www.fortaleza.ce.gov.br/sms. Em caso de dúvidas, sugestões ou comentários, envie um e-mail para (farmaceuticocelaf@gmail.com). Este material destina-se a ser um relevante instrumento na disseminação de informações para a comunidade científica e um norteador para orientações aos prescritores. Assim, estaremos seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde, quanto às atividades relacionadas à seleção e padronização, política institucional para dispensação de medicamentos, farmacovigilância e educação continuada à equipe da saúde. Desta maneira, construindo os padrões das práticas para o uso seguro e racional do medicamento. Desejamos a todos que aproveitem bem o manual! Célula de Atenção Primária à Saúde do Município de Fortaleza http://www.fortaleza.ce.gov.br/sms Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 11 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 12 1. ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE O Relatório Dawson, em 1920, preconizou a organização do sistema de atenção à saúde em diversos níveis, criando a concepção moderna de Atenção Primária em Saúde (APS) (MENDES, 2012). Em Alma-Ata, 1978, a Conferência Internacional sobre APS, organizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), representou um marco histórico da APS (GIOVANELLA, 2008). A conferência de Alma-Ata definiu a APS como: Cuidados essenciais baseados em métodos de trabalho e tecnologias de natureza prática, cientificamente críveis e socialmente aceitáveis, universalmente acessíveis na comunidade aos indivíduos e às famílias, com a sua total participação e a um custo suportável para as comunidades e para os países, à medida que se desenvolvem num espírito de autonomia e autodeterminação (UNICEF, 1979). Nos anos seguintes, houve um embate entre as concepções de APS abrangente e seletiva. A concepção de APS abrangente ou integral, defendida pela Declaração de Alma-Ata, foi questionada por órgãos internacionais por ser pouco propositiva. A APS seletiva prevaleceu nos países em desenvolvimento com ações organizadas em programas verticais focalizados utilizando recursos limitados e de custo reduzido com finalidade de combater as principais doenças (GIOVANELLA, 2008). Na última década surgiu um movimento de renovação da atenção primária, estimulado pela OMS e OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), com objetivo de alcançar os Objetivos do Milênio acordados nas Nações Unidas. Vários documentos foram publicados, entre eles, “Renovação da Atenção Primária em Saúde nas Américas” (OPAS/OMS, 2005) e “Atenção Primária à saúde: Agora Mais do que Nunca” (OMS, 2008), com uma atualização da concepção abrangente de APS, estratégia utilizada para reorganizar os sistemas de saúde (GIOVANELLA, 2008). Neste projeto adotaremos a concepção de APS abrangente ou integral. A APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde é compreendida como uma forma de organização dos serviços de saúde, com objetivo de integrar todos aspectos desses serviços, a partir do ponto de vista da população, o que implica a articulação da APS como parte e como coordenadora de uma Rede de Atenção à Saúde (RAS). Responde às necessidades de saúde da população, através de serviços preventivos, curativos, reabilitadores e de promoção de saúde. A Atenção Primária integra os cuidados, lida com o contexto e influência as respostas das pessoas a seus problemas de saúde. Essas perspectivas estão em harmonia com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (MENDES, 2012). Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 13 A Atenção Primária tem características diferentes dos outros níveis de atenção, como priorização dos problemas mais frequentes, simples ou complexos, que surgem em fases iniciais, portanto menos definidos; maior proporção de pacientes em tratamento continuado; maior variedade de diagnósticos e maior dedicação à prevenção de doenças e promoção à saúde (TAKEDA, 2004). As quatro principais características da Atenção primária são: porta de entrada para o sistema de saúde, primeiro contato; continuidade do cuidado, longitudinalidade; integralidade da atenção e coordenação do cuidado às necessidades dos indivíduos, famílias e comunidade. Outras características são a centralização na família, orientação na comunidade e a valorização da cultura. Alguns elementos não são únicos da Atenção Primária, porem são essenciais, como registro adequado, continuidade de pessoal, a qualidade clínica e a comunicação dentro da equipe e com os pacientes. As suas três funções essenciais são: a resolubilidade, a comunicação e a responsabilização (STARFIELD, 2004). No Brasil a Estratégia de Saúde da Família foi adotada como politica de estado para expansão da APS, com um papel importante na organização do Sistema Único de Saúde (SUS). A ESF apresenta características únicas em relação à APS de outros países, como a presença de equipes multiprofissionais. O crescimento do número de equipes de saúde da família trouxe a medicina de família e comunidade para o centro da discussão da saúde no Brasil, principalmente no campo da formação médica (SAMPAIO, 2012). Diante da grande cobertura populacional da estratégia de saúde da família e da necessidade de reformulação, fortalecimento e adequação de formação de recursos humanos para atuar na atenção primária, o governo brasileiro aprovou em outubro de 2013 a Lei 12.871, que tem como um dos eixos principais a formação médica brasileira. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 14 2. ESTRUTURAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA MISSÃO: prestar assistência farmacêutica de qualidade aos usuários e profissionais da saúde, da rede pública de Fortaleza, contribuindo na ampliação do acesso e utilização racional dos medicamentos essenciais. VISÃO: contribuir com a Política Nacional de Medicamentos através da aquisição, informação, produção, dispensação e controle de medicamentos, garantindo para os usuários da rede básica de atenção, medicamentos confiáveis, promovendo saúde à população, com segurança e eficácia. VALORES: responsabilidade, respeito mútuo, dedicação ao trabalho e competência científico – profissional. De acordo com a Política Nacional de Medicamentos, a Assistência Farmacêutica (AF) pode ser definida como: “Grupo de atividades relacionadas com o medicamento destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e controle de qualidade, a segurança e a eficácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a difusão de informações sobre medicamentos e a educação permanente dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos”. A organização e estruturação da AF, nos diferentes níveis de atenção, tem-se dado, principalmente, a partir de um ciclo logístico do medicamento, que abrange todas as etapas inerentes ao seu gerenciamento: seleção, programação, aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação. Essas etapas, apesar de guardarem certa independência, devem estar articuladas, de modo a assegurar o gerenciamento adequado dos medicamentos, atendendo às necessidades e agregando valor às ações e serviços da atenção básica. Selecionar os medicamentos com base técnico/científica, considerando segurança, eficácia e custo/efetividade e gerenciar de forma adequada os recursos financeiros, implica no desenvolvimento de açõesestruturantes com planejamento realizados para curto, médio e longo prazo. A AF está inserida nos diversos níveis de atenção à saúde (primária, secundária e terciária) assumindo importância fundamental no sistema de saúde devido à sua transversalidade com as demais ações e programas de saúde. A Secretaria Municipal de Saúde tem como meta ampliar o acesso aos medicamentos para a atenção primária de saúde e a sua utilização racional. A Organização Mundial de Saúde estima que, no mundo, mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos inapropriadamente, e que metade dos pacientes não os usa, corretamente. Portanto, é gasto muito dinheiro que, ao invés de benefícios, pode trazer sérios riscos à saúde. O uso racional dos medicamentos requer que “o usuário receba medicamentos apropriados para sua situação clínica, nas doses que satisfaça as necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo possível para ele e sua comunidade”. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 15 Embora tenha uma definição bastante simples, o uso racional de medicamentos, engloba um objetivo com muitos obstáculos a ser alcançado atualmente. A prescrição e dispensação dos medicamentos são, sem dúvida, as etapas que mais impactam diretamente sobre o uso racional, devendo ser permanentemente qualificadas, a fim de melhorar a previsão orçamentária do município e os indicadores de saúde da população atendida. É no momento da prescrição que é possível ao prescritor escolher a opção mais efetiva para o tratamento do seu paciente, sem riscos e no menor custo possível. É no momento da dispensação que deve ocorrer uma boa interação entre o profissional farmacêutico e o usuário. Esse é o momento em que o paciente deve receber todas as informações e orientações sobre o uso correto do medicamento, de modo a contribuir com a adesão ao tratamento. Algumas estratégias para o uso racional de medicamentos são acessíveis e passíveis de implementação, tais como a seleção adequada, a elaboração de formulário terapêutico, a farmacovigilância e a educação dos usuários quanto aos riscos da automedicação. As medidas regulatórias adotadas nos países também contribuem para o uso racional de medicamentos. Podem-se destacar, entre elas, os critérios adotados para a concessão de registro que devem considerar a sua segurança, eficácia e as condições de fabricação. Outra medida é a revisão da classificação de medicamentos sob prescrição, restringindo a venda livre de medicamentos que possam apresentar qualquer risco ao usuário. Uma das estratégias mais adequadas para a promoção do uso racional de medicamentos está relacionada à produção de conhecimento, elaboração de informações com base em evidências e divulgação de fontes confiáveis e acessíveis de consulta. É importante que as condutas terapêuticas sejam uniformizadas de maneira a tornar impessoais as decisões de escolha de medicamentos utilizados e para facilitar o desenvolvimento de trabalhos de educação continuada com os prescritores, dispensadores e usuários. RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS PARA PROVIMENTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA A Assistência Farmacêutica representa hoje uma das áreas com maior impacto financeiro no âmbito do SUS de uma forma geral, o que também é uma realidade nas secretarias estaduais de saúde (SES) e sua gestão neste âmbito se reveste de fundamental importância. O acesso aos medicamentos depende de um financiamento sustentado. Ao se definir a política de assistência farmacêutica e os medicamentos a serem disponibilizados nos diferentes programas de saúde, em qualquer instância gestora do SUS, deverão ser assegurados os recursos financeiros que viabilizem as ações de saúde e a sua continuidade. O financiamento da Assistência Farmacêutica é de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS e pactuado na Comissão Intergestores Tripartite (CIT). Conforme estabelecido na portaria GM/MS número 204/2007, os recursos federais são repassados na forma de blocos de Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 16 financiamento, entre os quais os blocos de financiamento do custeio da assistência farmacêutica, que é atualmente constituído por três componentes: COMPONENTE BÁSICO: Destina-se à aquisição de medicamentos e insumos no âmbito da atenção básica em saúde e àquelas relacionadas a agravos e problemas de saúde específicos, inseridos na rede de cuidados da atenção básica, sendo composto de uma parte financeira fixa (valor per capta pactuado na Comissão Intergestores Bipartite - CIB, como contrapartida de estados e municípios) e uma parte financeira variável (valor per capta pactuado de forma centralizada ou descentralizada, destinados a aquisição de medicamentos e insumos para os programas de cobertura de hipertensão, diabetes, asma e rinite, saúde mental, saúde da mulher, alimentação e nutrição e combate ao tabagismo). COMPONENTE ESTRATÉGICO: Destina-se ao financiamento para o custeio de ações de assistência farmacêutica nos programas de endemias de abrangência nacional, tais como tuberculose, hanseníase, malária, leishmaniose, doença de chagas, doenças sexualmente transmissíveis, hemoderivados e imunobiológicos. COMPONENTE EXCEPCIONAL: Destina-se ao financiamento dos programas de atendimentos dos agravos presentes na tabela de procedimentos ambulatoriais a nível estadual e executados conforme Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, publicados pelo Ministério da Saúde. Após o processo de descentralização da atenção básica aos municípios, os mesmos passaram a ser os responsáveis diretos pelas ações de saúde neste âmbito. Assim o repasse financeiro ficou vinculado à implementação das atividades relacionadas à reorientação da assistência farmacêutica. A partir de então foi possível planejar a aquisição dos produtos medicamentosos de acordo com as demandas prioritárias, ampliando o acesso dos usuários do sistema de saúde aos medicamentos básicos, promovendo assim o uso racional. O elenco de medicamentos para atenção básica seria constituído por dois componentes: COMPONENTE ESTRATÉGICO: Contempla o conjunto de medicamentos e produtos, cuja responsabilidade pelo financiamento e/ou aquisição é do ministério da saúde. Dentre eles, hipertensão e diabetes, inclusive insulina; asma e rinite; saúde da mulher; Alimentação e Nutrição e combate ao tabagismo. COMPONENTE DESCENTRALIZADO: Constituído pelo incentivo aos medicamentos essenciais, definidos num elenco mínimo e obrigatório que deve constar na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, financiado com recursos do ministério da saúde, estados e municípios. A dispensação do medicamento para o usuário da Atenção Básica é realizado a partir de uma prescrição médica, para um período de até 30 dias do tratamento prescrito. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 17 3. ELENCO DE MEDICAMENTOS PADRONIZADOS NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA Medicamentos são importantes recursos terapêuticos capazes de curar doenças, minimizar sintomas, prevenir patologias ou alterar sistemas fisiológicos. Medicamentos essenciais são aqueles que satisfazem às necessidades prioritárias no processo do cuidado à saúde de uma população. Eles devem ser selecionados com o objetivo de atender aos problemas de relevância em saúde pública, devendo ser consideradas as evidências de eficácia e segurança, assim como, dados das relações custo-efetividade e custo-benefício. A seleção de medicamentos possibilita ganhos terapêuticos e econômicos, sendo os ganhos terapêuticos aqueles relacionados à promoção do uso racional e à melhoria da qualidade terapêutica, e os econômicos aqueles que se referem à racionalização dos custos dos tratamentos. Dessa forma, a lista padronizada de medicamentos favorece a qualidade naassistência, uniformizando as condutas terapêuticas, tornando impessoais as decisões de escolha dos medicamentos e facilitando a educação continuada de prescritores, dispensadores e usuários. Esta relação de medicamentos destina-se ao uso exclusivo dos pacientes atendidos nas unidades próprias da rede municipal de saúde, sendo disponibilizados nas unidades conforme o perfil assistencial das mesmas. Cada medicamento foi designado pela denominação comum brasileira (DCB) acompanhado de concentração, forma e apresentação farmacêuticas, conforme apresentado a seguir: MEDICAMENTO CONCENTRAÇÃO FORMA FARMACÊUTICA Aciclovir 200mg Comprimido Ácido Acetilsalicílico 100mg Comprimido Ácido Fólico 5mg Comprimido Ácido Valpróico 500 mg Comprimido 50mg/ml Solução Oral Albendazol 400mg Comprimido 40mg/ml Suspensão Oral Alendronato (Sódico) 70mg Comprimido Alopurinol 300mg Comprimido Amiodarona (Cloridrato) 200mg Comprimido Amitriptilina (Cloridrato) 25 mg Comprimido Amoxicilina 50 mg/ml Suspensão Oral 500mg Cápsula Amoxicilina + Clavulanato de Potássio 50mg+12,5mg/ml Suspensão Oral 500mg+125mg Comprimido Anlodipino (Besilato) 5mg Comprimido Atenolol 50mg Comprimido Azitromicina 40mg/ml Suspensão Oral 500mg Comprimido Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 18 MEDICAMENTO CONCENTRAÇÃO FORMA FARMACÊUTICA Beclometasona (Dipropionato) 50mcg e 250mcg Aerossol Oral Benzilpenicilina Benzatina 1.200.000 UI e 600.000UI Pó p/ Solução Injetável Benzilpenicilina Procaína+Potássica 300.000UI+100.000UI Pó p/ Solução Injetável Biperideno (Cloridrato) 2 mg Comprimido Budesonida 50 mcg Aerossol nasal Captopril 25 mg Comprimido Carbamazepina 200 mg Comprimido 20mg/ml Suspensão Oral Carbonato de Cálcio 1250 mg* Comprimido Carbonato de Cálcio + Colecalciferol 600 mg + 400 UI Comprimido Carbonato de Lítio 300 mg Comprimido Carvedilol 6,25mg/25 mg Comprimido Cefalexina 50 mg/ml Suspensão Oral 500 mg Cápsula Ciprofloxacino (Cloridrato) 500 mg Comprimido Claritromicina 500 mg Comprimido Clomipramina (Cloridrato) 25 mg Comprimido Clonazepam 2,5 mg/ml Solução Oral Cloreto de Sódio 0,9% Solução Injetável e Nasal Clorpromazina (Cloridrato) 25mg e 100 mg Comprimido 40 mg/ml Solução Oral Dexametasona 0,1% Creme Dermatológico 0,1mg/ml Solução Oral Diazepam 5 mg Comprimido 5 mg/ml Solução Injetável Digoxina 0,25 mg Comprimido Dipirona Sódica 500 mg Comprimido 500 mg/ml Solução Oral 500 mg/ml Solução Injetável Doxazosina (Mesilato) 2 mg Comprimido Enalapril (Maleato) 5mg e 20 mg Comprimido Noretisterona (Enantato) + Estradiol (Valerato) 50mg+5mg/ml Solução Injetável Eritromicina 500 mg Comprimido 50 mg/ml Suspensão Oral Espiramicina 500 mg Comprimido Espironolactona 25 mg Comprimido Fenitoína 100 mg Comprimido Fenobarbital 100 mg Comprimido 40 mg/ml Solução Oral Finasterida 5 mg Comprimido Fluconazol 150 mg Cápsula Fluoxetina (Cloridrato) 20 mg Comprimido Folinato de Cálcio 15mg Comprimido Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 19 MEDICAMENTO CONCENTRAÇÃO FORMA FARMACÊUTICA Furosemida 40 mg Comprimido Glibenclamida 5 mg Comprimido Glicazida MR** 30 mg Comprimido Haloperidol 1 mg e 5 mg Comprimido 2 mg/ml Solução Oral Haloperidol (Decanoato) 50 mg/ml Solução Injetável Hidroclorotiazida 25 mg Comprimido Ibuprofeno 600 mg Comprimido 50 mg/ml Suspensão Oral Isossorbida (Mononitrato) 40 mg Comprimido Itraconazol 100 mg Cápsula Levodopa + Benserazida 100mg + 25mg Comprimido Birranhurado/Cápsula HBS*** 200mg + 50mg Comprimido Levodopa + Carbidopa 200mg + 50mg e 250 mg + 25mg Comprimido Levonorgestrel + Etinilestradiol 0,15mg + 0,03mg Comprimido Levotiroxina (Sódica) 25 mcg e 100 mcg Comprimido Lidocaína (Cloridrato) 2% Geléia Loratadina 1 mg/ml Xarope 10 mg Comprimido Losartana 50 mg Comprimido Medroxiprogesterona 150mg/ml Solução Injetável Metformina (Cloridrato) 500 mg Comprimido Metildopa 250 mg Comprimido Metoclopramida (Cloridrato) 10 mg Comprimido 4 mg/ml Solução Oral Metronidazol 100mg/g Creme Vaginal 250 mg Comprimido 40mg/ml Suspensão Oral Miconazol (Nitrato) 2% Creme Vaginal 2% Creme Dermatológico Nistatina 100.000 ui/ml Suspensão Oral Nitrofurantoína 100 mg Comprimido Noretisterona 0,35mg Comprimido Nortriptilina (Cloridrato) 25 mg Cápsula Ondansentrona (Cloridrato) 4 mg Comprimido Óleo mineral 100% Solução Oral Omeprazol 20 mg Cápsula Paracetamol 500 mg Comprimido 200 mg/ml Solução Oral Permetrina 1% Loção Cremosa 5% Creme Dermatológico Pirimetamina 25 mg Comprimido Prednisolona 3 mg/ml Solução Oral Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 20 MEDICAMENTO CONCENTRAÇÃO FORMA FARMACÊUTICA Prednisona 5mg e 20 mg Comprimido Prometazina (Cloridrato) 25 mg Comprimido 25 mg/ml Solução Injetável Propranolol (Cloridrato) 40 mg Comprimido Propiltiouracila 100 mg Comprimido Ranitidina (Cloridrato) 150 mg Comprimido 15 mg/ml Solução Oral Sais para Reidratação Oral 27,9 g Pó p/ solução Oral Salbutamol (Sulfato) 100 mcg/dose Aerossol Oral Sinvastatina 20 mg e 40 mg Comprimido Sulfadiazina de Prata 500 mg Comprimido 1% Pasta Sulfametoxazol + Trimetoprima 400 mg + 80 mg Comprimido 40 mg + 8 mg/ml Suspensão Oral Sulfato Ferroso 40 mg de ferro Comprimido 25 mg/ml de ferro Solução Oral Tiamina (Cloridrato) 300 mg Comprimido Timolol (Maleato) 0,5% Solução Oftálmica Varfarina (Sódica) 5 mg Comprimido * Equivalente a 500mg de cálcio elementar. ** Liberação Modificada. ***HBS: Hydrodynamically Balanced System (Sistema de Liberação Prolongada). BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. BRASIL. Assistência Farmacêutica Municipal – Diretrizes para estruturação e processos de organização. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Farmácia. – São Paulo, 2013. 72pg. 2. BRASIL. CONASS. Assistência Farmacêutica no SUS. Coleção pra entender a gestão do SUS. Brasília: CONASS, volume 7, 2011. 186pg. 3. FORTALEZA. Comissão Intergestores Bipartite. Resolução nº 17, de 01 de outubro de 2015. Dispõe sobre a atualização da Relação de Medicamentos Essenciais de Fortaleza. Diário Oficial do Município, Poder Executivo, 22 dez. 2015. 4. FORTALEZA. Secretaria Municipal de Saúde. Relatório de Gestão, 2010. Fortaleza, 2010b. Disponível em: <http://www.saudefortaleza.ce.gov.br>. Acesso em: 05 outubro 2015. 5. Universidade Aberta do SUS. Uso racional de medicamentos [Recurso eletrônico] / Universidade Aberta do SUS; Alexandra Crispim Boing, Ana Paula Veber, Fabíola Stolf. – Florianópolis: UFSC, 2010. 52 pg. 6. WALTER SJJ. Reflexões sobre o uso racional de medicamentos. Revista Pharmacia Brasileira nº 78 - Setembro/Outubro 2010. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 21 INFORMAÇÕES ÚTEIS Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 22 DICAS PARA PRESCRIÇÃO RACIONAL DE MEDICAMENTOS A prescrição médica é uma relação terapêutica importante entre o médico e o paciente e representa o produto da perspicácia diagnóstica e da capacidade terapêutica do médico que fornece instruções destinadas ao alívio ou a restauração da saúde do paciente. Entretanto, mesmo a prescrição escrita dentro dos melhores padrões científicos atuais pode tornar-se inútil, se não utilizar parâmetros racionais de escolha terapêutica e fornecer instruções adequadas sobre como administrar os medicamentos prescritos. A prescrição constitui documento legal pelo qual se responsabilizam quem prescreve, quem dispensa o medicamento e quem administra, estando sujeito a legislações de controle e vigilância sanitários. Ao ser atendido em uma instituiçãode saúde, o doente se entrega por inteiro nas mãos daqueles (profissionais e instituição), em quem deposita confiança para a resolução do seu problema de saúde e espera que estes sejam resolvidos, ou minimizados, sem que nenhum agravo adicional ocorra, decorrente da sua passagem pela instituição. Os agravos adicionais são denominados eventos adversos relacionados à medicamentos e são a principal causa de doenças iatrogênicas e podem ser resultantes de causas evitáveis e não evitáveis relacionadas a medicamentos. O potencial iatrogênico da prescrição “per si” decorre de erros na escolha da dose, na via de administração, na freqüência ou na interação dos fármacos. As causas evitáveis incluem aquelas resultantes do uso inapropriado de medicamentos e sua redução requer uma melhor compreensão das causas e fatores de risco associados ao erro na provisão do cuidado ao paciente e as causas inevitáveis estão relacionadas às condições intrínsecas do paciente. Superar as falhas e problemas requer o reconhecimento de que toda atividade de assistência à saúde possui pontos frágeis que podem comprometer a segurança do paciente e que a chave para reduzir o risco é criar um ambiente que elimine a cultura da culpa e punição e os substitua por uma cultura de vigilância e cooperação, expondo dessa forma os pontos fracos que podem concorrer para causar o erro. A adoção de práticas profissionais baseadas em protocolos e evidências clínicas, a boa qualidade da comunicação entre os profissionais que prestam assistência ao paciente, a abertura para se aprender a partir das falhas ocorridas e a compreensão de que devemos tornar a assistência brasileira mais segura, nos torna parte atuante no processo que conduz à maior segurança na saúde. O ato de prescrever constitui uma etapa no processo de cuidado com o paciente. Baseada no processo de decisão para qualquer atitude técnica em qualquer campo do conhecimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) propõe seis etapas básicas para se alcançar uma terapêutica efetiva: Definição clara do problema de saúde. Especificação dos objetivos terapêuticos. Seleção do tratamento mais eficaz e seguro para um paciente específico. Prescrição, incluindo medidas medicamentosas e não medicamentosas. Informação sobre a terapêutica para o paciente. Monitoramento do tratamento proposto. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 23 A Organização Mundial da Saúde considera que a prescrição por nome genérico é um dos indicadores para avaliar a qualidade da prescrição de medicamentos, pois promove o uso racional, a redução dos custos dos medicamentos, com consequente melhoria do acesso, da adesão, do respeito ao tratamento, da diminuição dos erros de medicação. Para que os resultados da prescrição sejam efetivos, é preciso facilitar e promover a cooperação ativa entre os profissionais envolvidos. Para garantir o uso racional de medicamentos e evitar erros de prescrição e medicação, faz-se necessário seguir algumas recomendações: 1. Conheça bem as indicações da terapia instituída para seu paciente. 2. Utilize sempre letra legível usando letra de forma clara, por extenso e sem rasuras ou opte pela prescrição impressa. 3. Escrever o nome do medicamento, segundo a Denominação Comum Brasileira (DCB), lembrando que a prescrição pelo nome genérico é obrigatória no sistema público de saúde. 4. Especificar forma farmacêutica e concentração do medicamento, via de administração, intervalo entre as doses e a duração do tratamento. 5. As doses devem adotar os sistemas de registros de pesos e medidas oficiais brasileiros. 6. A prescrição de medicamentos com a indicação “usar se necessário”, “se necessário” ou “quando necessário”, necessita que no mínimo sejam especificados a dose máxima e o intervalo mínimo entre as doses. Essa forma de prescrição denota que o médico abdicou do seu dever, transferindo o julgamento da necessidade do medicamento para outro. 7. Evitar o uso de abreviações e evite utilizar fórmulas químicas para denominar os medicamentos nas prescrições (ex: HCTZ, Fe2SO4, AAS, SMT+TMP). 8. Usar receituário específico para prescrição de fármacos sujeitos ao controle especial e para os antimicrobianos quando a aquisição dos mesmos for de responsabilidade do usuário. 9. Estar atento para grafias de números com zeros ou vírgulas evitando erros de dosagem. 10. Assinar e colocar o carimbo legível permitindo identificar o profissional prescritor. 11. Nome por extenso, endereço e telefone do prescritor são desejáveis, de forma a possibilitar contato em caso de dúvidas ou ocorrência de problemas relacionados ao uso dos medicamentos prescritos. 12. A data da prescrição também é outro item importante, pois além de registrar as atualizações realizadas durante o tratamento do seu paciente, valida a utilização correta das receitas de medicamentos controlados pelo órgão sanitário regulador, por meio de receituário específico. 13. Nos retornos identifique alergias e outros problemas de medicação que possam eventualmente estar interferindo na eficácia terapêutica e na adesão à terapia, tais como interações medicamentosas, reações adversas ou intoxicações. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. LUIZA VL, GONÇALVES CBC. A Prescrição Medicamentosa. In: FUCHS, F.D.; WANNMACHER, L. Farmacologia clínica: fundamentos da terapêutica racional. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010. 2. MADRUGA CMD. Manual de orientações básicas para prescrição médica. Brasília, 2ª edição, CRM-PB/CFM, 2011. 62pg. 3. NERI EDR, VIANA PR, CAMPOS TA. Universidade Federal do Ceará. Hospital Universitário Walter Cantídio. Dicas para uma boa prescrição hospitalar. Fortaleza, 2008. 38pg 4. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Guia para a boa prescrição médica. Porto Alegre: Artmed, 1998. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 24 MEDICAMENTOS SUJEITOS A CONTROLE ESPECIAL Segundo a Organização Mundial da Saúde, medicamentos psicotrópicos são substâncias que agem no sistema nervoso central, produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora, sendo, portanto, passíveis de autoadministração, o que caracteriza a idéia de fármacos que levam à dependência física ou psíquica. Os medicamentos psicotrópicos podem ser divididos em 4 categorias principais. Os ansiolíticos sedativos, particularmente os benzodiazepínicos, são utilizados para a farmacoterapia dos distúrbios de ansiedade. Os antidepressivos (agentes que elevam o humor) e os antimaníacos ou estabilizadores do humor (notavelmente os sais de lítio e determinados anticonvulsivantes) são utilizados no tratamento dos distúrbios afetivos do humor e condições relacionadas. Os antipisicóticos ou neurolépticos são utilizados no tratamento de doenças psiquiátricas muito graves - as psicoses e a mania, exercendo efeitos benéficos sobre o humor e o raciocínio, porém muitos neurolépticos clássicos estão associados ao risco de efeitos colaterais característicos que estimulam doenças neurológicas, enquanto os antipisicóticos modernos estão associados a um ganho ponderal e a efeitos metabólicos adversos, como diabetes. No entanto, na prática clínica, essas distinções por categorias tornaram-se menos válidas pelas seguintes razões: vários medicamentos de uma classe serão utilizados para tratar problemas anteriormente atribuídos a outra classe. Por exemplo; alguns antidepressivos (Fluoxetina, Clomipramina) são também utilizados para tratar uma ampla faixa de Transtornos de Ansiedade. Neurolépticos Atípicos (Olanzapina, Risperidona), são também utilizados para estabilizar a fase maníaca do THB e parecem ter também alguma atividade como Antidepressivos. Então se torna necessário ter uma visão mais ampla sobre as diversas aplicabilidades dos medicamentos que agem sobreo SNC, conhecidos como psicofármacos. Assim a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, através da Portaria 344/98 e da RDC 58/07, regulamenta a venda comercialização, dispensação de Medicamentos Sujeitos ao Controle Especial. Elas legislam sobre controle da prescrição e dispensação dos seguintes grupos de medicamentos: entorpecentes, psicofármacos, antiretrovirais, retinóides de uso sistêmico, imunossupressores, anabolizantes e psicotrópicas – que exigem formulários de receita específicos e se diferenciam quanto às exigências para a prescrição convencional dos medicamentos. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 25 O MS implantou, em 1999, o Programa para a Aquisição dos Medicamentos Essenciais para a área de Saúde Mental, o qual tem como objetivo a reestruturação da assistência psiquiátrica em curso no país. Este Programa impõe a necessidade de reversão do modelo de assistência vigente, como a implantação de uma rede de serviços ambulatoriais, com acessibilidade e resolubilidade garantidas. O elenco de medicamentos que compõe o Programa, consta na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais, desde a versão publicada em 1999, e são considerados essenciais ao tratamento de transtornos mentais dos pacientes atendidos na rede ambulatorial do SUS. No Município de Fortaleza são padronizadas pela assistência farmacêutica básica para atendimento das demandas dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), as seguintes classes de medicamentos sujeitos ao controle especial: Antidepressivos: amitriptilina, clomipramina, fluoxetina, nortriptilina. Ansiolíticos: clonazepam, diazepam. Anticonvulsivantes: ácido valpróico, carbamazepina, fenitoína, fenobarbital. Antiepilético: clonazepam. Antimaníacos: carbonato de lítio. Antiparkinsoniano: biperideno. Antipisicóticos: clorpromazina, haloperidol. TIPOS DE RECEITUÁRIO LISTA B1: Substâncias Psicotrópicas (notificação de receita de cor azul) Formulários de Notificação de Receita B, de cor azul, são fornecidos por profissional, hospital ou ambulatório. A quantidade máxima a ser prescrita corresponde ao quantitativo necessário Para 60 dias de tratamento, não podendo conter mais que cinco ampolas no caso de medicamento para uso injetável. LISTA C1: Substâncias Sujeitas ao Controle Especial (receita cor branca em 2 vias) Formulários de Notificação de Receita C, de cor branca, são fornecidos por profissional, hospital ou ambulatório. A quantidade máxima a ser prescrita corresponde ao quantitativo necessário para 60 dias de tratamento, não podendo conter mais que cinco ampolas no caso de medicamento para uso injetável. A receita e a notificação devem conter dados obrigatórios do prescritor e do paciente. A receita de controle especial deverá ser preenchida pelo prescritor, manuscrita com letra legível e sem rasuras ou digitada. Já a notificação de receita deverá ser preenchida pelo prescritor, manuscrita com letra legível e sem rasuras. A posologia deve ser expressa com algarismos arábicos, por extenso e sem emendas. A validade das receitas é de 30 dias a contar da data de emissão e deverá ser atendida uma única vez dentro deste prazo. Uma exceção ocorre com os medicamentos Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 26 anticonvulsivantes e antiparkinsonianos, pois podem ser prescritos para até seis meses de tratamento. São padronizadas para atendimento da saúde mental as seguintes apresentações farmacêuticas de medicamentos: Ácido Valpróico Comprimido de 500mg Solução Oral de 50mg/mL Amitriptilina Comprimido de 25mg Biperideno Comprimido de 2mg Carbamazepina Comprimido de 200mg Suspensão Oral de 20mg/mL Carbonato de Lítio Comprimido de 300mg Clomipramina Comprimido de 25mg Clonazepam Solução Oral de 2,5mg/mL Clorpromazina Comprimido de 25mg e 100mg Solução Oral de 40mg/mL Diazepam Comprimido de 5mg Solução Injetável de 5mg/mL Fenitoína Comprimido de 100mg Fenobarbital* Comprimido de 100mg Solução Oral de 40mg/mL Fluoxetina Cápsula de 20mg Haloperidol Comprimido de 1mg e 5mg Solução Oral de 40mg/mL Solução Injetável de 50mg/mL Nortriptilina Comprimido de 25mg Legenda: Medicamento pertencente à lista B1 Medicamento pertencente à lista Lista C * Pertence à lista B1, mas fica sujeito à prescrição da receita de controle especial em 2 vias. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. BRASIL. Assistência Farmacêutica Municipal – Diretrizes para estruturação e processos de organização. Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo. Farmácia. – São Paulo, 2013. 72pg. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substancias e medicamentos sujeitos a controle especial. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, 27 de dezembro de 1998. 3. FORTALEZA. Secretaria Municipal de Saúde. Célula de Vigilância Sanitária. Orientações para a dispensação de medicamentos sujeitos a controle especial. 2015.14pg. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 27 Classificação de Risco dos Medicamentos na gravidez e amamentação 1. RISCO PARA USO DE MEDICAMENTOS NA GRAVIDEZ A primeira linha de informação para qualquer produto comercializado que venha a ser utilizado por gestantes e nutrizes consiste em relatos de eventos adversos às agências regulatórias. A notificação e o relato de uma possível ligação entre o medicamento e um evento adverso particular, é frequentemente a primeira indicação de problemas, às vezes muito raros para serem identificados nos ensaios clínicos pré-comercialização. As referências mais comuns do uso de medicamentos nessas situações provêm de relatos de casos observados e relatados por médicos cuja paciente ou mais de uma, tenham feito uso de um medicamento em particular coincidentemente com o período da gestação ou durante a amamentação. Tal informação é, na realidade, um dado observacional não podendo ser considerado de caráter definitivo ou conclusivo no que diz respeito ao risco associado ao medicamento nessas circunstâncias. É possível encontrar na literatura relatos com conclusões divergentes, muitas vezes por que outros fatores possam ter sido levados em consideração, ou pelo contrário, ignorados durante as análises feitas sobre o assunto. Também é importante considerar que os dados obtidos a partir de estudos com animais não podem ser, integralmente, extrapolados para humanos. Esses dados provêm da interpretação dos dados observados pelos autores ou compilação das análises de outrem, existindo dessa forma sempre a possibilidade de uma avaliação incorreta ou inconsistente com as intenções do autor. Nenhum medicamento está isento de riscos, independentemente da via de administração. O efeito potencial dos medicamentos sobre o feto e neonato varia de acordo com a idade gestacional. Portanto, antes de se administrar qualquer medicamento em uma mulher grávida, deve- se valorizar a relação risco-benefício, considerando que o fato de não tratar determinadas patologias poder ser tanto ou mais perigoso para o feto que o medicamento em questão. O Food and Drug Administration (FDA) estabeleceu 5 categorias para indicar o potencial de teratogenicidade do medicamento durante o período gestacional: CATEGORIA DEFINIÇÃO A Refere-se a medicamentos e substâncias para as quais os estudos controlados em mulheres não têm mostrado risco para o feto durante o primeiro trimestre, não havendo nenhuma evidência de risco em trimestres posteriores, sendo bastante remota a possibilidade de dano fetal. B Os estudos realizados em animais não demonstraram risco fetal, mas não há estudos controlados em mulheres ou animais grávidos que mostrem efeitosadversos (que não seja uma diminuição na fertilidade), não sendo confirmado em Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 28 estudos controlados em mulheres no primeiro trimestre (e não há nenhuma evidência de um risco em trimestres posteriores). Também se aplica aos medicamentos nos quais os estudos em animais mostraram efeitos adversos sobre o feto, mas os estudos controlados em humanos não demostraram riscos para o feto. Podemos considerar os medicamentos e substâncias incluídas nessa categoria como de prescrição com Cautela. C Os estudos em animais têm demonstrado que esses medicamentos podem exercer efeitos teratogênicos ou é tóxico para os embriões, mas não há estudos controlados em mulheres ou não há estudos controlados disponíveis em animais nem em humanos. Este tipo de medicamento deve ser utilizado apenas se o benefício potencial justificar o risco potencial para o feto. Podemos considerar os medicamentos incluídos nessa categoria como de prescrição com Risco. D Já existe evidência de risco para os fetos humanos, mas os benefícios em certas situações, com o nas doenças graves ou em situações que põem em risco a vida, e para as quais não existe outra alternativa terapêutica – para os quais fármacos seguros não podem ser utilizados ou são ineficazes – podem justificar seu uso durante a gravidez, apesar dos riscos. Podemos considerar os medicamentos e substâncias incluídas nessa categoria como de prescrição com Alto Risco. X Os estudos em animais ou humanos têm demonstrado que o medicamento causa anormalidades fetais ou há evidências de risco fetal baseada em experiências em humanos ou ambos. O risco supera claramente qualquer possível benefício. Os medicamentos e substâncias dessa classe são contra-indicados em mulheres gestantes e são considerados como de prescrição com Perigo. Para indicar o potencial de teratogenicidade dos medicamentos relacionados neste manual foram utilizadas informações sobre teratogenicidade definidas pelo FDA. Estes medicamentos estarão indicados com a letra correspondente à classificação do FDA mais um asterisco. Dois asteriscos indicam que a informação não está disponível ou não existem dados para o uso. Exemplo: 2. RISCO PARA USO DE MEDICAMENTOS NA AMAMENTAÇÃO O leite materno é fundamental para a saúde da criança pela sua disponibilidade de nutrientes e substâncias imunoativas. A amamentação favorece a relação afetiva mãe-filho e o desenvolvimento da criança, do ponto de vista cognitivo e psicomotor. Apresenta, também, a propriedade de promover o espaçamento das gestações e de diminuir a incidência de algumas doenças na mulher. Apesar da excelência do leite materno, existem ocasiões em que o profissional de saúde deve considerar o risco/benefício da terapia medicamentosa na mãe que amamenta. A Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 29 recomendação para interromper a amamentação na vigência de tratamento medicamentoso da nutriz é muito comum, apesar de, na maioria das vezes, ser possível compatibilizar o tratamento com a manutenção da amamentação. Profissionais de saúde com frequência são influenciados pelos efeitos teratogênicos de uma minoria de drogas usadas durante a gestação. Mas é importante lembrar que, enquanto a placenta permite a passagem de drogas para o feto, o epitélio alveolar mamário funciona como uma barreira quase impermeável. A maioria das drogas passa para o leite materno, mas em pequenas quantidades; e mesmo quando presentes no leite, as drogas poderão ou não ser absorvidas no trato gastrointestinal do lactente. Só excepcionalmente, quando a doença materna requer tratamento com medicações incompatíveis com a amamentação, esta deve ser interrompida. Na maioria dos casos, os níveis dos fármacos e/ou seus metabólitos no leite materno estão diretamente relacionados com a dose do medicamento utilizado pela mãe. Além da quantidade da substância presente no leite e das consequências disso para o lactente, importa considerar, ainda, o intervalo de tempo entre a administração do medicamento e seu aparecimento no leite materno. Em relação aos medicamentos excretados no leite materno, as recomendações são de que a amamentação seja efetuada antes da administração do fármaco a mãe, entretanto alguns medicamentos podem estar presentes no leite materno, mesmo num período posterior a sua administração, sendo capaz de exercer um efeito tardio ao que era esperado. As drogas podem ser administradas à mãe por diversas vias, tais como oral, injetável (venosa ou intramuscular), retal ou vaginal, aerossol e tópica (pomadas e cremes). Uma vez no sangue materno, os medicamentos podem ser excretados parcialmente para a glândula mamária e, daí, para o leite. Assim, a presença e/ou a concentração da droga no leite dependerá, dentre outros fatores, da via de administração à mãe. O fator determinante da quantidade de droga que aparece no leite é sua concentração no sangue materno, exceto se for um medicamento de aplicação tópica diretamente na mama. É valido lembrar também que o conteúdo de um medicamento no leite materno pode variar dependo do período da lactação. O colostro substância que é secretada antes da excreção do leite, possui uma concentração relativamente menor de gorduras e açúcares. O conteúdo lipídico do leite também difere entre cada amamentação, com as primeiras frações contendo menos gorduras que as frações finais. Quase sem exceção, um medicamento que e mais lipossolúvel ira se transferir mais rapidamente, e em maiores quantidades, para o leite materno do que aquele que for menos lipossolúvel. Dessa forma, medicamentos com baixa lipossolubilidade e aqueles que são hidrossolúveis difundem-se lentamente para o leite materno e devem ser preferidos para as mulheres que amamentam. Embora o conhecimento sobre o uso de drogas durante o período da amamentação tenha sido muito ampliado, ainda não se conhecem os efeitos no lactente de muitas drogas utilizadas pela nutriz, principalmente de novos fármacos que estão constantemente entrando no mercado. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 30 Além disso, para muitas drogas novas ainda não há dados suficientes sobre transferência para o leite materno e segurança para uso no período da lactação. Mas, em geral, há uma tendência em reduzir o número de drogas consideradas incompatíveis com a amamentação. As categorias de risco dos medicamentos abordadas neste Manual e seus respectivos marcadores são os seguintes: 1. USO COMPATÍVEL COM A AMAMENTAÇÃO Desta categoria fazem parte os fármacos cujo uso é potencialmente seguro durante a lactação, haja vista não haver relatos de efeitos farmacológicos significativos para o lactente. 2. USO CRITERIOSO DURANTE A AMAMENTAÇÃO Nesta categoria estão os medicamentos cujo uso no período da lactação depende da avaliação do risco/benefício. Quando utilizados, exigem monitorização clínica e/ou laboratorial do lactente, devendo ser utilizados durante o menor tempo e na menor dose possível. Novos medicamentos cuja segurança durante a amamentação ainda não foi devidamente documentada encontram-se nesta categoria. 3. USO CONTRAINDICADO DURANTE A AMAMENTAÇÃO Esta categoria compreende os fármacos que exigem a interrupção da amamentação, pelas evidências ou risco significativo de efeitos colaterais importantes no lactente. X. INCOMPATÍVEL COM A AMAMENTAÇÃO Esta categoria compreende os fármacos que são incompatíveis com a amamentação. ?. SEM DADOS DISPONÍVEIS Esta categoria compreende os fármacos que ainda não dispõe de literatura que possa evidenciar a segurança na utilização do mesmo durante a amamentação. Para indicar o potencial de segurança dos medicamentos relacionados neste manual foram utilizadas informações indicadas com o símbolo correspondenteà categoria de risco. Exemplo: BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias / Ministério da Saúde, Secretaria da Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. 2ª edição Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. 92 p. 2. SCHVARTSMAN C, LEWI DS, MORGULIS RNF, ALMEIDA SM. Manual Farmacêutico 2011/2012. Hospital Albert Einstein. São Paulo, 2010. 480p. 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA. Faculdade de Farmácia Odontologia e Enfermagem. Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos. Informações para o uso de medicamentos na gravidez e lactação. Coordenacao Mirian Parente Monteiro. Fortaleza - Ceará, 2008.112p. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 31 COMPONENTE DESCENTRALIZADO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 32 Orientações sobre os Medicamentos Padronizados na Atenção Primária Instruções para Consulta Traz informações sobre procedimentos que devem ser orientados aos pacientes no momento da prescrição e reforçados durante a dispensação do medicamento Apresenta o fármaco sobre os quais as orientações serão dadas. Inclui todas as apresentações comerciais disponíveis pela assistência farmacêutica no município de Fortaleza. Sinaliza a classificação de risco do medicamento quando utilizado na gravidez e durante lactação. Fornece dados de custo e consumo com o medicamento durante a gestão de compra do ano de 2014. Traz informações sobre a problemática atual na prescrição do medicamento, cuidados a serem observados durante o uso e os perigos advindos do uso prolongado do fármaco. Descreve as indicações de uso mais frequentes na atenção primária em saúde e as respectivas doses posológicas. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 33 Relaciona os efeitos decorrentes das interações com outros medicamentos dispensados pela atenção primária e como conduzir o uso concomitante. Descreve as reações adversas de ocorrência mais comuns Lista as fontes utilizada na busca das informações. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 34 Nome da Substância ÁCIDO ACETILSALICÍLICO Apresentações disponíveis no elenco de medicamentos de Fortaleza: 100mg Comprimido Indicações mais frequentes e posologias na APS: Adultos Analgésico e antipirético Dose usual: 40 a 60mg/kg/dia, VO, 4 a 6 vezes ao dia. Antiagregante em pacientes arteriopatas (coronarianas,etc.) Dose usual: 81 a 500mg/dia. Artrite reumatoide Dose usual: 3,2 a 6g/dia, VO. Crianças: Analgésico e antipirético Dose usual: 10 a 15mg/kg, VO, 4 a 6 vezes ao dia. Anti-inflamatório Dose usual: 60 a 100mg/kg/dia, VO, fracionados em 3 a 4 administrações. Antiagregante plaquetário Dose usual: 3 a 5mg/kg/dia, VO, 2 vezes por semana. ALERTA Problemática 1. Prescrições desnecessárias para prevenção primária de eventos cardiovasculares em pacientes com baixo e médio risco cardiovascular; Cuidados no uso Perigos do uso prolongado - Evitar o uso nos primeiro e último trimestres da gravidez (encerramento prematuro do canal arterial fetal). - Não há evidências que apoiem o uso de AAS especificamente no tratamento de demência associada à doença cerebrovascular. - Risco de ulceração gástrica e sangramento. - Insuficiência hepática grave e nefrotoxicidade. - Risco de desenvolvimento precoce de degeneração macular relacionada à idade. 63o item no ranking de gasto com medicamentos em Fortaleza. 5 o item no ranking de medicamentos dispensados em Fortaleza Á C ID O A C ETILSA LIC ÍLIC O Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 35 ORIENTAÇÕES: Administrar com bastante água ou com alimento a fim de evitar desconforto. A presença do alimento retarda a velocidade, mas não a extensão da absorção. Orientar que o paciente evite deitar-se dentro de 15 a 30 minutos após a administração. Reforçar a importância de evitar o uso de bebidas alcoólicas. INTERAÇÕES COM AAS MEDICAMENTOS EFEITOS CONDUTA DISPONÍVEL Prednisona Aumenta o risco de sangramento gastrointestinal e ulcerações. Monitorar a terapia prescrita. Redução gradativa da dose do AAS juntamente com a dose dos corticosteróides. Cetoprofeno Evitar uso concomitante quando terapia crônica ou em doses altas. Quando for necessário, monitorar sinais clínicos (hemorragias) e laboratoriais (TTPA e INR) de alterações hematológicas. Furosemida Reduz o efeito diurético Espaçar os horários de administração dos medicamentos Captopril Reduz a eficácia anti- hipertensiva Varfarina Aumenta o risco de hemorragias Monitorizar evidências de sangramento. Ibuprofeno Reduz o efeito antiplaquetário Uso concomitante deve ser evitado. Caso seja necessário, orientar a administração do AAS 30 minutos antes ou 8 horas após o ibuprofeno. TTPA – Sigla em inglês para: Tempo de Ativação Parcial de Tromboplastina; INR – Razão Normalizada Internacional; AAS – Ácido Acetilsalicílico REAÇÕES ADVERSAS MAIS COMUNS: • Náuseas e vômito. • Dor abdominal. • Úlcera gastrointestinal. • Sangramento. • Broncoespasmo. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2010/Rename 2010. 2ª edição, Brasília, 2010, 1135pg. 2. Micromedex ® Healthcare Series [Internet database]. Greenwood Village, Colorado: Thomson Healthcare, 2015. 3. Rands G, Orrell M, Spector AE. Aspirin for vascular dementia (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, issue 2, 2009. Oxford: Update Software. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 36 Nome da Substancia AMOXICILINA AMOXICILINA + CLAVULANATO DE POTÁSSIO Apresentações disponíveis no elenco de medicamentos de Fortaleza: 500mg Comprimido 50mg/ml Suspensão 500mg + 125mg Comprimido 500mg + 125mg/ml Suspensão ALERTA Problemática 1. Prescrições com esquemas prolongados de tratamento sem indicação. 2. Tratamento de amigdalites agudas recorrentes não complicadas. Cuidados no uso Perigos do uso prolongado - Hipersensibilidade às penicilinas. - Colite pseudomembranosa (prolongada ou significativa) de intensidade leve à grave pode surgir durante o uso ou em até 2 semanas após a última dose. - Supercrescimento de microrganismos resistentes ao medicamento. - O uso de altas doses de amoxicilina pode predispor ao risco de cristalúria (manter hidratação adequada). Indicações mais frequentes e posologias na APS* Adultos Infecções causadas por microrganismos sensíveis** 250 a 500 mg por via oral, a cada 8 ou 12 horas. Profilaxia de endocardite bacteriana 2 g, por via oral, em dose única, de 30 minutos a 1 hora antes de procedimento em que haja sangramento. Erradicação de Helicobacter pylori 1 g, por via oral, a cada 12 horas, combinada a claritromicina 500 mg e omeprazol 20 mg, ambos por via oral, a cada 12 horas, durante 7 a 14 dias. Associado com Clavulanato: 250 + 62,5 a 500 + 125 mg, por via oral, a cada 8 ou 12 horas Crianças Infecções causadas por microrganismos sensíveis** (10 opção) 20 a 90 mg/kg, dividido a cada 8 ou 12 horas. Profilaxia de endocardite bacteriana 50 mg/kg, por via oral, em dose única, 30 minutos a 1 hora antes de procedimento em que hajasangramento. 15o item no ranking de gasto com medicamentos em Fortaleza. 39o item no ranking de medicamentos dispensados em Fortaleza A M O X IC ILIN A /A M O X IC ILIN A + C LA V U LA N A TO D E P O TÁ SSIO Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 37 Associado com Clavulanato: 20 a 90 mg/kg de amoxicilina, por via oral, a cada 8 ou 12 horas. * A dose e a duração do tratamento dependem do local e gravidade da infecção, mas geralmente são eficazes entre 7 e 14 dias. ** A amoxicilina Associado ao clavulanato (Bactérias produtoras de betalactamase infeccoes não-graves por Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, E. coli, algumas espécies de klebsiella, Enterobacter, Helicobacter pylori). ORIENTAÇÕES: A alimentação não interfere na ação de amoxicilina, que pode ser ingerida com alimentos. Recomendar a reconstituição da suspensão com água filtrada ou fervida, até a marca indicada no frasco e agitação do mesmo sempre que for retirar a dose correspondente. A suspensão oral, após reconstituição, ficará estável por 14 dias se for conservada em geladeira (entre 2ºC e 8ºC). A suspensão contém açúcar. Utilizar com cautela e informar aos portadores de diabetes. Informar que as cápsulas não devem ser mastigadas ou partidas. Reforçar a importância de padronizar os horários para tomada do medicamento até o fim do tratamento e caso esqueça, tomar a dose assim que lembrar e reaprazar os horários. Os pacientes devem ser alertados para não interromper o uso antes do final do tratamento, mesmo quando houver melhora dos sintomas após a primeira dose. INTERAÇÕES COM AMOXICILINA MEDICAMENTOS EFEITOS CONDUTA DISPONÍVEL Alopurinol Aumenta a chance de desenvolvimento de reações alérgicas de pele (exantema). Reduzir a dose de alopurinol ou terapia farmacológica alternativa Anticoncepcionais Hormonais Reduz a eficácia da terapia contraceptiva. Recomendar a utilização de métodos de barreira durante a terapia antibiótica Varfarina Aumenta o risco de sangramento. Monitorização intensiva da terapia concomitante (Tempo protrombina e INR). * INR - Razão Normalizada Internacional REAÇÕES ADVERSAS MAIS COMUNS: • Diarréia (3 a 15%) • Náuseas (3%) • Vômitos (2%) • Eritema e Exantema (3%) • Candidíases Mucocutânea (4%) BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2010/Rename 2010. 2ª edição, Brasília, 2010, 1135pg. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Uso indiscriminado de antimicrobianos e Resistência Microbiana. In: Uso racional de medicamentos – Temas selecionados. 1ª edição. Brasília, 2012. 3. Bula do medicamento de referência - CLAVULIN ® (Glaxosmithkline). 4. Micromedex ® Healthcare Series [Internet database]. Greenwood Village, Colorado: Thomson Healthcare, 2015. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 38 Nome da Substancia BECLOMETASONA DIPROPIONATO Apresentações disponíveis no elenco de medicamentos de Fortaleza: 50mcg/250mcg Aerossol Oral ALERTA Problemática 1. Prescrições para exacerbação aguda de asma e bronquite não asmática. Cuidados no uso Perigos do uso prolongado - Os efeitos terapêuticos não são percebidos imediatamente, portanto não deve ser usado como medicamento de alívio durante crises de falta de ar. - A formulação contém aproximadamente 9mg de álcool/dose. - O uso concomitante com corticosteróides sistêmicos deverá ser realizado sob doses ajustadas. - Efeitos sistêmicos (retardo do crescimento em crianças e adolescentes, redução da densidade mineral óssea, catarata e glaucoma, principalmente se uso em altas doses). - Pode causar fenômenos de sensibilização e, excepcionalmente, efeitos colaterais sistêmicos típicos da classe terapêutica. Indicações mais frequentes e posologias na APS: CRIANÇAS Asma – Tratamento após a crise Dose baixa (menores de 12 anos): 100 a 200 microgramas, por via inalatória, a cada 12 horas. Dose media/alta (de 5 a 12 anos): 200 a 400 microgramas, por via inalatória, a cada 12 horas. Rinite (alérgica moderada e grave e não alérgica) Maiores de 6 anos: 100 microgramas (2 jatos) em cada narina, a cada 12 horas. Após melhora dos sintomas reduzir a dose para 50 microgramas (1 jato) em cada narina, a cada 12 horas. ADULTOS Asma – Tratamento após a crise Dose baixa: 100 a 400 microgramas, por via inalatória, a cada 12 horas. Dose media/alta: 400 a 1000 microgramas, por via inalatória, a cada 12 horas. 18 o item no ranking de gasto com medicamentos em Fortaleza. 132 o item no ranking de medicamentos dispensados em Fortaleza B EC LO M ETA SO N A D IP R O P IO N A TO Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 39 Rinite (alérgica moderada e grave e não alérgica) 100 microgramas (2 jatos) em cada narina, a cada 12 horas. Após melhora dos sintomas reduzir a dose para 50 microgramas (1 jato) em cada narina, a cada 12 horas. ORIENTAÇÕES Orientar que o frasco seja agitado sempre antes de usar. Orientar o paciente quanto ao modo de utilizar corretamente o aerossol e os espaçadores, bem como a realização periódica de manutenção e limpeza dos artefatos, a fim de evitar obstrução. Alertar que o uso de espaçador nas formas aerossol favorece a ação do medicamento e reduz a ocorrência de efeitos adversos. Alertar que o enxágue bucal após administração e o uso de espaçador reduzem o risco de candidíase oral, rouquidão e disfonia. Não engolir a água do enxágüe. Orientar para não interromper o uso abruptamente, devido aos riscos de efeitos adversos importantes. Orientar para notificar a falta de resposta ao tratamento, para possível ajuste de dose. INTERAÇÕES COM BECLOMETASONA As interações descritas na literatura para a beclometasona referem-se à administração sistêmica deste fármaco. Para a administração nasal não há informação de interações, mas em caso de absorção sistêmica, interações farmacológicas poderiam ocorrer, especialmente com fármacos inibidores de enzimas envolvidas no metabolismo da beclometasona. REAÇÕES ADVERSAS MAIS COMUNS Candidíase Orofaringeana. Tosse. Rouquidão. Irritação da Faringe. BIBLIOGRAFIA 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário Terapêutico Nacional 2010/Rename 2010. 2ª edição, Brasília, 2010, 1135pg. 2. Bula do medicamento de referência - CLENIL ® (Chiesi). 3. Fortaleza. Secretaria Municipal de Saúde. Célula de Atenção às Condições Crônicas. Guia de bolso para o programa de atenção integral à criança e adulto com asma de Fortaleza. PROAICA – 1ª edição. Ceará, 2015. 16 p. 4. Micromedex ® Healthcare Series [Internet database]. Greenwood Village, Colorado: Thomson Healthcare, 2015. Manual de Uso Racional de Medicamentos na Atenção Primária de Fortaleza 2016 40 Nome da Substancia BUDESONIDA Apresentações disponíveis no elenco de medicamentos de Fortaleza: 50mcg Aerossol Nasal (equivale a 32 mcg de budesonida por dose). ALERTA Problemática 1. Terapia inicial combinada de corticóide inalatório e agonista β-2 de longa duração no tratamento de asma leve e moderada, sem tentativa prévia de monoterapia com corticóide inalatório. Cuidados no uso Perigos do uso prolongado - Os efeitos terapêuticos não são percebidos IMEDIATAMENTE, portanto não deve ser usado como medicamento de alívio durante crises de falta de ar. - Aparecimento de sinais ou sintomas de hipercorticismo, supressão da função hipotálamo-hipófise-adrenal
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