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Anemia Falciforme GENÉTICA Mutação pontual GACGTG (troca de 6- glutamato por Val) HBAHBA = normal HBAHBS = traço HBSHBS = anemia falciforme MALÁRIA Indivíduos portadores de traço falciforme possuem resistência a infecção por malária, uma vez que suas hemácias reagem de forma mais rápida (clearance mais rápido) e possibilita ao sistema imune mais tempo para produzir defesa Indivíduos homozigotos para anemia falciforme, por outro lado, são mais sensíveis e malária e tem maior chance de morte, uma vez que há comprometimento da função do baço. EPIDEMIOLOGIA BRASIL: 1:5000 (Bahia); 1:1200 (RJ)/ 1:8000 (RS) FISIOPATOLOGIA BAIXA SOLUBILIDADE Perda de eletronegatividade, ganho de hidrofobicidade (devido a troca de aminoácidos) Gera tendendcia de autoagregação súbita formação de polímeros de hemoglobina S no interior do citoplasma (perda de solubilidade) Polímeros contituem fibras alongadas e rígidas que alteram o formato da célula (afoiçamento) prejudica sua deformabilidade Polímeros de HbS não carreiam oxigênio Processo aumenta quando: Hipóxia Acidose Desidratação A polimerização pode ser desfeita se cessar o estímulo, porém nem sempre acontece produzindo “irreversibly Sickled Cells” ou ISC. RELAÇÃO HBS e HBF A HBF possui mais afinidade pelo oxigênio o que permite a maior quantidade de oxigênio dentro da hemácia, reduzindo o processo de polimerização e afoiçamento. INSTABILIDADE MOLECULAR HbS sofre oxidação com mais facilidade Aumenta em 340% quando entra em contato com fosfolipídeos de membana celular macromoléculas desnaturadas. Aderência de macromoléculas desnaturadas (globina, ferro não heme, fosfolipídeos) na face interna da membrana. Prejuizos da aderência de macromoléculas nas hemácias: 1. Afoiçamento na presença de oxigênio: mesmo na presença de oxigênio acontece afoiçamento devido ao estímulo do fosfolipideo. A presença de ferro não heme causa estresse oxidativo. 2. Membrana plasmática: sofre dano cumulativo por peroxidação dos lipídeos e destruição de proteínas estruturais, prejudicando sua fluidez. 3. Lise osmótica ou mecânica devido a fragilidade causada. 4. Transporte iônico afetado – a peroxidação da membrana aumenta a permeabilidade aos cátions desidratação celular 5. Modificações antigênicas na membrana – agregação da proteína anti-banda 3 (aumento da capacidade de opsonização); exposição da fosfatidilserina (FS) na face externa causando lesão endotelial difusa(adesiogênica e pró- inflamatória); Consequências para o organismo: 1. Anemia hemolítica: as hemácias falcemicas destruídas nos vasos sanguíneos liberam fragmentos que causam estresse oxidativo no endotélio. Dessa forma o paciente falcemico vive em contanste inflamação. Formas de estresse oxidativo: Depleção de NO Desprendimento de vesículas com FS FS estimula imunidade inata 2. Resultado no endotélio: hiperplasia e fibrose obstrução, inflamação sistêmica crônica (crises álgicas) Hipercoagulabilidade (vasculopatia macroscópica – AVE e hipertensão pulmonar) VASO OCLUSÃO CAPILAR 1. Adesão de hemáticas ao endotélio lentificação do fluxo 2. Impactação e empilhamento de hemácias a montante. Inicialmente ISC e posteriormente hemácias normais. Resultados: Focos de necrose nos órgãos envolvidos (medulo óssea, medula renal, baço, pulmões, mucosa intestinal). DIAGNÓSTICO ALTERAÇÕES LABORATORIAIS Queda leve a moderada da hemoglobina e hematócrito Reticulocitose (3-15%) - aumento artificial da VCM Hiperbilirrubinemia indireta Aumento de LDH Queda da haptoglobina VHS – não é útil ESFREGAÇO DE SANGUE PERIFÉRICO Hemácias irreversivelmente afoiçadas (ISC) Policromasia – indicativo de reticulose COrpusculos de Howell-Jolly – sinal de asplenia Hemácias em alvo – indício genérico de que existe uma hemoglobinopatia CONFIRMAÇÃO Eletroforese: separa os tipos de hemoglobina por pesos molecular Cromatografia líquida de alta performance (HPLC) Análise genética RASTREIO Criança com pais portadores do traço pode-se realizar biópsia de vilo coriônico (8- 10sem); aborto de fetos HbSS é proibido no Brasil. NEONATAL: teste do pezinho (2-30dias de vida) Uso de penicilida V oral até 5 anos – melhora o prognóstico MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Hemólise crônica associada a múltiplas disfunções orgânicas. Crises álgicas – inicia, a partir do momento em que os níveis de HbF fisiologicamente aumentados nos primeiros meses de vida começam a se reduzir. Principais órgãos alvo: baço, ossos, rins, cérebro, pulmões, pele, coração. Expectativa de vida: 42 anos homens; 48 anos mulheres. PRINCÍPIOS TERAPÊUTICOS Avaliação global inicial: deve ser acompanhada por médico hematologista Terapia modificadora de doença: 1. Profilaxia contra pneumococo 2. Reativação da síntese de HbF 3. Hemotransfusão 4. Quelante de ferro. PROFILAXIA CONTRA PNEUMOCOCO Vacinação Antipneumocócica: Crianças menores de 2 anos (13-valente) – 3 doses com intervalos de 6-8semanas, iniciando no 2º mês de vida (2, 4, 6 meses) + reforço aos 12 meses. 2 e 7 anos: vacina 23-valente (pouco imunogênica em menores de 2 anos). Antibioticoprofilaxia: Penicilina V oral o 125mg 2x ao dia dos 2 meses aos 2 anos. o 250mg 2x ao dia até os 5 anos (se não tiver histórico de sepse pneumocócica ou esplenectomia cirúrgica). Em caso desse histórico, considerar tratamento ad eternum. Reativação da Síntese de Hemoglobina Fetal: A hidroxiureia por um mecanismo desconhecido (inibidor da ribonucleotideo-redutase) aumenta os níveis de HbF Hidroxiureia (HU) – 15-40mg/kg/dia Indicado se mais ou igual a 2 crises álgicas/ano com necessidade de internação; disfunção orgânica crônica; anemia profunda com reticulócito >250.000, necessidade de hemotransfusão crônica; porém aloimunização significativa, prevenção secundária da STA (mater neutrófilos > 2000/ml. 3-4 meses para se atingir o efeito pleno Hemotransfusão: 1. Transfusão simples: bolsas de hemácias são ministradas conforme necessidade (Hb e Ht até máximo de 10g/dl e 30%.) 2. Transfusão de troca parcial (exsanguinitransfusão parcial): parte das hemácias falcêmicas é removida da circulação em troca de hemácias normais. Realizado por flebotomia (retirada de 10ml/kg de sangre + transfusão) ou pode ser concomitante por meio de aparelho. Objetivo é o mesmo de 10g e 30%, mas tem a vantagem de reduzir HbS cirucalente (HbS<30%). Complicações: aloimunização, sobrecarga de ferro e infecções virais hemotransmissíveis. TESTES DO SANGUE PARA TRANSFUSÃO ABO, C, D, E e KELL, RH Se houver aloimunização prévia deve ser apliada para um painel de aloanticorpos Leucorredução Quelação do ferro Previne a hemocromatose que danifica órgãos e tecidos. Deferoxamina: EV ou subcutânea Deferasirox: VO Terapia Adjuvante Reposição de folato e outras vitaminas (1mg/dia de ácido fólico); vit A, C, D, E, zinco, acetilcisteína. Flebotomia: quinzenal se Hb maior ou igual a 9,5g/dl. Retirada de 10ml de sangue/kg de peso em 20-30min com reposição de igual volume de solução salina isotônica. Eritropoietina/Darbopoietina Transplante de células-tronco hematopoiéticas – única chance de CURA da Anemia Falciforme (dificuldade de doador, morbimortalidade alta). MANUSEIO ESPECÍFICO DE CADA COMPLICAÇÃO CRISE ÁLGICA Em crianças menores de 2 anos a primeira crise álgica constuma ser síndrome mão-pé dor e edema nas extremidades, em consequência a isquemia/infarto dos pequenos ossos das mãos e pés. Probabilidade de ocorrer aumentada quando: Níveis reduzidos de HbF Níveis aumentados de Hb/Ht – maior viscosidade sanguínea História de apneia do sono Frio, desidratação, infecções, estresse emocional, menstruação e libação alcóolica. Locais mais atingidos: Dorso-lombar Tórax Extremidades Abdome: geralmente isquemia ou microinfartos mesentéricos; há presença de peristalse. Dor pode ser leve a excruciante – duração típica entre 4-10 dias. Tratamento da dor: Analgésicos conforme nível da dor Hidratação VO 60ml/kg/dia DOR CRÔNICA Geralmente possuem fraturas vertebrais, osteonecrose de cabeça de fêmur e/ou úmero, úlceras cutâneas persistentes Tratamento deve ser paliativo com analgésicos Se a causa base tiver tratamento, tratar. Se não houver substrato anatômico identificado deve ser priorizar medidas de redução de vaso-oculsão (mais provável causadora). CRISES ANÊMICAS Meia vida das hemácias é baixa (aprox. 17 dias, normal é de 120 dias) Crise aplásica: Interrupção transitória na proliferação dos precursores eritrocitários na medula óssea Queda de Hb (súbita) Reticulocitopenia Causa mais comum: parvovírus B19 Infarto extenso de medula óssea: crise aplásica + crise álgica intensa + febre + leucoeritroblastose de sangue periférico. Crise megaloblástica: Queda súbita de Hb Aumento do VCM (macrocitose) Causa: rápido esgotamento de reservas de folato TTO: heomtransfusão simples + reposição de VIT. Profilaxia: ácido fólico 1mg/dia. Crises de “sequestro” É ocasionada por uma obstrução aguda da rede de drenagem microvenular, causando represamento de sangue. Queda súbita de Hb Aumento da reticulose plaquetopenia, sinais de hipovolemia Causas infeciosas ou espontâneas Em geral em menores de 5 anos Após a primeira crise deve ser realizada esplenectomia cirúrgia profilática Crises hiper-hemolíticas: Crises após aloimunização Queda de Hb após 4-10 dias Sinais laboratoriais de agravamento da hemólise Hemácias naturais também pode ser lisadas Pode ser causada também por deficiência de G6PD. INFECÇÕES Principais morbimortalidade na AF Imunodeficiência significativa devido à perda precoce da função esplênica (infartos cumulativos no parênquima). Mesmo antes da asplenia, pode-se encontrar indícios de hipoesplenismo como corpúsculos de Howell-Jolly nas hemácias do sangue periférico. Perda precoce na capacidade de sintetizar e secretar opsoninas Aumento do risco de infecção. Ex: pneumococo e haemophilus Osteomielite por Salmonela: vaso oclusão + necrose entrada da bac pelo intestino vaso oclusão + infarto ósseo nicho para salmonelas Todo episódio de febre acima de 38,5°C em AF deve ser abordado como caso de ebacteremia pelo pneumococo até prova contrárias. ATB profilático após coleta de culturas (sangue + liquor) – geralmente vancomicina ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Mais comum ser AVE isquêmico por vaso oclusão de grande vaso intracerebral. As vasooclusões menores podem causar déficits cognitivos progressivos. Pode também ser por AVE hemorrágico (subaracnoide, intrapariquimatosa ou intraventricular), geralmente por ruptura de aneurisma (fragilidade da parede vascular predispõe + oclusão de vasavasorum). DOENÇA DE MOYAMOYA É a presença de circulação colateral nos vasos cerebrais estenosos, formando um aspecto de fumaça de cigarro. Pacientes portadores possuem risco elevado para AVE hemorrágico. SINDROME TORÁCICA AGUDA Infiltrados pulmonares novos, febre, tosse, dor torácica, secreção purulenta, dispneia, hipoxemia Desencadeadores: vaso-oclusão capilar pulmonar e infecção. Deve ser tratada com medidas de suporte conforme necessidade + ATB empírico + transfusão de troca parcial se evoluir com desconforto respiratório intenso refratário a suplementação de O2. HIPERTENSÃO PULMONAR Aumenta conforme a idade. COMPLICAÇÕES HEPATO-BILIARES. `Comum Podem estar presentes na infância Cálculos de cálcio COMPLICAÇÕES GENITUIRINÁRIAS Insuficiencia renal termianal: Necrose de papila Hipostenúrua – não concentra urina Glomeruloesclerose segmentar focal PRIAPISMO Ereeção peniana sustentada e não relacionada ao desejo sexual. Estase sanguínea por vaso-oclusão, geralmente após ereção fisiológica. Promove lesão isquêmica com dor Pode causar impotência sexual irreversível COMPLICAÇÕES OCULARES Toruosidade vascular Fístulas arteriovenosas Hemorragias e aneurismas Neoavscularização Deve realizar fundoscopia anual COMPLICAÇÕES ESQUELÉTICAS Fronte proeminente e turricefalia causados por expansão medular Osteonecrose – acomete o fêmur, úmero, ossos cuboides das mãos e dos pés, corpos vertebrais Osteomielite por salmonela Edema articular – infecção articular, gota, inflamação dos tecidos moles periarticulares. COMPLICAÇÕES DERMATOLÓGICAS ÚLCERAS CUTANEAS CRÔNICAS: costumam ser bilaterais e predominam sobre eminencias maleolares COMPLICAÇÕES: osteomielite, infecção sistêmica, tetano. TRATAMENTO: repouso no leito, debridamento físico e químico, ATB (sistêmico e tópico), substâncias cicatrizantes (oxido de zinco) OUTRAS OPÇÕES: oxigenoterapia hiperbárica COMPLICAÇÕES CARDÍACAS Aumento do débito cardíaco – dilatação das camaras cardíacas cardiomegalia, sopros de regurgitação mitral e tricúspide Hipertrofia ventricular e alterações de repolarização. Hipertensão arterial pulmonar
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