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NEOPLASIAS UROLÓGICAS

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NEOPLASIAS UROLÓGICAS 
CÂNCER DE RIM 
Epidemiologia 
Cerca de 90% dos tumores do parênquima renal são representados pelos carcinomas e nos 
demais casos são identificados tumores benignos, como os angiomiolipomas, os oncocitomas e 
os adenomas. Os carcinomas de células renais (CCR) correspondem a 4% de todos os 
tumores humanos, predominam no sexo masculino e incidem preferencialmente em individuos 
com 50 a 70 anos de idade. 
 
Como mostra a Figura 6.1, o número de casos identificados incidentalmente, durante a 
realização de exames de imagem do abdome por outros motivos, aumentou de forma 
significativa nos últimos anos. Esses tumores incidentais, quase sempre assintomáticos, são de 
menor tamanho e estágio, o que confere a eles prognóstico mais favorável. 
Patologia 
Os CCR originam-se das células dos túbulos renais e em 70% dos casos correspondem ao 
subtipo denominado de células claras, mais agressivo que os demais subtipos (papilar e 
cromófobo). Uma quarta forma histológica é representada pelos tumores dos dutos coletores, 
mais raros, bastante agressivos e que incidem em individuos negros portadores de anemia 
falciforme. 
História Natural 
Cerca de 80% dos pacientes com CCR apresentam-se inicialmente com doença localizada, 
sem metástases à distância. Quando presentes, estas metástases envolvem principalmente 
pulmão, linfonodos retroperitoneais, fígado e ossos. Alguns pacientes com doença inicialmente 
localizada apresentam recorrência após o tratamento inicial e em 85% a recidiva manifesta-se 
nos três primeiros anos de seguimento. 
Os CCR progridem lentamente, estimando-se que o diâmetro desses tumores aumente entre 1 
e 20 mm ao ano (média = 4 mm). Sob o ponto de vista clínico, os CCR passam a apresentar 
maior risco de metástases quando têm mais de 7 cm de diâmetro. 
A sobrevida de 5 anos dos portadores da doença depende principalmente da extensão 
(estágio) do tumor no momento do diagnóstico (Fig. 6.2). O sistema de estagiamento 
atualmente empregado (TNM) utiliza as seguintes definições (Fig. 6.3): 
 
 
 
Clínica 
As principais manifestações clínicas dos CCR são representadas por hematúria (50-60%), 
massa em flanco (30-40%) e dor lombar (30-40%). Sintomas constitucionais, como perda de 
peso e anemia, ocorrem em cerca de 20% dos casos e aproximadamente 5% dos pacientes 
evidenciam manifestações paraneoplásicas, como febre, hipercalcemia, eritrocitose, disfunção 
hepática, amiloidose e hipertensão. Esses casos se relacionam com a produção pelo tumor de 
substâncias com atividade hormonal, como a parathyroid hormone-related protein, renina e 
eritropoetina. Invasão tumoral da veia cava, com ou sem obstrução local, é identificada em 5 a 
10% dos pacientes, que podem evidenciar varicocele aguda, ascite ou circulação venosa 
anômala na parede abdominal. A utilização crescente de ultra-sonografia e tomografia do 
abdome tem permitido o diagnóstico de um número elevado de tumores renais assintomáticos. 
Atualmente, entre 70% e 80% dessas lesões são identificadas incidentalmente, antes de 
surgirem manifestações clínicas. 
Diagnóstico 
A presença de neoplasia renal é cogitada quando estudos de imagem revelam processos 
expansivos sólidos locais. Tanto a ultrassonografia como a tomografia computadorizada 
definem a presença de massas sólidas, diferenciando-as dos cistos renais. Neste sentido, a 
tomografia apresenta maior precisão, sendo a sensibilidade desses exames de 79% e 94% 
respectivamente, para a ultra-sonografia e tomografia abdominal. Este último método permite 
também o estagiamento da doença, que é feito corretamente em 90% dos casos quando se 
procura definir a presença de invasão da gordura perirrenal, dos linfonodos retroperitoneais ou 
de lesões hepáticas secundárias. O estudo por ressonância magnética também é bastante 
preciso na diferenciação de massas sólidas e de lesões não-tumorais, principalmente quando a 
tomografia não permite esta diferenciação. Ademais, este exame é de grande importância nos 
casos com suspeita de invasão neoplásica da veia cava, já que a presença e a extensão do 
trombo tumoral são bem demonstradas pela ressonância. 
Algumas lesões renais benignas podem simular tumores locais, incluindo-se nesses casos 
cistos multiloculados, hematomas e abscessos. Ademais, alguns tumores podem sofrer 
necrose de liquefação, gerando imagens complexas nas quais se misturam áreas sólidas e 
líquidas. Quando o aspecto radiológico do tumor é misto, dá-se grande valor à impregnação do 
contraste radiológico nessa lesão. Processos que sofrem realce com o contraste quase sempre 
são neoplásicos, enquanto a ausência de realce praticamente elimina esta possibilidade (Fig. 
6.4). 
 
Tratamento 
Tratamento dos Tumores Localizados (T.-T-T3) 
Os CCR são radiorresistentes e quimio resistentes, de modo que a cirurgia radical, quando 
factível, representa a única medida curativa nesses casos. Em pacientes com tumores 
localizados, deve-se realizar a nefrectomia radical, com remoção em bloco da gordura 
perirrenal, adrenal e linfonodos regionais. O emprego de radioterapia exclusiva não erradica a 
neoplasia e, por isso, esse método não deve ser indicado na prática. Em pacientes submetidos 
a nefrectomia radical por tumor aparentemente localizado, a sobrevida de 5 a 10 anos 
relaciona-se principalmente com o estágio anatomo-patológico da lesão, sendo bastante 
favorável nos pacientes com doença circunscrita ao rim (Fig. 6.3). 
Em portadores de tumores bilaterais ou rim único, deve-se executar cirurgia conservadora, que 
inclui a nefrectomia parcial ou a enucleação da lesão. A sobrevida dos casos operados de 
forma adequada aproxima-se à dos pacientes tratados de forma radical, justificando esta 
estratégia cirúrgica. Esses pacientes devem ser mantidos sob vigilancia clínica, já que 4 a 10% 
desenvolvem novas lesões tumorais no segmento renal remanescente. 
Tratamento dos Tumores Metastáticos (N/M") 
Nos portadores de CCR o valor da remoção do rim na presença de metástases é controvertido, 
existindo estudos que demonstram maior sobrevida e outros que indicam a mesma sobrevida 
após a nefrectomia. Contudo, quando existe metástase solitária, a remoção concomitante do 
rim e da lesão metastática acompanhasse de sobrevida de 5 anos em cerca de 35 a 50%, o 
que justifica a cirurgia neste grupo particular de pacientes, desde que sejam jovens e estejam 
em bom estado geral de saúde. 
O tratamento quimioterápico é ineficiente em CCR com alguns casos de respostas parciais e 
transitórias à vinblastina e à fluxoridina. A Imunoterapia sistêmica tem sido utilizada em 
adenocarcinoma renal metastático com resultados modestos. O interesse por esse método de 
tratamento surgiu quando evidências indiretas indicaram possível papel dos mecanismos 
imunológicos no comportamento biológico dos adenocarcinomas renais. 
Interferon-a e interleucina-2 produzem respostas objetivas em 12 a 20% dos pacientes com 
CCR metastático, quase sempre parciais e de duração limitada. A vacina de células dendríticas 
sensibilizadas com antígenos tumorais do próprio paciente representa outra forma de se tratar 
tais casos, com respostas completas incomuns mas com estabilização da doença em alguns 
pacientes. 
CÂNCER DA BEXIGA 
Depois do câncer da próstata, os tumores da bexiga constituem as neoplasias mais frequentes 
do sistema urogenital do homem e a quinta causa de óbito por câncer em pacientes adultos 
idosos. Mais de 95% desses tumores originam-se no epitélio transicional que reveste a bexiga 
e 90% são reconhecidos como carcinomas de células transicionais. Processos de metaplasia 
podem ocorrer no epitélio vesical, gerando carcinomas epidermoides (6 a 8%) ou 
adenocarcinomas locais (1 a 2%). 
No texto que se segue serão discutidos tópicos relacionados com os carcinomas de células 
transicionais (CCT). 
Epidemiologia 
A incidência dos CCT de bexiga aumenta com a idade e menos de 1% dessas neoplasiasocorre antes dos 40 anos de idade. Sob o ponto de vista etiopatogênico, em 30 a 50% dos 
pacientes são identificados fatores de risco, que provavelmente favorecem o desenvolvimento 
da neoplasia; como a exposição à anilina e a outras aminas aromáticas empregadas em 
indústrias de tintas, borracha, couro, têxteis e gráficas (2-naftilamina, benzidina, xenilamina); o 
hábito de fumar (aumenta cerca de cinco a seis vezes a chance de câncer vesical); e a 
exposição à radiação ionizante (mulheres submetidas à irradiação pélvica têm risco 60 vezes 
maior de desenvolver câncer de bexiga). 
História Natural 
Os CCT de bexiga, quando detectados inicialmente, apresentam-se como lesões localizadas e 
restritas à bexiga em 75% dos casos; sob forma de doença regional (bexiga mais estruturas 
adjacentes) em 15% dos pacientes; e como doença metastática em 10% deles. 
Sob o ponto de vista de comportamento, os tumores vegetantes e superficiais de bexiga 
(restritos à mucosa) costumam ser multifocais e têm grande tendência a recidivar localmente, o 
que ocorre em 30 a 80% dos casos. Esses tumores apresentam, também, pouca propensão à 
progressão com invasão muscular, verificada em apenas 10 a 15% dos casos que recidivam. 
Por outro lado, os tumores sólidos com invasão muscular já de início tendem a ser únicos, 
evidenciando comportamento agressivo, com progressão sistêmica e óbito do paciente, quando 
não tratados. 
Os CCT de bexiga disseminam-se por contigüidade, invadindo a parede pélvica, a próstata ou 
a vagina, por via linfática, com acometimento progressivo dos gånglios ilíacos e periaórticos ou 
por via hematogênica, atingindo preferencialmente fígado, pulmões e ossos. 
O prognóstico dos pacientes portadores de CCT de bexiga relaciona-se principalmente com o 
estágio da doença e com o grau histológico da lesão (Fig. 6.5). De acordo com a classificação 
TNM (Fig. 6.6), os estágios em câncer de bexiga podem ser assim definidos: 
 
Por sua vez, o grau de diferenciação celular varia de 1 a IV, denominando-se grau I as lesões 
formadas por células bem diferenciadas e grau IV os tumores constituídos na sua quase 
totalidade por células indiferenciadas. 
Clínica 
Entre 70 e 80% dos pacientes com neoplasias vesicais apresentam hematúria indolor como 
manifestação inicial. Cerca de 20% dos casos evidenciam sintomas irritativos vesicais, como 
disúria, frequência e urgência miccional. Esses pacientes devem ser vistos com cuidado, já que 
manifestações irritativas estão frequentemente associadas a tumores com invasão muscular, 
de prognóstico mais grave. 
 
Diagnóstico 
O diagnóstico de tumor vesical deve ser cogitado quando massa sólida ou falha de enchimento 
vesical são encontradas em estudo ultra-sonográfico ou em tomografia computadorizada. A 
confirmação diagnóstica é realizada por meio de cistoscopia e biópsia da lesão, procedimentos 
recomendados em todos os casos com as alterações estruturais acima descritas e também nos 
pacientes com hematúria macroscópica, mais de 40 anos de idade e estudos de imagem 
normais. Essa indicação se justifica pelo fato de que lesões planas ou localizadas próximas ao 
colo vesical podem não ser visualizadas na ultra-sonografia ou na tomografia. 
Além desses estudos, todos os pacientes com câncer da bexiga devem ser avaliados por meio 
de exames citológicos de urina. A presença de células neoplásicas na urina de pacientes sem 
diagnóstico etiológico definido representa evidência indireta da existência de carcinoma 
transicional em qualquer parte do trato urinário, frequentemente na bexiga. Esse exame é 
particularmente importante nos tumores de alto grau histológico (III e IV), que se acompanham 
de citologia positiva em cerca de 80% dos pacientes. Nos tumores de graus I e II, a frequência 
de exame citológico de urina positivo é de, respectivamente, 15 e 40%. 
 
A extensão da doença, após confirmação do diagnóstico, é avaliada por meio do estudo por 
ressonância magnética do abdome e da pélvis e por tomografia de tórax (estadiamento clínico). 
Esses métodos identificam a presença de metástases em linfonodos retroperitoneais, fígado e 
pulmão, mas não servem para definir com precisão a profundidade de envolvimento da parede 
vesical. Essa informação é bastante relevante para se planejar a estratégia de tratamento do 
paciente e, na prática, só é obtida por biópsias profundas, realizadas na base da lesão por via 
endoscópica transuretral. 
Tratamento 
Tratamento dos Tumores Superficiais (T.-T.) 
A ressecção endoscópica transuretral constitui a forma mais eficiente para tratar os tumores 
superficiais de bexiga. Entre 30 e 80% dos casos evidenciam recorrência posterior da 
neoplasia, e por isto, estes pacientes devem ser acompanhados por meio de cistoscopias e 
exames citológicos de urina a cada 4-6 meses, por 5 anos. Radioterapia externa não deve ser 
empregada nos tumores superficiais, pois, além de não eliminar a doença e nem impedir 
recorrência das lesões, provoca fibrose vesical e efeitos actínicos locais indesejáveis. 
Nos pacientes com maior risco de recorrência do tumor, deve-se instituir tratamento tópico 
intravesical com BCG, como nos casos de lesões múltiplas na bexiga, tumor recidivante e 
tumores que invadem a submucosa (T). Nesses casos, o tratamento adjuvante com BCG reduz 
a frequência de recidiva de 70-90% para 30-40%. Nos tumores sem fatores de risco presentes, 
a recidiva da neoplasia ocorre em cerca de 30-40% dos pacientes e não é modificada pela 
aplicação adjuvante desse agente tópico.
 
Tratamento dos Tumores Infiltrativos Musculares (TXT) 
A ressecção endoscópica e a aplicação de agentes tópicos são insuficientes para erradicar as 
lesões que infiltram a musculatura. Por isso, esses casos devem ser tratados com cirurgia 
aberta ou com radioterapia externa. A cistectomia parcial, com remoção do segmento vesical 
contendo o tumor, constitui a forma ideal de tratamento dos tumores invasivos, já que preserva 
a bexiga e representa intervenção pouco agressiva. Contudo, essa técnica só é exequível em 
cerca de 5% dos casos, uma vez que a maioria das lesões vesicais que infiltram o músculo se 
situa na parede posterior da bexiga, aposta ao reto. Em decorrência, a maioria dos pacientes 
com câncer invasivo de bexiga é submetida a cistectomia radical. Essa intervenção, mais 
agressiva, é atualmente executada de forma mais aceitável para os pacientes. Graças ao 
desenvolvimento de técnicas que permitem construir reservatórios urinários com intestino 
delgado anastomosados à uretra (neobexiga ortotópica), esses pacientes urinam normalmente 
pela uretra e gozam de excelente qualidade de vida (Fig. 6.7). Entre 40 e 80% dos casos de 
tumor invasivo de bexiga são curados por essa abordagem, o que justifica seu emprego clínico. 
A radioterapia externa representa outra forma de tratamento dos tumores invasivos de bexiga, 
porém com índices de cura definitiva que se situam entre 20% e 30% inferiores aos da cirurgia, 
tornando o método menos atraente em clínica. 
Tratamento dos Tumores Metastáticos (N*/M") 
Os pacientes com neoplasia disseminada devem ser tratados com quimioterapia citotóxica 
sistêmica e, neste sentido, foram desenvolvidos três esquemas, de nominados M-VAC 
(metotrexato, vinblastina, adriamicina e cisplatina), CMV (cisplatina, metotrexato e vinblastina) 
e TIP taxol, ifosfamida e cisplatina). Respostas completas com desaparecimento das lesões 
metastáticas são observadas em 30-40% dos pacientes, mas cerca de 60% deles evidenciam 
recorrência da doença, fazendo com que os índices finais de cura se situem em torno de 15%. 
CÂNCER DA PRÓSTATA 
Mais de 90% das neoplasias da próstata são representadas pelos adenocarcinomas e o 
restante compreende casos de sarcomas, carcinoma epidermóide e carcinoma de células 
transicionais. Os adenocarcinomas localizam-se na zona periférica da glândula em cerca de 
75% dos casos, na zona transicional em aproximadamente25% dos pacientes e na zona 
central em menos de 5% dos casos. 
Epidemiologia 
O câncer da próstata constitui a neoplasia mais frequente do homem, atingindo 1 em cada 6 
homens (18,7%) que forem acompanhados até o fim da vida e matando um em cada 33 
indivíduos acometidos pela doença. 
A incidência do câncer da próstata varia geograficamente, com áreas de maior ou menor 
prevalência. O Canadá e os países escandinavos apresentam a maior incidência mundial da 
doença, ao passo que em países do Extremo Oriente a frequência dos casos é de 6 a 25 vezes 
menor (Fig. 6.8). 
O câncer da próstata apresenta duas características bem peculiares. Sua incidência aumenta 
com a idade, atingindo quase 50% dos indivíduos com 80 anos (provavelmente não poupará 
nenhum homem que viver até 100 anos) (Tab. 6.1). Além disso, o câncer da próstata é 
encontrado em um número elevado de indivíduos, sem lhes causar qualquer mal. Por exemplo, 
o estudo da próstata em necropsias de homens com idade entre 60 e 70 anos que faleceram 
sem doença prostática aparente revela focos neoplásicos em 24% deles. Contudo, apenas 
11% dos indivíduos dessa faixa etária apresentam, em vida, manifestações clínicas 
relacionadas com o câncer. Em outras palavras, 13% dos tumores nesse grupo têm caráter 
indolente, são assintomáticos e seus portadores morrem por outros motivos, ou seja, com o 
câncer mas não devido ao câncer. 
 
Fatores de Risco 
História Familiar 
Os indivíduos com antecedentes familiares de câncer da próstata têm maior chance de 
desenvolver a doença. Os riscos aumentam duas vezes quando um parente de 1° grau (pai ou 
irmão) é acometido pelo problema, três vezes quando dois parentes de grau são portadores do 
tumor e cinco vezes quando três parentes de lo grau têm a doença. Nos casos hereditários, 
esse câncer manifesta-se mais precocemente, muitas vezes antes dos 50 anos, como se 
recomenda habitualmente. 
Raça 
Individuos negros tem risco 80% maior de desenvolver cancer da próstata do que os brancos, 
ao passo que nos homens de raça amarela ou nos indios essa chance é 10 vezes menor. Em 
negros, além da maior prevalencia, o câncer manifesta-se de forma mais avançada, discutindo-
se se esse fenômeno decorre de características intrínsecas mais agressivas da doença ou 
apenas de desigualdades sociais, por menor acesso desse grupo aos recursos de saúde 
pública, o que retarda o diagnóstico do câncer. 
História Natural 
A evolução dos pacientes com câncer da próstata é relativamente imprevisível, com casos de 
rápida disseminação da neoplasia antes mesmo de surgirem sintomas locais, e casos de 
evolução lenta e indolente, com lesões que permanecem estacionárias. Sob o ponto de vista 
clínico, este comportamento é confirmado por trabalhos nos quais se analisou a evolução de 
portadores de câncer da próstata localizado não submetidos a nenhum tratamento. Embora a 
progressão local da neoplasia tenha sido observada em 42 a 83% desses pacientes após um 
seguimento médio de cerca de 6 anos, apenas 6 a 16% faleceram em decorrência da doença. 
Vários parâmetros podem ser utilizados para definir o prognóstico de pacientes com 
adenocarcinoma da próstata. O estágio inicial do tumor, o seu grau histológico de diferenciação 
celular e as medidas do antígeno prostático específico (PSA) no sangue representam os 
principais métodos de previsão prognóstica. 
A extensão inicial da doença (estágio) relaciona-se com a sobrevida do paciente (Figs. 6.9 e 
6.10) e na prática utiliza-se o sistema TNM: 
 
 
 
O grau histológico dos adenocarcinomas de próstata constitui outro importante fator 
prognóstico (Fig. 6.10), relacionando-se com o comportamento biológico do tumor e a 
sobrevida do paciente. Como os tumores da próstata são heterogêneos, com áreas de maior e 
menor diferenciação, a graduação histológica da neoplasia é feita considerando-se as áreas de 
maior anaplasia. Sob o ponto de vista prático, o sistema de graduação mais utilizado é o 
proposto por Gleason, que valoriza principalmente o padrão glandular. Nesse sistema, os 
tumores são classificados em cinco graus, denominando-se grau 1 as lesões mais 
diferenciadas e grau 5 as mais indiferenciadas. O escore final é dado pela soma dos graus das 
duas áreas tumorais mais volumosas, o que faz com que as neoplasias mais diferenciadas 
(favoráveis) sejam classificadas como escore 2 (1+1) e as mais anaplásicas (agressivas) sejam 
caracterizadas como escore 10 (5+5). 
Os níveis séricos de PSA elevam-se progressivamente à medida que aumenta a extensão e o 
estágio da neoplasia. Pacientes com tumores localizados costumam evidenciar níveis séricos 
inferiores a 10 ng/ml, nos casos de doença extraprostática restrita à região pélvica esses níveis 
costumam se situar entre 20 e 80 ng/ml e quando a neoplasia se dissemina os valores de PSA 
ultrapassam 100 ng/ml (Fig. 6.11). 
Clínica 
No passado, a maioria dos pacientes com câncer da próstata apresentava-se com neoplasia 
disseminada, mas, em decorrência dos programas de detecção precoce, esse fenômeno se 
modificou. Atualmente, 64% dos novos casos evidenciam neoplasia localizada, 13% têm 
doença regional e apenas 20% dos pacientes apresentam-se com tumor metastático. 
Nos pacientes com tumor confinado à próstata, a doença costuma ser assintomática. Por outro 
lado, mais de 90% dos pacientes com adenocarcinoma da próstata localmente avançado 
apresentam manifestações de obstrução infravesical. O aparecimento súbito de dificuldade 
urinária em um paciente com padrão miccional satisfatório é uma manifestação comum em 
câncer da próstata. Em casos de hiperplasia benigna, os sintomas obstrutivos urinários tendem 
a evoluir de forma lenta. 
Menos comumente, pacientes com câncer da próstata podem apresentar dores ósseas, 
uremia, anemia, perda de peso, adenopatia cervical ou inguinal, linfedema ou trombose venosa 
de membros inferiores e hemospermia, como primeira manifestação da doença. 
Diagnóstico 
Detecção do Tumor Primário 
A detecção do câncer da próstata é feita pelo toque digital da glândula, pelas medidas do PSA 
sérico e pela ultrassonografia transretal. 
Toque prostático: o toque digital tem sensibilidade diagnóstica que varia de 40 a 80%, 
dependendo do tipo de paciente que está sendo avaliado. Nos casos iniciais e que, 
provavelmente, têm tumor de pequeno volume, são comuns os resultados falso-negativos. 
PSA: as dosagens do PSA têm sensibilidade que varia entre 70 e 90%, um pouco maiores do 
que as do toque digital. Sob o ponto de vista prático, níveis séricos de PSA inferiores a 2,5 
ng/ml em pacientes com toque prostático normal são acompanhados de riscos desprezíveis de 
presença de câncer na próstata. Por outro lado, se os níveis de PSA situam-se entre 2,5 ng/ml 
e 10 ng/ml, a chance de existir neoplasia prostática varia de 23 a 40%. Quando os valores de 
PSA superam 10 ng/ml, o risco de se identificar câncer na próstata é de 55%. Por esses 
números, pode-se compreender que os homens com PSA acima de 2,5 ng/ml devem ser 
submetidos a biópsia da próstata, se não existirem outras razões para explicar tal elevação 
(processos infecciosos locais, idade muito avançada, próstata de grande volume por 
hiperplasia benigna). 
Ultra-som: a realização rotineira de ultra-sonografia transretal (USTR) para rastrear câncer da 
próstata tem alguns inconvenientes. O método é invasivo, seus custos não são desprezíveis e 
resultados falso-positivos e falso-negativos são observados em 50% e 30% dos casos, 
respectivamente. Dessa forma, a USTR não costuma ser empregada sistematicamente nessa 
situação, sendo, contudo, indicada quando o toque digital ou as dosagens de PSA vêm 
acompanhados de resultados incoerentes ou duvidosos. 
Sob o ponto de vista prático, o rastreamento do câncer da próstata deve ser feito por meio de 
avaliações anuais. Essa sistemática deve se iniciar aos 50 anos, devendo, contudo, ser 
antecipada para 40 anos nos pacientes de maiorrisco, incluindo-se aqui história familiar da 
doença em parentes de 1° grau e indivíduos da raça negra. 
Estadiamento da Doença 
Além do toque retal, que permite avaliar localmente a extensão do tumor, o estadiamento é 
feito por meio de medidas da fosfatase ácida, dosagem do antígeno prostático específico, 
cintilografia Óssea e estudo de ressonância magnética da pelve e do retroperitônio. 
Fosfatase ácida: os níveis séricos de fosfatase ácida costumam ser normais quando o câncer 
está confinado à glândula, mas apresentam-se elevados em 30% dos casos com extensão 
periprostática do tumor e em 70% dos pacientes com câncer metastático (Fig. 6.11).
 
PSA: como mostra a Figura 6.11, os níveis de PSA no sangue são proporcionais à extensão da 
doença e níveis acima de 50-60 ng/ml indicam doença extraprostática. 
Cintilografia Óssea: o mapeamento ósseo com fosfato de tecnécio constitui forma relativamente 
precisa de se identificar metástases ósseas em câncer da próstata. As lesões surgem, 
geralmente, sob forma de áreas hipercaptantes múltiplas, assimétricas, acometendo 
principalmente coluna, pelve, costelas, escápula, crânio e fémur. 
Esse exame apresenta-se alterado em cerca de 70% dos casos com metástases ósseas. Por 
outro lado, resultados falso-positivos são observados em até 30% dos estudos e devem-se 
principalmente à presença de processos degenerativos articulares benignos, fraturas antigas, 
doenças ósseas metabólicas ou doença óssea de Paget. Nas lesões de natureza duvidosa, 
deve-se avaliar o local alterado com estudo por ressonância magnética, que define 
precisamente a natureza do quadro. 
Ressonância magnética: esse estudo serve para estagiar localmente a doença, mas pode 
falhar em 20 a 30% dos casos. Por isso, seus resultados devem ser confrontados com os 
outros dados disponíveis para serem corretamente valorizados. 
Tratamento 
Ao se planejar o tratamento do câncer da próstata, deve-se levar principalmente em 
consideração a extensão, o grau histológico do tumor e as condições gerais do paciente. Os 
tumores localizados inteiramente dentro da glândula (estágios T, e T) são mais bem 
controlados através de cirurgia ou radioterapia. Quando o câncer atinge os envoltórios da 
próstata (estágio T3), costuma-se indicar tratamento radioterápico associado à terapêutica 
hormonal anti-androgênica. Finalmente, quando o tumor se estende para outros órgãos 
(estágios T-T,N, M'), a doença é tratada com castração ou hormônios antiandrogênicos. 
Convém ressaltar que a estratégia de tratamento dos casos de câncer da próstata deve levar 
em conta a perspectiva de vida do paciente. O tratamento conservador (por exemplo, 
observação clínica ou tratamento hormonal) está justificado nos casos com perspectiva de 
sobrevida menor que 10 anos, quer pela idade avançada do paciente, quer pela existência de 
doenças complexas associadas. Quando as condições gerais e a idade prenunciam chances 
razoáveis de sobrevida de mais de 10 anos, o tratamento curativo radical deve ser adotado. 
Tratamento do Câncer Localizado 
Uma grande controvérsia envolve o tratamento dos pacientes com câncer localizado na 
próstata. Cirurgiões e radioterapeutas proclamam que a cirurgia radical e a radioterapia, 
respectivamente, representam a maneira ideal de se tratar tais casos, referindo índices de 
sobrevida de 10 anos entre 60 e 95%. Embora essa controvérsia não tenha ainda sido 
resolvida, algumas evidências indicam que o valor terapêutico da radioterapia externa e inferior 
ao da cirurgia (Fig. 6.12). Existe, atualmente, um consenso de que a cura do câncer localizado 
na próstata só poderá ocorrer se os níveis de PSA no sangue caírem para valores abaixo de 
0,4 ng/ml após o tratamento. Enquanto esse fenômeno é observado em 90% dos pacientes 
submetidos a prostatectomia radical, cle ocorre em apenas 40% dos casos tratados com 
radioterapia 
Apesar dos benefícios terapêuticos da cirurgia radical e da radioterapia, esses métodos têm 
inconvenientes que devem ser levados em conta na escolha do tratamento. Como mostra a 
Figura 6.12, pacientes submetidos à cirurgia têm maior chance de desenvolver impotência 
sexual e incontinência urinária após o tratamento, ao passo que a radioterapia associa-se aos 
maiores riscos de proctite e retite actínica. Por isso, a participação dos pacientes na escolha do 
tratamento é absolutamente desejável e a eles cabe a decisão final sobre o método que mais 
se adapta aos seus sentimentos. 
Tratamento do Câncer Disseminado 
A próstata normal e as neoplasias da próstata sofrem influências hormonais, em função da 
presença em seu aparato celular de mecanismos sensíveis à ação da testosterona. Por ação 
da 5-c-redutase, a testosterona é transformada no citoplasma das células prostáticas em 
dihidrotestosterona (DHT), que se liga a um receptor e é transportada ao núcleo celular, onde 
favorece a síntese de RNA e DNA. Isso estimula a função e a proliferação das células 
prostáticas, ao passo que a redução dos níveis de testosterona inibe seu metabolismo e sua 
divisão. 
Sob o ponto de vista clínico, a supressão da atividade androgênica controla de forma objetiva 
quadros de doença metastática e pode ser realizada de diferentes formas (Fig. 6.13): 
a) orquiectomia bilateral; 
b) supressão da liberação hipofisária de LH e FSH, que é feita com a administração de 
estrógenos ou de análogos do LHRH; 
c) bloqueio da ação periférica da testosterona, que é obtida com agentes não-esteroidais 
(finasterida, flutamida, nilutamida, bicalutamida); 
d) adrenalectomia, já que hormônios da adrenal são responsáveis por 10% da atividade 
androgènica do plasma. Embora se atribua a essas modalidades a eficiência terapêutica 
equivalente, a vivência clínica tem indicado que a orquiectomia e a estrogenoterapia 
representam as alternativas mais eficazes nesses casos. Os análogos do LHRH e os anti-
androgênicos periféricos apresentam uma eficiência um pouco menor sob o ponto de vista 
clínico. Na prática, 90% dos pacientes respondem bem ao tratamento antiandrogênico e esse 
efeito perdura, na média, por 3 ou 4 anos. Depois disso, a doença tende a recrudescer, mas 
pode ainda ser controlada por alguns anos recorrendo-se a mudanças entre as modalidades de 
tratamento endócrino ou instituindo-se quimioterapia citotóxica, baseada, principalmente, no 
emprego de mitoxantrona ou docetaxel. 
 
NEOPLASIA DE PÊNIS 
● Doença maligna rara 
● Acomete a população mais pobre (má higiene) 
● Homens, 20-90 anos (pico: 60 - 70 anos) 
● Causas: processo inflamatório crônico, higiene inadequada, HPV; 
● Diagnóstico clínico + biópsia. 
○ Lesões pré-malignas: corno cutâneo, balanite ceratótica, balanite xerótica 
obliterante e leucoplasia; 
○ Histologia: carcinoma epidermóide ou carcinoma de células escamosas. 
Tumores mesenquimais são raros. 
● TTO: depende do grau histológico 
○ Graus 1 e 2: crioterapia, creme a base de 5-fluorouracil, laser, quimioterapia, 
radioterapia e braquiterapia 
○ Grau 3: amputação parcial/total, emasculação (tumores + avançados). 
OBS.: linfadenectomia: presença de adenomegalia inguinal palpável mesmo após o uso de 4 - 
6 semanas de ATB. 
NEOPLASIA DE TESTÍCULO 
● Raro; Acomete homens jovens (15 - 35 anos); 
● Classificação (OMS): 
○ Tumores germinativos (90%): 
■ Seminomatosos: cresce e se dissemina mais lentamente; 
■ Não-seminomatosos. 
○ Tumores não germinativos: linfomas, sarcomas, tumores de Leydig e Sertoli. 
○ 
● FR: 
○ criptoquidia 
○ antecedente de tumor testicular contralateral 
○ história familiar (irmão) 
○ infertilidade ou subfertilidade 
● Diagnóstico: 
○ Tumoração em testículo (indolor) 
○ USG de bolsa escrotal 
○ Marcadores alfa fetoproteínas; 
○ B-HCG 
○ Desidrogenase láctica 
● TTO:(+cura com tto multimodal) 
○ Seminomas: orquiectomia radical via inguinal, radioterapia retroperitoneal. 
(linfadenectomia retroperitoneal - LDNPR - não é recomendada) 
○ Não-seminomas:Orquiectomia radical via inguinal, linfadenectomia 
retroperitoneal (LDNPR) é recomendada, quimioterapia.

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