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EBOOK Educação Física para Grupos Especiais (1)

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EDUCAÇÃO FÍSICA PARA 
GRUPOS ESPECIAIS
PROF.A MA. LUCIANA LETÍCIA SPERINI RUFINO DOS SANTOS
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande re-
sponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conhec-
imento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5
1. GRUPOS ESPECIAIS .................................................................................................................................................6
1.1 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA DF, DI, DA E DV .................................................................................................8
1.1.1 DEFICIÊNCIA FÍSICA .............................................................................................................................................9
1.1.2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL ...............................................................................................................................9
1.1.3 DEFICIÊNCIA AUDITIVA ...................................................................................................................................... 10
1.1.4 DEFICIÊNCIA VISUAL .......................................................................................................................................... 11
1.2 SÍNDROMES NEUROLÓGICAS, PSIQUIÁTRICAS OU PSICOLÓGICAS .............................................................. 12
1.3 SÍNDROME DE DOWN ........................................................................................................................................... 12
1.4 DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS ................................................................................................... 13
DEFINIÇÕES E CONCEITOS RELACIONADOS À 
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS
PROF.A MA. LUCIANA LETÍCIA SPERINI RUFINO DOS SANTOS 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA
GRUPOS ESPECIAIS
4WWW.UNINGA.BR
1.5 IDOSOS ................................................................................................................................................................... 14
1.6 GESTANTES ............................................................................................................................................................ 15
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 17
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INTRODUÇÃO
As discussões que permeiam as políticas de inclusão, acessibilidade e garantia de direitos 
para grupos, ou populações especiais, nunca ganharam tanta visibilidade como no decorrer dos 
últimos anos. Orientadas em grande parte por movimentos internacionais, a cada ano, no Brasil, 
crescem as ações voltadas à promoção de políticas públicas e projetos que visam o trabalho com 
grupos considerados minorias (tidos como excluídos da sociedade em geral). 
No entanto, antes de iniciarmos nossa discussão acerca de tais grupos e já que a Educação 
Física se insere em todo esse contexto, é necessário apresentar e caracterizar alguns conceitos 
importantes. A primeira questão relevante é diferenciar “populações especiais” de “minorias”. 
Quando nos referimos a populações ou grupos especiais, fazemos referência a pessoas que 
apresentam alguma necessidade especial de intervenção, seja uma condição educacional 
diferenciada, sejam impedimentos ou limitações para ações motoras e intelectuais. 
Para Ferreira e Guimarães (2003), tais necessidades demandam atenção e adequação de 
atividades para indivíduos que, “em decorrência da falta ou privação”, não possuem condições 
consideradas como normais (psicológicas, estruturais e funcionais). Nesse sentido, todos aqueles 
que necessitam de alguma adequação para a execução de ações estão inseridos no grupo de 
populações especiais. 
Por outro lado, o termo “minoria”, muito replicado no discurso – principalmente político 
– voltado a políticas públicas, refere-se a um grupo muito mais condicionado a populações 
específicas que, por apresentarem características também específicas, acabam sendo “esquecidos” 
e excluídos da garantia a direitos sociais conferidos a todos os cidadãos.
Voltaremos nossa atenção ao estudo de grupos especiais que necessitam de intervenção 
adequada e adaptada para a realização de exercício e prática de atividade física, bem como à 
intervenção do profissional de Educação Física no trabalho com pessoas pertencentes a esse 
grupo nos ambientes escolar e não escolar. 
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1. GRUPOS ESPECIAIS
Vários são os termos utilizados para designar uma pessoa com deficiência. Vários desses 
termos são empregados a partir de documentos internacionais que orientam as ações, programas 
e projetos voltados a esse grupo. A Organização das Nações Unidas (ONU) entende que pessoas 
com deficiência possuem impedimentos de longo prazo, os quais podem ser de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, que podem obstruir sua participação plena e afetiva, ocasionando-
lhes desigualdade de condições com as demais pessoas. 
No entanto, por considerarmos muito ampla a definição da ONU, cremos apropriado 
contextualizarmos alguns termos importantes no tocante às pessoas com deficiência. Dentre eles, 
destaquemos: deficiência, incapacidade e impedimento. Para tanto, consideraremos que: 
Deficiência é toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, 
fisiológica ou anatômica. Incapacidade é toda restrição ou falta (devido a uma 
deficiência) da capacidade de realizar atividades, na forma ou na medida que se 
considera normal para o ser humano. Impedimento é situação desvantajosa para 
um determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou de uma 
incapacidade que lhe limite ou impeça o desempenho de um papel que é normal 
em seu caso (em função de idade, sexo, fatores sociais e culturais) (FERREIRA; 
GUIMARÃES, 2003).
Portanto, uma deficiência acarreta incapacidade que se tornará um impedimento contra 
a realização de determinadas ações. É importanteressaltar que a deficiência pode ser congênita 
(nata) ou adquirida ao longo da vida. 
No que tange o campo legal, a legislação brasileira demonstrou significativo avanço 
em relação às questões voltadas às pessoas com deficiência. Um dos principais documentos é a 
Política Nacional para a Integração da pessoa com Deficiência, publicada em 1999, por meio do 
Decreto nº 3.298, o qual apresenta os termos deficiência, deficiência permanente e incapacidade:
[...] I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função 
psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho 
de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; 
II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um 
período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade 
de que se altere, apesar de novos tratamentos; e III  -  incapacidade – uma 
redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade 
de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa 
portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias 
ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida 
(BRASIL, 1999).
O documento ainda considera que pertencem ao grupo de pessoas com deficiência as 
pessoas que possuem deficiência física, visual, auditiva e mental (BRASIL, 1999). No entanto, 
como destacado anteriormente, é importante ressaltar que o grupo também é composto por 
pessoas com impedimentos, as quais requerem intervenção e cuidados mais específicos a fim de 
se minimizarem os danos que tais impedimentos podem acarretar. 
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Figura 1 – Educação física infantil e inclusão. Fonte: DreamsTime (2019).
Inserido no conceito de inclusão, busca-se, também, o caminho da coletividade. De 
acordo com Sassaki (1997), a coletividade se prepara para receber a pessoa com deficiência, de 
maneira que ela tenha oportunidades de que anteriormente não dispunha. Contudo, o autor 
reforça a questão de ser a pessoa com deficiência a única a ser incluída, uma vez que o desafio 
da Educação Física (e da educação de modo geral) consiste em se atentar a todos os excluídos: 
doentes crônicos (como diabéticos), obesos e idosos, mulheres, os menos habilidosos, dentre 
outros.
As condições de saúde relacionadas às doenças, transtornos ou lesões são classificadas 
de acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados 
à Saúde, orientadas pela Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde 
(CIF). A existência de uma classificação auxilia no processo de armazenamento e análise de dados 
estatísticos de saúde, tornando possível que se monitorem as diferentes causas de morbidade e de 
mortalidade em indivíduos e populações (FARIAS; BUCHALLA, 2005). 
A classificação ultrapassa o enquadramento de estado funcional, ampliando a avaliação 
para outros fatores importantes no contexto de avaliação/diagnóstico:
[...] os conceitos apresentados na classificação introduzem um novo paradigma 
para pensar e trabalhar a deficiência e a incapacidade: elas não são apenas uma 
consequência das condições de saúde/doença, mas são determinadas também 
pelo contexto do meio ambiente físico e social, pelas diferentes percepções 
culturais e atitudes em relação à deficiência, pela disponibilidade de serviços e 
de legislação (FARIAS; BUCHALLA, 2005).
 Nesse sentido, busca-se substituir o enfoque negativo da deficiência e da 
incapacidade por uma perspectiva que contempla as atividades que o indivíduo com alterações 
funcionais ou estruturais pode desempenhar, bem como sua participação social. 
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Documentos como a CIF orientam para ações que avancem no conceito e classificação 
apenas em relação aos termos técnicos e de diagnósticos funcionais. Ele visa a avaliação de outros 
aspectos que influenciam diretamente no processo de prevenção e tratamento de doenças ou na 
reabilitação e adaptação de quadros funcionais específicos. 
Como visto, o conceito de grupos especiais abrange outros grupos, além daqueles que 
possuem alguma deficiência, incluindo pessoas que apresentam condutas típicas de síndromes 
neurológicas, psiquiátricas ou psicológicas, altas habilidades (superdotados), pessoas com 
Transtorno do Espectro Autista, dificuldade de aprendizagem, problemas de comunicação, fala 
e linguagem, e distúrbios de saúde, como a obesidade, a diabetes e cardiopatias. Estatísticas e 
análises amplas, como as que são realizadas a partir da CIF, auxiliam no desenvolvimento de 
programas e ações voltadas a diferentes grupos, avaliando as condições de vida, com vistas à 
promoção de políticas de inclusão social.
1.1 Características Básicas da DF, DI, DA E DV
Podemos receber um aluno com deficiência em diferentes áreas de atuação profissional; 
no entanto, é principalmente no ambiente escolar que se torna cada vez mais recorrente o número 
de alunos a apresentarem algum tipo de impedimento. A Educação Física, por meio de seus 
conteúdos, visa disponibilizar ao aluno a ampliação de seu repertório motor a partir da vivência 
da cultura corporal de movimento, potencializando, assim, os desenvolvimentos cognitivo, 
afetivo e social do aluno. 
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), 
aproximadamente 24% da população brasileira possuem algum tipo de deficiência, seja ela visual, 
auditiva, motora ou intelectual. Como se pode visualizar na Figura 2, a deficiência visual é a mais 
recorrente na população, seguida das deficiências motora e auditiva.
Figura 2 – Tipo e severidade de deficiência. Fonte: IBGE (2019).
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1.1.1 Deficiência física
De acordo com o Decreto n° 5.296/2004, que se refere ao direito e condições de 
acessibilidade a pessoas com deficiência, a deficiência física deve ser entendida como uma 
“alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o 
comprometimento da função física” (BRASIL, 2004). A deficiência física pode ser temporária, 
recuperável, definitiva ou compensável. A temporária, quando tratada, permite que o 
indivíduo volte às suas condições anteriores. É recuperável quando apresenta melhora a partir 
de um tratamento ou compensação por outras áreas não atingidas. É definitiva quando não 
é possível a recuperação ou possibilidade de solução para a lesão. E é compensável quando 
permite que ocorra a substituição, como com a utilização de próteses em amputações. Em 
todas as situações, são indicadas ações para a reabilitação ou tratamento, visando uma melhor 
adaptação à convivência com a deficiência: 
A reabilitação é um processo que diz respeito ao desenvolvimento humano 
e às capacidades adaptativas nas diferentes fases da vida. [...] Os objetivos da 
reabilitação é assegurar à pessoa com deficiência, independente da natureza 
ou da origem da deficiência, a mais ampla participação na vida social e ainda 
proporcionar a maior independência possível em atividades da vida diária 
(CARDOSO, 2011).
Anexo à deficiência física, também é importante considerarmos a expressão “deficiência 
motora”, que contempla o quadro de pessoas que apresentam determinado tipo de mobilidade 
reduzida e têm dificuldade de se movimentar, permanente ou temporariamente, o que acarreta 
incapacidade efetiva de sua mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção (BRASIL, 
2004).
Para Bueno (2012), “[...] a deficiência motora envolve um prejuízo motor, advindo de 
um dano ou de uma incompetência, que restringe ou impede a desenvoltura motora da pessoa”. 
Nesse sentido, todos aqueles com deficiência física também possuem deficiênciamotora, mas 
nem todos aqueles com deficiência motora são acometidos por deficiência física. 
 
1.1.2 Deficiência intelectual
A Política Nacional para a integração da pessoa com deficiência também apresenta a 
definição de deficiência intelectual. De acordo com o documento, uma pessoa com deficiência 
mental apresenta “[...] funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com 
manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades 
adaptativas” (BRASIL, 1999). 
Recomenda-se a leitura do artigo Educação Física Escolar: Percepções do Aluno 
com Deficiência, cuja referência está trazida por completo ao final desta apostila.
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É caracterizada por alterações durante o período de desenvolvimento, das faculdades que 
determinam o nível global de inteligência, isto é, das funções cognitivas, de linguagem, habilidades 
motoras e capacidade social, tendo efeito duradouro sobre o desenvolvimento.
Tais limitações podem estar ligadas às seguintes áreas:  comunicação; cuidado pessoal; 
habilidades sociais; utilização dos recursos da comunidade; saúde e segurança; habilidades 
acadêmicas; lazer; trabalho.
Essas limitações provocam maior lentidão nos processos de aprendizagem e 
desenvolvimento. Assim, alunos com atraso cognitivo podem precisar de mais tempo para 
aprenderem a desempenhar funções básicas como falar, caminhar e realizar tarefas diárias 
simples (como se vestir). Nesse sentido, é natural que enfrentem dificuldades durante o processo 
de escolarização, principalmente no processo regular de educação básica; por isso, torna-se tão 
importante sua avaliação. A partir do momento em que o aluno é classificado como deficiente 
intelectual, novas possibilidades de ensino e adaptações são realizadas, visando a promoção do 
desenvolvimento de suas capacidades. 
A utilização da expressão “deficiência intelectual” substituiu a utilização da expressão 
“deficiência mental”, que, por muitos anos, foi utilizada para classificar aqueles que tinham 
funcionamento intelectual abaixo da média. Para Veltrone e Mendes (2012): 
Das diversas definições e terminologias da deficiência intelectual um fato 
em comum é que se trata de uma condição que nem sempre é identificada 
num primeiro momento e acaba estando ligada a um déficit do indivíduo 
(social, intelectual, funcional, comportamental) em relação a uma norma e, 
consequentemente, de comparação entre pares e semelhantes.
Com a substituição do termo, foi possível ampliar a classificação de pessoas com deficiência 
intelectual que não se enquadravam na antiga classificação. A atual pode ser considerada mais 
adequada na medida em que reflete as mudanças de concepção de deficiência intelectual descritas 
pela American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD), além de ser 
considerada expressão menos ofensiva.
1.1.3 Deficiência auditiva
A linguagem desempenha papel essencial no processo de ensino, aprendizagem e nas 
interações sociais. Assim, a “[...] audição constitui-se em um pré-requisito para a aquisição e 
o desenvolvimento da linguagem” (GATTO; TOCHETTO, 2007), o que torna a audição e a 
linguagem funções correlacionadas, apesar de interdependentes.
A legislação brasileira, por meio da Política Nacional para a Integração da pessoa com 
Deficiência, classifica como deficiente auditivo aqueles que possuem perda bilateral, parcial ou 
total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500HZ, 
1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz. Incluem-se no grupo tanto as pessoas surdas quanto aquelas que 
apresentam graves dificuldades auditivas. 
Em ambiente escolar, o aluno com deficiência auditiva possui atendimento educacional 
especializado, recebendo auxilio direto de um professor de apoio para que possa acompanhar 
as aulas junto aos demais colegas. A maioria dos professores não possui formação na Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS). Dessa forma, o aluno é acompanhado diretamente por um 
professor especializado para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra de maneira efetiva. 
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1.1.4 Deficiência visual
Composta por um grande grupo de pessoas que apresentam baixa visão e cegueira, a 
deficiência visual é a deficiência com maior incidência no País. A baixa visão significa (i) acuidade 
visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; (ii) os casos nos quais a 
somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou (iii) a 
ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. E, na cegueira, a acuidade visual é 
igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica (BRASIL, 1999).
Tanto a cegueira como a baixa visão podem ser congênitas ou adquiridas. Uma avaliação 
diagnóstica precisa é fundamental para que ocorram adaptações no estilo de vida e possíveis 
correções. Assim, 
[...] a criança com deficiência visual congênita, ou adquirida logo no início 
da vida estabelece relação com o mundo a sul volta diferente da maneira que 
acontece com as crianças que enxergam (LIMA; COSTA; KLEBIS, 2013). 
E ainda:
A detecção precoce de problemas visuais é uma medida de assistência primária 
importante, uma vez que cerca de 85% do nosso relacionamento com o mundo 
exterior é realizado principalmente por meio da visão, de forma que os problemas 
oculares podem representar prejuízos para a aprendizagem e socialização das 
crianças (TOLEDO et al., 2010).
Tendo como exemplo o ambiente escolar, o aluno com baixa visão não diagnosticada não 
consegue acompanhar o mesmo processo de ensino que os demais alunos que não apresentam 
a deficiência. Isso se deve ao fato de que o sistema regular de ensino está voltado a atender um 
padrão de alunos que não apresentam tal deficiência. No mesmo sentido, alunos cegos precisam 
de adaptações em seu processo de ensino-aprendizagem, como a alfabetização em braile e a 
utilização de materiais específicos.
Figura 3 – Leitura em braile. Fonte: Onedio (2018).
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A leitura do braile é realizada com os dedos das duas mãos, os quais devem percorrer os 
pontos da esquerda para a direita. No caso da escrita, ela pode ser desempenhada por meio de 
uma reglete e punção ou da máquina de escrever braile.
1.2 Síndromes Neurológicas, Psiquiátricas ou Psicológicas
O processo de ensino-aprendizagem, inserido no sistema educacional, potencializa uma 
série de transformações no desenvolvimento dos alunos, tanto nos aspectos cognitivo e motor, 
como nos aspectos social e afetivo. Durante o processo e, principalmente, já nos primeiros 
anos de escolarização, algumas crianças apresentam dificuldades no aprendizado, podendo 
ser relacionadas a problemas de origem e ordem pedagógica ou a distúrbios de aprendizagem, 
caracterizados por falha no processo de aquisição das habilidades escolares (disfunção no Sistema 
Nervoso Central) e Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (LIMA et al., 2006).
Portanto, as síndromes neurológicas, psiquiátricas ou psicológicas podem influenciar 
diretamente no processo de escolarização e desenvolvimento do aluno. Entre as dimensões mais 
recorrentes, Lima et al. (2006) mencionam: a psicológica (irritabilidade, tristeza, ansiedade, 
medos), a comportamental (presença de comportamentos hiperativos, agressivos e opositores) 
e a social (isolamento social). Já, em relação às funções, os autores mencionam a dificuldade na 
aprendizagem, na atenção/memória, na fala e dificuldade motora (LIMA et al., 2006).
O autismo e condições relacionadas (transtornos do espectro autista) à interação social 
têm forte base genética e cerebral (VOLKMAR; WIESNER, 2019). Todosestão diretamente 
relacionados à questão social e de interação social, acarretando grandes dificuldades no processo 
de ensino-aprendizagem quando não existe intermediação pedagógica adequada para cara 
situação. 
Além do autismo, o Transtorno de Asperger, o Transtorno Desintegrativo da Infância, 
o Transtorno de Rett e outros transtornos pervasivos do desenvolvimento que não sejam 
especificados como os já mencionados, pertencem à classificação de transtorno pervasivo ao 
desenvolvimento (doravante, TPD) (VOLKMAR; WIESNER, 2019). 
De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5), 
o diagnóstico do TEA inclui o déficit na comunicação social e interação social, padrões de 
comportamento repetitivos e restritos a certos interesses e atividades. Os sintomas estão presentes 
desde o início do desenvolvimento da criança, além de causar comprometimento significativo em 
seu desenvolvimento (APA, 2013).
1.3 Síndrome de Down
A síndrome de Down (doravante, SD) é uma condição cromossômica ocasionada pela 
presença de um cromossomo extra no cromossomo 21. O número considerado normal é de 46 
cromossomos, distribuídos em pares. Os indivíduos com síndrome de Down apresentam 47 
cromossomos, com três cópias do cromossomo 21. Os indivíduos com SD possuem características 
físicas e patologias semelhantes e possuem aspectos diferentes na face, diferenças no tônus 
muscular, pescoço, pés e mãos. 
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Figura 4 – Características da síndrome de Down. Fonte: Mykono Sticker (2018).
Apresentam casos clínicos peculiares e dificuldade de aprendizagem. Conforme Moreira, 
El-Hani e Gusmão (2000), além do atraso no desenvolvimento, a SD pode ocasionar: cardiopatia 
congênita; hipotonia; problemas de audição; de visão; alterações na coluna cervical; distúrbios da 
tireoide; problemas neurológicos; obesidade e envelhecimento precoce.
1.4 Doenças Crônicas Não Transmissíveis
Quando pensamos em distúrbios de saúde, referimo-nos a diversas patologias atreladas às 
condições de saúde que o aluno pode nos apresentar: obesidade, diabetes, doenças respiratórias e 
cardiopatias. Assim como uma deficiência acarreta incapacidades específicas, aqueles alunos que 
apresentam diferentes distúrbios de saúde também demandam atenção dirigida do profissional 
durante o processo de ensino e aprendizagem, principalmente quando estamos voltando nossos 
estudos à prática de atividade e exercício físico.
Assista ao filme O Filho Eterno, o qual aborda questões relevantes, tais como a 
aceitação do pai diante do nascimento de um filho com SD e a importância do 
estímulo e apoio da família para potencializar o desenvolvimento da criança.
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A prática de atividade física de forma regular é uma das principais formas de tratamento 
não medicamentoso em diversas situações. A grande exposição a fatores de risco cada vez mais 
frequentes na sociedade tem gerado um impacto desfavorável na saúde da população, atingindo 
diretamente a população de crianças e adolescentes. Diversas doenças interligam-se diante da 
exposição de fatores de risco associados, diante das condições de estilo de vida. Como grande 
exemplo, Saraiva, Slonczewski e Clisnei (2017) destacam as doenças cardiovasculares: 
As doenças cardiovasculares são associadas a quatro fatores de risco principais: 
consumo de tabaco, uso abusivo do álcool, hábitos sedentários e alimentação 
inadequada. Estes fatores geram, na maior parte das vezes, excesso de peso que, 
por sua vez aumenta significativamente o risco de hipertensão arterial, diabetes 
melittus e doença aterosclerótica (SARAIVA; SLONCZEWSKI; CLISNEI, 2017).
Os autores mencionam o excesso de peso como grande fator de risco. A partir dele, 
também podemos mencionar os altos índices de obesidade no Brasil, atingindo muitos sujeitos 
ainda em idade escolar. As consequências da obesidade infantil podem aparecer em curto, médio 
ou longo prazo, dentre as quais se podem citar: problemas respiratórios, diabetes, hipertensão, 
dislipidemias e problemas psicossociais (TESTA; POETA; DUARTE, 2017). Para Saraiva, 
Slonczewski e Clisnei (2017), “[...] obesidade e diabetes são atualmente uma preocupação 
mundial, tanto pelo comprometimento trazido no presente, quanto para a carga sobre a saúde 
futura de crianças e adolescentes [...]”, acarretando, muitas vezes, o desenvolvimento de doenças 
crônicas na vida adulta.
1.5 Idosos
Relacionados, muitas vezes, à expressão “melhor idade”, os idosos apresentam grande 
parte das doenças já mencionadas aqui ou, pelo menos, limitações associadas às deficiências. 
Com o progressivo aumento da longevidade, os idosos tornam-se público-alvo para a intervenção 
com atividade e exercício físicos. Segundo Maciel (2010), as principais doenças que acometem 
a população idosa são a hipertensão arterial, artrite, doenças do coração, diabetes e doenças 
crônicas, as quais tendem a se manifestar de forma ainda mais expressiva quanto maior for a 
idade.
Para muitos alunos, as aulas de Educação Física são o único momento em que 
podem realizar exercício orientado. Seriam os professores de Educação Física 
os principais responsáveis por orientar a prática de atividade física e hábitos 
saudáveis desde a infância? 
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Figura 5 – Exercício físico para idosos. Fonte: Spectrum Health Care (2019).
Não somente no acompanhamento de idosos quando da prática de exercício físico de 
forma regular por meio de programas de exercício, o profissional de Educação Física se depara 
com a população idosa também dentro da sala de aula. O aumento da expectativa de vida da 
população influencia diretamente a inserção de muitos idosos no ambiente escolar via Educação 
de Jovens e Adultos (doravante, EJA). 
A Educação Física é importante veículo de informação e formação, não somente para 
o trabalho com idosos já na EJA, mas, sobretudo, desde a docência em idade regular, uma vez 
que os alunos, ainda novos, já precisam estar cientes e serem estimulados à prática regular de 
exercício físico e a um estilo de vida saudável. Se adquirido cedo, esse processo auxilia na fase 
adulta e posteriormente, quando idosos. 
 
1.6 Gestantes
Por se tratar de uma condição e não de uma doença, as gestantes, muitas vezes, são 
excluídas dos grupos de populações especiais. No entanto, é um grupo que precisa de atenção e 
adaptações durante a realização de atividades e exercícios físicos. De acordo com Castro (2009), 
alguns benefícios da prática da atividade física durante a gestação podem ser:
Prevenção e redução de lombalgias, de dores das mãos e pés e de estresse 
cardiovascular; fortalecimento da musculatura pélvica; redução de partos 
prematuros e cesáreas e das dores no parto; maior flexibilidade e tolerância à 
dor; controle do ganho ponderal e elevação da autoestima da gestante.
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Assim como em qualquer outra fase da vida da mulher, a prática de exercício físico é 
fundamental à melhora na qualidade de vida e promoção da saúde. No entanto, Castro et al. 
(2009) ressaltam que “[...] não existe um consenso em relação aos seus reais benefícios, prescrições 
e contraindicações no período gestacional”. 
Figura 6 – Exercícios físicos para gestantes. Fonte: 123rf.com (2019).
As divergências ocorrem em função das grandes alterações ocorridas no corpo da mulher 
durante o período gestacional. Devemo-nos ater às condições médicas e ao padrão de saúde 
da gestante para, assim, elaborarmos planos de treinamento adequados à manutenção de sua 
qualidade de vida.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A proposta de inclusão das pessoas com deficiência no ensino regular da educação básica 
no Brasil denota avanços das políticas públicas. Para garantir a efetividade desses direitos, no 
entanto, exige-se atenção e preparo de todo o sistema educacional, bem como formação de 
professores, equipe pedagógica, funcionários, infraestrutura escolar e aquisição de materiais.
A Educação Física está presente nos currículos desde a Educação Infantil até à Educação 
de Jovens e Adultos. Portanto, cabe ao profissional estar sempre atento às propostas pedagógicas 
a serem utilizadas no trabalho com grupos especiais, tanto em decorrência de deficiências como 
em decorrência de limitações.
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 19
1 SEDENTARISMO COMO POSSÍVEL FATOR DE MORBIDADE E MORTALIDADE .................................................20
2 BENEFÍCIOS E IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA GRUPOS ESPECIAIS ..........................................23
3 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE .................................................................................................26
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................................................29
ATIVIDADE FÍSICA COMO MEDIDA 
PROFILÁTICA
PROF.A MA. LUCIANA LETÍCIA SPERINI RUFINO DOS SANTOS 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA
GRUPOS ESPECIAIS
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INTRODUÇÃO
 
Agora que já conhecemos as principais populações que integram os grupos especiais de 
intervenção que nos propusemos a estudar, precisamos enaltecer e reconhecer a importância 
dessa intervenção, seja ela em ambiente escolar seja fora dele. De antemão, é preciso considerar 
a atividade física como medida profilática, ou seja, deve-se dela fazer uso como ação preventiva 
para minimizar ou inibir maiores danos à saúde de qualquer pessoa.
Diante das condições culturais, urbanas e sociais em que estamos inseridos, potencializa-
se um estilo de vida sedentário que, se somado a maus hábitos alimentares, acarreta uma série de 
riscos à saúde. A soma desses fatores, segundo Vara e Pacheco (2018), potencializa a incidência 
de doenças crônicas não transmissíveis, o que as autoras designam pela abreviatura DCNTs. 
Nesse mesmo sentido, de enaltecimento da prática de atividade física como medida profilática, 
o relatório Movimento é Vida: Atividades físicas e esportivas para todas as pessoas, publicado pelo 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) afirma que “por um princípio 
de justiça social, as pessoas têm o direito a viver uma vida longa e saudável, sem sofrer doenças 
preveníveis ou morrer prematuramente” (BRASIL, 2017).
Assim, nesta unidade, voltamos nossa atenção à importância da atividade física como 
método de prevenção, tratamento e ferramenta essencial no processo de busca por qualidade de 
vida.
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1 SEDENTARISMO COMO POSSÍVEL FATOR DE 
MORBIDADE E MORTALIDADE
 
No contexto escolar, mostra necessário acompanhar o estado de saúde dos alunos, vez 
que, durante essa fase, crianças e adolescentes passam por diversas transformações no processo 
de crescimento e desenvolvimento. Também é nesse período que eles incorporam muitos hábitos, 
os quais podem se perpetuar por toda a vida adulta. Citem-se, ainda, as várias pesquisas que 
apontam a existência de uma proporção significativa de crianças com excesso de peso que têm se 
tornado adultos obesos (SERRA et al., 2018). 
Torna-se necessária a presença de um programa de Educação Física que trabalhe a cultura 
corporal do movimento para além da aquisição de repertório motor, contribuindo, também, para 
a educação de hábitos saudáveis e cuidados com a saúde. 
Como já mencionado, a modernização e urbanização da sociedade estão diretamente 
relacionadas às condições de saúde. Para Gualano e Tinucci (2011), o ambiente moderno mudou 
drasticamente a partir das revoluções industriais e tecnológicas, assim: 
[...] o alimento tornou-se abundante e a todo o momento disponível. A atividade 
física, crucial nos tempos remotos, tornou-se dispensável. O homem, outrora 
fisicamente ativo e nômade, tornou-se sedentário. Os substratos energéticos 
(glicogênio e triglicérides) estocados no músculo esquelético e tecido adiposo, 
que flutuavam constantemente em função do ciclo ‘caça/jejum-alimentação/
repouso’, tornaram-se estáveis (e em níveis elevados). Como consequência, 
condições como síndrome metabólica e obesidade emergiram.
 
Nesse sentido, é possível que se pense em dois fatores importantes quando se discutem 
questões voltadas ao estilo de vida sedentário e aos riscos que isso pode acarretar. Tais fatores 
são classificados por Vara e Pacheco (2018) como aqueles não modificáveis (genética e idade) e 
os modificáveis (alimentação prática de exercícios físicos, hábitos etílicos e tabagistas). Diversos 
distúrbios de saúde (como obesidade, diabetes e cardiopatias) estão relacionados diretamente a 
um estilo de vida sem hábitos saudáveis e ao sedentarismo, condicionando, assim, uma ampla 
população a pertencer a grupos especiais de intervenção. 
Assista ao documentário Muito Além do Peso: obesidade, a 
maior epidemia infantil da história, o qual aborda a obesidade 
e demais doenças a ela associadas, como a diabetes e os 
problemas cardiovasculares. Disponível em 
https://www.youtube.com/watch?v=8UGe5GiHCT4.
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A mudança no estilo de vida e a adoção de hábitos saudáveis tornam-se os primeiros 
passos no combate ao sedentarismo, amenizando o surgimento de outras doenças:
Variáveis como conhecimento, história de exercício durante a juventude, crenças 
e suscetibilidade a doenças são variáveis que estão fracamente relacionadas à 
pratica de atividade física [...] estas variáveis são determinantes na prática de 
atividade físicas, sendo que, em algumas situações facilitam o comportamento 
ativo, e em outras são percebidos como barreiras para a prática de atividade 
física [...] (MARQUES, 2008). 
Como exemplo, o autor indica alguns fatores que podem determinar o estilo de vida 
sedentário de pessoas com Síndrome de Down: o baixo incentivo da família, a falta de informação, 
a discriminação e a justificativa da existência de outros problemas de saúde comuns a este grupo, 
como cardiopatias, problemas respiratórios e hipotonia. 
Assim, a ausência de atividade física associada a uma taxa metabólica baixa pode 
potencializar o surgimento de doenças como a obesidade, uma vez que “[...] desde a infância 
já apresentam tendência ao excesso de peso, porém em adolescentes e adultos, observa-se uma 
prevalência maior de sobrepeso e obesidade” (ZUCHETTO, 2013).
A instabilidade atlantoaxial é um dos fatores que trazem maior risco à criança 
com Síndrome de Down. De acordo com Marques (2008), aproximadamente 14% 
das crianças apresentam tal instabilidade, o que expõe a criança a sérios riscos 
de lesão de medula caso ocorra uma flexão ou uma extensão forçada no pescoço.
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Figura 1 – Síndrome de Down e atividade física. Fonte: Flickr (2019).
 
Algumas variáveis se repetem como justificativas/empecilhos também para outros grupos 
quanto à prática de atividades físicas e exercícios regulares. Em relação às pessoas com deficiência, 
dados do Relatório Nacional de Desenvolvimento Humanosobre as atividades físicas e esportivas 
no Brasil, apontam que: 
[...] o índice de prática desse grupo está entre os mais baixos de todos os 
conjuntos de pessoas analisados. Dificuldades de acesso a espaços adequados, 
bem como a falta de clareza da população em geral sobre as possibilidades e 
necessidades dessas pessoas no que diz respeito às AFEs, dificultam fortemente 
o vínculo desse coletivo com esse universo (BRASIL, 2017).
Assim, nota-se que pessoas com deficiência se distanciam da prática regular de atividade 
física por motivos semelhantes aos citados quanto às pessoas com Síndrome de Down: falta de 
conhecimento por parte da família, insegurança, crenças ou, ainda, motivos estruturais e de 
garantia de direitos, como o direito ao lazer e ao esporte, previsto pela Constituição Federal de 
1988. 
No entanto, no discurso de prevenção e estilo de vida, se pensarmos na obesidade 
como um primeiro exemplo, ocasionada ou potencializada por um estilo de vida sedentário, é 
importante diferenciá-la da relação direta com o sobrepeso: 
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Para entender melhor a obesidade, é preciso diferenciar os termos “sobrepeso” 
e “obesidade”. Ambos podem ser considerados sinônimos, sendo o primeiro 
definido como um aumento exclusivo de peso e o segundo, o aumento da 
adiposidade corpórea. Tem-se, então, a obesidade como um excesso de gordura 
corporal acumulada no tecido adiposo, com implicações na saúde, ou seja, uma 
enfermidade crônica que compromete a saúde (ALVARENGA; VIEIRA, 2015).
 
Portanto, não integram grupos especiais pessoas que apresentam sobrepeso, mas, sim, 
pessoas diagnosticadas como obesas que apresentam enfermidade crônica a partir do aumento 
da adiposidade corpórea. Nesse sentido, o sedentarismo e, consequentemente, a obesidade, 
representa vários riscos, como diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, 
acompanhadas de elevadas taxas de morbidade e mortalidade, tornando-se questão de saúde 
pública, culminando na criação de programas e ações de prevenção e tratamentos.
2 BENEFÍCIOS E IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA 
PARA GRUPOS ESPECIAIS
A prática de atividade física de forma regular e orientada proporciona melhorias em 
relação à qualidade de vida. Tal premissa é amplamente divulgada em meios de comunicação e faz 
parte de diversas campanhas de promoção da saúde. De acordo com Gualano e Tinucci (2011), 
“[...] a inatividade física é um dos grandes problemas de saúde pública [...] quando considerado 
que cerca de 70% da população adulta não atinge os níveis mínimos recomendados de atividade 
física”. 
Dados do Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano (PNUD) sobre atividades 
físicas e esportivas enfatizam que as atividades físicas e esportivas estão diretamente ligadas ao 
desenvolvimento humano, uma vez que sua prática ou não, 
[...] não esteja limitada pela falta de recursos financeiros, inviabilizada pela falta 
de tempo disponível, nem pela ausência, no entorno do domicílio das pessoas, 
de oportunidades (equipamentos, programas e serviços) oferecidos pelo poder 
público para essas práticas (BRASIL, 2017).
O livro Exercício e saúde: teste e prescrição de exercícios, de David C. Nieman, 
traduzido por Paulo Laino Cândido, apresenta uma série de informações sobre a 
prescrição de exercício físico para diferentes grupos, como obesos, diabéticos e 
cardiopatas.
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A atenção deve estar direcionada a proporcionar, também, o acesso de pessoas com 
impedimentos de qualquer natureza à prática regular de atividade física em prol da busca por 
melhor qualidade de vida e condições de saúde. Com a publicação da Política Nacional de Promoção 
da Saúde, em 2006, incluem-se a prática corporal e a atividade física em ações estratégicas da rede 
básica de saúde e para a comunidade, potencializando a inserção do profissional da educação 
física no quadro de profissionais de programas do serviço de atenção básica do Sistema Único de 
Saúde. Para Scarba, Pelicioni e Pelicione (2012), o foco de intervenção do profissional da Educação 
Física deve visar à prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde considerando os fatores 
sociais da população ou dos indivíduos de forma individual. Assim, dentro de sua atuação na 
rede básica de saúde, o profissional deve estar capacitado para o trabalho em equipe, atividades 
de gestão e para lidar com políticas de saúde, além das práticas de diagnóstico, planejamento e 
intervenção específicos do campo das práticas corporais e atividades físicas.
Assim, da mesma forma que, ao prescrever uma atividade para um grupo de pessoas que 
não apresentam impedimentos e limitações, o profissional deve estar atento às particularidades 
do grupo ou de cada indivíduo, esse argumento também é aplicável ao trabalho com grupos 
especiais. 
Dessa forma, devemos considerar alguns princípios básicos do treinamento esportivo, 
como os princípios da individualidade e da especificidade. O princípio da individualidade visa 
respeitar as condições do indivíduo, considerando que cada um pode reagir de uma forma ao ser 
instado a realizar determinada atividade. No caso da especificidade, ela pode variar em função 
do grupamento muscular trabalhado, do tipo de contração muscular a que os músculos são 
submetidos, da velocidade de contração ou do padrão motor desempenhado.
Ao considerar tais princípios, o profissional consegue planejar e desenvolver um trabalho 
voltado às reais necessidades do aluno, bem como trabalhar os aspectos nos quais o aluno 
apresenta maior interesse e potencialidades para motivá-lo a seguir praticando a atividade física, 
além de inserir novos desafios e tarefas que visem ampliar ainda mais seu desenvolvimento motor, 
cognitivo e social. 
Devemos considerar, então, a distinção entre os termos “atividade” e “exercício”. 
A atividade física (Figura 2) é definida como qualquer movimento corporal que resulta 
em gasto energético maior do que o gasto em repouso. Os exercícios físicos (Figura 3) são 
caracterizados por atividades com intensidade, duração e frequência que apresentem progresso 
em vista da aptidão e condicionamento físico (GUEDES, 1995). Várias confusões ocorrem no 
momento de classificar uma ação como atividade física ou exercício físico. Nessa perspectiva, 
o relatório do PNUD alerta para um estágio de transição de conceitos em que a atividade física 
passa a ser entendida como “[...] um comportamento ou prática multidimensional que envolve o 
corpo humano em movimento, e que possibilita a interação consigo, com o outros e com o meio, 
em um determinado contexto sociocultural” (BRASIL, 2017).
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Figura 2 – Atividade Física. Fonte: Flickr (2019).
As atividades físicas são relacionadas a ações recreativas e de lazer, mas não deixam de 
lado seus benefícios profiláticos. Medina et al. (2010) apontam que níveis elevados de atividade 
física de lazer reduzem em, aproximadamente, 30% a ocorrência de hipertensão arterial. 
Da mesma forma que em estudo realizado com crianças obesas, a partir de um programa de 
exercício físico com atividades recreativas, verificaram-se efeitos positivos em relação à redução 
de indicadores de obesidade, redução de IMC, dobras cutâneas e percentual de gordura (TESTA; 
POETA; DUARTE, 2017).
Figura 3 – Exercício Físico. Fonte: Flickr (2019).
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Nesse sentido, os trabalhos com grupos especiais podem ser efetivados por meio da 
realização de atividades e também exercícios, cabendo ao profissional conduzir esse planejamento 
de ações de acordo com as possibilidades de seus alunos, manejando ações possíveisque venham 
a beneficiar o praticante. 
Em estudo realizado com população idosa, constatou-se que o grupo de idosos que 
realizavam exercícios físicos com regularidade teve regressão de níveis de ansiedade e depressão, 
o que sugere que a prática regular de exercício físico orientado pode contribuir à redução de 
índices de depressão e ansiedade em indivíduos com idade acima de 60 anos (CHEIK et al., 2003). 
Portanto, a adaptação das atividades nem sempre permeia apenas a adaptação de materiais, 
movimentos, regras ou níveis de intensidade. O trabalho do profissional de Educação Física 
com grupos especiais requer a atenção básica e dedicada para que seja possível explorar o maior 
desempenho do aluno, independentemente do objetivo de cada um. É um trabalho individual, de 
investigação, pequenas metas e desafios diários para ambos (profissional e aluno).
Especificamente no caso escolar, a Educação Física possibilita que o aluno com deficiência 
possa compreender suas limitações e explorar suas capacidades, o que pode conduzir a um 
melhor desempenho em suas atividades diárias, promovendo autonomia e o desenvolvimento de 
seu repertório motor. Ao questionar alunos com deficiência da rede regular de ensino sobre o que 
eles acham das aulas, constatou-se que:
[...] os alunos apontaram que gostar ou não das aulas são aspectos que podem ser 
influenciados por experiências de exclusão que o aluno com deficiência vivencia, 
assim como a falta de adaptações nas atividades. A oportunidade de participar 
das atividades dadas na aula também é um aspecto fundamental para que estes 
alunos se interessem pelas propostas do professor de Educação Física, e isso 
pode ser facilitado por aqueles que estão abertos à inclusão (NACIF et al., 2016).
A pesquisa também enfatizou a importância de se estar atento às necessidades de cada 
aluno com vistas a que a inclusão ocorra de forma natural no grupo que recebe o aluno com 
deficiência. A Educação Física aborda diversas práticas corporais que, segundo os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), potencializam benefícios para os portadores de alguma 
limitação ou impedimento quanto ao desenvolvimento das capacidades perceptivas, afetivas, de 
integração e inserção social. 
Ainda segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Educação Física escolar visa 
a inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, a qual deve procurar minimizar e, 
até mesmo, reverter o paradigma de seleção entre indivíduos aptos e inaptos para as práticas 
corporais, evitando apenas a avaliação e valorização do desempenho.
3 EDUCAÇÃO FÍSICA E EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
Das raízes médico-higienistas da inserção da Educação Física no Brasil até os dias 
atuais, diversos foram os debates sobre sua funcionalidade e prioridade no currículo escolar. 
Da preocupação com o corpo saudável e produtivo ao incentivo da técnica esportiva, das 
inconsistências entre teoria e prática ao desenvolvimento da cultura corporal de movimento, 
enfim, em meio a todo o percurso histórico da Educação Física Escolar, sua associação à área 
da saúde sempre esteve presente, em alguns períodos com maior ênfase que em outros, mas se 
mostrando sempre como uma relação tênue e persistente.
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A disciplina de Educação Física também é interpretada como aquela que oferece 
condições para despertar o interesse dos alunos(as) para a preocupação com a 
sua saúde, tornando-se um “meio” ou um “veiculo” para a adoção de hábitos 
de vida saudáveis, representados por um estilo de vida ativo e permanente 
(DEVIDE, 2003).
 
Assim, não somente em currículos escolares, mas também por meio de programas e ações 
de saúde pública, a Educação Física aparece como ferramenta para ações preventivas a diversas 
questões de saúde. Diante desse cenário, “[...] incorporar novas práticas saudáveis que possam 
trazer benefícios à população é um dos desafios impostos a toda a estrutura da atenção básica” 
(SIQUEIRA et al., 2008). 
A saúde de crianças e adolescentes pode ser beneficiada pela prática de atividades físicas 
tanto diante da perspectiva de prevenção quanto da promoção da saúde. Quanto às orientações 
para o trabalho do profissional de Educação Física em ambiente escolar, os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL, 2000) indicam como competências e habilidades a serem desenvolvidas 
no Ensino Médio da rede básica de ensino: a compreensão do funcionamento do organismo 
para reconhecer formas de modificar atividades corporais e valorizá-las como recurso para uma 
melhor aptidão física; a partir de reflexões acerca da cultura corporal, ser capaz de assumir uma 
postura ativa e consciente da importância da atividade física na vida de cada um.
O Relatório Nacional de Desenvolvimento Humano no Brasil, por meio do documento 
“Movimento é vida: atividades físicas e esportivas para todas as pessoas”, desenvolvido pela 
Organização das Nações Unidas em 2017 (PNUD), aponta que, ao pesquisar indicadores de saúde 
em crianças e adolescentes, foi possível observar que a prática de atividades físicas e esportivas em 
intensidade moderada está diretamente relacionada à saúde óssea dos indivíduos, à redução do 
risco de lesões, de sintomas depressivos e de ansiedade, à melhora nas condições cardiovasculares 
(redução da síndrome metabólica) e no desempenho cognitivo. 
Dados do PNUD (2017) ainda relatam o desinteresse em praticar atividades físicas e 
esportivas como um dos principais motivos para a não prática de pessoas entre 15 e 17 anos, 
período em que ainda estão frequentando o ensino regular e, consequentemente, tendo aulas de 
Educação Física.
Tabela 1 - Gráfico sobre motivo para não praticar esportes. Fonte: PNUD (2017).
Ainda de acordo com o documento, os resultados fundamentaram as recomendações 
internacionais de atividades físicas e esportivas para a saúde geral dessa população: pelo menos 
60 minutos de intensidade moderada a vigorosa diariamente (BRASIL, 2017).
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A partir de todo o trabalho de apresentação e promoção da cultura corporal de movimento 
desenvolvido durante o ensino fundamental, nos anos finais de escolarização, o aluno deve ser 
capaz de refletir sobre suas ações, seus hábitos e sua qualidade de vida. Trabalho esse que também 
é desenvolvido por outros profissionais da saúde, sempre com vistas a atender as demandas dos 
usuários do Sistema Único de Saúde. Assim: 
A utilização de procedimentos em educação à saúde seja uma das estratégias que 
possibilite as mudanças necessárias no sentido de redirecionar gestão, práticas 
profissionais, de controle social e de estímulo à busca de comportamentos 
saudáveis por parte de todos que a utilizam (SIQUEIRA et al., 2008).
O trabalho intersetorial e interdisciplinar, no processo de educação para a saúde, é tido 
como o caminho para a diminuição de ocorrências de doenças crônicas não transmissíveis. 
O trabalho assim desenvolvido deve formar crianças, adolescentes e jovens conscientes de 
sua responsabilidade diante do estilo de vida escolhido e dos riscos que maus hábitos podem 
ocasionar ou auxiliá-los no processo de educação para a convivência e tratamento com doenças 
já existentes, em consonância com as atuais políticas de promoção da saúde existentes no País. 
Para Scarbar, Pelicioni e Pelicioni (2012):
A promoção da saúde deverá ser viabilizada por meio da educação em saúde, 
enquanto processo político de formação para cidadania ativa, contribuindo para 
a construção de posturas autônomas em relação à própria saúde, considerando 
fundamental a inserção no contexto histórico do indivíduo, capacitando-o e 
motivando-o para a incorporação de novos significados e valores para melhoria 
da sua qualidade de vida. Só se alcança a eficácia no processo educativo a 
partir da participação livre e crítica dos educandos (SCARBAR,PELICIONI; 
PELICIONI, 2012).
Além da promoção de ações que promovam práticas saudáveis e um estilo de vida que 
minimize os riscos de saúde, ainda é necessário nos atentar ao processo de não exclusão de grupos 
especiais. O incentivo da prática de exercícios junto ao processo de socialização deve ser aspecto 
trabalhado no processo de construção e manutenção de hábitos saudáveis.
Pesquisas enfatizam a influência das condições sociais em relação ao trabalho, infraestrutura 
urbana, qualidade de alimentos e acesso aos sistemas de saúde como fatores de alto impacto no 
processo de educação para a saúde. Da mesma forma que questionamos a participação de alunos 
com deficiência de atividades esportivas em relação às adaptações necessárias de infraestruturas 
e materiais que oportunizem a prática, podemos questionar o acesso da população em geral a 
condições de um estilo de vida saudável. 
Se desconsiderarmos questões financeiras e apenas refletirmos sobre o tempo 
disponível para a prática de atividades físicas ou cuidados na alimentação, será 
que é possível dizermos que um aluno que frequenta o Ensino Médio de uma escola 
da rede pública e estuda no período noturno (porque precisa trabalhar durante o 
dia para auxiliar nas despesas de casa) tem o mesmo acesso ao estilo de vida de 
um aluno que não trabalha?
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nesta unidade, refletimos sobre a importância da prática de atividade e exercício 
físico como medidas profiláticas, ou seja, como formas de prevenção contra diversas doenças 
ocasionadas por um estilo de vida sedentário.
Diante dos inúmeros quadros de doenças relacionadas diretamente à inatividade física, a 
disciplina de Educação Física se torna importante ferramenta de intervenção junto à prevenção 
de doenças e de auxílio no tratamento de doenças, visando evitar agravamentos.
Nesse sentido, devemos enaltecer o discurso de educação para a saúde, tanto em sala de 
aula quanto fora dela. O trabalho direto com grupos especiais não limita o processo de intervenção: 
pelo contrário, ele auxilia na conscientização das potencialidades e na reflexão crítica diante de 
condições de saúde, visando sempre ao desenvolvimento pessoal e a melhores condições de vida.
 
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 31
1 EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA .......................................................................32
2 RECURSOS MATERIAIS, HUMANOS E PEDAGÓGICOS ........................................................................................34
3 ESPORTE ADAPTADO ...............................................................................................................................................37
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 41
EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA
PROF.A MA. LUCIANA LETÍCIA SPERINI RUFINO DOS SANTOS 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA
GRUPOS ESPECIAIS
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INTRODUÇÃO
 
Ainda que a educação formal vise à homogeneidade, sabemos, tanto por experiências 
como alunos quanto por experiências como professores, que tal homogeneidade é limitada e 
restritiva. No que tange ao campo da Educação Física, ela se torna discurso quase utópico, uma 
vez que existe discrepância desde a performance dos alunos até às condições de infraestrutura e 
materiais para a realização da prática.
É nesse mesmo sentido que podemos começar nossa discussão acerca da Educação 
Física Inclusiva, adaptada. Grosso modo, não precisamos realizar adaptações apenas quando 
recebemos alunos com deficiência ou com necessidades especiais. O processo de inclusão 
abrange não apenas casos em que existem laudos e orientações pedagógicas, mas, também, todos 
os alunos que, por algum motivo, estão segregados ou em situação de exclusão diante do grupo 
ou do conteúdo ministrado. Nesse sentido, o ensino inclusivo visa à prática da inclusão de todos, 
independentemente de talento, incapacidade, origem socioeconômica, étnica ou cultural (MAIA, 
2009).
Nesta unidade, abordaremos alguns princípios do processo inclusivo no ensino da 
Educação Física Escolar, bem como as orientações e responsabilidades na atuação profissional. 
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1 EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA E EDUCAÇÃO FÍSICA 
INCLUSIVA
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece, em seu parágrafo 3º do artigo 
26, que “[...] a educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular 
da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo 
facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996). Assim, a Educação Física, sendo componente 
curricular, deve promover o ensino e vivência das práticas corporais de movimento. Nesse sentido, 
a Educação Física escolar “[...] deve dar oportunidades a todos os alunos para que desenvolvam 
suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como 
seres humanos” (BRASIL, 1997). 
Oportunizar a prática para todos os alunos, independentemente de suas limitações, 
torna-se o principal desafio do professor de Educação Física, principalmente, diante do cenário 
ainda insuficiente de formação continuada e de recursos de infraestrutura e materiais no nosso 
sistema educacional. Devemos destacar, então, a utilização de dois termos importantes e que, 
embora sejam utilizados por muitos como sinônimos, apresentam finalidades distintas. São eles: 
a Educação Física Adaptada e a Educação Física Inclusiva.
A expressão Educação Física Adaptada surge no Brasil em meados da década de 1970, 
mesmo período em que ocorriam avanços significativos na luta por avanços nas condições 
educacionais e de garantia de direitos a pessoas com deficiência. A inclusão do tema nos currículos 
de graduação em Educação Física surge, oficialmente, por meio da Resolução nº 03/87, publicada 
pelo Conselho Federal de Educação, em 1987. A partir de então, os currículos passaram a integrar 
a disciplina na formação em Educação Física, o que acarretou o início de novos estudos referentes 
ao tema, os quais, até então, eram restritos.
A Educação Física Adaptada apresenta-se como uma condição de adaptação de 
atividades, normalmente esportivas, para deficientes. Como exemplo, podemos citar os esportes 
já tradicionais, que sofrem pequenas adaptações para que possam ser praticados por pessoas com 
as mais diferentes deficiências, transtornos e altas habilidades. De acordo com Costa e Sousa 
(2004), a Educação Física Adaptada:
[...] surgiu na década de 1950 e foi definida pela American Association for 
Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD), como um 
programa diversificado de atividades desenvolvimentistas, jogos e ritmos 
adequados a interesses, capacidades e limitações de estudantes com deficiências 
[...] podemos dizer que um programa de educação física geral não conseguiu 
abranger a especificidade da pessoa portadora de deficiência e, então, a educação 
física adaptada veio para suprir essa lacuna existente (COSTA; SOUSA, 2004).
No desenvolvimento da disciplina de Educação Física Adaptada, é importante considerar 
diferentes dimensões pedagógicas: (i) a dimensão conceitual, em que devem ser exploradas as 
definições e os conceitos relacionados à deficiência e à inclusão; (ii) a dimensão procedimental 
do conteúdo, em que são analisados os programas e os procedimentos pedagógicos, aplicação da 
intervençãoe avaliação simulada durante as aulas; e (iii) a dimensão atitudinal do conteúdo, que 
envolve a percepção e a conscientização das pessoas com deficiência em relação a seu desempenho. 
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É justamente essa adaptação que diferencia a Educação Física Adaptada da Inclusiva. As 
atividades adaptadas são destinadas a grupos específicos de deficientes, diferente da perspectiva 
inclusiva, que visa à integração dos grupos especiais junto aos demais alunos em um único grupo 
de atividades, sem que ocorra a segregação de grupos.
 
Figura 1 – Diferenças entre exclusão, segregação, integração e inclusão. Fonte: Adaptado de AMANKAY (2019).
Karagiannis, Stainback e Stainback (1999) acreditam em um sentido amplo de educação 
inclusiva que promova a inclusão de todos, independentemente de talento, deficiência, origem 
socioeconômica ou cultural. A inclusão auxilia no processo de interação social do aluno com 
deficiência, principalmente quando as relações entre os colegas ocorrem de forma solidária e 
cooperativa. Nesse aspecto, a inclusão pode contribuir para o reforço da autoestima do aluno a 
partir do aumento da aceitação de sua incapacidade e aceitação social (MAIA, 2009).
Ainda que a formação tenha avançado em relação ao trabalho com a educação adaptada 
e inclusiva, ainda é escasso o número de profissionais capacitados à atuação de forma inclusiva. 
Educação Inclusiva, de Maria Elisa Caputo Ferreira e Marly Guimarães: o livro 
apresenta uma discussão ampla em relação à educação inclusiva, apresentando 
conceitos e enaltecendo temas importantes que contribuem à reflexão e prática 
pedagógica do professor junto ao processo de inclusão. 
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2 RECURSOS MATERIAIS, HUMANOS E PEDAGÓGICOS
O trabalho com a Educação Física inclusiva desperta inúmeros questionamentos e 
dúvidas na prática docente, tanto para um professor experiente quanto para um iniciante. Cada 
aluno apresenta características únicas, seja ele um aluno com deficiência ou não. Diariamente, 
veem-se alunos obesos, alunos com doenças respiratórias, dentre tantas outras condições que não 
são caracterizadas como deficiência. Nessa perspectiva, para Capelline e Rodrigues (2008), 
[...] a consecução do princípio de inclusão escolar não se efetuará sem que se 
avaliem as reais condições que possibilitem inserções gradativas, contínuas, 
sistemáticas e planejadas de crianças com deficiência nos sistemas comuns de 
ensino (CAPELLINE; RODRIGUES, 2008).
Como visto no início da unidade, a Educação Física Adaptada é um tema recente na 
formação em Educação Física, assim como a educação inclusiva é recente no cenário da educação 
básica brasileira. Diante disso, é recorrente encontrarmos profissionais que tiveram de buscar 
outros recursos de capacitação para atuarem com a inclusão de grupos especiais. No entanto, 
ressalte-se que não é somente a formação acadêmica que soluciona todos os entraves à educação 
inclusiva: outros recursos são necessários e fundamentais ao processo. Dentre eles, destacamos os 
recursos materiais e pedagógicos. 
O acesso de pessoas com deficiência ao ensino regular é estampado na Constituição 
Federal de 1988, em cujo Artigo 208 lê-se: “o atendimento educacional especializado aos 
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988). Diante do 
direito à educação, apresentado pelo documento constitucional e enfatizado na Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), a escola pública deve garantir o atendimento 
educacional especializado aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades em todos os níveis e modalidades da rede regular de ensino. 
No entanto, somente em 2004 foi publicado o documento que garante o acesso de 
estudantes com deficiência às escolas e classes do ensino regular:
Em 2004, o Ministério Público Federal publica o documento O Acesso de 
Estudantes com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com 
o objetivo de disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, 
reafirmando o direito e os benefícios da escolarização de estudantes com e sem 
deficiência nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL, 2008).
Inicia-se, então, um processo de adaptação de infraestrutura, materiais pedagógicos 
e formação de docentes, tudo voltado a atender a nova demanda de alunos na rede básica de 
ensino, como se vê na Tabela 1.
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Tabela 1 – Evolução das matrículas da Educação Especial no ensino regular. Fonte: Censo Educação Básica (2019).
Como se pode observar, em quatro anos ocorreu um avanço significativo no número 
de matrículas de alunos na educação especial, considerando que a escola (estrutura, recursos, 
funcionários e professores) ainda está em processo de adaptação para receber de forma satisfatória 
esses alunos. Nesse contexto, a Educação Física merece atenção especial, uma vez que o ensino da 
cultura corporal de movimento já exige atenção e adaptação para que todos os alunos (deficientes 
ou não) possam ter acesso às vivências corporais propostas durante as aulas, independentemente 
do nível de performance de cada um.
A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos os alunos para que 
desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando 
seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os 
alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das aulas de 
Educação Física (BRASIL, 1997). 
No que tange à inclusão de alunos que apresentam impedimentos mais severos, como as 
deficiências ou transtornos de desenvolvimento, o desafio torna-se ainda maior diante da escassez 
de recursos muitas vezes encontrada. Para a efetiva promoção de uma ação inclusiva, é necessário 
que os profissionais contem com recursos de infraestrutura e materiais adequados. De acordo 
com o Censo Escolar (2018), em média, 70% das escolas possuem quadra esportiva (coberta ou 
não), espaço fundamental para a realização das aulas de Educação Física. 
Desde o ano 2000, a Lei de Acessibilidade indica, em seu artigo 11, que edifícios públicos 
ou de uso coletivo devem tornar-se acessíveis às pessoas portadoras de deficiência ou mobilidade 
reduzida (BRASIL, 2000). Essa acessibilidade é definida no Estatuto da Pessoa com Deficiência 
(BRASIL, 2015) como “possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e 
autonomia” dos espaços por pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Outro ponto fundamental no processo de educação inclusiva são os recursos pedagógicos. 
Para Ribeiro (2009), o que se poderia fazer para a efetivação da educação física inclusiva “[...] é a 
elaboração de currículos diferenciados, com conteúdos e metodologias que favoreçam a inclusão”. 
A não elaboração de um currículo nesses moldes poderia acarretar prejuízos no processo 
pedagógico e efetivação da prática inclusiva. Como sugestão de currículo, Munster e Almeida 
(2006), baseando-se nos estudos de Craft (1996), apontam quatro variáveis de currículos a serem 
formulados e estruturados pelo professor de Educação Física: currículo único, currículo em 
níveis diferenciados, currículo com sobreposição e um currículo alternativo (Figura 2).
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Figura 2 – Variáveis de currículo na Educação Física Inclusiva. Fonte: Adaptado de Munster e Almeida (2006).
Diante das variações apresentadas, podemos perceber que, com vistas a uma proposta 
inclusiva, enquadrar-se-iam o currículo único e o currículo em níveis diferenciados, nos quais não 
ocorre segregação de grupos e que têm comoproposta principal o desenvolvimento individual. 
A Educação Física inclusiva propõe a modificação das atividades ao encontro das 
necessidades dos alunos de forma conjunta. Diante dessa condição, o profissional deve ter um 
conhecimento básico, além de sensibilidade para atuar frente às situações diversas em ambiente 
escolar. É importante mencionar que, visando a atender a necessidade de casa aluno, a Política 
Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) garante 
a oferta de atendimento especializado e suporte de profissionais necessários ao processo de 
inclusão. Tais profissionais são comumente chamados de Professores Apoio.
Durante sua vivência em ambiente escolar, você conviveu com colegas deficientes, 
com transtornos globais ou altas habilidades? Se sim, como era a participação 
desses colegas nas aulas de Educação Física? Como a Educação Física pode 
auxiliar para um processo efetivo de inclusão escolar? 
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3 ESPORTE ADAPTADO
O esporte é apenas um dos conteúdos que compõem a disciplina de Educação Física na 
promoção da cultura corporal de movimento. Por muitos anos, a Educação Física teve a função 
de fortalecer o trabalhador para melhorar a sua capacidade produtiva, relacionando o esporte ao 
alto desempenho, melhor nível de performance e habilidade. 
A adaptação de esportes tradicionais para pessoas com deficiência tem início logo após 
a Segunda Guerra Mundial, com o intuito de atender os soldados atingidos durante as batalhas. 
Assim, buscou-se, na utilização do esporte como ferramenta de reabilitação de pacientes, 
amenizar também os problemas psicológicos advindos principalmente do ócio durante o processo 
de tratamento hospitalar. Segundo Costa e Sousa (2004), “o trabalho de reabilitação buscou no 
esporte não só o valor terapêutico, mas o poder de suscitar novas possibilidades, o que resultou 
em maior interação dessas pessoas”.
Figura 3 – Basquete de cadeiras de rodas em 1949. Fonte: Garcia (2010).
A Educação Física torna-se, então, uma grande aliada no processo de expansão do 
desporto adaptado, uma vez que ele unifica o viés terapêutico da prática junto com a competição 
esportiva. Entre os principais benefícios do esporte adaptado, destacam-se: 
[...] a reabilitação física, psicológica e social, melhoria geral da aptidão física, 
grandes ganhos de independência e autoconfiança para a realização de atividades 
da vida diária, além de uma melhora do autoconceito e da autoestima dos 
praticantes (CARDOSO, 2011). 
Outro fator importante para a expansão e desenvolvimento do esporte adaptado foi a 
criação dos Jogos Paralímpicos, em 1960. Inicialmente, participavam dos jogos apenas atletas com 
lesão medular; com o passar dos anos, ampliou-se o leque de atletas com diferentes deficiências. 
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Para Marques et al. (2009), o grande número de deficiências dificultava o processo de 
elaboração de sistemas de disputa, uma vez que se buscava a igualdade de condições para que 
nenhum atleta fosse prejudicado. A solução encontrada foi agrupar os competidores em categorias 
de acordo com seu nível de comprometimento, acarretando, assim, o surgimento dos sistemas de 
classificação que, para o autor, “[...] tem por objetivo garantir a legitimidade das competições e 
seus resultados” (MARQUES et al., 2009).
De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, as modalidades disputadas atualmente 
são: atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, canoagem, ciclismo, esgrima em cadeira de 
rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, parabadminton, 
parataekwondo, remo, rugby em cadeira de rodas, tênis de Mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro 
com Arco, tiro esportivo, triatlo, vela, vôlei sentado e esportes de inverno. 
Cada modalidade apresenta seu sistema de classificação de competidores, como nas 
competições de natação, em que as classes sempre começam com a letra S, e o atleta pode ter 
classificações diferentes para o nado peito (SB) e o medley (SM). Para que ocorra a classificação, 
o atleta é submetido a uma equipe de classificação, promove a análise de resíduos musculares 
por meio de testes de força muscular, mobilidade articular e testes motores (CPB, 2019). Para 
exemplificar, observemos na figura 4 a classificação da modalidade:
Figura 4 – Classificação funcional natação. Fonte: Adaptado do Comitê Paralímpico Brasileiro (2019).
Você pode encontrar mais informações relacionadas às 
classificações no portal do Comitê Paralímpico Brasileiro. No 
portal, estão descritas a classificação das 25 modalidades 
paraolímpicas, além de exemplificações como a da Figura 4 e 
todas as atualizações. Para acessar o portal, basta clicar no 
link do Comitê Olímpico Brasileiro: https://www.cpb.org.br/
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Existem, também, algumas modalidades exclusivas do esporte adaptado, ou 
Paradesporto, como também é chamado. As modalidades de goalball (que não é a adaptação 
de um esporte já praticado e, sim, um esporte originalmente do Paradesporto), assim como as 
demais modalidades, possuem seu sistema de classificação funcional, como podemos observar 
na Figura 5. Basicamente, o goalball é disputado em uma quadra com marcações específicas e 
duas traves mais largas que as convencionais. O objetivo de cada equipe é marcar gols, todos os 
competidores devem estar vendados e são orientados pelo barulho do guiso da bola.
Figura 5 – Goalball. Fonte: Flickr (2019).
Outro caso que cabe destaque é a petra, que está inclusa nas provas de atletismo, mas 
tem características de modalidade exclusivamente paradesportiva (Figura 6). A petra é uma das 
modalidades mais recentes e consiste em uma prova de velocidade na qual os atletas utilizam um 
triciclo para competir.
Figura 6 – Competição de petra. Fonte: Flickr (2019).
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No contexto educacional, o esporte adaptado é utilizado não somente como alternativa 
para a aproximação do aluno com deficiência à realidade da prática esportiva. Mais que isso: o 
Brasil vem se tornando uma das principais referências do esporte adaptado, o que tem ocorrido 
em virtude dos resultados obtidos em competições internacionais e do avanço de políticas de 
incentivo à prática do esporte adaptado. 
Para Ribeiro (2009), o esporte adaptado em ambiente escolar deve seguir objetivos 
educacionais. Assim: 
As atividades são elaboradas seguindo uma metodologia que respeite e valorize 
as necessidades e características do aluno, em que experiências vividas por ele 
potencializem o seu repertório motor e em que as suas habilidades fiquem em 
evidência, e não as limitações causadas pela deficiência que possui (RIBEIRO, 
2009).
O trabalho com os esportes adaptados oportuniza a ampliação do repertório de 
atividades físicas que podem ser trabalhadas com alunos com deficiência, mesmo que utilizando 
a competição. O viés competitivo arraigado junto à prática esportiva apresenta-se como um 
conteúdo com enorme potencial para as aulas de Educação Física. Não devemos enfatizar a 
competição puramente pelo “vencer e perder”. Devemos, mais que isso, promover a vivência 
de diferentes modalidades, a descoberta de potenciais esportivos, bem como a interação e o 
desenvolvimento de valores de cooperação e igualdade entre os demais competidores.
 
O documentário Para Todos acompanhou atletas 
paralímpicos, retratando sua rotina de treinos, 
competições e experiências diárias na preparação 
para as Paralímpiadas do Rio de Janeiro, em 2016. O 
documentário é interessante para que se observem os 
dilemas de um atleta profissional

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