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FORMAÇÃO DA ATEROSCLEROSE OBJETIVOS: - COMPREENDER A FORMAÇÃO DA ATEROSCLEROSE RELACIONANDO COM O IAM DETERMINANDO SEUS TIPOS, SINAIS E SINTOMAS, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E FISIOPATOLOGIA - CONCEITUAR ANGINA, CAUSAS, TIPOS, SINAIS E SINTOMAS E ENTENDER A DIFERENÇA ENTRE ANGINA ESTÁVEL I INSTÁVEL FORMAÇÃO DA ATEROSCLEROSE BOGLIOLO - A aterosclerose é doença caracterizada por depósitos de colesterol, ésteres do colesterol e, em menor quantidade, de fosfolipídeos e glicerídeos, na íntima de artérias de médio e grande calibres. A doença é multifatorial, com participação de fatores genéticos e ambientais. Dislipidemia, com aumento de triglicerídeos e colesterol no plasma, é o principal fator de risco; hipertensão arterial, tabagismo, diabetes melito, estresse e sedentarismo são outros fatores envolvidos na doença. O evento inicial parece ser agressão ao endotélio, por diversas causas, como agentes físicos, químicos ou biológicos, inclusive hipercolesterolemia. A lesão endotelial resulta em: (1) aumento dos espaços interendoteliais, que favorecem a penetração de lipídeos na íntima; (2) adesão e agregação plaquetárias; (3) maior expressão de moléculas de adesão no endotélio e captura de monócitos circulantes. Parece que LDL oxidada é responsável por essa ação, induzindo a síntese de TNF-α e de IL-1, os quais, por ação autócrina, ativam células endoteliais a expor mais moléculas de adesão e a produzir outras citocinas (CSF-M) e quimiocinas (CCL-2), responsáveis por ativar a diapedese de monócitos para a íntima, cuja sobrevivência é favorecida pelo CSF-M. O acúmulo de LDL oxidada precede a captura e a migração de leucócitos para a íntima. O ambiente da íntima favorece a oxidação progressiva de LDL, por ser pobre em antioxidantes e por acumular macrófagos; estes têm efeitos pró- oxidantes, por meio de lipo-oxigenases, radicais livres, água oxigenada, hipoclorito e peroxinitrito. Os depósitos lipídicos vistos nos primeiros anos da vida são representados por: (1) acúmulo de macrófagos vacuolizados contendo colesterol (células espumosas ou vacuolizadas) e macrófagos sem vacuolização; (2) estrias lipídicas visíveis macroscopicamente, formadas por macrófagos vacuolizados contendo colesterol e seus ésteres, além de raros linfócitos e células musculares lisas contendo lipídeos. Com o passar dos anos e, sobretudo, a partir da quinta década, surgem as lesões típicas da doença, denominadas ateromas ou placas ateromatosas, que apresentam aspectos morfológicos diferentes conforme sua evolução: placa mole, placa fibrosada, placa complicada por trombose ou hemorragia e placa calcificada. PRINCIPAL COMPLICAÇÃO DA ATEROSCLEROSE: IAM INFARTO AGUDO DO MIOCARDIO BOGLIOLO E ARTIGO FISIOPATOLOGIA O termo infarto do miocárdio significa basicamente a morte de cardiomiócitos causada por isquemia prolongada. Em geral, essa isquemia é causada por trombose e/ou vasoespasmo sobre uma placa aterosclerótica. O processo migra do subendocárdio para o subepicárdio. A maior parte dos eventos é causada por rotura súbita e formação de trombo sobre placas vulneráveis, inflamadas, ricas em lipídios e com capa fibrosa delgada. Uma porção menor está associada à erosão da placa aterosclerótica. Existe um padrão dinâmico de trombose e trombólise simultaneamente, associadas a vasoespasmo, o que pode causar obstrução do fluxo intermitente e embolização distal6 (um dos mecanismos responsáveis pela falência da reperfusão tecidual apesar da obtenção de fluxo na artéria acometida). MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS O IM clássico é anunciado por dor (ou pressão) torácica subesternal intensa e em aperto que pode irradiar para o pescoço, a mandíbula, o epigástrio ou o braço esquerdo. Ao contrário da angina pectoris, a dor normalmente dura vários minutos a horas e não diminui com a administração de nitroglicerina ou com repouso. Contudo, em uma minoria considerável de pacientes (10- 15%), os IMs provocam sinais e sintomas atípicos e podem até ser totalmente assintomáticos. Esses infartos “silenciosos” são particularmente comuns nos pacientes diabéticos (cuja neuropatia autônoma pode impedir a percepção da dor) e nos idosos. O pulso geralmente é rápido e fraco, e os pacientes muitas vezes apresentam sudorese intensa e náuseas (particularmente quando o IM afeta a parede posterior). A dispneia é comum e atribuída à contratilidade miocárdica deficiente e à disfunção do aparelho da valva atrioventricular esquerda, que levam à congestão e ao edema pulmonares agudos. Nos IMs maciços (que envolvem mais de 40% do ventrículo esquerdo), os pacientes desenvolvem choque cardiogênico. A apresentação típica é caracterizada por dor precordial em aperto à esquerda, irradiada para o membro superior esquerdo, de grande intensidade e prolongada (maior do que 20 minutos), que não melhora ou apenas tem alívio parcial com repouso ou nitratos sublinguais. A irradiação para mandíbula, membro superior direito, dorso, ombros e epigástrio também é possível. Em pacientes diabéticos, idosos ou no período pós- operatório, o infarto pode ocorrer na ausência de dor, mas com náuseas, mal- estar, dispnéia, taquicardia ou até confusão mental TIPOS DE IAM - tipo 1: causado pela instabilidade da placa aterosclerótica na coronária - tipo 2: desbalanço em oferta e demanda de oxigênio para o musculo cardíaco - tipo 3: morte súbita - tipo 4: infarto relacionado a angioplastia - tipo 5: infarto relacionado a cirurgia de revascularização miocárdica ANGINA ANGINA PECTORIS Por angina pectoris entende-se o quadro de crises de dor precordial com características de opressão, cortante, causada por isquemia miocárdica de curta duração (poucos minutos). Trata-se fundamentalmente de uma síndrome clínica, sendo o correspondente anatomopatológico variável (nem sempre há necrose de miocardiócitos). Existem três formas de angina: A ANGINA ESTÁVE L é a forma mais comum. O quadro aparece por aumento súbito do trabalho cardíaco, como acontece em exercícios físicos, estados de estresse, emoções ou outras condições que levam a sobrecarga cardíaca. Ao ECG, encontra-se infradesnivelamento do segmento ST por a isquemia ser mais intensa na região subendocárdica. Em geral, associa-se a aterosclerose acentuada em uma ou mais coronárias. Sua patogênese, portanto, relaciona-se com fluxo sanguíneo em nível crítico por obstrução coronariana que se torna insuficiente por aumento da demanda (desbalanço entre demanda e oferta de sangue). O quadro doloroso desaparece com repouso ou pelo uso de vasodilatadores. NA ANGINA INSTÁVEL, os episódios são desencadeados por pequenos esforços, ou até em repouso, e duram mais tempo (acima de 10 min). É o tipo de angina que geralmente precede o infarto do miocárdio. Na maioria dos pacientes, existe aterosclerose coronariana e formação de trombos não oclusivos, às vezes associados a vasoespasmos. Tanto a angina instável quanto o infarto do miocárdio são manifestações da síndrome coronariana aguda A ANGINA DE REPOUSO (angina de Prinzmetal) deve-se também a espasmos coronarianos, muitas vezes associados a placas ateromatosas. O quadro não tem relação com aumento da demanda (esforço físico, emoções etc.). Ao ECG, encontra-se supradesnivelamento do segmento ST, indicando isquemia transmural. Esta angina responde rapidamente a agentes vasodilatadores. REFERÊNCIAS: -Barbalho SM, Bechara MD, Quesada K, Gabaldi MR, Goulart R A, Tofano RJ et al. Síndrome metabólica, aterosclerose e inflamação: tríade indissociável?. J. vasc. Bras.Dec. 2015; -Dattoli-García CA, Jackson-Pedroza CN, Gallardo-Grajeda AL, Gopar-Nieto R, Araiza- Garygordobil D, Arias-Mendoza A. [Infarto agudo de miocardio:revisión sobre factores de riesgo, etiología, hallazgos angiográficos y desenlaces en pacientes jóvenes]. Arch Cardiol Mex. 2021 Jan 20. Spanish. - Pesaro, Antonio Eduardo Pereira, Serrano Jr., Carlos Vicente e Nicolau, José CarlosInfarto agudo do miocárdio: síndrome coronariana aguda com supradesnível do segmento ST. Revista da Associação Médica Brasileira [online]. 2004, v. 50, n. 2 - ROBBINS, S. L.; KUMAR, V. (ed.); ABBAS, A.K. (ed.); FAUSTO, N. (ed.). Patologia: Bases Patológicas das doenças. 9a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014 - BOGLIOLO, L.; BRASILEIRO FILHO, G. Patologia. 8aed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.