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Avaliação Antropométrica de Crianças · A avaliação do estado nutricional de crianças tem como objetivo classificar o estado nutricional identificando situações de risco e distúrbios nutricionais, monitorar a evolução do crescimento, identificar populações de risco nutricional permitindo o planejamento de ações estratégicas e planejar e monitorar a terapia nutricional. · O aumento do tamanho e mudanças juntamente com aperfeiçoamento de função do corpo humano, são processos que ocorrem simultaneamente. O crescimento infantil envolver processos endócrinos ou intrínsecos (crescimento do corpo humano) e processos exógenos ou extrínsecos (peso, altura e outras medidas antropométricas). · Através das medidas antropométricas temos índices e indicadores do estado nutricional e, ainda, critérios e classificações baseados em referências e pontos de corte. As medidas utilizadas são o peso ao nascer, peso no momento da avaliação, altura, perímetro cefálico, perímetro torácico e perímetro braquial. Cada medida dessa será mais enfatizada a depender da fase de vida da criança. · O peso ao nascer é o primeiro diagnóstico nutricional, feito imediatamente após o parto. É importante para avaliação do crescimento intrauterino e maturidade, reflete os problemas nutricionais ocorridos durante a gestação, é uma medida sensível do estado nutricional pregresso (intrauterino) e prospectivo (pós-natal) e é um determinante da sobrevivência da criança. Nos gráficos para recém nascidos, dentro da faixa de percentil 50 significa peso adequado, acima dele é peso excessivo ao nascer e abaixo é baixo peso ao nascer. Classificação do peso ao nascer: · O peso expressa a dimensão da massa ou do volume corporal, é de fácil aferição e sensível a mudanças no estado nutricional. Se modifica rapidamente em curtos intervalos de tempo e é uma medida de recuperação do estado nutricional. · A estatura é uma medida de crescimento linear da criança, sendo mensurada em crianças menores de 2 anos deitadas (comprimento) e em maiores de 2 anos em pé (altura). As modificações ocorrem em períodos de tempo prolongado, refletindo agravos nutricionais a longo prazo. · A circunferência cefálica reflete crescimento cerebral e anomalias no desenvolvimento mental e neurológico. É especialmente útil nos primeiros 2 anos de vida e as anormalidades podem ser causadas por microcefalia e macrocefalia ou hidrocefalia, desnutrição crônica nos primeiros meses de vida ou crescimento intrauterino restrito. É uma medida de baixa sensibilidade. · O perímetro torácico funciona como indicador de reserva adiposa e massa muscular. Existe uma relação entre perímetro torácico e cefálico, onde ao nascer devem estar próximos ou iguais a 1 e entre 6 meses e 5 anos também igual a 1. Se essa relação estiver menor que 1 significa atrofia ou diminuição do desenvolvimento dos músculos peitorais que é indicativo de desnutrição. · A circunferência braquial reflete tanto a reserva de energia como a massa proteica, sendo considerado bom preditor do risco imediato de mortalidade quando não for possível a obtenção de peso e estatura. É recomendada na avaliação de crianças até 5 anos de idade e valores inferiores a 12,5 cm (ponto de corte) é indicador de baixo peso equivalente ao peso-estatura. · Alguns índices são: · Peso/Idade (P/I) · Estatura/Idade (E/I) · Peso/Estatura (P/E) · Índice de massa corporal/Idade (IMC/I) · Perímetro Cefálico/Idade (PC/I) · Circunferência Braquial/Idade (CB/I) · Prega Cutânea Subescapular/Idade (PCSE/I) · Prega Cutânea Tricipital/Idade (PCT/I) · O peso/idade reflete o peso em relação à idade cronológica da criança sendo o mais utilizado, principalmente para avaliação do baixo peso. Por não considerar a estatura é incapaz de identificar temporalmente o processo de desnutrição. Recomenda-se que seja utilizado para complementar as informações de outros índices e não isoladamente Apesar de ser mais sensível em crianças menores de 2 anos, é utilizado em crianças até 5 anos. · A estatura/idade reflete o crescimento linear e indica desnutrição passada ou em curso, indica também inadequações acumuladas de longa duração. É o indicador que modifica mais lentamente na evolução natural de desnutrição. · O peso altura é um indicador de desnutrição atual, sendo utilizado para avaliar magreza e sobrepeso/obesidade. Não pode ser avaliado isoladamente, pode estar adequado devido ao baixo peso e baixa estatura para idade. · O IMC/idade é pouco utilizado para avaliar desnutrição em crianças, parece ser o melhor índice para avaliar sobrepeso e obesidade, devido a sua boa correlação com a gordura corporal. · Os percentis, escore z ou múltiplos de desvio-padrão e percentual de adequação da mediana (em desuso), são critérios e classificações antropométricas. · Os percentis são medidas estatísticas que dividem uma séria de observações em 100 partes iguais, “ranqueados” do menor para o maior. O percentil representa a posição do indivíduo em relação a uma distribuição de referência. A classificação de uma criança em um determinado percentil permite estimar quantas crianças, de mesma idade e sexo, são maiores ou menores em relação ao parâmetro avaliado. Em uso coletivo nota-se o percentual de indivíduos que se encontram abaixo ou acima de um determinado ponto de corte. Em uso individual, observa-se a curva de crescimento. · O escore z, ou múltiplos de desvio padrão, é uma medida de variabilidade ou de dispersão de um grupo de dados. Indica, aproximadamente, quanto, em média, um determinado valor encontra-se distante da média ou mediana do grupo de dados a que pertence. Escore z = valor observado – valor mediano de referência valor de desvio padrão da população de referência Se “zero” o paciente está na média; Se “positivo” está acima da média; Se “negativo” está abaixo da média; Acompanhando dos valores mensais, pode-se perceber se está acelerando crescimento ou perdendo peso. · Nos últimos anos, as curvas de crescimento têm sido muito utilizadas para monitorar o estado nutricional de crianças, elas fornecem uma representação gráfica das medidas antropométricas. O registro no gráfico dos valores de sucessivas pesagens e a união destes pontos permitem a construção de uma linha que representa a evolução do crescimento da criança. É um instrumento que poderá ser utilizado tanto para prevenir como controlar a ocorrência de desvios nutricionais. · As referências antropométricas tem o objetivo de comparar a distribuição dos índices antropométricos da população em estudo com uma população de referência e determinar a proporção de indivíduos com índices anormais, possibilitando estimar a gravidade e magnitude da má-nutrição. A referência utilizada atualmente é da OMS (2006), onde as curvas desenvolvidas para até 5 anos envolve o P/I, E/I, P/E/ IMC/I e desenvolvimento motor. De 5 a 19 anos, engloba A/I, P/I e IMC/I. · Os pontos de corte podem ser determinados estatisticamente ou com base na relação entre estado nutricional e debilidades funcionais e, ou sinais clínicos e, ocasionalmente, risco de morbimortalidade. Para crianças de 0 a menos de 5 anos (OMS,2006) Para crianças de 5 a 10 anos (OMS, 2007) · Em relação a curva de peso/idade, quando há crescimento é bom, se não nenhuma mudança representa perigo e se há perca de peso representa grande perigo. Essa mesma classificação vale para altura/idade, porém, quando há decréscimo de altura significa um grande erro de medida.
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