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COAGULOPATIAS ADQUIRIDAS E CIVD – TBL 3 DANIELA FRANCO PRINCIPAIS COAGULOPATIAS ADQUIRIDAS, SEU MECANISMO E REPERCUSSÃO LABORATORIAL. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K : A vitamina K lipossolúvel é obtida de vegetais verdes e da sínese bacteriana no intestino. Pode se apresentar no recém nascido ou na vida adulta. Causas: Essa deficiência pode ser causada por dieta inadequada, má absorção ou inibição de vitamina K por fármacos que agem como antagonistas (varfarina, diminui fatores 2, 7, 9 e 10 e das proteínas C e S). DOENÇA HEMORRÁGICA DO RECÉM NASCIDO : Os fatores dependentes de vitamina K são escassos no plasma ao nascimento e diminuem ainda mais nas crianças com aleitamento materno nos primeiros dias de vida. Imunidade das células hepáticas, falta de bactérias intestinais que produzem vitamina K e pouco leite materno podem causar hemorragia, em geral no segundo e o quarto dia de vida, podendo ocorrer nos primeiros dois meses. O diagnóstico é pelo teste de coagulabilidade tem alongamento de TP (fator VII). O tratamento é profilaxia tendo administração de vitamina K nos primeiros minutos de vida. Em hemorragias graves administrar concentrado de complexo protrombínico. DEFICIÊNCIA DE VIT K EM CRIANÇAS E ADULTOS : Resultante de icterícia obstrutiva. De doença pancreática ou do intestino delgado. Diagnóstico com o PT e TTPA alongado. Trata com profilaxia de vit K oral. Se tiver sangramento ativo antes da biópsia do fígado faz vit K endovenosa. Correção rápida pode ser feita com infusão de concentrado de complexo protombínico. HEPATOPATIA: Anormalidades hemostáticas múltiplas contribuem para tendência hemorrágica das hepatopatias graves e podem exacerbar hemorragias de varizes esofágicas. • Obstrução das vias biliares resulta em diminuição da absorção de vitamina K. • Em doenças hepatocelulares graves além da deficiência de fatores vitamina K dependentes, a deficiência de fator V e fibrinogênio e aumento dos níveis de ativador do plasminogênio (fibrinólise). • A diminuição de produção de trombopoetino pelo fígado contribui para a trombocitopenia. • Hiperesplenismo associado a hipertensão portal causa trombocitopenia. • Coagulação intravascular disseminada pode ser relacionada a liberação de tromboplastina das células hepáticas lesadas e a concentração baixas de antitrombina, proteína C e antiplasmina. E tem diminuição da remoção de fatores de coagulação ativados e aumento da atividade fibrinolítica • O balanço hemostático final nas hepatopatias avançadas pode ser protrombótico em vez de hemorrágico. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA Conhecer as causas e a fisiopatologia da CIVD, correlacionando com os achados clinico-laboratoriais (mencionados no texto). Deposição intravascular inapropriada e disseminada de fibrina, com consumo de fatores de coagulação e plaquetas, ocorre como consequência das doenças que liberam materiais coagulantes na circulação ou causam lesão endoteliais disseminada ou agregação plaquetária. Pode se associar a síndrome hemorrágica ou trombótica fulminante, com disfunção de órgãos, ou ter evolução menos grave e mais crônica. A apresentação clínica principal é hemorragia. PATOGÊNESE O principal fator da CIVD é a atividade aumentada de trombina na circulação, que ultrapassa a capacidade de remoção pelos anticoagulantes naturais. Isso pode surgir por liberação de fator tecidual a partir de tecidos lesados, de células tumorais ou da regulação para cima de fator tecidual em monócitos circulantes ou células endoteliais como resposta pró-inflamatória. É uma síndrome desencadeada por outras doenças. (1) expressão de fator tissular; (2) incapacidade das vias anticoagulantes naturais em conter o processo de ativação da coagulação; (3) bloqueio de mecanismos naturais de controle da fibrinólise, caracterizado tanto pelo aumento, quanto pela inibição desregulada da fibrinólise, mediadas pela plasmina e pelo Inibidor do Ativador do Plasminogênio do tipo 1. A CIVD pode ser desencadeada pela entrada de material coagulante na circulação nas situações: • Embolia por líquido amniótico • Deslocamento prematuro de placenta • Adenocarcinomas secretores de mucina disseminados • Leucemia promielocítica aguda • Hepatopatia • Malária pode P. falciforme • Reação hemolítica a transfusão • Picadas de algumas serpentes A CIVD também pode ser iniciada por lesão endoteliais disseminada e exposição ao colágeno. Além de queimaduras graves, infecções virais e hipotermia. Citocinas pró-inflamatórias e ativação de monócitos por bactérias regulam para cima o TF e fazem ser liberadas na circulação partículas que expressam atividade de TF. A formação de trombina aumenta a deposição de fibrina e produz grandes quantidades de monômeros de fibrina, os quais formam complexos com o fibrinogênio e interferem com a polimerização da fibrina, contribuindo para o defeito da coagulação. A fibrinólise intensa é estimulada por trombos na parede vascular, e a liberação de produtos de degradação interferem na polimerização da fibrina, também contribuindo para defeito na coagulação. A ação combinada de trombina e plasmina causa depleção de fibrinogênio e dos fatores de coagulação. A trombina disseminada também causa agregação de plaquetas, e os problemas de sangramento são agravados pela trombocitopenia causada pelo consumo de plaquetas. Na maioria dos casos de CIVD aguda, o resultado inicial é um estado de hipercoagulabilidade, que resulta na ativação de plaquetas e consumo de fatores da coagulação, seguido por deficiência desses fatores, plaquetopenia e sangramentos. Doenças que pode levar a CIVD • Ativação patológica da hemostasia é desencadeada como parte de uma resposta inflamatória sistêmica mais exuberante. O exemplo mais clássico e ilustrativo desse grupo de condições é a sepse, durante a qual ocorre,expressão anômala intravascular de fator tecidual , deficiência funcional de proteína C ativada, e aumento da liberação de PAI-1.2 • Contato do meio intravascular com substâncias pró- coagulantes precede a ocorrência da resposta inflamatória sistêmica. Exemplo clássico da embolia de líquido amniótico e exemplo do melanoma maligno, uma neoplasia capaz de produzir neovasos para nutrição tumoral que expressam de forma anômala o fator tecidual levando à ativação da coagulação. QUADRO CLÍNICO Predomina manifestações hemorrágicas (principalmente em locais de punção venosa ou de ferimentos), apenas 10% é trombótica. Pode haver sangramento generalizado no trato gastrointestinal, orofaringe, pulmão, e trato urogenital. Em casos obstétricos pode ter sangramento vaginal grave. Com menos frequência microtrombos podem causar lesões cutâneas, insuficiência renal, gangrena de dedos e artelhos ou isquemia cerebral. As manifestações clínicas e laboratoriais em pacientes com CIVD são determinadas por duas variáveis relacionadas ao mecanismo responsável pela ativação desregulada da coagulação. São elas: (1) a velocidade de instalação e (2) a extensão do processo. Assim, no paciente com CIVD aguda em que a ativação da coagulação ocorre de forma rápida, maciça e persistente, as manifestações hemorrágicas tendem a prevalecer sobre as trombóticas, e o laboratório mostrará aumento do TP, TTPa, TT e dímeros-D, associado a diminuição da contagem de plaquetas e do fibrinogênio. Um paciente com uma neoplasia oculta pode apresentar apenas fenômenos trombóticos de repetição, com alterações mínimas ou mesmo ausentes no TP, TTPa e TT. Para esse paciente, só o reconhecimento da possibilidade de uma neoplasia oculta como mecanismo para uma CIVD crônica, que cursa com elevação importante dos níveis de dímeros-D, permitiria um diagnóstico tão importante para o tratamento do paciente. DIAGNÓSTICO Teste de hemostasia: contagem de plaquetas é baixo, fibrinogênio baixo, tempo de trombina prolongado, TP e TTPA prolongadosem síndromes agudas. Hemograma: trombocitopenia, anemia hemolítica (pois ocorre fragmentação dos eritrócitos lesionados ao passarem por meio de filamentos de fibrina nos pequenos vasos. TRATAMENTO DE CIVD Noções de tratamento da CIVD (incluindo indicações para transfusão de plasma fresco congelado e crioprecipitado). Mais importante é o tratamento da causa subjacente. Paciente que tem hemorragia difere de pacientes com trombose. • Hemorragia: suporte com plasma fresco congelado e concentrado de plaquetas é indicado para pacientes com sangramento extensivo ou perigoso. Crioprecipitado ou concentrados de fibrinogênio fornecem fibrinogênio em doses maiores. Transfusão de eritrócitos pode ser necessária. • Trombose: uso de heparina ou de antiplaquetários para inibir processo de coagulação considerado em pacientes com problemas trombólicos, como isquemia da pele. Inibidores de fibrinólise são contraindicados. Bibliografia: Bibliografia básica: 1. Fundamentos em hematologia. 6a.ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. Capítulo 26: Distúrbios adquiridos da coagulação; 2. Tratado de Hematologia. 1ª.ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2013. Capítulo 68. Aula SanarFlix: CIVD (módulo de hematologia).
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