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UNIDADE 3 GESTÃO ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS 1. Avaliação de desempenho e processo de gestão de desempenho Segundo Chiavenato (2004), a avaliação de desempenho é um processo de medição da performance de um funcionário, uma oportunidade para se reverem as atividades que ele realizou ao longo de um período e avaliar a contribuição delas para o atingimento dos objetivos da área e da empresa. Trata-se, enfim, de um mecanismo ao qual as organizações recorrem para identificar, mensurar e administrar o desempenho das pessoas. Ela faz parte do que em Administração denominamos gestão de desempenho e que abrange um conjunto de políticas, práticas e padrões atitudinais, além de ações e instrumentos, utilizados pela companhia para influenciar o comportamento humano e direcioná-lo no contexto de trabalho. Tanto o modelo de gestão do desempenho quanto a prática de avaliação de desempenho precisam ser coerentes com a estratégia organizacional. 1.1 Avaliação de desempenho e gestão do desempenho: conceitos e relação com a estratégia organizacional Que razões levam as empresas a avaliar o desempenho dos funcionários? Por um lado, as pessoas precisam receber feedback para saber como estão indo no trabalho. Por outro lado, as organizações têm necessidade de saber sobre a performance deles para ter uma ideia do potencial de cada colaborador e de quais competências precisam ser formadas ou desenvolvidas. Nesse sentido, a avaliação de desempenho não será feita para identificar aqueles que serão punidos e os que serão promovidos. O foco será o diagnóstico das habilidades, conhecimentos e atitudes apresentados e que são comparados ao perfil de competências definido pela empresa para o cargo (GOULART, 2003). A percepção do desempenho real do profissional pelo gestor, pela área de gestão de pessoas e pelo próprio avaliado possibilita a definição de planos de melhoria. Vamos analisar agora o processo de definições estratégicas da organização e sua relação com a gestão do desempenho, do qual a avaliação de desempenho é parte integrante. Quando uma empresa elabora um planejamento estratégico, define objetivos e metas para períodos que duram de um a três anos. Tais objetivos se relacionam ao posicionamento dela com relação ao mercado, aos produtos e serviços que gera, às relações que estabelece com os públicos internos e externos, à imagem e reputação e à melhoria dos processos internos, entre outras categorias. O foco são as variáveis da organização que necessitam ser aperfeiçoadas para garantir sua sustentabilidade e fortalecimento de modo a atender os interesses dos stakeholders. DICA Os stakeholders de uma empresa correspondem aos públicos de interesse estratégico dela: acionistas, fornecedores, clientes, funcionários, gestores, parceiros, bancos, sindicatos, mídia, poder público, comunidade e até mesmo os concorrentes. No momento da definição de objetivos, a empresa também discute e define missão, visão de futuro e valores; se opta por incorporar um modelo de gestão por competências, deve incluir as competências. A esse conjunto de intenções e projetos denominamos estratégia organizacional. A estratégia organizacional é, então, desdobrada em objetivos e metas das várias diretorias que compõem a empresa e deverão ser atingidos para que a referida estratégia se realize. São os desempenhos dos processos de trabalho e das pessoas que compõem os fatores que garantem que as estratégias da organização e os objetivos e metas das áreas serão alcançados. Isso significa que processos e pessoas necessitam estar alinhados com a estratégia empresarial. No modelo de gestão por competências, o que promove o alinhamento das pessoas com as estratégias são os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que tanto a empresa quanto os profissionais precisam ter. Por essa razão, tais estratégias devem ser explicitadas e divulgadas, pois é isso que fixará o contexto e o direcionamento a ser dado ao desempenho das equipes e das pessoas (ZARIFIAN, 2003). Este se refere às responsabilidades, iniciativas, consecução de resultados esperados, solução de problemas e interação com outros profissionais, entre outros elementos. Considerando-se esse conceito e sua estreita relação com a estratégia da organização, a gestão do desempenho é um processo de esclarecimento, contrato, acompanhamento, avaliação e plano de melhoria do desempenho das pessoas. Os principais protagonistas são o gestor (ou líder) e o profissional do qual se espera determinado desempenho. Em muitas empresas a área de gestão de pessoas também é sujeito ativo, assessorando o gestor na avaliação. A seguir cada um dos momentos do processo de gestão do desempenho. • Esclarecimento: o gestor explica aos profissionais de sua equipe as estratégias da empresa e o que é esperado do desempenho deles com relação às responsabilidades, iniciativas para solução de problemas, consecução de resultados e interações com outros atores. • Contrato e plano de ação: gestor e profissional formulam um acordo detalhado em que deixam claro para as partes o que se espera do funcionário (resultados que deverá atingir, como e em que prazos) e qual será o apoio que receberá do líder/gestor. Essas definições são registradas em um formulário. • Desempenho e acompanhamento: o gestor acompanha ao longo de certo período (geralmente um ano) a performance do profissional: observa constantemente a atuação dele; oferece apoio quando necessário; oportuniza treinamento on the job se for preciso; realiza feedback periódico e sistemático; e disponibiliza recursos para que ele possa realizar uma determinada atividade. • Avaliação e novo plano de ação: gestor e profissional realizam a avaliação formal de desempenho ao final do período de um ano. Analisa-se o atingimento de resultados esperados; discute-se como estes foram atingidos; e, com base nisso, avaliam-se a mobilização e a maturidade de competências que o funcionário apresentou; e, por fim, identificam-se as competências a serem formadas e/ou desenvolvidas e cria-se um novo plano de ação para melhoria. Vistas essas etapas, examinaremos agora dois tipos de avaliações: as centradas em metas e objetivos e as orientadas ao desenvolvimento de competências aliadas às estratégias organizacionais. 2. Avaliações centradas em metas e objetivos estratégicos Esse tipo de ferramenta é denominado Avaliação Participativa por Objetivos (APPO). Nela, os objetivos individuais são definidos para sustentar o atingimento dos objetivos departamentais e estes, os objetivos da empresa. Explicando... Suponhamos que o objetivo de certa indústria seja conseguir a certificação ISO 9000 dos processos de produção (estratégia organizacional). Ele gera um objetivo para os departamentos, que é o de treinar todos os funcionários em Sistemas da Qualidade (objetivo departamental). Em consequência, cada supervisor desses departamentos terá como objetivo individual garantir a capacitação de 100% de sua equipe em Sistemas da Qualidade (objetivo individual). O processo de APPO pode ser realizado para avaliar o desempenho em relação aos objetivos. Para isso, os passos deverão ser seguidos. Vamos conhecê-los a seguir: Passo 1 – Fixar objetivos Nesse momento as diretorias da empresa, tomando como base os objetivos organizacionais, definem os objetivos dos departamentos. Os gestores departamentais, por sua vez, definem os objetivos dos profissionais que neles trabalham. Passo 2 – Desenvolver planos de ação Os planos de ação se referem ao planejamento da operacionalização dos objetivos definidos tanto para os departamentos quanto para os indivíduos. Dessa forma, neles se consideram prazos para consecução dos objetivos, recursos necessários e quantificação dos resultados. Osplanos são sempre fruto de consenso entre avaliadores e avaliados; são registrados em formulário próprio e podem ter várias cópias (uma para o gestor avaliador, outra para o profissional que será avaliado, outra para a área de gestão de pessoas e mais outra para a diretoria à qual o departamento pertence). Passo 3 – Rever o progresso Nessa fase, o gestor realiza o acompanhamento ao longo do período definido no plano de ação para verificar o progresso no atingimento dos objetivos e, se for o caso, providencia ações corretivas para garantir o alcance deles. Passo 4 – Avaliar o desempenho global Nesse momento, é realizada uma avaliação do plano de ação global, verificando os objetivos atingidos e os que não o foram. Para estes últimos, analisam-se as causas e são gerados novos objetivos para o próximo período. O método APPO se caracteriza pela objetividade, na medida em que são definidos, onde for possível, critérios quantitativos para os objetivos definidos. Por exemplo: no início de um período de doze meses, são estabelecidos três objetivos para um engenheiro de produção: a) treinar 100% da equipe de operadores da linha de produção em controle estatístico do processo; b) aumentar a produtividade da linha de produção em 30%; e c) garantir a realização de inspeção e manutenção de todos os equipamentos da linha de produção, de forma a não ocorrer nenhuma parada por quebra deles. Nesse caso, temos dois objetivos com indicadores quantitativos e um com indicador não quantitativo, mas com critério muito claro do atingimento do objetivo. 2.1 Avaliações orientadas para o desenvolvimento das competências aliadas às estratégias organizacionais No modelo de avaliação de desempenho por competências (ADC), os conhecimentos, habilidades e atitudes funcionam para as empresas e para os grupos que as compõem como um catalisador, isto é, um fator que facilita a ligação entre as áreas, os profissionais e as estratégias da organização. Essa relação pode ser observada na figura a seguir: Nesse tipo de avaliação de desempenho as competências da organização – explicitadas no momento da definição das estratégias – são as principais referências para definição daquelas competências que correspondem às áreas e aos profissionais. O processo de ADC (avalição de desemprenho por competência) é composto por vários momentos, semelhantes aos da APPO (avaliação participativa por objetivos) em sua estrutura. O que muda é foco da avaliação: na APPO, é o atingimento dos objetivos definidos no início de um período, ao passo que, na ADC, é o perfil de competências esperadas e apresentadas pelos profissionais. ADC (avalição de desemprenho por competência) APPO (avaliação participativa por objetivos) fases da gestão do desempenho e avaliação de desempenho por competência: Vemos um organograma dividido num ciclo de quatro fases. A fase 1, Fixar objetivos e competências, tem três objetivos: Objetivos e competências organizacionais; objetivos e competências departamentais; competências individuais. A Fase 2 se refere a Contrato de entregas e comportamentos esperados. A Fase 3, Acompanhamento, formada pelo Acompanhamento e pela Ação de Melhoria. E a Fase 4, avaliar o desempenho global e desenvolvimento das competências. O processo começa com a definição dos objetivos individuais, com base naqueles relacionados aos do departamento e da empresa, seguida da formalização do acordo de entregas e comportamentos esperados do funcionário, os quais devem ficar claros tanto para o avaliador quanto para o avaliado. Isso posto, inicia-se a fase de observação do progresso do colaborador em relação ao atingimento dos objetivos e competências esperados. O ciclo é finalizado com a avaliação do desempenho global do profissional quanto aos objetivos e às competências esperados e alcançados e com a criação de um plano de melhoria que guiará o ciclo avaliativo seguinte. Muitas empresas utilizam os dois modelos ao mesmo tempo, definindo tanto o perfil de competências a serem alcançadas quanto as metas de trabalho que o profissional deve atingir durante determinado período. Por exemplo: para um funcionário, podem ser definidas duas metas relacionadas aos resultados e melhorias no processo de trabalho sob sua responsabilidade e mais duas ou três referentes ao desenvolvimento de competências que fazem parte do perfil de competência relativo à sua função. Assim, ele terá metas quantitativas vinculadas à realização do trabalho e metas de desenvolvimento das competências que deve apresentar para realizar as atividades. 2.2 Avaliações em rede A avaliação em rede, ou avaliação 360º, é um modelo abrangente que envolve vários sujeitos avaliando e sendo avaliados (GRAMIGNA, 2007). Ela pode envolver avaliadores na mesma posição hierárquica do avaliado, superiores, subordinados, fornecedores, clientes internos e externos, além da avaliação que o funcionário faz de si mesmo. Para realizar a avaliação 360º, utiliza-se questionário específico, que descreve comportamentos e competências que a empresa considera essenciais para o alcance de seus objetivos estratégicos. Avalia-se se o funcionário apresenta ou não tais conhecimentos, habilidades e atitudes, bem como o nível de maturidade. Como resultado final da avaliação 360º, espera-se obter informações que permitam ao profissional identificar oportunidades de melhoria em seu desempenho, bem como dados para elaboração de um plano de ação voltado ao desenvolvimento das competências individuais. Existem no mercado várias empresas que comercializam aplicativos específicos de avaliação 360º, totalmente customizáveis para atender às características e às demandas das organizações. As vantagens de se utilizar esse tipo de sistema informatizado são a agilidade e a possibilidade de se obterem os relatórios automáticos de resultados e os indicadores dos planos de ação de melhoria de forma rápida, precisa e sem esforço. Uma busca na internet certamente resultará em links para diversos fornecedores desse tipo de serviço. Para Gramigna (2007), alguns princípios devem ser considerados para que a avaliação em rede seja eficaz. Entre eles se destacam: • treinamento – é necessário que os avaliadores estejam devidamente treinados na metodologia de avaliação 360º; • informações detalhadas – deve detalhar bem as rotinas de trabalho do avaliado, o processo de avaliação de desempenho, os indicadores a serem considerados e as competências esperadas; • confidencialidade – os níveis de acessibilidade aos resultados devem ser definidos e informados aos participantes; • clareza – necessidade de o avaliador conhecer os aspectos que deverá levar em conta; desse modo, precisam estar clara e objetivamente definidos os resultados que o avaliado deve alcançar, bem como a descrição dos comportamentos, entregas e conhecimento que dizem respeito aos vários níveis de maturidade esperados nas competências; • representatividade (ou validade) – a quantidade de avaliadores deve ser representativa da equipe do avaliado (colegas de trabalho ou participantes de cadeia de fornecedores e clientes internos); o número de retornos dos formulários de avaliação encaminhados ao grupo de avaliadores também é bastante relevante – é preciso girar em torno de 80% para ser considerado representativo; • rapidez de resposta – pode ser estimulada por meio de um instrumento de avaliação claro, objetivo, enxuto, fácil de ser compreendido e respondido e que, portanto, seja preenchido e devolvido rapidamente; • confiabilidade dos resultados – é garantida pela utilização de recursos estatísticos para análise e pela eliminação de respostas que estiverem fora dos padrões definidos para a avaliação em rede; • democracia no processo de implantação da avaliação em rede na empresa – significa,em um primeiro momento, abarcar o avaliado e a equipe de colegas de trabalho na mesma área, e em um segundo ciclo de avaliação poderá envolver a rede de clientes e fornecedores internos; apenas em um terceiro ciclo, abrangerá clientes e fornecedores externos. Isso permitirá que pessoas e equipes da empresa aprendam de forma paulatina e sem traumas a participar desse tipo de avaliação. Devido ao grau de sofisticação da avaliação 360º, uma organização só deve considerar utilizá-la quando a cultura da avaliação de desempenho já estiver consolidada entre os participantes. Do contrário, deve-se dar preferência a modelos tradicionais que envolvem exclusivamente o gestor e o avaliado. 3. Ferramentas para avaliação de desempenho com foco em competências Vamos descrever um recurso imprescindível para a avaliação de desempenho por competências: o medidor de competências. Ele é utilizado para orientar a estruturação, a aplicação e a interpretação da avaliação 360º. O medidor de competências é um instrumento básico para a avaliação de desempenho por competências. Nele, são apresentados todos os conhecimentos, habilidades, atitudes e entregas que o profissional deve realizar nos diversos níveis de maturidade da competência. Vejamos a seguir o exemplo de um medidor de competência para Gerência de Operação: Competência: Gerência de Operação Descrição: Capacidade de buscar continuamente e alcançar a excelência empresarial, atingindo metas e resultados, gerenciando recursos eficientemente e demonstrando forte habilidade de execução. Como foi elaborado esse medidor de competências em alguns passos... Passo 1 – Definição de um responsável pela elaboração do perfil de competências e dos descritores da competência Pode ser um profissional da área de Gestão de Pessoas ou um consultor externo acompanhado por pessoa daquela área; ele trabalhará junto com o gestor do departamento na definição das competências requeridas dos profissionais à luz das necessidades estratégicas da empresa. Passo 2 – Definição dos comportamentos esperados dos profissionais para cada nível de maturidade na competência Segundo Zarifian (2003), é possível definir as competências de um profissional verificando como ele encaminha e resolve situações-problema no ambiente de trabalho. Tomando-se como base o conceito desse autor, o que o gestor da área faz é estabelecer os comportamentos esperados para cada nível de maturidade da competência. Um gerente de nível 2, por exemplo, é considerado júnior, o dos níveis 3 e 4 é pleno, e o de níveis entre 4 e 5 é sênior. Para ter certeza das competências e níveis de maturidade que definirá para cada nível, o gestor pode entrevistar profissionais de outras equipes que ocupem cargo gerencial nesses três níveis de maturidade, a fim de perceber como trabalham e se comportam. Dessa forma, terá uma referência a seguir. Passo 3 – Validação do medidor pelos entrevistados e depois pelo gestor da área a qual pertencem Nessa etapa, a proposta do medidor é apresentada a cada profissional entrevistado na fase anterior e ao superior deles para ajustes e finalização. Feito isso, o medidor é divulgado a todos os interessados: funcionários dos quais se esperam aqueles comportamentos, linha de gestão deles, clientes e fornecedores internos e profissionais da área de gestão de pessoas. Vimos nesta parte do capítulo como construir um medidor de competência, que é um recurso imprescindível no processo de avaliação de desempenho de competências. A seguir, abordaremos a avaliação 360º, que é um dos tipos de avaliação de desempenho utilizados pelas empresas. Passos para a elaboração de um medidor de competências • Passo 1 – Definição de um responsável pela elaboração do perfil de competências e dos descritores da competência. • Passo 2 – Definição dos comportamentos esperados dos profissionais para cada nível de maturidade na competência. • Passo 3 – Validação do medidor pelos entrevistados e depois pelo gestor da área a qual pertencem. 3.1 Construção, aplicação e interpretação da avaliação 360º Já vimos que o modelo 360º deve ser utilizado unicamente quando a organização tem consolidada a cultura de avaliação. Quando esse não é o caso, é precipitado recorrer a essa sistemática, que requer alto grau de maturidade dos diferentes avaliadores. Assim, a maturidade é a base para a construção e aplicação do processo 360º. Se há segurança de que a cultura de avaliação está consolidada na empresa, deve-se dar sequência à construção do medidor de competências, conforme descrito no tópico que acabamos de estudar. O medidor, uma vez validado e finalizado, pode se transformar em um questionário, para facilitar sua aplicação. Nessa fase, é necessário definir se ele será um aplicativo informatizado ou no formato impresso. Recomenda-se fortemente a utilização de sistemas informatizados por sua rapidez e eficiência. Abaixo, podemos observar um exemplo de formulário de avaliação 360º preenchido que contempla os descritores da competência gerência de operação, mencionada no tópico anterior. Cada descrição será avaliada numa escala de 1 a 5, sendo 1 ─ péssimo, 2 – Ruim, 3 – Bom, 4 – Muito bom e 5 – excelente. Vemos um exemplo de formulário de avaliação 360º, no qual está sendo avaliada a Competência Gerência de operação, por dois avaliadores. Essa Competência está endo avaliada em cinco níveis, cada um desses níveis possui uma escala de avaliação de 1 a 5. Os avaliadores deverão receber um formulário como esse e preenchê-lo para cada avaliado. Resolvidas essas questões operacionais, o próximo passo é planejar um ciclo de avaliação de desempenho por competências, incluindo as datas de início e fim e as áreas e os profissionais que participarão como avaliadores e avaliados. Segue-se, então, o treinamento de todos os avaliadores e avaliados com o objetivo de prepará-los para a utilização do questionário inspirado no medidor de competências. Depois disso, inicia-se a aplicação da avaliação, em que avaliadores e avaliados preencherão o questionário. Se a empresa optou por um sistema informatizado, o próprio aplicativo realizará a interpretação e o tratamento estatístico dos dados; no caso de o questionário ser impresso, esse trabalho deverá ser feito manualmente, utilizando o medidor de competências e planilhas de Excel. Espera-se obter como resultado gráficos, tabelas e outros tipos de dados que permitam conhecer o grau de maturidade do avaliado em relação a cada competência analisada, bem como os pontos que precisam de melhoria. Os sistemas informatizados costumam apontar ações para compor o plano de melhoria; no caso dos processos não informatizados, os planos deverão ser traçados manualmente. Tal plano gera um novo ciclo de avaliação, conforme já descrito. O processo do ciclo em vigor é encerrado com o feedback ao avaliado sobre os resultados da avaliação 360º e a discussão do plano de melhoria. Falaremos mais sobre isso a seguir. 3.2 Prática do feedback no contexto da avaliação de desempenho por competências Você sabe qual é o papel do processo de feedback na avaliação de desempenho por competências? Vamos tratar disso agora, procurando mostrar sua importância como recurso de diálogo e busca de desenvolvimento do profissional e melhoria no relacionamento entre avaliadores e avaliados. As fases de acompanhamento do desempenho, da avaliação formal do desempenho e, finalmente, da elaboração do Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) que compõem o sistema de gestão do desempenho necessitam de feedback para se viabilizar. Esse procedimento é fundamental para o profissional saber como seu trabalho, comportamentos e entregas são vistos pelo gestor e, na avaliação 360º, por todos os envolvidos. Ele direciona o avaliado acerca dos esforçosenvolvendo o desenvolvimento profissional dele e também ressalta aquilo que está sendo bem feito. O feedback consiste em um recurso que se constitui de informações fornecidas a um profissional acerca de suas atitudes, comportamentos e desempenho, que indicam se ele está no caminho certo com relação a suas metas. Entretanto, dar e receber feedback nem sempre é fácil. Muitas vezes, o gestor, que é o responsável por essa iniciativa, tem dificuldades em fazê-lo, e para o avaliado, não é fácil recebê-lo. É preciso ser treinado para aprender a dar e a receber feedback de forma construtiva. Por ser o principal responsável pelo feedback ao colaborador, o gestor precisa de ações de treinamento para desenvolver as habilidades necessárias para garantir um feedback eficaz ao funcionário. A área de gestão de pessoas é responsável pelo desenvolvimento dessas habilidades, desse modo, deve preparar ações de treinamento tanto aos gestores quanto aos colaboradores participantes do processo de avaliação de desempenho. É papel dessa área, portanto, orientar a respeito da atuação em situações de feedback tanto para quem os fornece quanto para quem os recebe. Assim, é importante que os profissionais de gestão de pessoas saibam que a aplicação do feedback na avaliação de desempenho por competências será tanto mais eficaz quanto mais cuidado se tiver em relação a alguns aspectos. ASPECTOS QUE DEVEM SER CONSIDERADOS NA APLICAÇÃO DE FEEDBACK NA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO POR COMPETÊNCIAS • Ser oportuno: A reunião formal para a ADC é o momento oportuno para o avaliador transmitir ao avaliado sua satisfação pelo progresso dele e apontar áreas de melhoria, por meio da discussão de sugestões e orientação. • Basear-se em fatos concretos: O feedback eficaz tem que ser isento de impressões pessoais e ser fundamentado em fatos concretos e no impacto da ação sobre o trabalho e as pessoas deve ser mencionado. • Iniciar com os pontos fortes: Os pontos fortes do avaliado devem ser mencionados primeiro, bem como as qualidades e competências em destaque e contribuições, criando um canal aberto com o avaliado Vale ressaltar que, de um lado, o gestor não deve procurar culpados nem fazer julgamentos sobre as competências menos pontuadas do funcionário; de outro, é necessário que o colaborador se mantenha aberto e preparado para receber críticas construtivas, interpretando-as como oportunidades de melhoria que refletirão positivamente em sua carreira. (Isso não significa que ele deva ficar calado ou concordar com tudo o que é mencionado.) Espera-se que seja um sujeito participativo, capaz de se posicionar ao discordar de uma avaliação. No entanto, não deve perder de vista que o objetivo da reunião não é obter justificativas, mas entender as razões que o levaram aos comportamentos negativos. Caso necessário, o funcionário pode solicitar ao gestor reuniões adicionais nas quais ambos conversarão sobre pontos específicos a serem melhorados e discutirão soluções de melhoria. Uma vez concluída a avaliação, o gestor deverá agendar com o avaliado a reunião de feedback e consenso. O objetivo, como já mencionamos, é expor a avaliação feita, discutindo-a e solucionando eventuais discrepâncias. O feedback deve ser essencialmente baseado em fatos e comportamentos percebidos. Tanto o gestor quanto o avaliado devem manter uma atitude aberta e franca. Nesse sentido, ele é uma ótima forma de orientar o fortalecimento das competências do avaliado, bem como de o gestor exercer seu papel de líder, apontando áreas de desenvolvimento e indicando formas de alcançar excelência nessas mesmas áreas. •O feedback eficaz pode direcionar o foco da pessoa; •incentivar e reforçar o bom desempenho; •oferecer alternativas para mudar um comportamento que não se deseja ver repetido e trabalhar com mais eficácia no futuro; • e, finalmente, incentivá-la a buscar desenvolvimento. Com a clareza das competências a serem desenvolvidas obtidas pelo feedback do processo de avaliação de desempenho, o próprio profissional, orientado por seu gestor, pode traçar uma proposta de Plano de Desenvolvimento de Competências (PDC). Para cada competência a ser melhorada, ele deve pensar: “Como estou nessa competência?”; “Onde preciso chegar?”; “O que preciso desenvolver?”; “O que pode me ajudar a me desenvolver?”; De quais recursos eu disponho?”; “Quais recursos a empresa disponibiliza?”; “Onde posso encontrar os recursos que a empresa não oferece?”; Qual é o prazo que necessito para desenvolver a competência?”; e outras indagações. Fazendo isso, o funcionário estará atuando como um agente do próprio desenvolvimento, o que é um dos princípios mais atuais da gestão por competências, além de um sinal inequívoco de que o sistema de gestão de desempenho da empresa, nos moldes como já abordamos, está indo pelo caminho certo. 1. Avaliação de desempenho e processo de gestão de desempenho 1.1 Avaliação de desempenho e gestão do desempenho: conceitos e relação com a estratégia organizacional 2. Avaliações centradas em metas e objetivos estratégicos 2.1 Avaliações orientadas para o desenvolvimento das competências aliadas às estratégias organizacionais 2.2 Avaliações em rede 3. Ferramentas para avaliação de desempenho com foco em competências 3.1 Construção, aplicação e interpretação da avaliação 360º 3.2 Prática do feedback no contexto da avaliação de desempenho por competências
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