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26 © E d ito ra M od er na - C Ó P IA A U TO R IZ A D A Sugestão de avaliação Quem é você? Conta o livro Opus Romanorum, seleção de con- tos da Idade Média, que o rei Roberto, da Sicília, era muito cruel, egoísta e arrogante. Seu povo vi- via infeliz, sofrendo privações, mas ele só pensa- va nos seus próprios prazeres. Um dia, entrou num templo, curioso por saber por que tantas pessoas ali se encontravam a ouvir um pregador. Sentado no lugar de honra, não pres- tava muita atenção ao que ouvia, mas, a certa al- tura, uma frase lhe chamou a atenção: “O poder dos céus é maior do que qualquer poder da terra. Mesmo o mais poderoso rei pode ser destronado a qualquer momento”. O rei ficou irritado com aquela frase e pensou: “Que estupidez! Quem poderia me destronar? Não há poder maior que o meu!”. E, pensando naquela frase que achara tão fora de propósito, acabou adormecendo. Quando acordou, viu-se sozinho no templo. Tentou sair, mas tudo estava trancado. Furioso, esmurrou a porta, até que um empregado do templo, do lado de fora, lhe perguntou: — Quem é você? O que está fazendo aí? — Eu sou o rei! Abram essa porta! Imediatamente os guar- das do palácio acorreram e quiseram levar aquele louco ao calabouço. Mas o rei que ocupava o trono ordenou: — Esperem! Esse não é o rei, mas dará um excelente bobo da corte! Vis- tam-no adequadamen- te. E dêem-lhe como aposentos o estábulo! E foi assim que, em meio às gargalhadas de toda a corte, Roberto foi vestido com boina e guizos. Muito tempo ele levou para entender sua nova situação: ele, o poderoso rei da Sicília, era agora o bobo da corte, dormia num estábulo e ninguém o reconhecia como rei. Três anos se passaram. O reino prosperava a olhos vistos. O novo rei era sábio, justo e magnâ- nimo. Todos os súditos o louvavam e não se viam mais pedintes pelas ruas, nem pobres famintos. Três vezes por ano, o rei mandava chamar o bobo à sua presença e, a sós com ele, perguntava, olhan- do-o atentamente em seus olhos: — Quem é você? — Eu sou o rei! — respondia Roberto, cheio de orgulho, todas as vezes. O rei o olhava com tristeza e enviava-o de volta ao estábulo. Roberto se desesperava, mas não dei- xava de perceber o quanto o reino prosperava nas mãos do outro rei. E outros três anos se passaram. Um dia, o rei e toda a corte, incluindo o bobo, foram participar de uma cerimônia. E entraram no templo. Roberto sentou-se no fundo, no lugar mais humilde que havia. De repente, ouviu uma frase que lhe era familiar: “O poder dos céus é maior do que qualquer poder da terra. Mesmo o mais poderoso rei pode ser destronado a qual- quer momento”. Na mesma hora, Roberto se recordou daquele episódio de seu passado. Foi como se um raio o atingisse: ele havia desafiado um poder maior que o dele e aquele era seu castigo. Naquela noite, na sua cama de palha, ele chorou e pediu perdão, reconhecendo quão tolo, egoísta e incompetente tinha sido. O empregado julgou tratar-se de um demente. Abriu a porta com cuidado e o que viu passar foi um miserável mendigo vestido com andrajos. Sem coroa e sem cetro, o rei transformado em mendigo invadiu o palácio, furioso, gritando que era o rei e que alguém lhe pregara uma peça. Mas, quando chegou à sala do trono, ficou estupefato ao ver, sentado no trono, um homem igualzinho a ele, um outro rei da Sicília. — Tirem esse impostor daí! — berrou Roberto. — Eu sou o rei! 27 © E d ito ra M od er na - C Ó P IA A U TO R IZ A D A No dia seguinte, mais uma vez o rei mandou chamá-lo e lhe perguntou: — Quem é você? — Eu sou um bobo. Um verdadeiro bobo, pois tive tudo nas mãos para ser feliz e fazer feliz o meu povo e só agora entendo por que fracassei. No mesmo instante, ele sentiu uma espécie de torpor e desmaiou. Quando acordou, estava de volta ao templo e o sacerdote repetia aquela mesma frase. Vestido com seus trajes reais, Roberto agora portava o cetro e a coroa de um verdadeiro rei. Conto adaptado por Rosane Pamplona especialmente para esta obra. 1 Identifique os três momentos principais da ação seguindo este esquema. 7 Leia. “O empregado julgou tratar-se de um de- mente.” • A linguagem utilizada nessa frase é formal ou informal? • E a linguagem do restante do texto? Destaque uma frase que justifique sua resposta. 8 Releia. “O rei ficou irritado com aquela frase e pen- sou: ‘Que estupidez! Quem poderia me des- tronar? Não há poder maior que o meu!’” • Qual dos termos destacados não perten- ce à mesma classe gramatical? • A que classe pertencem os outros quatro termos destacados? 9 Reescreva a frase, substituindo o sinal por substantivos. , , e , estas devem ser as características de um verdadeiro rei. 10 Leia. O rei da Sicília era muito cruel, egoísta e arrogante. Seu povo vivia de modo miserável e era infeliz, insatisfeito, triste e reprimido. Escreva os substantivos que derivam dos adjetivos destacados. Exemplo: do adjeti- vo miserável deriva o substantivo miséria. 11 Forme substantivos compostos usando os substantivos do quadro. Produção de texto Imagine que o rei Roberto, depois de tudo o que lhe aconteceu, tenha feito um discur- so a seu povo. Escreva esse discurso. Na elaboração do discurso leve em considera- ção as seguintes informações do texto. • O rei Roberto era cruel e arrogante. • Seu povo vivia infeliz. • O rei passou por uma experiência muito difícil. • O rei tirou ensinamentos de sua experiência. jóias guarda rei peixe flor 2 Destaque do texto o trecho que indica o tempo e o lugar em que se passa a ação da história. 3 Os acontecimentos que correspondem à ação numa narrativa mantêm uma relação de causa e conseqüência. Retire do texto dois exemplos que ilustrem essa idéia. 4 Transcreva a passagem em que o nar- rador indica, pela primeira vez, a trans- formação do rei em mendigo. 5 De acordo com a história, qual é o papel ou função do governante de um país? 6 Identifique os acontecimentos da narra- tiva que se relacionam com a questão da identidade. 1. Situação inicial 2. Elemento modificador 3. Situação final © E d ito ra M od er na - C Ó P IA A U TO R IZ A D A Respostas Unidade 1 Estudo de palavras 1. Moto: motocicleta; foto: fotografia; vôlei: voleibol; micro: microcomputador; cine: cinema ou cinematógrafo; extra: ex- traordinário; quilo: quilograma; pólio: poliomielite. 2. Sono profundo: ressonar; moedas: tilintar; sinos: badalar; cam- painha: soar; flash fotográfico: pipocar; ondas: marulhar; fogo na lareira: crepitar; chuva no telhado: tamborilar; flecha voan- do: zunir. 3. Basquetebol: inglês; almofada: árabe; risoto: italiano; chofer: francês; psicologia: grego; tricô: francês; soprano: italiano; al- gema: árabe; almanaque: árabe; maestro: italiano; filantropia: grego; alcachofra: árabe; bandolim: italiano; alvará: árabe; handebol: inglês. Ortografia 1. As respostas dos doublets e do triplet reproduzem criações de Augusto de Campos. LONGE CÉU monge cem monte com ponte cor ponto dor porto dar PERTO MAR 2. Assento; tacha; sexta; fazes (2a pessoa do singular do presen- te do indicativo do verbo fazer); paço; traz (3a pessoa do sin- gular do presente do indicativo do verbo trazer ); cocho; vez. 3. Cocho; traz; sexta; vez; tacha; assento; fazes e paço. 4. Em cima (ou embaixo), embaixo (ou em cima); de repente; por isso; Afora; afora; exceção; abaixo (ou acima). Sugestão de avaliação 1. Situação inicial: O rei Roberto é cruel e faz o seu povo sofrer. Elemento modificador: A transformação do rei em mendigo. Situação final: O arrependimento do rei e a compreensão de seus erros. 2. “Conta o livro Opus Romanorum, seleção de contos da Idade Média, que o rei Roberto, da Sicília, era muito cruel, egoísta e arrogante.” 3. O rei Roberto transformado invade o palácio e é preso. O se- gundo rei é justo e magnânimo e o reino prospera. 4. “O empregado julgou tratar-se de um demente. Abriu a porta com cuidado e o que viu passar foi um miserável mendigo vestido com andrajos.” 5. É fazer o povo feliz. 6. O rei perdesua identidade. Outra pessoa assume a identidade real. O rei, transformando-se, encontra uma nova identidade. 7. Formal.• Formal. • “Vistam-no adequadamente.” 8. • Irritado (adjetivo). • Os outros termos destacados são subs- tantivos. 9. Sugestões: generosidade, sabedoria, altruísmo, inteligência, justiça, desprendimento, nobreza, magnanimidade, etc. 10. Crueldade, egoísmo, arrogância, infelicidade, insatisfação, tris- teza e repressão. 11. Possibilidades: porta-jóias, guarda-civil, guarda-móveis, urubu- rei, peixe-boi, peixe-espada, espinha-de-peixe (tipo de estam- pa têxtil), beija-flor, couve-flor, etc. Produção de texto (sugestão) Caros súditos Hoje é um dia muito especial para mim. Depois de ter vivido uma dolorosa experiência, pela primeira vez posso dizer que agora estou ao lado de meu povo. Reconheço que muitas vezes não agi com sabedoria e justiça, dando prioridade a mim e não a meu reino e meus súditos. Espero que saibam perdoar os meus erros. E prome- to-lhes que, a partir de hoje, tudo mudará, pois aprendi que um rei verdadeiro é aquele que faz feliz o seu povo.
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