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A2 A3 LITERATURA BRASILEIRA E MODERNIDADE UVA

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1 Código: 35930 - Enunciado: “O esforço que o poeta pede ao seu leitor, que quer atento e activo, é homólogo do que ele faz para produzir o seu poema, que trabalha paciente e conscientemente (nalguns casos até ao longo de uma dezena de anos, como aconteceu com Tecendo a manhã, de Educação pela pedra) e que não lhe é proposto ou imposto pelas musas do inconsciente, mas pela realidade quase sempre negativa que enfrenta, assim como pela vontade de a domar ou transformar. Às vezes até chega a parecer que o poeta se compraz em criar-se obstáculos.” (Fonte: SARAIVA, A. Dar a ver e a se ver no extremo – O poeta e a poesia de João Cabral de Melo Neto. Porto: Afrontamento/CITCEM/FLUP, 2014, p. 11).
Segundo o crítico literário português Arnaldo Saraiva, o poeta brasileiro João Cabral de Melo Neto apresenta uma poética explícita que se concatena com a seguinte premissa:
 a) O fazer poético é reflexo do mundo que cerca o eu lírico.
 b) O fazer poético só acontece quando a afetividade propicia.
 c) O fazer poético é uma atividade de positivação do mundo.
 d) O fazer poético é resultado de inspiração e de revelação.
 e) O fazer poético implica labor racional, lógico e desperto.
Justificativa: Resposta correta: O fazer poético implica labor racional, lógico e desperto. João Cabral de Melo Neto defende uma poética explícita ligada à razão e ao trabalho intelectual.
2 Código: 35902 - Enunciado: "Pela coerência inquebrantável de um projeto sistemático de obra, desenvolvido a contracorrente de modismos e concessões, e que faz dele um caso ímpar em nossas letras, João Cabral de Melo Neto representa, na poesia em língua portuguesa, a mais consequente conjugação de uma prática poética simultaneamente aberta à comunicação e a um elevado grau de elaboração e consciência formal.” (Fonte: SECCHIN, A. C. Uma introdução a João Cabral. In: MELO NETO, J. C. João Cabral de Melo Neto: melhores poemas. Org. Antonio Carlos Secchin. São Paulo: Global, 2015. E-book).
Com base em uma leitura panorâmica da obra de João Cabral de Melo Neto, realizada pelo crítico literário brasileiro Antonio Carlos Secchin, pode-se afirmar que a totalidade da poesia cabralina apresenta a seguinte característica:
 a) Relação entre transitividade e intransitividade, comunicação e expressão poéticas.
 b) Ênfase no dizer da forma literária, ou seja, na comunicação com o amplo público.
 c) A forma literária e a estrutura do poema recebem a exclusiva atenção do poeta.
 d) O poeta escreve para se engajar politicamente em busca de uma sociedade justa.
 e) A totalidade da poesia é uma oportunidade de estabelecimento do diálogo entre artes.
Justificativa: Resposta correta: Relação entre transitividade e intransitividade, comunicação e expressão poéticas. Em uma leitura panorâmica da obra, Secchin afirma que João Cabral apresenta um grande equilíbrio entre apuro formal e comunicação. 
3 Código: 35997 - Enunciado: “Vi ontem um bicho / Na imundície do pátio, / Catando comida entre os detritos. // Quando achava alguma coisa, / Não examinava nem cheirava: / Engolia com voracidade. // O bicho não era um cão. / Não era um gato. / Não era um rato. // O bicho, meu Deus, era um homem.” (BANDEIRA, M. O bicho. In: ______. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1996. Adaptado).
Pela leitura do poema O bicho, datado de “Rio, 27 de dezembro de 1947”, de autoria de Manuel Bandeira, depreende-se que a subjetividade corporifica a(s) seguinte(s) atitude(s) crítica(s) frente ao outro:
 a) Sentimento de glória e soberba, pois, sem elas, o homem mortal não consegue sobreviver diante de seu próximo.
 b) Resignação diante do sofrimento e da miséria do outro, em sua existência pauperizada, uma vez que não é possível alterá-la.
 c) Empatia e acolhimento do outro que lhe é diferente, pois, assim, pode-se alcançar a dignidade no cotidiano sublime.
 d) Mesmo diante das maiores angústias e de grandes sofrimentos, é possível buscar a esperança por meio da poesia.
 e) Perplexidade diante do choque entre sua própria realidade e a pobreza extrema vivenciada pelo homem no pátio.
Justificativa: Resposta correta: Perplexidade diante do choque entre sua própria realidade e a pobreza extrema vivenciada pelo homem no pátio. O choque de realidades, entre uma paisagem sublime e um cotidiano indigno, causa hesitação e perplexidade no eu lírico.
4 Código: 35965 - Enunciado: “Clarice, de fato, é considerada tradicionalmente pela crítica não especializada ou até pela especializada, como melhor contista, ou autora de contos exemplares, e como romancista idiossincrática, até ‘estranha’. [...] Que a vida desficcionalizada, desliteralizada, ou des-subjetivada, instituída como programa maior de sua obra, seja o resultado da abolição da literatura e da abolição desta abolição; que o messianismo de Clarice nos faça descobrir o acontecimento de nada, e que como tal nos perguntemos se o que sobra é ou não literatura, eis o nó do problema literário que Clarice coloca à literatura, que possibilita que ela seja lida ‘não pela literatura’, conforme a fórmula de Guimarães Rosa.” (Fonte: PENNA, J. C. O nu de Clarice Lispector. Alea, v. 12, n. 1, p. 93, jan.-jun. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/alea/v12n1/v12n1a06.pdf. Acesso em: 20 jul. 2019).
Diante do exposto, assinale o conceito crítico que traduz a estranheza e a surpresa provocadas pela narrativa de Clarice Lispector.
 a) Tragédia.
 b) Lirismo.
 c) Paráfrase.
 d) Epifania.
 e) Metáfora.
Justificativa: Resposta correta: Epifania. O conceito amplia o escopo teológico inicial para significar a revelação súbita e inesperada do sentido da vida por meio da literatura. Outra chave para mencionar “epifania” é seu emprego pelo escritor irlandês James Joyce.
5 Código: 35961 - Enunciado: “Ao aceitar o modelo da velha Totonha de um lado e, de outro, dirigir seus olhos para os cabras do eito e admitir que há degradação na vida deles, ainda que muitas vezes atenuada e justificada — aquele despudor a que tanto se referiu aqui —, [o autor] acaba avançando em vários aspectos. Em primeiro lugar, na criação de uma imagem menos conciliatória do Brasil no presente, participando com destaque da instauração de uma ficção que permitiria aos seus contemporâneos viver o Brasil ‘numa experiência feérica e real’, como a definiu Antonio Candido. Em segundo lugar, cria uma outra forma de realismo para o romance brasileiro, que, ao substituir a observação pelo depoimento, privilegia o tom pessoal e possibilita, graças ao peso da memória na estruturação da narrativa, uma forma mais flexível, aberta à fragmentação e à divagação. [...] Em terceiro lugar, o narrador abre mão de uma posição tão arrogantemente superior a de suas personagens pobres.” 
(BUENO, L. Uma história do Romance de 30. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Campinas: Unicamp, 2006, p. 156).
Luís Bueno, como se nota pela apreciação crítica acima, analisa criticamente as contribuições estéticas e históricas da obra de autoria de:
 a) Clarice Lispector.
 b) Mário de Andrade.
 c) José Lins do Rego.
 d) Graciliano Ramos.
 e) Guimarães Rosa.
Justificativa: Resposta correta: José Lins do Rego. É chave para a identificação do autor José Lins do Rego elementos como “experiência feérica”, “divagação”, “tom pessoal” e “Velha Totonha”, todos elementos presentes, por exemplo, no romance Menino de engenho, de 1932.
6 Código: 35960 - Enunciado: “Ao escrever o romance, marcado pelo signo da ambiguidade, Guimarães Rosa mitifica esse grande espaço interior do Brasil que é o sertão, recolhendo as sagas dos guerreiros que o habitaram. Um espaço sem fronteiras interiores nem exteriores, tendo por pontos de fuga no horizonte, aludidos mas nunca mostrados, a cidade e o mar. Um espaço onde o maravilhoso e o fantástico fazem parte da vida cotidiana.” (GALVÃO, W. N. Guimarães Rosa. São Paulo: Publifolha, 2000, p. 30).
Identifique qual obra de Guimarães Rosa se refere à descrição de autoria de Walnice Nogueira Galvão.
 a) Vidas secas.
 b) Sagarana.
 c) Fogo morto.
 d) Grande sertão: veredas.
 e) Primeirasestórias.
Justificativa: Resposta correta: Grande sertão: veredas. A alternativa é a correta porque se refere a um romance, embora haja elementos que apareçam em Sagarana e em Primeiras estórias, como a estreita relação entre o maravilhoso e o cotidiano, bem como a inexistência de fronteiras entre o exterior e o interior (o "grande sertão").
7 Código: 35964 - Enunciado: “O brilho de sua intricada tessitura linguística, a poesia intrínseca de sua prosa, dificulta e mesmo amesquinha qualquer aproximação aos componentes políticos ou ideológicos de um Grande sertão: veredas ou de um Sagarana. Porém não podemos nos furtar de indagar em que grau esse brilho e essa poesia nascem da política do texto, ou aos menos são por ela condicionados. De modo sintético, podemos dizer que a ficção de Rosa, no plano político e no plano ideológico, como nos demais, é essencialmente dinâmica, transitiva, isto é, parece-nos como instância de passagem ou, numa expressão mais pertinente, de travessia.” 
(STERZI, E. Formas residuais do trágico. Alguns apontamentos. In: FINAZZI-AGRÒ, E.; VECCHI, R. Formas e mediações do trágico. São Paulo: Unimarco, 2004, p. 106).
Elabore um texto dissertativo analisando criticamente o conto A terceira margem do Rio, do livro Primeiras estórias (1962), de Guimarães Rosa. O texto deve seguir os seguintes critérios:
- Caracterização de algum elemento narrativo (personagem, espaço ou tempo, por exemplo).
- Conexão entre o elemento narrativo e o conceito de “travessia”, na acepção defendida por Eduardo Sterzi.
Expectativa de resposta: A resposta deve elaborar o conceito de “travessia”, articulando-o a elementos da narrativa, significando passagem, mudança e transformação, o que pode ser relacionado à ideia de modernidade como uma multiplicidade de caminhos possíveis, sem que nenhum deles receba uma primazia diante do outro. Guimarães Rosa elabora narrativas que se colocam no meio do caminho entre o passado e o futuro, entre a tradição e a modernidade, entre o clássico e o experimental, pondo em diálogo as matrizes reveladoras do romance burguês, mas, ao mesmo tempo, ecoando um sentido atemporal, como uma estabilidade relativa que se sustenta a despeito do fluir do tempo e da matéria. Dentre vários caminhos possíveis, pode-se mencionar o núcleo familiar esfacelado pela “viagem” do pai; ou pode-se afirmar esse deslocamento para uma terceira margem inexistente, entre duas margens tangíveis: “Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais” (ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio; Civilização Brasileira; Três, 1974, p. 51). É interessante — frise-se — que o elemento mencionado esteja bem coeso do ponto de vista crítico.
8 Código: 35843 - Enunciado: “Que sono! / Todo dia, / Quatro e meia, / Madrugada... / Tácito hoje não veio. / Que seria? / Inquietação. // A neblina se senta a meu lado no bonde. // Estou doente. // RUA DOS INVOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA.” (ANDRADE, M. Poema VII. In: LOPEZ, T. A.; FIGUEIREDO, T. L. e SENNA, J. 50 poemas e um prefácio interessantíssimo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. E-book. Texto adaptado).
Relacione aproximações entre a poesia do modernista Mário de Andrade e os princípios defendidos por expoentes da Semana de Arte Moderna de 1922.
Expectativa de resposta: Com base na leitura do poema de Mário de Andrade, é possível relacionar o aspecto inovador da forma dos modernistas em busca de um conteúdo conectado à transformação do cenário urbano, à rapidez do mundo moderno, por exemplo. Essa rapidez é formalmente representada pelos versos curtos e pelo emprego de palavras cotidianas. Busca-se um estilo não convencional, não tradicional, rompendo com a estética simbolista e parnasiana do século XIX. Há, inclusive, uma tendência para aderir à vida do homem comum, distanciando-se também de linguagem grandiloquente e de aspectos relacionados à vida aristocrática e burguesa.
1 Código: 35838 - Enunciado: “Rebelde e de inteligência fulgurante, Oswald de Andrade estimulou (a favor e contra) a criação de mitos em torno de sua figura: ‘Mas esse Oswald lendário e anedótico tem razão de ser: a sua elaboração pelo público manifesta o que o mundo burguês de uma cidade provinciana enxergava de perigoso e negativo para os seus valores artísticos e sociais. Ele escandalizava pelo fato de existir, porque a sua personalidade poderosa atulhava o meio com a simples presença’, testemunha Antonio Candido em ‘Digressão sentimental sobre Oswald de Andrade’. E, na visão desse mesmo crítico, num homem como Oswald ‘a existência é tão importante quanto a obra’.” (Fonte: FONSECA, M. A. Por que ler Oswald de Andrade. São Paulo: Globo, 2008. E-book).
Considerando a apreciação crítica de Maria Augusta Fonseca, que cita, inclusive, Antonio Candido, pode-se inferir sobre a produção de Oswald de Andrade:
 a) A presença de Oswald de Andrade foi rechaçada pela elite paulista, pois sua experiência operária se chocava com as bases de uma educação oferecida segundo os eruditos moldes clássicos e aristocráticos.
 b) Embora a produção de Oswald de Andrade seja bastante original, normalmente seus intérpretes observam a pouca densidade crítica, visto que o autor preferia se orientar por um cânone do absurdo, do grotesco e do insólito.
 c) Seu renome foi alçando sobretudo porque travou uma luta contra os modernistas, vindo a tornar-se uma importante voz de contraste aos grandes nomes presentes na Semana de Arte Moderna de 1922, como Mário de Andrade.
 d) Sua produção periférica, bastante original, pode justificar que o chamemos de poeta das margens, pois não estabeleceu conexões profundas com o vanguardismo que se tornou conhecido no Brasil e no mundo.
 e) Sua obra foi reconhecida como uma das mais importantes do Modernismo brasileiro, contribuindo para estabelecer contatos profícuos, inovadores e significativos, embora não organizados segundo uma lógica cartesiana.
Justificativa: Resposta correta: Sua obra foi reconhecida como uma das mais importantes do Modernismo brasileiro, contribuindo para estabelecer contatos profícuos, inovadores e significativos, embora não organizados segundo uma lógica cartesiana. Oswald de Andrade — reconhecido por sua irreverência, não havendo uma lógica ou uma proposta literária, em princípio, clara para seu público — foi um dos grandes articuladores dos modernistas paulistas.
2 Código: 35962 - Enunciado: "Ele me escutou. Ficou em pé. Manejou remo n’água, proava para cá, concordado. E eu tremi, profundo, de repente: porque, antes, ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto — o primeiro, depois de tamanhos anos decorridos! E eu não podia… Por pavor, arrepiados os cabelos, corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado. Porquanto que ele me pareceu vir: da parte de além. E estou pedindo, pedindo, pedindo um perdão."(Fonte: GUIMARÃES ROSA, J. A terceira margem do rio. In: ______. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 32).
“Contrapõem-se aí com força duas imagens literárias: o rio, simbolizando a continuidade, e a canoa, a descontinuidade. Ambas se espelham, modificadas, no tempo, que é lentíssimo como o fluir ininterrupto do rio, e na duração de uma vida humana, que é extremamente curta. E uma nova oposição entre a fixidez das margens e o movimento das águas remete a uma terceira margem, que nunca é mencionada, a não ser no título e que abre o relato para uma outra dimensão, a da finitude.” (Fonte: GALVÃO, W. N. Guimarães Rosa. São Paulo: Publifolha, 2000, p. 59).
Com base nos excertos acima, do conto A terceira margem do Rio, de Guimarães Rosa, e da apreciação crítica de Walnice Nogueira Galvão, pode-se concluir que as relações humanas presentes na narrativa apontam para:
 a) A prodigalidade do filho, que gasta tudo o que a família tem e, por isso, é abandonado por todos logo no início da trama, impulsionando o movimento de toda a narrativa.
 b) Uma infinita circularidadede elementos sempre voláteis, de modo que o rio poderia ser melhor descrito como lago estanque e circular, que não permite à canoa se movimentar.
 c) O desencontro de todos os elementos da família da família pós-moderna, pois o conto apresenta, em seu enredo, filhos órfãos em busca vã por seus pais.
 d) O encontro final e definitivo entre pai e filho, visto que o segundo atende o pedido do primeiro na canoa, reforçando o peso da linhagem paterna e, portanto, familiar.
 e) O remorso infindável ou a libertação do filho, que se manifesta quando este se afasta, ao não corresponder ao gesto final do pai para que trocassem de lugar na canoa.
Justificativa: Resposta correta: O remorso infindável ou a libertação do filho, que se manifesta quando este se afasta, ao não corresponder ao gesto final do pai para que trocassem de lugar na canoa. Quando o pai faz gesto positivo para a troca, o filho recua, o que pode ser interpretado de modo duplo: como remorso e lamento até o fim da vida; ou como libertação final da imagem paterna.
4 Código: 35959 - Enunciado: “Como entender esse ponto de vista? Uma respeitável tradição crítica viu no estilo [...] uma depuração extrema do Realismo do século XIX. Teríamos o nosso clássico desse Realismo. Não há quem ignore o seu trabalho árduo de linguagem sempre à procura do termo justo, da frase seca e sóbria, da perfeita concisão. Um realismo vigiado, portanto, sem generalizações levianas de foco onisciente, distinto do realismo de Eça e de Aluísio, com os quais guardaria, porém, algum raro ponto de contato. E expressão de modernidade, também, embora de costas para os vanguardismos de 22. Essa, a situação do autor.”
(Fonte: BOSI, A. Literatura e resistência. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 183).
Com base no excerto elaborado por Alfredo Bosi, que destaca elementos como a linguagem concisa, a crítica social e o distanciamento quanto a aspectos do vanguardismo de 1922, é possível reconhecer que o ensaísta brasileiro se refere ao seguinte escritor:
 a) Graciliano Ramos.
 b) Graça Aranha.
 c) Mário de Andrade.
 d) José Lins do Rego.
 e) Oswald de Andrade.
Justificativa: Resposta correta: Graciliano Ramos. Correta. Há elementos na afirmação que permitem reconhecer, com segurança, Graciliano Ramos, tais como sua concisão linguística e seu “realismo vigiado”, controlado, típico do autor, que é avesso a qualquer distensão expressiva.
5 Código: 35900 - Enunciado: “Criou-me, desde eu menino / Para arquiteto meu pai. / Foi-se-me um dia a saúde… / Fiz-me arquiteto? Não pude! / Sou poeta menor, perdoai! / / Não faço versos de guerra. / Não faço porque não sei. / Mas num torpedo-suicida / Darei de bom grado a vida / Na luta em que não lutei!” (BANDEIRA, M. Antologia poética: Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 126. Texto adaptado).
A partir das estrofes finais (de um total de cinco quartetos) do poema Testamento, identifique a característica poética apresentada.
 a) Linguagem prolixa, com ocorrência de termos eruditos.
 b) Pessimismo, sofrimento e rancor diante das vicissitudes.
 c) A experiência pessoal transfigurada poeticamente.
 d) Ênfase ao plano racional e lógico da linguagem.
 e) Grande abertura aos problemas sociais e às injustiças.
Justificativa: Resposta correta: A experiência pessoal transfigurada poeticamente. O poema Testamento claramente enfatiza a expressão autobiográfica e sua transfiguração poética.
6
Código: 35814 - Enunciado: “Lima ainda questionava sem dó nem piedade ‘a mania brasileira’ de medir-se pelo que ocorria na Europa e nos Estados Unidos. A irritação que sentia não o impedia, porém, de manter-se bastante bem informado acerca de tudo que ocorria naquelas searas; em particular na área da literatura e das artes. [...] Além do mais, Lima foi daquelas testemunhas que suportam a solidão de uma responsabilidade e, ao mesmo tempo, assumem a responsabilidade de estar num lugar, no seu caso, muitas vezes repleto de solidão. [...] O fato é que não há mais como discorrer sobre o período da Primeira República sem mencionar a obra de Lima Barreto, seus escritos, suas provocações.”(Fonte: SCHWARCZ, L. M. Lima Barreto: triste visionário. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 17-18).
Com relação ao modo como a Primeira República aparece nos escritos de Lima Barreto, pode-se identificar como característica de seu processo criativo:
 a) Forma literária e conteúdo histórico-social são dialetizados, de modo que sua obra retrata artisticamente uma época de grandes transformações.
 b) A forma literária não pretende abordar o conteúdo histórico-social, que ficaria a cargo de outras áreas e instituições, voltadas aos estudos especializados.
 c) A condição periférica do país surge de um modo pouco crítico na obra de Lima Barreto, mais interessado em abordagens testemunhais dos problemas.
 d) O conteúdo histórico-social é refletido em sua obra sem mediações, de modo que o resultado final é um fiel retrato de uma época e suas contradições.
 e) Subjetividade é a grande chave interpretativa da obra de Lima Barreto, pois o autor fundamentalmente rompeu expectativa de objetividade e clareza.
Justificativa: Resposta correta: Forma literária e conteúdo histórico-social são dialetizados, de modo que sua obra retrata artisticamente uma época de grandes transformações. Lima Barreto conseguiu, por meio de livros como Triste Fim de Policarpo Quaresma, dialetizar forma e conteúdo literários.
7 Código: 35841 - Enunciado: “Com Macunaíma, em 1928, o modernista de São Paulo tenta encarar a questão, deixando muito claro, já no subtítulo de sua rapsódia, que seu herói não tinha nenhum caráter. [...] Para o autor de Macunaíma, o brasileiro ainda ‘está que nem o rapaz de vinte anos: a gente mais ou menos pode perceber tendências gerais, mas ainda não é tempo de afirmar coisa nenhuma’ (apud BATISTA, M. R.; LOPEZ, T. P. A.; LIMA, Y. S. de. Brasil: 1º tempo modernista – 1917/29. Documentação. São Paulo: IEB-USP, 1972, p. 289). [...] Oposta era a visão de Gilberto Freyre pouco antes desse momento, quando se aprontava para inaugurar o 11º Congresso Regionalista do Recife, em fevereiro de 1926. Para ele, era possível, sim, determinar um ‘ethos’ brasileiro, mesmo que fosse restrito a uma região específica, como o Nordeste, por exemplo.” (DIMAS, A. Um manifesto guloso. Légua & Meia: Revista de Literatura e Diversidade Cultural, ano 3, n. 2, p. 15, 2004. Disponível em: http://leguaemeia.uefs.br/2/2_07-24manifesto.pdf. Acesso em: 15 jul. 2019).
Com base nas considerações acima sobre a modernidade no Brasil nas décadas de 1920 e 1930, redija um breve texto sobre a heterogeneidade de visões acerca do papel das artes e da literatura no processo modernizador brasileiro. Nele, deverão constar os seguintes conceitos:* Movimento Modernista.* Movimento Regionalista do Nordeste.
Expectativa de resposta: Há diferentes visões de modernidade circulando no Brasil na década de 1920, as quais levarão a um salto significativo na produção literária, artística e cultural, sobretudo a partir de 1930. Há escritores que tendem a afirmar que houve uma valorização do aspecto formal no primeiro tempo do Modernismo brasileiro, situado, em especial, no eixo Rio-São Paulo. Aqui, podemos mencionar a obra e a atividade crítica de Mário de Andrade como exemplares desse universo. Paralelamente, ocorria o Movimento Regionalista do Nordeste, que, embora não se encontrasse totalmente sistematizado, pode ser reconhecido por meio de diversas ações tocadas, em especial, por Gilberto Freyre naquele período. A importância de ambos para a cultura brasileira ficará evidente a partir de 1930, quando autores como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade dialogam abertamente sobre suas obras. Alguns críticos costumam citar a década de 1930 como caracteristicamente problematizadora e crítica, justamente por reconhecer o peso da história, da sociedade e da cultura no processo de modernização do Brasil.
8 Código: 35833 - Enunciado: “Fazendo com que falem, em seu texto, nãoapenas vozes da África, mas diferentes vozes sobre a África, inclusive as do colonizador, Cruz e Sousa compõe o quadro, mais uma vez dilacerado, da cena de suas origens perdidas e uma alegoria da tragédia transcultural da colonização. Entre o amor e o horror, o poeta cria uma imagem dolorosa do continente que é desconhecido mesmo para si; buscar a África significa que ela está perdida, distante, mas é como se estivesse ao alcance das mãos, entre as paredes da imaginação poética, de base europeia, e de uma dura realidade social, brasileira.” 
(Fonte: FONSECA, J. T. da. Cruz e Sousa: as expansibilidades de emparedado. Revista Aletria Revista, UFMG, v. 9, p. 66, 2002. Disponível em: http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1298/1395. Acesso em: 10 jul. 2019)
Com base no excerto acima, diferencie aspectos da produção literária de Cruz e Sousa, observando como sua obra representa dificuldades e paradoxos de seu tempo. Lembre-se de considerar que a passagem do século XIX para o século XX foi caracterizada pela abertura cosmopolita e pelas transformações culturais aceleradas, embora ainda presa a velhos estereótipos e preconceitos.
Expectativa de resposta: A poesia de Cruz e Sousa apresenta contradições e paradoxos de uma produção amadurecida do ponto de vista estético, conectada com a melhor produção poética internacional, de linhagem simbolista francesa. Entretanto, em muitos textos, os desafios enfrentados pelo eu lírico aparecem em uma sociedade que oferece poucas oportunidades de crescimento pessoal e de realização, dominada por preconceitos e por cientificismos sem qualquer base na pesquisa científica, na justiça social e na democracia.

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