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Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Sp2 - Acelerado Perda de peso, fadiga e anemia Objetivos: 1. Entender as principais endocrinopatias responsáveis pela perda de peso; 2. Definir e classificar o Hipertireoidismo; 3. Compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, quadro clínico, diagnóstico (clínico e laboratorial), diagnóstico diferencial, tratamento (mecanismo de ação dos fármacos) e complicações do Hipertireoidismo; 4. Estudar a crise Tireotóxica e o seu tratamento; Principais endocrinopatias responsáveis pela perda de peso O paciente portador de diabetes mellitus descompensado, particularmente do tipo 1, apresenta emagrecimento pelo paradoxo de fome celular e hiperglicemia, com perdas energéticas induzidas pelo déficit de insulina. Clinicamente, é caracterizado por polifagia (devido ao jejum intracelular), poliúria (devido à glicosúria osmótica) e polidipsia (pela desidratação secundária à poliúria), podendo estar associada a diarréia por alteração da motilidade intestinal por neuropatia e superproliferação bacteriana intraluminal. O paciente apresenta também hipercatabolismo por predisposição às infecções por imunodepressão, dermatites e mucosites. O emagrecimento, nestes pacientes, é preditor de mau controle glicêmico e implica pior prognóstico para órgãosalvo, como aparelho cardiovascular e suas conseqüentes afecções, como AVC, infarto, insuficiência renal e amaurose, que podem agravar a perda ponderal. Hipertireoidismo: O hormônio tireoidiano produz hipermetabolismo nos pacientes com hipertireoidismo endógeno ou exógeno (ingesta de hormônio tireoidiano) pelo aumento de termogênese, hipersensibilidade às catecolaminas e degradação muscular, clinicamente representados por astenia, palpitação, tremores distais, sudorese quente, insônia e hiperdefecação. Apesar de os pacientes apresentarem polifagia, geralmente o catabolismo sobrepõe-se e ocorre emagrecimento. No hipertireoidismo apatético em idosos, pode ocorrer emagrecimento sem aumento de apetite. Feocromocitoma: Glicocorticóides, glucagon e catecolaminas antagonizam os efeitos da insulina por serem mediadores liberados de “fuga” (catabolizantes), aumentando o gasto de energia e a liberação de nutrientes com hiperglicemia, proteólise e lipólise. Esses fatos justificam o emagrecimento, a astenia, os tremores, a hipertensão e a sudorese fria encontrados em alguns tumores autônomos produtores desses hormônios, como o feocromocitoma (tumor neuroendócrino - ocorre nas adrenais - produtor de catecolaminas). Os pacientes com síndrome de Addison (hipocortisolismo) emagrecem por vômitos e diarréia e, por vezes, podem apresentar desidratação com tontura, hipotensão ortostática e astenia devido à deficiência de mineralocorticóide concomitante. Os estados de hipercalcemia podem induzir vômitos, distensão abdominal e falta de ingestão alimentar por anorexia e torpor. Porém, esse quadro clínico é mais comum em pacientes oncológicos que em portadores de hiperparatireoidismo. FONTE: Clínica Médica da USP Visão geral da glândula tireoidiana A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço,superior a traqueia (próximo ao terceiro anel traqueal) e é responsável pela secreção dos hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e calcitonina; sendo que, essa excreção hormonal é controlada pelo TSH (hormônio produzido pelas células tireotróficas da adenohipófise - é um hormônio pituitário). Ou seja, a excreção dos três hormônios da tireoide dependem do comando do TSH da adenohipófise (sua conexão com o receptor presente na glândula). Já o TSH, por sua vez, depende do comando dado pelo TRH do hipotálamo. Histologicamente falando, a unidade funcional da tireoide é constituída por dois tipos celulares: as células foliculares (ou células principais) e as células parafoliculares. As células foliculares são as produtoras do T3 e T4. conduto, para que essa produção seja possibilitada, as células foliculares ainda desempenham outras duas funções: coletar e transportar iodo para a região coloide tireoidina, sintetizar a tireoglobulina e secreta-l-a no interior do coloide. Por sua vez, estes hormônios tem por função o aumento do metabolismo celular - aumento da taxa de crescimento do indivíduo, aumento da atividade das outras glândulas endócrinas, estimulação do metabolismo de carboidratos e gorduras, além do aumento da frequência cardiorespiratória. Cabe destaque ao fato de que o hormônio T4 é mais abundante por ser o hormônio mais produzido pela tireoide, contudo, o T3 é mais potente (cerca de 4x mais - isso explica o por que ocorre a conversão de T4 em T3 nos tecidos de alto metabolismo, como o fígado). Em decorrência disso, o T4 é conhecido como o hormônio primário liberado. O iodo tem papel fundamental na produção destes hormônios, assim como o TSH. Isso acontece pois a síntese do T3 e T4 pela tireoide depender do nível de iodeto presente nas células foliculares. O corpo humano deve ingerir, em média, 1mg de iodo por semana - essa quantidade já está presente no sal de cozinha, por exemplo. Esses hormônios tireoidianos são os únicos do corpo a utilizarem o iodo. Em resumo das funções: Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Iodo = faz parte da produção dos hormônios T3 e T4 na tireoide através do seu nível de presença nas células foliculares; TSH = ou hormônio tireotrófico estimulam as células foliculares da tireoide a liberaram o T3 e T4. Por sua vez, as células parafoliculares (ou células claras ou células c) são encontradas na periféria dos agrupados de células foliculares e são responsáveis pela produção da calcitonina - está, por sua vez, tem a função de promover o depósito de cálcio nos ossos através da ação de osteoblastos (por isso, são inibidores da ação dos osteoclastos). Etapas da produção dos hormônios 1. Inicia-se através da bomba de iodeto, através de um transporte ativo primário, em que ocorrerá a transferência de iodeto do sangue para as células glandulares foliculares - processo influenciado pela concentração de TSH no sangue. 2. Oxidação do iodeto é uma das principais partes. Ela é realizada pelo peróxido de hidrogénio por meio da ação da enzima peroxidase. Essa parte é essencial pois o iodeto oxidado combina-se mais facilmente com a tirosina. Obs. A tirosina é o aminoácido responsável pela produção dos hormônios tireoidianos e encontra-se presente na tireoglobulina. Está última é uma glicoproteína presente na glândula tireoide, ela é forma e secretada pelas células foliculares. Ou seja, a tireoide contém as células foliculares que forma e secreta a trieoglobulina que contém a tirosina. 3. Após a oxidação, acontece a iodetação da tirosina 4. Após a ligação da tirosina com o iodeto oxidado, irá ocorrer, n interior da tireoglobulina, a formação dos hormônios T3 e T4. Como já citado, a produção de T4 é maior que a de T3; contudo, posteriormente, o T4 é convertido perifericamente em T3 pela enzima desiodinase I (fala-se que o T3 é o hormônio biologicamente ativo). 5. Após ocorrer a síntese dos dois hormônios, a tireoglobulina estará com até 30 moléculas de T4 e e algumas de T3, armazenando-os o suficiente para 2 a 3 meses. 6. Em relação a liberação desses hormônios, ocorre a ligação às proteínas plasmáticas no organismo, mais especificamente, a proteínas globulina fixadora de tiroxina. Já nos tecidos, ocorrerá a ligação com as proteínas intracelulares. 7. Em relação a conversão citada anteriormente, a desinodiase I irá atuar remoendo um iodo do T4 quando esté chegar até os tecidos periféricos. Transformando a mólecula em T3, isso irá atuar aumentando a afinidade desse hormônio com os receptores intracelulares. 8. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Obs. Em vistória clínica, sabe-se que o principal hormônio produzido pela tireoide é o T4 e que ele regula, através de feedback negativo, a produção do TSH. Dessa maneira, pode-se pedir, em exames de rotina, apenas o TSH e/ou T4 livre para medir a função tireoidiana. O T3 pede-se apenas na suspeita de tireotoxicose porT3, que ocorre na minoria dos casos. Alguns dos efeitos desses hormônios sobre os mecanismos corporais são: Redução do peso corporal com aumento de apetite Aumento da secreção de sucos digestivos e motilidade dos músculos lisos do trato digestório Aumento da atividade do sistema nervoso central Enfraquecimento da função muscular em decorrência do catabolismo proteíco (tremores) Aumento da amplitude dos movimentos respiratórios e do fluxo cardíaco. FONTE: Medresumos Definição e classificação de hipertireoidismo O hipertireoidismo consiste em um estado de alta metabólica causado pelo aumento na função da glândula tireoide e, consequentemente, aumento dos níveis circulantes dos hormônios tireoidianos (ht) T3 e T4 livres - ou seja, o excesso de síntese e secreção destes hormônios pela glândula. A anormalidade está na situação de que estes hormônios estão sendo produzidos e excretados em alto, contudo, o TSH está em queda. Hipertireoidismo e Tireotoxicose A tireotoxicose é a síndrome de excesso de hormônios tireoidianos nos tecidos, independente da fonte (tireoide, exógena ou ectópica ou por conta da liberação de hormônios tireoidianos por destruição da glândula (tireoidites).). já o hipertireoidismo refere-se a uma das etiologias da tireotoxicose, quando a produção excessiva dos hormônios tireoidianos é proveniente da tireoide - seja por seu estímulo fisioopatólogico ou por função autônoma do tecido. As principais etiologias de tireotoxicose são estados de hipertireoidismo, como os seguintes: Doença de Graves Bócio multinodular tóxico Adenoma tóxico Classificação Essa classificação leva em conta o local onde está havendo a disfunção tieoidiana. Ela pode ser: 1. Primária: ocorre na própria glândula - encontra-se concentrações primárias de T4 e T3, mas com o TSH em taxas menores que o nível basal 2. Secundário: distúrbio a nível de hipófise - apresenta, além da alta concentração plasmática de T4 e T3, o TSH também está elevado. Suas principais causas são os tumores de hipófise hipersecretores de TSH, que realizam uma secrção autônoma de TSH que não é suprimida pelos níveis de T4 e T3. 3. Terciário: afeta o hipotálamo e envolve o TRH 4. Subclínico: ocorre quando, mesmo diante de níveis normais de T4 livre, o TSH apresenta- se alterado. Sendo que, no hipertireoidismo subclínico, esté TSH está elevado. FONTE: Medresumos e MedicinaNet Hipertireoidismo Epidemiologia Doença de Graves: 10x mais em mulheres (em parte pelos efeitos moduladores dos estrógenos no sistema imune). O tabagismo tem sido relacionado ao aparecimento da oftalmopatia de Graves. Representa cerca de 70 a 80% dos portadores de hipertireoidismo. A prevalência é semelhante em asiáticos e causcasianos e menor em negros. Etiologias Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Doença de graves É uma síndrome caracterizada pelo hipertireoidismo, oftalmopatia infiltrativa, dermopatia infiltrativa e, em raras ocasiões, acopaquia (deformação dos dedos em baqueta de tambor). Na grande maioria das vezes, o bócio e o excesso de hormônio tireoidiano são os aspectos prediminantes. Patogênese É uma doença autoimune caracterizada pela presença de anticorpos contra o receptor TSH - anticorpos anti-rTSH; contudo, sua causa primária permanece ainda desconhecida. O receptor TSH (rTSH) pertence a família de receptores aclopados a proteína G. Possui duas subunidades: uma alfa, que consiste em seu segmento extracelular, e uma beta que consiste um segmento transmembranar e um pequeno segmento intracelular. Uma das teorias que buscam explicar a gênese da doença de Graves indica que através do rompimento das subunidades devido a uma possível degradação de pontes, a parte alfa da molécula acabaria por ser libertada do rTSH. A ideia é de que essa parte alfa que foi liberada pode encontrar com linfócitos T que escaparam dos mecanismos de tolerância imunologica e, por sua vez, provocar a “criação” dos anticorpos anti-rTSH. Contudo, cabe a ressalva que os receptores de TSH possuem vários epítopos em sua parte extracelular que podem ser reconhecidos como antígenos. Os anticorpos que atuam contra o receptor TSH foram, primariamente, definidos como “estimuladores de ação longa”, uma vez que apresentam uma ação sobre os receptores TSH da tiroide mais prolongada que o próprio TSH. Eles são pertencentes à classe dos IgG e podem ser de três tipos: estimuladores, bloqueadores ou neutros; sendo que, entres estes, os estimuladores são os essenciais na doença de Graves. Entre suas funções, está a de impedir que a molécula própria de TSH ligue-se ao seu receptor e atuando através de vias de sinalização intracelular para aumentar as concentrações de AMPc intracelular. Por outro lado, os anticorpos de ação bloqueadora, irão apenas impedir a conexão do TSH com seu receptor, sem induzir a formação de AMPc intracelular. Por fim, aqueles neutros, tanto não impendem a conexão do TSH com seu receptor, tanto não ativam vias de sinalização intracelular de AMPc. A explicação mais aceita para isso é a de que esses dois últimos tipos de anticorpo não se liguem no mesmo epítopo que o anticorpo estimulante. Esta interacção entre os anticorpos estimuladores e o rTSH vai traduzir-se num aumento da glândula tiróide e da sua vascularização, levando também a um aumento da produção e secreção das hormonas tiroideias. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Obs. A AMPc faz parte da secreção dos hormônios tireoidianos via de comando do TSH A necessidade básica para que ocorra um processo de desencadeamento de resposta auto-imune em um indivíduo é a existência de linfócitos T que estejam ativos para um determinado auto-antígeno. Contudo, para que esse linfócito esteja ativo para um auto-antígeno, ele precisa ter escapado do mecanismo de de auto tolerância. Em relação a doença de Graves, existem, basicamente, duas formas dessa linfócito T ser ativado: Através de um fenómeno de mímica molecular, em que um antígeno estranho ao sistema imune apresente semelhanças com o auto- antígeno pode ser reconhecido pela APC e levado até os linfócitos T, ativando-os. Isso causará uma reação cruzada com os auto- antígenos, levando os linfócitos a desencadearem uma reação de auto-imunidade. Uma agressão ao organismos pode fazer com que as células da tireoide expressem moléculas de MHC classe II (o que elas normalmente não fazem), tornando-as células apresentadoras de antígenos e ativando os linfócitos contra seus próprios antígenos. Após ter acontecido a ativação, os linfócitos podem ser dividos em dois grupos de acordo com suas citocinas produzidas: Thelper1 - ativa linfócitos TCD8 através de sua secreção de Il2, INF-y e TNF-alfa e induzem a apoptose celular - e os Thelper2 - ativam a produção de anticporpos através da secreção de Il-4 e IL-5. Nesse sentido, os dados estimulam a presença dos Thelper2 na doença de Graves por conta da produção dos auto-anticorpos. Contudo, alguns estudos demonstram um papel relevante na fisiopatologia dessa doença pelos IL-10, que são produzidos pelos linfócitos Thelper1; estes induzem a produção de anticorpos e poderá ter um papel crucial na inibição de lesão tireoidiana pelas outras células Thelper1. O mecanismo segue com a ativação dos linfócitos T e produção de citocinas inflamatórias, ativando os linfócitos B e, consequentemente, a produção de anticorpos contra antígenos da tireoide. Uma vez produzido os auto-anticorpos, estes irão mimetizar a ação do Tsh, ligando-se ao receptor TSH (rTSH) e ativar a proteína G acoplada a ele. Essa conexão fará com que o sistema adenilciclase seja ativo, aumentando a produção do AMPc que, por sua vez, irá estimular a cascata de produção de hormônio tireoidiano. Isso resultará na hiperplasia e na hipertrofia das células foliculares da tireoide. Ao contrário do hormônio hipofísario TSH, os auto- anticorpos não são bloqueados pelas concentrações elevadas dos T3 e T4, fazendo com que ocorra uma estimulação hormonal contínua. Obs. Na fase ativa da doença, por exemplo, pode serencontradas concentrações muito elevadas do aui-rTSH, sendo o marcador patognomônico da doença. Acredita-se que fatores genéticos e ambientes (como as infecções que proporcionam antígenos para o mimetismo) participem, por mecanismos desconhecidos, no aparecimento e manutenção da doença autoimune. Quadro clínico As manifestações clínicas da doença de Graves podem ser divididas naquelas que são características do hipertiroidismo e nas específicas da doença. A gravidade e duração da doença, tal como a idade e o sexo dos doentes, são determinantes nas manifestações da doença. → Extratireóideas Oftalmopatia de Graves é um sinal clinicamente evidente e ocorre em cerca de 50% dos pacientes, podendo ocorrer antes, juntamente ou depois da instalação do hipertireoidismo. Dermopatia, também conhecido como mixedema pré- tibial, é caracterizado por um infiltrado de linfócitos T na derme. Estes linfócitos T agem liberando citocinas, estimulando a produção de glicosaminoglicans e ácidos hialurônica, que são partículas hidrofóbicas, resultando em edema na região. Tem como seu local principal de aparecimento a área pré-tibial ou o dorso do pé. A lesão é caracterizada pelo espessamento da pele com o aparecimento de pápular ou placas elevadas, que podem ser pruriginosas e endurecidas. Normalmente, nos casos da doença de Graves, ela está junto a oftalmopatia e as complicações da tireoide. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Na doença de Graves existe associação de baqueteamento e osteoartropatia dos dedos das mãos e dos pés, em 2% dos casos, esses dois fenômenos constituem a acropaquia da doença de Graves10. As lesões afetam predominantemente a porção distal dos ossos, e a reação dos tecidos moles é firme, indolor e sem rubor e calor locais. Normalmente seu aparecimento indica a gravidade da situação. → Hipertireoidismo Os sinais clínicos do hipertireoidismo dependem da intensidade, duração e da idade do paciente; este conjunto de fatores determinará a apresentação clínica; ela está, normalmente, relacionada a manifestações adrenérgicas, como nervosismo, palpitações e tremores de extremidade. Uma vez que os hormônios tireoidianos estarão alteradas, e com isso, em alta na circulação, consequentemente, suas funções serão feitas de modo exacerbado nos tecidos alvos: a intolerância ao calor, sudorese e perda de peso refletem o aumento do metabolismo corpóreo. Ocorre também aumento da fome e, em 20% dos pacientes, ocorre aumento de peso pela alta ingesta alimentar. No sistema cardiovascular, o excesso de hormônios T3 e T4 levam a taquicardia, aumento da contração do miocardio e da condução atrial, aumento da demanda cardíaca por O2 e risco de esquemia. A incidência de arritmia atrial e fibrilação atrial estão diretamente relacionadas com os baixos valores de TSH. Pacientes em condições mais graves e de longa duração podem apresentar hipertrofia miocádica incial, com diminuição da resistência periférica por vasodilatação, hipertensão sistólica por aumento da contratilidade até insuficiência cardíaca. Pacientes que já possuem arritmia atrial estão mais associados a fenômenos tromboembólicos, aumentando o risco de mortalidade. Obs, é indicado o uso de anticoagulantes apenas em pacientes com fibrilação atrial e cardiopatia, pelo menos até a resolução do hipertireoidismo Dispneia associado a diminuição da complacência pulmonar e até mesmo as manifestações cardiiovasculares. Paciente aumenta o número de evacuações, por aumento do peristaltismo. Raramente apresenta diarreia ou má absorção. Alterações hepáticas são frequentemente relacionadas ao excesso de hormônio tireoidiano, com discretas elevações de alanina e aspartato aminiotransferase. A disfunção hepática grave e a icteríca ocorre em vigência da crise tireotórxica. Raramente existe, concomitantemente a doença de Gravez, uma hepatite autoimune. Quando acomete crianças e adolescentes, existe um crescimento linear rápido, com aceleração da maturação óssea. No individuo idoso, exarcerba a perda óssea, com aumento dos marcadores de remodelação óssea, hipercalciúria e hipercalemia. Alterações mentruais e amenorreia são associadas ao estado grave do hipertireoidismoe raramente acontecem. Frequentemente a fertilidade não é afetada, mas a relatos de ambos os sexos. Os níveis de hormonios sexuais estão altos e, consequentemente, elevam os valores de testosterona total e estradiol. Um quadro de ginecomastia pode acontecer nos homens. Em torno de 20% dos pacientes com tireotoxicose apresente anemia, não relacionada a gastrite atrófica ou deficiência de ferro. Neutropenia leve pode ocorrer, sendo importante fazer sua busca antes do ínicio do tratamento. O hipertireoidismo pode piorar a intolerância a glicose em pacientes diabéticos insulino-dependentes, por aumentar a necessidade de insulina e, raramente, pode provocar a hipoglicemia. Cerca de 90% dos pacientes podem apresentar bócio difuso, de consistência firme e elástica, com tamanho varíavel. Com o aumento da vascularização, pode sentir um frêmito na superfície da tireoide. Em relação a idade, em indivíduos mais jovens (20-50 anos), manifestações clínicas como nervosismo, fatigabilidade fácil, palpitações, hipercinesia, diarréia, intolerância ao calor, sudorese e perda de peso estão presentes em mais da metade dos pacientes com a doença, sinais de comprometimento exoftálmico (proptose, retração palpebral ou exoftalmopatia podem estar presente). Em pacientes pré-adolescentes existe crescimento linear rápido com aceleração da maturação óssea. Com o aumento da idade, perda de peso e de apetite está menos exacerbada, enquanto a irritabilidade e a intolerância ao calor ficam menos freqüentes, a miopatia é bastante severa, com perda de massa muscular, impedindo a deambulação. A fibrilação atrial é rara em pacientes com menos de 50 anos, mas ocorre em cerca de 20% dos idosos. Em torno de 90% dos pacientes com idade inferior a 50 anos exibem bócio difuso, de consistência firme e elástica, com tamanho variável. A presença de comorbidades também pode afetar a queixa principal. A piora da labilidade emocional em portador de doença psiquiátrica preexistente ou piora da angina ou insuficiência cardíaca em indivíduo com doença coronária pode ser a pista para a ocorrência de hipertireoidismo sobreposto. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Diagnóstico É um diagnóstico clínico guiado pela presença de bócio + hipertireoidismo + oftalmopatia de Graves. Uma vez que todos estejam presentes, não existe outra possibilidade diagnóstica. Além destes, sinais e sintomas como palpitações, irritabilidade, intolerância ao calor e perda de peso com manutenção do apetite são alguns dos mais referidos pelos doentes e sugerem uma situação de hipertiroidismo independente dos resultados laboratoriais. Contudo, no intuito de confirmar o hipertireoidismo, todos os pacientes irão apresentar níveis elevados de T4 e níveis diminuidos ou suprimidos de TSH. Caso encontrem TSH baixo e normal, deve-se medir o T3, pois cerca de 10% dos pacientes podem apresentar somente a elevação dos níveis de T3 (principalmente na fase inicial da doença). Contudo, o pedido preferencial é o de T4 livre, pois sua medição sofre menos interferência que o T4 total. Obs. Se os valores das hormonas tiroideias estiverem dentro dos valores normais, mesmo com a baixa do TSH, estamos perante um hipertiroidismo subclínico. A detecção do anti-rTSH é segura, contudo, sua aplicação só deve ser usada quando há dúvidas no diagnóstico etiológico. Essa medida é importante também no terceiro trimestre de gravidez de mulheres com história passada ou presente de doença de Graves, para avaliar o risco de disfunção tireoidea fetal ou neonatal, pois o auto-anticorpo atravessa a barreira placentária, podendo estimular ou até mesmo inibir a tireoide fetal, causando hiper ou hipotireoidismo transitório. Além desse caso das mulheres gravidas no terceiro trimestre, tem-se a importância da medição dos auto-anticorpos para controle de cura da doença, pois a diminuiçãoou desaparecimento desse anticorpo indica maior chance de controle da doença. O mapeamento e captação da tireoide também devem ser solicitados em casa de dúvida etiológica. Normalmente, o mapeamento, tanto com tecnécio quanto com iodo, mostra uma glândula aumentada e hiperfuncionante. A captação, principalemnte, do iodo mostra-se bastante aumentada - maior capacidade de produção de hormonios tireoidianos. Obs. Essa alta na captação do iodo serve como diagnóstico diferencial da tireoide subaguda, em que a captação está diminuida. A ultrassonografia da tireoide pode ser solicitada quando há dúvidas sobre a presença de nódulos. O exame de ultrassom irá determinar o tamanho e as características dos nódulos. Na presença de nódulo, o mapeamento e a captação deve ser feito em sequência; isto por que se o nódulo for captante, não há indicação de punção, tratandose de um adenoma folicular tóxico. Caso o mapeamento revele um nódulo frio, a indicação da punção deve seguir os critérios de nódulos tireoidianos. Contudo, de forma geral, na doença de Graves, a ultrassonografia apresenta uma tireoide aumentada difusamente, com parênquima heterogênio e hipoecoico, com vascularização difusamente aumentada - pode ser um exame bom para controle de cura medicamentosa, demonstrando que o tratamento está sendo efetivo através da diminuição do volume e da vascularização. Em aproximadamente 75% dos pacientes, encontram-se a presença de anticorpos anti-TPO e anti-TG, que confirmam a presença de doença autoimune, Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Tratamento O tratamento voltado a qualquer um dos sintomas adenérgicos típicos da tireotoxicose pode ser feito com repouso e uso de betabloqueadores. É a escolha feita para pacientes jovens e com glândulas pequenas, caracterizando, na maioria das vezes, uma doença leve. Os medicamentos são administrados até que a doença sofra remissão espontânea - único tratamento que deixa a tireoide intacta, no entanto, exige um longo período de tratamento. Vem-se usando o propanolol, em doses de 20 a 80mg, administrados a cada 8 ou 12 horas - contudo, cabe ressalta de que a capacidade do propanolol em diminuir a conversão de T4 em T3 ocorre apenas em doses acima de 80 mg/dia. Como outra alternativa, tem-se o uso de atenolol 25 a 100 mg, 1x ao dia. Essa alternativa possui mais adesão; contudo, por ser uma droga cardioseletiva, os sinais de taquicardia melhoram, mas os demais sintomas, como os tremores e nervosismos, não diminuem ou desaparecem. Em outro víes, drogas como bloqueadores de canal e cálcio podem ser utilizadas para controle de taquicardia. Obs. O uso de betabloqueadores deve ser evitado em pacientes com asma ou insuficiência cadíaca grave. Em outro viés, as modalidades terapêuticas para diminuir a produção excessiva de hormônio tireoidiano são as drogas antitireóideas, iodo radioativo e cirurgia. → Drogas antirieóideas Tionamidas, metimazol e propiltiouracil são as drogas de escolha para o tratamento da doença de Gravez o Brasil. 1. As tionamidas agem inibindo a tireoperoxidase, diminuindo a organificação do iodeto na glândula e, consequentemente, a produção de hormônio (impede que o iodo seja oxidado). 2. O propiltiouracil, em doses elevadas, bloqueia a enzima 5’-desiodase, que converte T4 em T3 nos tecidos periféricos - normalmente é uma droga usada na crise tireotóxica, As drogas antitireoidianas tem efeitos imunossupressores desejáveis no tratamento da doença de Graves, promovendo a diminuição dos anti-rTSH, bem como a diminuição da infiltração de linfócitos na tireoide. Em torno de 30 a 40% dos pacientes ttratados com drogas antitireoidianas apresentam controle do hipertireoidismo, com o TSH e hormônios tireoidianos normal após a suspensão da mediação por, pelo menos, 12 meses. Os aspectos que indicam ser favorável o uso dessas drogas como tratamento definitivo são: sexo feminino, idade (adulto jovem), bócio pequeno, hipertireoidismo leve e valores baixos de anti-rTSH. Metimazol É usualmente iniciado com uma posologia de 15 a 40mg, 1x ao dia na grande maioria dos casos - o fato de ser administrado apenas 1x ao dia ajuda a adesão dos pacientes ao tratamento. . Em casos de tireotoxicose muito acentuada, cabe uma dose de 60mg, diminuindo a dose até manter-se entre 5mg a 10mg/dia. Alguns autores indicam que a melhor forma de conseguir o controle da doença é começar com doses mais altas. Obs. Possui baixo risco de causar lesão hepática grave Em geral, a terapia com agentes antirieoidianos começa com doses fracionadas, passando para a terapia de manutenção com doses diárias únicas quando o pacientes torna-se, na clínica, eutireoidiano. Contudo, quando a doença está em estágio leve ou moderadamente grave, Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG pode-se usar para controle inicial uma dose de 20 a 40 mg pela manhã, durante 4 a 8 semanas. Terapia de manutenção - 5 a 15mg, 1x ao dia Recomenda-se que seja feito o uso da droga antitireoidiana por 12 até 18 meses, antes de determinar se houve, de fato, controle imunológico. Para aqueles pacientes que possuem um quadro mais grave - bócio volumoso (>45g), sem diminuição dos valores de anti- rTSH, manutenção da vascularização da tireoide - o paciente irá necessitar de altas doses de medicação, e somado a isso, caso o paciente seja tabagista, o controle com o tratamento medicamentoso é pouco provavél, podendo ser logo indicado um tratamento definitivo (radioiodo ou cirurgia). Isso ocorre em decorrência de dados que demonstram que a chance de controle da doença não aumenta com um tratamento medicamentoso que dure mais que 18 meses. A exceção a essa regra são pacientes idosos, com hipertireoidismo leve, que apresentam contraindicações para a cirurgia e a iodoterapia - estes pacientes podem ser mantidos com doses baixas de medicação, como o metimazol 2,5mg a 5mg/dia, por vários anos. Em relação aos efeitos colaterais, em até 13% dos usuários das drogas, os efeitos são leves, como prurido, rash e reações urticariformes, principalmente nos primeiros dias de medicação. Esses sinais não indicam a necessidade de suspensão da medicação, podendo associar ao tratamento apenas um anti-histamínico, pois estas manifestações são usualmente autolimitadas. Artralgias e desconforto abdominal também podem ocorrer e desaparecem após alguns dias de tratamento. Em até 5% dos pacientes pode ocorrer aumento de enzimas hepáticas. Contudo, a inflamação hepática, com elevação de AST E ALT é rara. É considerada uma medicação de risco para o tratamento de gestantes, uma vez que seu uso foi relacionado ao um raro defeito no couro cabeludo fetal. Ademais, malformações congênitas mais graves, como atresia das coenas e fístulas traqueoesofágicas também têm sido associadas ao uso desta medicação. Nestes casos, recomenda-se o uso de PTU no primeiro trimestre da gestação. Outra complicação rara é a agranulocitose, contudo, é bastante grave e tem correlação com alta mortalidade. Geralmente, ocorre nos primeiros meses de tratamento, em pacientes idosos, com doses superiores a 30mg/dia. Apesar deste relato específico, existem dados que mostram granulocitose independente da dose, idade, duração do tratamento ou de segunda exposição ao antitireoidiano. Dessa maneira, todo paciente em uso de metimazol deve ser orientada a fazer um leucograma quando apresentar febre, dor de garganta ou outra infecção, e interromper a droga até a exclusão da agranulocitose. A recuperação do paciente que entra nessa condição leva alguns dias, mas pode ser letar se a infecção não for prontamente tratada. O fator estimulador de granulócitos (G-CSF) tem sido utilizado como terapia adjuvante em casos graves. Em contrapartida a gravidez, em casos de granulocitose, o PTU também é contraindicado. Popiltiouracil (PTU) É pouco usado na prática clínica, tendo seu uso restrito apenas no primeiro trimestre da gestação, nos casos de crise tireotóxica (por inibir a 5’-deiodinase em altas doses) e em pacientes com efeitos colaterais relacionados ao metimazol. Contudo,cerca de 50% dos pacientes que apresentam efeitos colaterais ao metimazol também podem apresentar ao PTU. A dose varia de 100 a 900 mg/dia, que deve ser tomado em 2 a 3x ao dia, pois sua meia vida é curta. Uma das vantagens que o metimazol tem em relação ao PTU é sua menor capacidade de inibir a organificação do iodo, em relação ao metimazol. Além disso, o uso prévio do PTU está relacionado com insucesso terapêutico com radiodo, do que com o metimazol. Além de inibir a organificação do iodo, a PTU também inibe a conversão de T4 em T3, de modo que o fármaco reduz o nível de hormônio tireoidiano ativado com mais rapidez que o metimazol Em relação aos efeitos colaterais estão: prurido, rash e altralgia. Raramente causa agranulocitose. A presença de vasculite com anticorpo citoplasmático de neutrófilo (ANCA) tem sido relacionado ao uso de PTU. Contudo, a preocupação mais importante é a hepatoxicidade do PTU. Ele pode levar a necrose hepática focal até a hepatite fulminante, tendo, esses pacientes, a necessidade de transplante ou virão a óbito. Ocorre dentro dos primeiros 90 dias de uso e não é relacionada com a dose. PTU não deve ser usado se houver elevação de transaminase. FONTE: Clínica Médica A redução da atividade da tireoide e dos efeitos de seus hormônios pode ser obtida por fármacos que interferem na produção dos hormônios tireoidianos, por agentes que modificam a resposta dos tecidos a esses hormônios ou pela destruição da glândula com irradiação ou cirurgia. Os bociógenos são agentes que suprimem a secreção de T3 e de T4 para níveis subnormais, aumentando assim o TSH, que, por sua vez, produz aumento de tamanho da glândula (bócio). Os compostos antitireoidianos usados clinicamente incluem as tioamidas, os iodetos e o iodo radiativo. Tioamidas As tioamidas metimazol e propiltiouracila constituem os principais fármacos para o tratamento da tireotoxicose. No Reino Unido, o carbimazol, que é convertido em metimazol in vivo, é amplamente usado. O metimazol é cerca de dez vezes mais potente do que a propiltiouracila e constitui o fármaco de escolha em adultos e crianças. Em virtude da tarja preta alertando sobre a ocorrência de hepatite grave, a propiltiouracila deve ser reservada para uso durante o primeiro trimestre de gravidez, na Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG tempestade tireoidiana e em pacientes que apresentam reações adversas ao metimazol (outras que não agranulocitose ou hepatite). As estruturas químicas desses compostos são apresentadas na Figura 38-5. O grupo tiocarbamida é essencial para a atividade antitireoidiana. Farmacocinética O metimazol é totalmente absorvido, porém em taxas variáveis. Acumula-se rapidamente na glândula tireoide e apresenta um volume de distribuição semelhante ao da propiltiouracila. A excreção é mais lenta que a da propiltiouracila; 65 a 70% de uma dose é recuperada na urina em 48 horas. Em contrapartida, a propiltiouracila é rapidamente absorvida, alcançando níveis séricos máximos depois de uma hora. A biodisponibilidade de 50 a 80% pode ser decorrente de sua absorção incompleta ou de um acentuado efeito de primeira passagem no fígado. O volume de distribuição aproxima-se daquele da água corporal total, com acúmulo na glândula tireoide. A maior parte de uma dose ingerida de propiltiouracila é excretada pelos rins na forma de glicuronídeo inativo em 24 horas. A meia-vida plasmática curta desses fármacos (1,5 hora para a propiltiouracila e 6 horas para o metimazol) tem pouca influên cia sobre a duração da ação antitireoidiana ou sobre o intervalo entre as doses, visto que ambos os fármacos são acumulados pela glândula tireoide. No caso da propiltiouracila, é razoável administrar o fármaco a cada 6 a 8 horas, visto que uma dose única de 100 mg pode inibir a organificação do iodo em 60% durante 7 horas. Como a administração de uma dose única de 30 mg de metimazol exerce um efeito antitireoidiano por mais de 24 horas, a prescrição de uma dose diária única mostra- -se efetiva no tratamento do hipertireoidismo leve a grave. Ambas as tioamidas atravessam a barreira placentária e concentram-se na tireoide fetal, exigindo cautela quando esses fármacos são usados durante a gravidez. Devido ao risco de hipotireoidismo fetal, ambas as tioamidas são classificadas na categoria D da FDA para gravidez (evidências de risco para o feto humano, com base em dados de reações adversas em pesquisa ou experiência do produto comercializado, ver Capítulo 59). Das duas tioamidas, a propiltiouracila é preferível durante o primeiro trimestre de gravidez, uma vez que se liga mais fortemente às proteínas e, portanto, atravessa a placenta com menos facilidade. Além disso, o metimazol tem sido associado, ainda que raramente, a malformações congênitas. Ambas as tioamidas são secretadas em baixas concentrações no leite materno, porém são consideradas seguras durante o aleitamento. Farmacodinâmica As tioamidas atuam por múltiplos mecanismos. A principal ação desses fármacos consiste em impedir a síntese de hormônio ao inibir as reações catalisadas pela tireoide peroxidase, bloqueando a organificação do iodo. Além disso, bloqueiam o acoplamento das iodotirosinas. Não bloqueiam a captação de iodeto pela glândula. A propiltiouracila, mas não o metilmazol, inibe a desiodação periférica da T4 e da T3 (Figura 38-1). Como esses fármacos afetam mais a síntese do que a liberação dos hormônios tireoidianos, o início de ação é lento, com frequência exigindo 3 a 4 semanas para ocorrer depleção das reservas de T4 . Toxicidade Ocorrem reações adversas às tioamidas em 3 a 12% dos pacientes tratados. A maioria das reações é observada precocemente, em particular náuseas e desconforto gastrintestinal. Pode ocorrer uma sensação alterada do paladar ou do olfato com o metimazol. O efeito colateral mais comum consiste em exantema pruriginoso maculopapular (4 a 6%), algumas vezes acompanhado de sinais sistêmicos, como febre. Os efeitos colaterais raros incluem exantema urticariforme, vasculite, reação semelhante ao lúpus, linfadenopatia, hipoprotrombinemia, dermatite esfoliativa, polisserosite e artralgia aguda. Foi relatado um risco aumentado de hepatite grave, algumas vezes levando à morte, com a propiltiouracila (tarja preta de alerta), de modo que seu uso deve ser evitado em crianças e adultos, a não ser que não se disponha de outra opção. A icterícia colestática é mais comum com o metimazol do que com a propiltiouracila. Além disso, podem ocorrer elevações assintomáticas dos níveis de transaminases. A complicação mais perigosa consiste em agranulocitose (contagem de granulócitos < 500 células/mm3 ), uma reação adversa rara, porém potencialmente fatal. Ocorre em 0,1 a 0,5% dos pacientes em uso de tioamidas, porém o risco pode aumentar em pacientes de idade mais avançada, bem como naqueles que recebem terapia com mais de 40 mg/dia de metimazol. Em geral, a reação é rapidamente reversível com a interrupção do fármaco; entretanto, pode ser necessário instituir uma terapia com antibióticos de amplo espectro para as infecções que ocorrem como complicação. Os fatores de estimulação de colônias (p. ex., G-CSF; ver Capítulo 33) podem acelerar a recuperação dos granulócitos. A sensibilidade cruzada entre a propiltiouracila e o metimazol é de cerca de 50%; por conseguinte, não se recomenda substituir um fármaco por outro em pacientes com reações graves. Inibidores Aniônicos Os ânions monovalentes, como o perclorato (CIO4 – ), o pertecnetato (TcO4 – ) e o tiocianato (SCN– ), podem bloquear a captação de iodeto pela glândula por meio da inibição competitiva do mecanismo de transporte do iodeto. Como esses efeitos podem ser revertidos com o uso de grandes doses de iodeto, sua eficácia é um tanto imprevisível. O principal uso clínico do perclorato de potássio consiste em bloquear a recaptação de I− pela tireoide em pacientes com hipertireoidismo induzido por iodeto (p. ex., hipertireoidismo induzido por amiodarona). Todavia, o perclorato de potássio raramente é usado para fins clínicos,visto que está associado ao desenvolvimento de anemia aplásica. Iodetos Antes da introdução das tioamidas na década de 1940, os iodetos eram os principais agentes antitireoidianos. Hoje são raramente usados como monoterapia. Farmacodinâmica Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG Os iodetos exercem várias ações sobre a tireoide; inibem a organificação e a liberação dos hormônios e diminuem tanto o tamanho quanto a vascularidade da glândula hiperplásica. Nos indivíduos suscetíveis, os iodetos podem induzir hipertireoidismo (fenômeno de Jod- Basedow) ou precipitar hipotireoidismo. Em doses farmacológicas (> 6 mg/dia), a principal ação dos iodetos consiste em inibir a liberação de hormônio, possivelmente pela inibição da proteólise da tireoglobulina. Observa-se uma rápida melhora dos sintomas tireotóxicos – em 2 a 7 dias –, daí o valor da terapia com iodeto na tempestade tireoidiana. Além disso, os iodetos diminuem a vascularização, o tamanho e a fragilidade da glândula hiperplásica, o que torna esses agentes valiosos na preparação pré-operatória do paciente para cirurgia. Uso clínico do iodeto As desvantagens da terapia com iodeto incluem o aumento das reservas intraglandulares de iodo, o que pode retardar o início da terapia com tioamidas ou impedir o uso de iodo radiativo durante várias semanas. Por conseguinte, os iodetos devem ser iniciados após a instituição da terapia com tioamidas e evitados se existir a possibilidade de tratamento com iodo radiativo. O iodeto não deve ser utilizado isoladamente, visto que a glândula irá escapar do bloqueio em 2 a 8 semanas, e sua suspensão pode provocar grave exacerbação da tireotoxicose em uma glândula com quantidade abundante de iodo. Deve-se evitar o uso crônico de iodetos durante a gravidez, visto que eles atravessam a placenta e podem causar bócio no feto. Nas emergências de irradiação envolvendo a liberação de isótopos de iodo radiativo, os efeitos bloqueadores do iodeto de potássio sobre a tireoide podem proteger a glândula de lesão subsequente se for administrado antes da exposição à irradiação. Toxicidade As reações adversas ao iodo (iodismo) são incomuns e, na maioria dos casos, reversíveis com a interrupção. Essas reações incluem erupção acneiforme (semelhante àquela do bromismo), aumento de volume das glândulas salivares, ulcerações das mucosas, conjuntivite, rinorreia, febre medicamentosa, gosto metálico, distúrbios hemorrágicos e, raramente, reações anafilactoides. Iodo radiativo O 131I é o único isótopo usado no tratamento da tireotoxicose (outros são empregados no estabelecimento do diagnóstico). Quando administrado por via oral em solução na forma de 131I de sódio, é rapidamente absorvido, concentrado pela tireoide e incorporado nos folículos de armazenamento. Seu efeito terapêutico depende da emissão de raios β, com meia-vida efetiva de 5 dias e faixa de penetração de 400 a 2.000 µm. Em poucas semanas após a sua administração, ocorre destruição do parênquima da tireoide, evidenciada por intumescimento e necrose do epitélio, desorganização folicular, edema e infiltração de leucócitos. As vantagens do iodo radiativo incluem administração fácil, eficácia, baixo custo e ausência de dor. A preocupação quanto à possibilidade de lesão genética induzida por irradiação, leucemia e neoplasia não foi corroborada depois de mais de 50 anos de experiência clínica com a terapia com iodo radiativo para o hipertireoidismo. O iodo radiativo não deve ser administrado a mulheres grávidas ou mães durante lactação, visto que atravessa a placenta para destruir a glândula tireoide do feto e é excretado no leite materno. Agentes bloqueadores dos receptores adrenérgicos Os β-bloqueadores sem atividade simpatomimética intrínseca (p. ex., metoprolol, propranolol, atenolol) constituem adjuvantes terapêuticos efetivos no tratamento da tireotoxicose, visto que muitos dos sintomas simulam aqueles associados à estimulação simpática. O propranolol tem sido o bloqueador β mais amplamente estudado e utilizado na terapia da tireotoxicose. Os β-bloqueadores produzem melhora clínica dos sintomas hipertireoidianos, porém tipicamente não altera os níveis de hormônios tireoidianos. O propranolol em doses acima de 160 mg/dia também pode reduzir os níveis de T3 em cerca de 20% ao inibir a conversão periférica de T4 em T3 . Fonte: Farmacologia – Katzung. → Radioterapia É considerado um recurso seguro, eficiente e com excelente custo-benefício. A radioterapia pode ser oferecida como tratamento inicial da doença de Graves ou como um tratamento definitivo - após falha ou reincidiva do tratamento medicamentoso. É prudente evitar esse tratamento em crianças abaixo de 7 anos, e não deve ser usada em grávias e mulheres que estão amamentando. As pacientes, ao fazerem o uso desse tratamento, devem ser advertidas para evitar a concepção por 3 a 6 meses após o tratamento - destaque de que ele não é considerado um teratôgeno, conduto, mas seu uso não é indicado após a 10ª-12ª semana de gestação, quando a tireoide fetal já se desenvolveu, pois pode levar ao hipotireoidismo congênito. Deve também ser evitada em pacientes com câncer na tireoide ou na presença de nódulo tireoidiano com citologia suspeita ou indeterminada. O funcionamento da terapia é baseado no fato de que a radiação do iodo causa destruição tecidual, causando um intenso processo inflamatório que tente a evoluir para uma fibrose, levando a diminuição da produção dos hormônios tireoidianos. Entre 10 a 15 dias após o ínicio do tratamento, o paciente pode apresentar dor na região anterior do pescoço e piora do hipertireoidismo, por causa do processo inflamatório. Recomenda-se, nesses casos, o uso de AINES para aliviar o desconforto do paciente. A condição de oftalmopatia de Graves pode exarcerba-se após o raioiodo, especialmente em fumantes, em decorrência de uma maior exposição a antígenos liberados com o processo inflamatório. Dessa maneira, a raioterapia é contraindicada na presença de oftalmopatia em atividade ou grave. Em casos de exoftalmopatia, a piora pode ser previnida com uso de glicocorticoides em baixa dose, como prednisona 0,3 a 0,5mg/kg/dia, iniciando no mesmo dia ou no dia seguinte ao ínicio da radioterapia, com manutenção por 30 dias e redução progressiva após 2 a 3 meses. Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG O uso de drogas antitireoidinas após o uso do radioiodo, em especial o PTU, pode reduzir sua eficâcia terapêutica. Os pacientes com tireotoxicose leve a moderada podem receber a radioterapia sem necessitar de tratamento anterior com drogas antitireoidianas. Entretanto, recomenda-se utilizar betabloqueador para previnir o aumento da frequência cardíaca ou outros sintomas adrenérgicos. Em pacientes com tireotoxicose grave ou idosos ou portadores de doença cardiovascular, utilizar a droga, com sua suspensão até 7 dias antes da radioterapia e a sua reintrodução 5 a 7 dias após a radioterapia. Obs. São raros os casos de piora da condição após a radioiodoterapia, no entanto, casos de piora da insuficência cardíaca e tromboembolismo possam ser observados - complicações. Embora o objetivo seja obter o eutireoidismo, isso raramente acontece. As tentativas de se estabelecer uma dose ótima de iodo para minimizar o surgimento de hipotireoidismo têm resultado frequenteme em insucessso terapéutico ou hiper subclínico. Dessa forma, o cálculo da dose única de iodo mais frequentemente utilizado baseia-se no percentual de captação de iodo em 24 horas e no volume da glândula obtida por meio da ultrassom. Após a radioterapia, o hipotireodismo ocorre em geral nos primeiros 3 meses e raramente após 12 meses. A redução do volume da glândula também é notada após o primeiro ano após a dose. Menos de 5% dos pacientes submetidos a radioiodoterapia necessitam de nova dose após 12 meses. Caso necessite, pode ser dada após os 12 meses, sempre mais alta pela radiorresistência inicial . Obs. A melhor orientação clínica indicando a ocorrência de remissão consiste na redução do tamanho do bócio. →Cirurgia É uma opção indicada para indivíduos com contraindicação para o tratamento medicamentos (reações adversas graves) e com a impossibilidade de submeter-se à radioterapia - gravidez, coexistência de nódulo tireoidiano de natureza indeterminada, bócio muito volumoso ou com sintomas compressivos, presença de exoftalmopatia grave e pacientes que desejam engravidar nos próximos 6 meses. O ideal é submeter o paciente a tireoidectomia total com eutireoidismo, evitando o risco de crise tireotóxica por manipulação cirúrgica. Quando não há possibilidade do preparo pré-operatório do paciente com droga antitireoidiana, é preconizado o uso do popanolol. A administração de antitireoidiano em combinação com iodeto de potássio 7 a 10 dias antes da cirurgia proporciona a diminuição da vasculorização da glândula, diminuindo o risco de hemorragia. A incidência de complicação pós-cirurgica depende da habilidade do cirurgião. Lesão de nervo recorrente laríngeo, hipoparatireoidismo permanente e hematoma são as possíveis complicações cirúrgicas, embora com baixa taxa de incidência. Ao redor de 25% das tireoidectomias causam hipocalcemia transitória e podem ser corrigidas pela suplementação oral de cálcio e raramente é necessário a reposição com vitamina D. É uma cirurgia indicada a todos os pacientes com Doença de Graves, afim de evitar reincidivas. Dessa forma, o hipotireoidismo é esperado em 100% dos casos. FONTE: Clínica Médica USP, farmacologia de Katzung e artigo “DOENÇA DE GRAVES - ETIOPATOGENIA, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO”, link: https://eg.uc.pt/bitstream/10316/79714/1/Tese%20final.p dfn Bócio multinodular tóxico É também conhecida como Doença de Plummer. É caracterizada pelo aparecimento de nódulos na tireoide com funcionamento autônomo - eles funcionam de forma independente do TSH, e normalmente, quando eles possuem essa característica de serem funcionais, são benignos e resultam no hipertireoidismo. No entanto, os nódulos tireoidianos quando não são funcionantes no mesmo bócio, podem ser malignos. Vários são os fatores etiológicos que contribuem para a formação do bócio, são eles: heterogeneidade funcional inerente dos nódulos da tireódeos, fatores de crescimento, agentes bocigênicos e exposição a excesso de iodo - a tireotoxicose pode ser preciptada pelo aumento da oferta de iodo, por exemplo, após exame com contraste iodado ou suplementação de iodo por deficiência (fenômeno conhecido como Jod-Basedow - hipertireoidismo induzido por iodo). É mais comum em idosos e é a segunda causa mais comum de hipertireoidismo no nosso meio. Esse hipertireoidismo no bócio multinodular é mais discreta do que na doença de Graves, por exemplo - com a predominância de manifestações cardíacas da tireotoxicose, como a fibrilação atrial e não se associa a oftalmopatia ou dermopatia por não ter origem autoimune. Contudo, o bócio formado tende a ser volumoso e pode provocar sintomas compreensivos, Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG como disfagia com decúbito e compressão de vasos (complicações locais). Quadro clínico Possui instalação insidiosa dos sintomas e sinais, principalmente aqueles referentes a fisiopatologia de hipertireoidismo, com predomínio das manifestações cardíacas - taquicardia sinusal, arritmias cardíacas e insuficiência cardíaca congestiva. Ponto chave no exame físico confirma-se a presença do bócio volumoso, sendo possível fazer a delimitação de nódulos mesmo a palpação. Deve-se fazer a busca pela presença de fatores de risco: histórico de deficiência de iodo, idade >40 anos, história familiar de nódulos tireoidianos. Outros pontos relevantes podem ser queixas de intolerância ao calor, hiperfagia ou perda de peso, depressão, nervosismo e oligomenorreia (menos de 10 menstruações no período de 1 ano ou de um ciclo com duração superior a 35 dias). Diagnóstico Além do quadro clínico, os exames laboratoriais revelam níveis séricos de TSH baixos com níveis de T3 e T4 normais, caracterizando o hipertireoidismo subclínico; ou níveis de T3 e T4 aumentados, demonstrando o hipertireoidismo evidente. O diferencial para da doença de Graves, é a falta do anti-rTSH presente no sangue. O exame de imagem mais utilizado é a ultrassonografia da tireoide avalia o tamanho e as característica dos nódulos. Na confirmação dos nódulos, é de interesse fazer o mapa e a captação da tireoide devem ser feitas em sequência - caso o nódulo for captante, não há indicação de punção, a chance de malignidade é muito baixa. Caso o mapa revele um nódulo não captante, a indicação de punção deve seguir os critérios de punção do nódulo tireoidiano. Contudo, de modo geral, a ultrassom mostra uma tireoide aumentada com parênquima heterogênio à custa de mais de um nódulo de tamanhos variados e geralmente heterogêneos, mistos e hipo e hiperecoicos - detectar o volume, se o bócio é mergulhante e se há desvio de traqueia. Pode ser feita também uma TC para obter a cintilografia da tireoide; está mostrará uma distribuição heterogêna, com áreas exibindo maior ou menor captação de radiotraçador. Esse exame também é usado para verificar a presença de extensão subesternal da tireoide - nestes casos, a captação com iodo mostra-se aumentada, refletindo a maior capacidade de um ou mais nódulos em produzir mais hormônios tireoidianos - contudo, não compara-se a produção que ocorre na doença de Graves. É através da TC, também, que pode-se estabelecer a extensão do componente subesternal visto no ultrassom, além de averiguar o desvio traqueal, com determinação do grau de estreitamento da luz e compressão de outras estruturas cervicais. Obs. Deve ser evitada TC com contraste de iodo para evitar a possibilidade de induzir o hipertireoidismo nos portadores de bócio multinodular simples (não tóxico) pelo efeito de Jod-Basedow. No caso de confirmação pela ultrassom do componente mergulhante, pode-se pedir um raio x simples de tórax para observar desvio de traqueia e alargamento do mediastino. Tratamento É feito com base no uso de tionamidas, tireoidectomia e ablação com radioiodo. → Drogas antitireoidianas Em contrapartida a doença de Graves, as tionamidas no bócio multinodular não tóxico não promovem remissão da doenlas, mas sim o eutireoidismo antes de submeter o paciente à cirurgia ou radioiodoterapia - que são as modalidades terapêuticas preferenciais nessa doença. Pode-se optar por usar unicamente a medicação, em longo prazo, em pacientes idosos que possuam contraindicação para a cirurgia ou a radioiodoterapia. Posologia: entre 5 a 10mg ao dia (> que na doença de Graves). → Radioiodoterapia O paciente deve, obrigatoriamente, ser submetido a um tratamento com metimazol até obter o eutireoidismo. Na maioria das vezes, é necessário doses elevadas de iodo para o sucesso terapêutico, pois o bócio é volumoso. Para melhorar essa situação, pode ser usado TSH recombinante afim de estimular a captação de radioiodo e reduzir a dose fornecida. Recomenda-se limitar o consumo externo de iodo de dose diária desse paciente, em média 7 dias antes e durante o tratamento, afim de maximizar o efeito terapêutico. Além disso, pode suspender o uso do medicamento quando a terapia com iodo começar. Alguns estudiosos indicam calcular a dose a ser dada de acordo com o volume estimado da glândula, a captação de radioiodo e a radiação desejada por grama de tireoide; já outros estudiosos optam por fornecer uma dose empírica. Essa radiação ofertada irá levar a destruição e diminuição da população de folículos tireoidianos com consequente diminuição do bócio - o efeito do tratamento é o surgimento do hipotireoidismo. Em relação ao supracitado uso de TSH recombinante como adjuvante da radioiodoterapia por auxiliar no aumento da absorção de iodo nos bócios; estudos tendem a mostrar que, doses muito baixas como a de 0,1mg parecem ser úteis no tratamento. Acredita-se que esse procedimento tende a a reduzir o nível de atividade de iodo administrada, altera a distribuição do iodo pela tireoide, reduz a dose de absorção e pode também reduzir o volume dobócio. A grande desvantagem é a indução do hipotireoidismo, além de provocar um aumento transitório do volume da tireoide, causando desconforto e sintomas obstrutivos na primeira semana de tratamento. Ainda são necessários mais testes para qualificar a questão do uso do TSH recombinante. → Cirurgia Indicada quando o bócio é de grande volume e apresente sintomas compressivos, a cirurgia pode ser indicada. A remoção total é preconizada, contudo, a remoção parcial pode ser feita quando a nodularidade é unilateral. Indica- se o tratamento pré-operatório com a droga antitireoidiana, mas nunca com o iodo para não Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG exacerbar esse hipertireoidismo. Necessário cirurgião especialista. FONTE: Clínica Médica da USP e https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/714 Adenoma tóxico Também conhecido como nódulo tireoidiano funcionante autônomo, é a terceira causa de hipertireoidismo a causar tireotoxicose. São quase sempre benignos e podem provocar apenas o hipertireoidismo subclínico com níveis de hormônio estimulante da tireoide (TSH) suprimidos e concentrações normais de hormônios tireoidianos livres. Tem entre seus fatores de risco a deficiência em iodo, ser um adulto jovem e o histórico familiar - afetando mais mulheres do que homens acima dos 30 anos. Eles são causados por alterações monoclonais de tireócitos (as células foliculares) que apresentam aumento da captação de iodo e, consequentemente, a síntese de hormônio tireoidiano. Podem ter seu fator preciptante mutações somáticas ativadoras de TSHR (receptor presente nas células) ou, mais raramente, mutações somáticas ativadores da subunidade alfa da proteína G. Ambas culimanam na ativação constitutiva da AMPc, desencadeando a formação de hormônios tireoidianos independente da ação do TSH. Quadro clínico Tem inicio insidioso e possui, também, predomínio dos sintomas cardiovasculares. Paciente apresentará os possíveis fatores de risco, além de nódulo palpável na tireoide e ser de uma idade mais jovem. Outros sintomas que podem estar presentes são: hiperfagia, perda de peso, sudorese e intolerância ao calor, nervosismo. Não apresenta oftalmopatia e dermopatia pois não é autoimune. Diagnóstico Em média, a partir de 3 a 4 cm, o adenomas tóxicos já são palpáveis e apresentam produção hormonal suficiente para causar as manifestações clínicas da tireotoxicose. Uma vez que o eixo hipófise-tireoide está preservado, a produção autônoma feita pelo adenoma dos hormônios - principalmente o T3 - inibe a secreção de TSH. Consequentemente, o TSH não irá estimular o tecido tireoidiano que permanece sem adenoma. Na presença de TSH baixo e nódulo, a cintilográfia da tireoide é mandatória. Com o uso de TC, o edenoma aparecerá “quente” em relação ao tecido normal, que, quanto mais em supressão, menor será sua vizualização. O ultrassom revela nódulo único, geralmente ocupando quase todo um lobo. Geralmente encontras-se nódulo grande, sólido ou misto, hipoecogênico, com vascularização periférica e contral. Apesar do tamanho, (>3cm) e das características do ultrassom, não se faz necessária a punção, pois o adenoma tóxico é sempre benigno. Tratamento Restringem-se a radioiodoterapia e a cirurgia. A medicação leva ao eutireoidismo, mas, com a descontinuidade, o hipertireoidismo retorna. A dose de iodo da radioterapia é alta e pode-se observar a diminuição do tamanho do nódulo, mas não seu desaparecimento completo. Estar atento para hipotireoidismo transitório uma vez que a radioiodo destrói o adenoma, mas a parte de tecido que estara sadio está suprimido, precisando de algumas semanas para ser estimulado pelo aumento progressivo do TSH que também estava supremido. Deve-se diferenciar do hipotireoidismo causado por destruição do tecido sadío durante o tratamento por contiguidade da radiação. As chances de recorrência é baixíssima. A remoção cirúrgica do adenoma pode ser indicada quando há sinais compressivos e grandes nódulos (>6 cm de diâmetro). A lobectomia é o procedimento indicado, e cerca de 40% dos pacientes desenvolver hipotireoidismo permanente, principalmente idosos. FONTE: Clínica médica da USP e https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/34 Tumores trofoblásticos A mola hidatiforme e o coriocarcinoma constituem a doença trofoblástica gestacional que é uma causa rara de hipertireoidismo65. Grandes quantidades de gonadotrofina coriônica são produzidas e essa possui fraca atividade similar ao TSH, o desenvolvimento do hipertireoidismo dependerá da natureza das isoformas e, das gonadotrofinas coriônicas produzidas66 e, também quando o nível sérico excede a 200 UI/mL67. Ocorre em cerca de 1 em 2.000 gravidezes nos Estados Unidos, e sua incidência é 10 vezes maior em países asiáticos e na América Latina. O coriocarcinoma aparece em aproximadamente 1 em 60.000 gravidezes, com cerca de 40% dos casos sobrevindo em mulheres previamente diagnosticadas como portadoras de mola hidatiforme. A remoção cirúrgica da mola ou a quimioterapia apropriada do coriocarcinoma cura o hipertireoidismo. FONTE: Clínica Médica da UPS Crise tireotóxica Pode ser definida como uma exarcebação aguda do estado hipertireóideo e representa o grau máximo de expressão clínica da tireotoxicose - é uma condição rara e fatal se não diagnósticada e tratada rapidamente. Apesar de a CT poder se desenvolver em pacientes hipertireóideos de longa duração, ela se manifesta mais freqüentemente associada a um evento agudo como: período pós-cirurgias, tireoidianas ou não, infecção, trauma, sobrecarga aguda de iodo, uso de drogas anticolinérgicas e adrenérgicas, gravidez, ingestão de hormônio tireoidiano, embolia pulmonar, cetoacidose diabética ou acidente vascular cerebral. Nesse pensamento, acredita-se que, pelo menos dois mecanismos fisiopatológico essenciais parecem conduzir o hipertireoidismo grave para a crise tireotóxica: 1. Aumento súbito de hormônio tireoidiano circulante liberado pela glândula (ex. Cirurgia tiróidea, retirada de https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/34 Laura Vieira Gomes de Oliveira - Medicina UNIFG droga antitireoidiana, terapia com radioiodo, palpação tireóidea vigorosa, uso de contrastes iodados). 2. Elevação repentina na disponibilidade de hormônio tireoidiano livre no organismo, pela redução da capacidade de ligação das proteínas transportadoras de hormônio tireoidiano, por exemplo, na combinação de hipertireoidismo exarcerbado com cirurgias não tiróideas, infecção, acidente cerebro-vascular, tromboembolismo pulmonar, trabalho de parto, cetoacidose diabética, agressão emocional e trauma. Além disso, algumas investigações recentes apontam a o a suspensão da droga antitireoidiana, previamente à administração do iodo, como sendo o principal fator responsável, pelo desencadeamento da crise e não a administração da radioiodoterapia, como alguns acreditavam. As manifestações principais são: Febre alta com sudorese profusa Taquicardia (por vezes com frequência superior a 140 bpm) Agitação Confusão Delírio ou psicose Os sintomas de hipertiroidismo são exarcebados - taquicardia, comprometimento neurológico, disfunção gastrointestinal e hepático. Esses pacientes devem ser tratados em uma unidade de terapia intensiva, com o objetivo de reduzir a exposição do organismo aos hormônios tireoidianos, promover o bloqueio beta adrenérgico, medidas de apoio e identificar e tratar o fator precipitante da descompensação. A remoção dos hormónios cirulantes pode ser feito em casos extremos, através de plasmaférese, quando ocorre a deterioração progressiva do quadro clínico apesar da terapia descrita cima. O tratamento de suporte deve proporcionar o controe da hipertermina com paracetamol e resfriamento corpóreo. Além disso, deve ser prioridade a identificação do fator precipitante, principalemente de foco infeccioso, para auxiliar a melhora da clínica. FONTE: Clínica Médica da USP
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