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Escrito por Mariana Martins Felipe Reabilitação cardiovascular e metabólica É de extrema importância fazer com que o paciente seja um sujeito ativo dentro do seu processo de reabilitação. O infarto agudo do miocárdio é a isquemia do coração e, no inicio, a indicação era de manter repouso absoluto no leito, mas foi se percebendo que ficar desta forma era ainda pior em vista da formação de trombos e outras complicações. Após muito tempo se iniciou a deambulação a curta distancia após um mês. 1990: tratamento do IAM sendo repouso absoluto no leito. 1940: repouso na posição sentado. 1944: deambulação após um mês de IAM. 1956: deambulação após 14 dias. 1962: primeiro programa de exercícios físicos após IAM. 1987: a OMS assinou que a reabilitação cardíaca faz parte do tratamento cardiológico; devemos tirar o paciente do imobilismo e trazer condicionamento para a sua vida. Atualmente já está muito bem estabelecido na literatura o efeito protetor e terapêutico do exercício em processos inflamatórios de baixa magnitude, por induzir ao aumento sistêmico de um considerável número de citocinas com propriedades anti-inflamatórias. Com o exercício, temos um aumento da mitocôndria dentro da célula, aumento de fibras oxidativas musculares, aumento da oxidação das células de gordura queimando as mesmas, e aumento da Escrito por Mariana Martins Felipe capacidade aeróbia. Esses eventos trazem outros efeitos em outros sistemas do organismo. No sistema nervoso central, há redução da ansiedade; aumento da expressão de fatores neurotróficos; aumento da melhora da função cognitiva; melhora da qualidade de sono; melhora do declínio mental; equilíbrio do triglicérides; aumento do HDL; diminuição do LDL; redução da pressão arterial; redução dos fatores de coagulação; aumento da função do endotélio, que ajuda no equilíbrio da glicose e insulina. No coração, temos uma melhora de fluxo da coronária e melhora importante na função cardiorrespiratória, além da importante perda da gordura abdominal. A maneira como nós elaboramos exercícios físicos na reabilitação dos nossos pacientes acontece da seguinte forma: primeiro devemos avaliar minuciosamente para entender a melhor maneira de aplicar exercícios e quais serão, a sua intensidade, intervalos e outros aspectos. METS 1 MET significa 1 equivalente metabólico, ou seja, a medida que o corpo gasta oxigênio por quilo, por minuto de atividade, equivalendo 3,5 ml/kg/min O2. Ao realizar uma atividade de menor gasto energético, tem-se um menor gasto energético, cosumindo uma menos quantidade de oxigênio; já aumentando a intensidade, há um maior gasto energético, consumindo uma maior quantidade de oxigênio. Em pacientes cardíacos, começamos o tratamento com exercícios e atividades de baixo gasto energético, como as atividades Escrito por Mariana Martins Felipe de vida diária, como trocar de roupa e sair da cozinha para o quarto, entre outros; atividades que gastem cerca de 1 MET. Conforme o tempo vai passando, nós vamos aumentando a quantidade de esforço para que ele faça outras coisas além das atividades de vida diária, fazendo atividades de maior intensidade e esforço, como subir um lance de escadas, gastando 4 METS. Depois se evolui para uma corrida leve, arrastar móveis e esfregar o chão, gastando de 4 a 10 METS; e superior a 10 METS para esforços vigorosos, como jogar futebol e realizar atividades desportivas no geral. Vale ressaltar que 1 MET = 3,5 ml/kg/min O2; então 2 METS equivalem a 7 ml/kg/min O2. Então, em uma atividade que gaste 2 METS, se usa 7 ml por quilo por minuto de oxigênio. Fases da reabilitação cardiovascular A reabilitação cardiológica é dividida por 4 fases, sendo as seguintes: A fase 1, ou fase hospitalar, consiste no início do programa de reabilitação, já com mobilização precoce, atividades de baixo gasto energético, que otimizam a capacidade funcional para as atividades de vida diária preparando o paciente para a alta hospitalar. É iniciado um protocolo de exercícios progressivos com atividades de baixa intensidade, gastando cerca de 2 a 4 METS. A fase 2 é a primeira etapa após a alta hospitalar, sendo recomendado o seu início após a alta hospitalar (3 a 6 meses, por 3 vezes na semana); nós tentamos colocar os exercícios de mais alta intensidade, gastando mais METS. Precisamos convencer o paciente para que ele continue o tratamento. Escrito por Mariana Martins Felipe A fase 3 tem duração de 6 a 24 meses, tendo o objetivo de aprimorar as condições físicas do paciente, promovendo a qualidade de vida e reduzindo os riscos para complicações clínicas. É a fase em que o paciente mais foge, porque ele começa a se sentir melhor e achar que não precisa fazer mais o tratamento, não percebendo que a sua melhora vem justamente do tratamento. A fase 4 é iniciada a longo prazo; nesta fase não necessariamente há supervisão do paciente, onde as atividades realizadas já são vinculadas às preferências esportivas do paciente. nesta fase começamos a deixar o paciente mais solto, fazendo um desmame do profissional da fisioterapia e educação física. Passos da reabilitação cardíaca A reabilitação cardíaca, segundo alguns autores, deve seguir 7 passos principais, sendo eles: Passo 1: no primeiro dia de reabilitação, com o paciente em hospital dentro da UTI coronariana, estando deitado, podemos fazer exercícios respiratórios, exercícios ativos de extremidades, ativo- assistidos de cintura, cotovelo e quadril, sendo de baixíssima intensidade, gastando de 1 a 2 METS. Passo 2: o paciente estando na UTI coronariana dentro do hospital, fazemos atividades com o paciente sentado, fazendo exercícios respiratórios associados aos membros superiores, ativos de extremidades, de joelho, coxofemoral, gastando de 1 a 2 METS. Passo 3: com o paciente na enfermaria, podemos colocá-lo em pé fazendo a mesma conduta do passo 2, associado a exercícios ativos de membros superiores, alongamento ativo de membros inferiores, Escrito por Mariana Martins Felipe iniciar deambulação a curta distância no ritmo do paciente, gastando de 2 a 3 METS. Passo 4: fazemos alongamentos e deambulação de 70 metros, gastando em torno de 3 a 4 METS. Passo 5: fazemos exercícios de rotação de tronco e pescoço, e deambulação, gastando de 3 a 4 METS. Passo 6: fazemos a conduta do passo 5, associado à deambulação, descer escadas, gastando de 3 a 4 METS. Passo 7: podemos fazer todas as condutas anteriores e dar as orientações finais para o paciente e sua alta hospitalar, gastando 3 a 4 METS. Objetivos terapêuticos Entre os objetivos terapêuticos da reabilitação cardíaca, queremos reduzir os efeitos deletérios do repouso prolongado no leito, avaliar respostas clínicas e o aumento progressivo do esforço. Um dos efeitos do exercício físico no cardiopata é o aumento no transporte de oxigênio, decorrente ao aumento da densidade dos capilares sanguíneos, otimizando o fluxo sanguíneo e promovendo a capacidade funcional. É muito importante ensinar para o paciente a escala de percepção do esforço de Borg, que nos ajuda a entender como o paciente percebe o esforço feito por ele, e vai de uma pontuação de 0 a 20. A escala foi adaptada para que o dia a dia fique mais fácil a sua utilização e o seu entendimento; hoje em dia usamos a escala para os pacientes no hospital, e a sua pontuação vai de 0 a 10. Escrito por Mariana Martins Felipe Por exemplo, o paciente vai subir escadas, e nos perguntamos quanto ele sente de cansaço; se estiver muito forte ele vai falar que é nota 10, no entanto sentindo um cansaço nota 2 significa que ele está pouco cansado. Nós devemos interromper o exercício quando o paciente estiver com Borg superior a 6, enquanto isso medimos os sinais vitaise esperamos que ele descanse, e então voltamos a realizar os exercícios.
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