Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Alan Paz • Aspectos histológicos da mama - Os ductos e lóbulos normais da mama são revestidos por duas camadas de células epiteliais, uma camada interna de células luminais, sobrejacentes a uma segunda camada de células mioepiteliais - A hiperplasia epitelial é reconhecida pela presença de mais de duas camadas de células - Papilomatose ductal: projeção de várias excrescências papilares para a luz ductal pelo epitélio proliferativo - Uma hiperplasia atípica carrega características semelhantes ao carcinoma in situ, sendo relacionada a aumento do risco de carcinoma invasivo o Ciclo menstrual - Fase proliferativa: estroma celular, luz ductular fechada, atividade mitótica, células mioepiteliais não vacuolizadas - Fase secretória: estroma frouxo, luz ductular aberta e com secreção, ↓ atividade mitótica, células mioepiteliais vacuolizadas o Localização anatômica - Ducto terminal da unidade lobular: cistos, adenose (↑ nº de ácinos), hiperplasia (↑ ep. revestimento) - Ductos maiores e seio lactífero: ectasia ductal, abscesso subareolar - Estroma interlobular: necrose gordurosa • Tumores da Mama - Podem surgir a partir de estruturas do tecido conjuntivo, mas são as estruturas epiteliais que dão origem às neoplasias comuns da mama - Na presença de lesão suspeita, investiga-se a partir de radiologia e clínica - Core biopsy: punção guiada pelo exame de imagem para se dar diagnóstico definitivo - Quando o tumor é muito pequeno, é necessário agulhamento antes para ajudar a localizar na cirurgia - Lesão suspeita de malignidade: colocar clipe metálico no lugar onde era o tumor, porque será necessário nova cirurgia para remover mais margem livre caso o diagnóstico seja, de fato, maligno. - Muitas mulheres tem lesões mamárias e nem todas são malignas, a grande maioria das lesões são benignas, embora algumas são benignas e simulam malignas Neoplasias benignas: epiteliais, mistas ou mesenquimais o Epiteliais: formadas exclusivamente por células neoplásicas originadas do epitélio (mais comuns: papiloma, adenoma tubular e da lactação) ▪ Lesões papilares: benignas ou malignas - Mais observado em mulheres na pré-menopausa - Geralmente, são lesões isoladas dentro dos ductos ou seios lactíferos principais - Manifestação clínica: derrame papilar seroso/sanguinolento, presença de pequeno tumor subareolar - Exame de imagem: nódulo complexo (pt. sólida + pt. cística), geralmente dentro do cisto está o conteúdo sólido - Pode ser intraductal (< 1 cm) ou intracístico (> 1 cm) -> em geral, não se diferencia na prática - O papiloma é atípico quando dentro do tumor há elementos de atipia - A presença de um epitélio de camada dupla ajuda a distinguir o papiloma intraductal do carcinoma papilar intraductal ❖ Microscópico - Tecido fibroconjuntivo* vascularizado não neoplásico (vai crescendo para sustentar o epitélio, que é neoplásico) - Ducto dilatado, crescimento de células de maneira arboriforme, revestido por duas camadas de células epiteliais (colunares e mioepiteliais) - Proliferação epitelial grande → diagnóstico diferencial por meio do imuno-histoquímico *O tecido fibroconjuntivo é de sustentação, o papiloma em si é uma lesão puramente epitelial. ❖ Marcador p63: imuno-histoquímico; - Positivo: marca o núcleo de células mioepiteliais, indicando que elas estão presentes, além de marcar o contorno da lesão, indicando ausência de invasão. - Negativo: lesão maligna - Células mioepiteliais só estarão presentes em células benignas nas lesões papilares ❖ Citoqueratina 5/6: marcação de padrão membrana. - Positivo: normal - Negativo: há, no mínimo, uma hiperplasia atípica, podendo ser carcinoma in situ. ❖ Lesões papilares malignas - Carcinoma papilífero intracístico ou intraductal: originalmente, é invasiva por não conter células mioepiteliais. Crescem expandindo o parênquima em torno, sem dar aspecto infiltrativo, se mantendo o tempo todo como se estivesse dentro de um ducto/cisto, comportamento biológico de carcinoma in situ. - Carcinoma papilífero invasivo: neoplasia maligna invasiva o Mistos: componentes epiteliais e mesenquimais (ex: fibroadenoma e tumor filoide) ▪ Fibroadenoma (FA): lesão mista (epitelial e mesenquimal) - É a neoplasia benigna mais comum da mama feminina - Mais comum entre pacientes de 20 a 30 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade - Na maioria das vezes, é múltiplo e bilateral - Formado por estroma fibroblástico e glândulas revestidas por epitélio, mas apenas as células do estroma são verdadeiramente neoplásicas - Seu componente epitelial responde a estímulo hormonal (ex: mulher que tem FA e engravidam, pode aumentar o tumor por hiperestímulo, mas geralmente regride após gravidez) - Branco-acinzentado, bem circunscrito (isolado, distinto), firme e elástica, móvel, crescimento geralmente mais lento que o TF - Espaços em fendas podem ser visualizados (ductos achatados e aumentados) - Possuem 1 a 10 cm de diâmetro ❖ Microscópico: proliferação epitelial e mesenquimal, comprimindo glândulas ➢ Fibroadenoma > 4 cm: suspeitar de tumor filoides - É muito importante o diagnóstico diferencial, porque o FA raramente recidiva, enquanto que o TF recidiva muito mais comumente, então se for confirmado que é TF, precisa remover maior margem livre na cirurgia - Muitas vezes, em biópsia de agulha, não consegue diferenciar FA de TF. Se for TF, precisa ser removido. ➢ Fibroadenoma complexo: quando está associado a alguma outra lesão epitelial - Cistos maiores que 0,3 cm - Adenose esclerosante: proliferação com fibrose no interior dos ductos, gerando alteração da arquitetura, simulando lesão invasiva - Calcificações epiteliais - Metaplasia apócrina: é a metaplasia mais comum na mama, porque embriologicamente a mama é uma glândula sudorípara modificada - Radiologicamente, pode aparecer como uma lesão complexa (sólido + líquido) - Embora não tenha risco de malignização, há significado clínico por ter um crescimento rápido - Pode causar descarga papilar ▪ Tumor Filoide (previamente Cistossarcoma filoide) - Assim como fibroadenomas, são mistos/bifásicos, compostos de células estromais neoplásicas e glândulas revestidas por epitélio, contudo, o elemento estromal é mais celular e abundante, podendo formar projeções parecidas com folhas - Surgem de maneira original, e não de FA preexistente - Pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum aos 60 anos. - Comportamento clínico mais agressivo: especialmente em relação ao crescimento local e recidiva (podendo recidivar já como borderline ou maligno) - Alterações cromossômicas ❖ Classificação de TF: benigno, borderline ou maligno - A diferenciação entre borderline e maligno é feita apenas com o exame histopatológico: ↳ Se há ↑ celularidade estromal, anaplasia, atipia nuclear, rápido aumento no tamanho e margens infiltrativas, alta atividade mitótica* *Verificar por meio das figuras de mitose. Benigno: até 4 figuras num campo; Borderline: entre 4 e 9; Maligno: acima de 9. ❖ Microscópico: - Não tem limite bem definido e é bem aderido ao parênquima (≠ do FA) - Seu estroma é mais celular do que o estroma do fibroadenoma - Espaços em fenda - O que caracteriza o tumor filoide são suas projeções foliáceas dentro do seu parênquima - Há áreas de necrose no tumor quando o crescimento tumoral é mais rápido do que a vascularização acompanha → provavelmente, se há necrose, é maligno - Avaliar padrão de crescimento do tumor: se padrão muito infiltrativo, suspeitar de lesão maligna - Imuno-histoquímica: uso do Ki-67 para avaliar índice proliferativo: quanto maior, maior a chance de ser um TF maligno - Quando se está na dúvida entre TF borderline e maligno, usar o marcador CD34. A grande maioria dos fibroadenomas expressa CD34, enquanto que 40% dos TF benignos apresentam CD34(+). Contudo, cerca de 6% dos TF malignos também expressa CD34. o Mesenquimais: lipoma, hemangioma, linfangioma, neurofibroma, etc (podem ocorrer em qualquer lugar no corpo, assim como na mama) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
Compartilhar