Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho Neoplasias ▪ Neoplasia significa “novo crescimento”, e um novo crescimento é denominado de neoplasma. ▪ Antigamente, a neoplasia foi definida como uma massa anormal de tecido, cujo crescimento é excessivo e não coordenado com aquele dos tecidos normais, e persiste da mesma maneira excessiva após a interrupção do estímulo que originou as alterações. ▪ Nos tempos modernos, uma neoplasia pode ser definida como um distúrbio do crescimento celular que é desencadeado por uma série de mutações adquiridas que afetam uma única célula e sua progênie clonal. ▪ As mutações causais fornecem para as células neoplásicas uma vantagem de sobrevivência e de crescimento, resultando em proliferação excessiva que é independente de sinais fisiológicos de crescimento. ▪ Todos os tumores apresentam dois componentes básicos: → Parênquima Tumoral: constituído por células neoplásicas clonais; → Estroma Reativo: composto por tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e números variáveis de células do sistema imune inato e adaptativo. ▪ A classificação dos tumores e seu comportamento biológico são baseados principalmente no componente parenquimatoso, mas seu crescimento e disseminação são criticamente dependentes do seu estroma. ▪ Em alguns tumores, o tecido conjuntivo é escasso e então a neoplasia é macia e carnosa. Em outros casos, as células do parênquima estimulam a formação de um estroma colagenoso abundante, referido como desmoplasia. ● Tumores Benignos ▪ Diz‑se que um tumor é benigno quando seus aspectos micro e macroscópicos são considerados relativamente inocentes, significando que ele permanece localizado, não se disseminará para outras áreas e geralmente pode ser removido por cirurgia local, sendo compreensível que o paciente sobreviva. ▪ No entanto, os tumores “benignos” podem causar morbidade significativa e às vezes serem até fatais. ○ Nomenclatura ▪ Em geral, são designados ligando o sufixo -oma ao nome do tipo de célula a partir do qual se origina o tumor. Os tumores de células mesenquimais geralmente seguem essa regra. Por exemplo, um tumor benigno que surge nos tecidos fibrosos é denominado fibroma, enquanto um tumor cartilaginoso benigno é denominado condroma. ▪ Por outro lado, a nomenclatura dos tumores epiteliais benignos é mais complexa, alguns são classificados com base em suas células de origem, outros no padrão microscópico, e ainda outros em sua arquitetura macroscópica. ▪ O termo adenoma é aplicado a uma neoplasia epitelial benigna derivada de glândulas, apesar de poderem, ou não, formar estruturas glandulares. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ▪ As neoplasias epiteliais benignas que produzem micro e macroscopicamente projeções visíveis, semelhantes a dedos ou verrucosas, que surgem a partir de suas superfícies epiteliais, são referidas como papilomas. ▪ Aquelas que formam grandes massas císticas, tais como no ovário, são referidas como cistadenomas. Alguns tumores produzem padrões papilares que se projetam nos espaços císticos e são denominados cistadenomas papilares. ▪ Quando uma neoplasia, benigna ou maligna, produz uma projeção macroscopicamente visível acima da superfície mucosa e se projeta, por exemplo, na luz gástrica ou colônica, denomina‑ se pólipo. Se o pólipo possuir tecido glandular, ele é chamado de um pólipo adenomatoso. ● Tumores Malignos ▪ Os tumores malignos são referidos coletivamente como cânceres, pois costumam se aderir a qualquer região. ▪ Os tumores malignos podem invadir e destruir as estruturas adjacentes e se disseminar para áreas distantes (metastatizar), levando à morte. ▪ Nem todos os cânceres seguem um curso tão mortífero. Alguns são descobertos cedo o bastante para serem excisados cirurgicamente ou são tratados com sucesso com quimioterapia ou radiação, mas a designação “maligno” sempre levanta uma bandeira vermelha. ○ Nomenclatura ▪ A nomenclatura dos tumores malignos segue essencialmente o mesmo esquema usado para as neoplasias benignas, com adição de algumas expressões. ▪ Os tumores malignos que surgem em tecidos mesenquimais sólidos são geralmente chamados de sarcomas, enquanto os que surgem de células formadoras de sangue são as leucemias (literalmente, sangue branco) ou linfomas (tumores de linfócitos ou seus precursores). ▪ As neoplasias malignas de origem nas células epiteliais, derivadas de qualquer uma das três camadas germinativas, são denominados carcinomas. ▪ Portanto, o câncer que surge na epiderme de origem ectodérmica, o câncer que se origina nas células dos túbulos renais derivados da mesoderme e nas células do revestimento do trato gastrointestinal derivados da endoderme são todos denominados carcinomas. ▪ Os carcinomas podem ser ainda mais especificados. O termo carcinoma de células escamosas denota um câncer em que as células tumorais lembram o epitélio escamoso estratificado, e adenocarcinoma denota uma lesão em que as células epiteliais neoplásicas crescem em um padrão glandular. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ● Tumores Mistos ▪ Na maioria das neoplasias benignas e malignas, todas as células parenquimatosas se assemelham entre si. ▪ Com pouca frequência, contudo, a diferenciação divergente de um único clone neoplásico cria um tumor misto, tal como o tumor misto de glândula salivar. ▪ Esses tumores contêm componentes epiteliais esparsos em meio a um estroma mixoide que pode conter ilhas de cartilagem ou osso. ▪ Todos esses elementos surgem de um único clone capaz de produzir tanto células epiteliais quanto mioepiteliais, portanto, a designação de preferência para tais neoplasias é adenoma pleomórfico. ▪ A grande maioria das neoplasias, até mesmo os tumores mistos, são compostos por células de uma única camada germinativa. Uma exceção é o tumor chamado teratoma, que contém células maduras ou imaturas ou tecidos reconhecidamente pertencentes a mais de uma camada germinativa (às vezes a todas as três). ▪ O teratoma se origina de células germinativas totipotentes, normalmente presentes nos ovários e nos testículos e, algumas vezes, é também encontrado em restos embrionários anormais na linha média. ▪ Tais células podem se diferenciar em qualquer um dos tipos celulares encontrados no corpo adulto e, portanto, não surpreendentemente, podem originar neoplasias que contêm, de maneira desordenada, osso, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros tecidos. ▪ Um padrão particularmente comum é observado no teratoma cístico ovariano (cisto dermoide), que se diferencia principalmente em linhagens ectodérmicas para criar um tumor cístico revestido de pele e repleto de pelos, glândulas sebáceas e estruturas dentárias. ● Características das Neoplasias Benignas e Malignas ▪ Em geral, tumores benignos e malignos podem ser distinguidos com base em uma série de características anatômicas e histológicas. ▪ Os tumores malignos tendem a crescer mais rapidamente do que os tumores benignos, mas há tantas exceções que a taxa de crescimento não é um discriminador muito útil entre benignidade e malignidade. ❖ Diferenciação: as células do parênquima neoplásico assemelham-se às células parenquimatosas normais. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ❖ Anaplasia: é a falta de diferenciação celular. Pode ser considerada uma marca de malignidade. Reversão da diferenciação para um nível mais primitivo. Frequentemente está associada a muitas outras alterações morfológicas. ❖ Pleomorfismo: variação do tamanho e forma celular. Geralmente células cancerígenas mostram pleomorfismo. As células dentro do mesmo tumor não são uniformes, mas variam desde células pequenas, até células tumorais gigantes, podendo apresentar um único núcleo gigante polimorfo. ❖ Morfologia nuclear anormal: os núcleos são desproporcionalmente grandes para a célula. A forma do núcleo é variável e muitas vezes irregular. A cromatinaestá normalmente agrupada de forma desordenada e distribuída pela membrana nuclear, ou com uma coloração mais escura que o normal (hipercromática). ❖ Mitoses: nos tumores indiferenciados, muitas células estão em mitose, refletindo atividade proliferativa maior das células parenquimatosas. Não indica, que um tumor seja maligno ou que o tecido seja neoplásico. Mas indica rápido crescimento celular. ❖ Perda de polaridade: a orientação das células anaplásicas é significativamente alterada. Grandes massas de células tumorais crescem de maneira anárquica e desorganizada ❖ Metaplasia: substituição de um tipo celular por outro. Encontrada em associações com os processos de dano, reparo e regeneração teciduais. ❖ Displasia: ‘’crescimento desordenado’’. Encontrada principalmente em epitélios, e é caracterizada por uma constelação de alterações que incluem a perda da uniformidade das células individuais, assim como a perda de sua orientação arquitetural. ● Invasão Local ▪ O crescimento dos cânceres é acompanhado por infiltração progressiva, invasão e destruição do tecido circundante, ao passo que quase todos os tumores benignos crescem como massas expansivas coesas que permanecem em seu local de origem e não possuem capacidade para se infiltrar, invadir ou formar metástase em áreas distantes. ▪ Como os tumores benignos crescem e se expandem lentamente, geralmente eles desenvolvem um contorno de tecido fibroso comprimido, algumas vezes referido como uma cápsula que os separam do tecido hospedeiro. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ▪ Esta cápsula é constituída em grande parte de matriz extracelular depositada pelas células estromáticas, tais como fibroblastos, que são ativados por danos hipóxicos resultantes da pressão do tumor em expansão. ▪ Essa encapsulação não evita que o tumor cresça, mas cria um plano tecidual que torna o tumor bem definido, facilmente palpável, móvel (não fixo), e facilmente excisável por enucleação cirúrgica. ▪ No entanto, existem exceções a essa regra. Por exemplo, os hemangiomas (neoplasias compostas por vasos sanguíneos entrelaçados) frequentemente não são encapsulados e podem dar a impressão de permear a área em que surgem (p. ex., derme da pele e o fígado); quando essas lesões são extensas, eles podem ser irressecáveis. ▪ Por outro lado, os tumores malignos são, no geral, pouco demarcados em relação ao tecido normal ao seu redor e não há um plano de clivagem bem definido. ▪ Os tumores malignos de expansão lenta, contudo, podem propiciar o desenvolvimento de uma cápsula fibrosa aparente, que pode empurrar uma ampla frente tumoral em direção às estruturas normais adjacentes. ▪ Juntamente com o desenvolvimento de metástases, a capacidade de invasão é a característica mais confiável para diferenciar os tumores malignos dos benignos. ▪ A maioria dos tumores malignos não reconhece os limites normais anatômicos e espera‑se que eles penetrem a superfície cutânea. ▪ Tal capacidade torna sua ressecção cirúrgica difícil ou impossível, e mesmo quando o tumor parece bem circunscrito é necessário remover uma margem considerável de tecidos aparentemente normais adjacentes à neoplasia infiltrante, a fim de garantir a excisão local completa. ● Vias de Disseminação ▪ A disseminação dos cânceres pode ocorrer através de três vias: → Implante direto nas cavidades ou superfícies corpóreas; → Disseminação linfática; → Disseminação hematológica. ○ Implante em Cavidades e Superfícies Corpóreas ▪ O implante de células tumorais em cavidades e superfícies corpóreas pode ocorrer sempre que uma neoplasia maligna penetra em um “campo aberto” natural sem barreiras físicas. ▪ A cavidade peritoneal é o local mais frequentemente, mas qualquer outra cavidade pleural, pericárdica, subaracnoide e do espaço articular, pode ser afetada. ▪ Tal implantação é particularmente característica de carcinomas que se originam nos ovários, e que, com certa frequência, se espalham para superfícies peritoneais que se tornam recobertas por uma pesada camada vítrea do tumor maligno. ▪ Ressalta‑se que as células tumorais podem permanecer confinadas à superfície da víscera abdominal sem penetrar em seu parênquima. ○ Disseminação Linfática ▪ O transporte através dos vasos linfáticos é a via mais comum para a disseminação dos carcinomas. Luiza Weizenmann Massafra – Universidade Nove de Julho ▪ Os sarcomas podem também utilizar essa rota. ▪ Os tumores não contêm linfáticos funcionais, mas os vasos linfáticos localizados nas margens tumorais são aparentemente suficientes para a disseminação das células tumorais. ▪ A ênfase na disseminação linfática para carcinomas e na disseminação hematogênica para sarcomas é enganosa, pois, em última instância, há numerosas conexões entre os sistemas vascular e linfático. ▪ O padrão de acometimento dos linfonodos segue as rotas naturais da drenagem linfática. ○ Disseminação Hematogênica ▪ A disseminação hematogênica é típica dos sarcomas, mas também é vista nos carcinomas. ▪ As artérias, com suas paredes mais espessas, são menos prontamente invadidas do que as veias. ▪Contudo, a disseminação arterial pode ocorrer quando as células tumorais passam através dos leitos capilares pulmonares, ou através dos shunts arteriovenosos pulmonares, ou quando as metástases pulmonares por si mesmas originam êmbolos tumorais. ▪ Nessa disseminação vascular, diversos fatores influenciam os padrões de distribuição das metástases. ▪ Com a invasão venosa, as células produzidas pelo sangue seguem o fluxo venoso de drenagem do local da neoplasia, enquanto as células tumorais frequentemente se detêm no primeiro leito capilar que encontram. ▪ Alguns cânceres possuem a propensão de invadir as veias.
Compartilhar