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Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS - a T. vaginalis é um protozoário flagelado → causador da tricomoníase; - a espécie foi descrita pela primeira vez em 1836, que a isolou de uma mulher com vaginite; - a T. vaginalis é o causador da IST não-viral mais comum no mundo; - por não deixar sequela e ser tratável, é considerada mais um incomodo do que um problema para a saúde pública; - casos ocorrem principalmente em pessoas entre 15 e 49 anos → maioria (92%) em mulheres. ➢ MORFOLOGIA DAS FORMAS EVOLUTIVAS - o T. vaginalis é uma célula tipicamente elipsoide, piriforme ou oval em preparações fixadas e coradas; - condições físico-químicas afetam o aspecto dos organismos; - não possuem a forma cística, somente a trofozoítica. - T. vaginalis possui quatro flagelos anteriores → desiguais em tamanho; - possui uma membrana ondulante → se adere ao corpo pela costa; - axóstilo → estrutura rígida e hialina formada por microtúbulos → se projeta através do centro do organismo, prolongando-se até a extremidade posterior; - núcleo é elipsoide → próximo à extremidade anterior; - esse protozoário é desprovido de mitocôndrias → apresenta grânulos densos que podem ser vistos ao microscópio óptico → hidrogenossomos. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ CICLO BIOLÓGICO - é um organismo anaeróbio facultativo; - cresce perfeitamente bem em: 1. ausência de oxigênio; 2. faixa de pH entre 5 e 7,5; 3. temperaturas entre 20ºC e 40ºC. - o parasito tem como habitat a vagina, bem como a uretra e a próstata do homem; - não possui a forma cística, apenas a trofozoítica; - é transmitido durante o ato sexual e através de fômites → protozoário pode sobreviver durante horas em uma gota de secreção vaginal ou na água; - o trofozoíto alimenta-se de açúcares em anaerobiose → produz ácidos que irritam a mucosa vaginal; - a multiplicação se dá por divisão binária longitudinal mas não há formação de cistos. ➢ VIAS DE TRANSMISSÃO - o T. vaginalis habita o trato geniturinário do homem e da mulher → produz infecção; - não sobrevive fora do sistema urogenital. ✓ VIA SEXUAL - transmitido através da relação sexual; - pode sobreviver por mais de uma semana sob o prepúcio do homem sadio, após o coito com a mulher infectada; - o homem é o vetor da doença → com a ejaculação, os tricomonas presentes na mucosa da uretra são levados a vagina pelo esperma. ✓ VIA NEONATAL - ocorre durante a passagem pelo canal do parto, em consequência da infecção materna. ✓ FÔMITES - compartilhamento de roupas íntimas, lençóis, instalações sanitárias e instrumentos ginecológicos. ➢ PATOGENIA - o estabelecimento de T. vaginalis na vagina se inicia com o aumento do pH → pH normal da vagina é ácido (3,8 a 4,5) e o organismo cresce em pH maior que 5; - a elevação do pH vaginal na tricomoníase provoca: 1. redução concomitante de Lactobacillus acidophilus; 2. aumento na proporção de bactérias anaeróbias. - o T. vaginalis ao entrar em contato com os leucócitos resulta em: 1. formação de pseudópodes; 2. internalização; 3. degradação das células imunes nos vacúolos fagocíticos do parasito. - as respostas imunes celular e humoral são evidentes em pacientes com tricomoníase; - embora não seja encontrado em todos os pacientes com tricomoníase, o aumento no número de leucócitos polimorfonucleares pode ser detectado facilmente nas secreções; Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB - na citoaderência do parasito com o tecido do hospedeiro → ativa algumas proteínas que são citotóxicas e hemolíticas → apresentam capacidade de degradar IgG, IgM e IgA presentes na vagina; - esse provavelmente é o mecanismo utilizado pelo parasito para evadir o sistema imune; - além disso, o T. vaginalis pode se auto revestir de proteínas plasmáticas do hospedeiro → impede que o sistema imune reconheça o parasito como estranho. ➢ SINTOMATOLOGIA ✓ MULHER - das mulheres infectadas, entre 25% e 50% são assintomáticas, têm pH vaginal normal de 3,8 a 4,2 e flora vaginal normal; - 1/3 das pacientes assintomáticas tornam-se sintomáticas dentro de seis meses; - o período de incubação varia de 3-20 dias. ❖ FASE AGUDA - a tricomoníase provoca uma vaginite que se caracteriza por corrimento vaginal 1. fluido abundante; 2. cor amarelo-esverdeada; 3. bolhoso; 4. odor fétido; 5. ocorre mais frequentemente no período pós-menstrual. - o processo infeccioso é acompanhado de prurido ou irritação vulvovaginal de intensidade variável e dores no baixo ventre; - a mulher apresenta: 1. dispareunia de introito → dor e dificuldade para as relações sexuais; 2. desconforto nos genitais externos; 3. disúria → dor ao urinar; 4. poliúria → aumento da frequência miccional. - a vagina e a cérvice podem ser edematosas e eritematosas, com erosão e pontos hemorrágicos na parede cervical → colpitis macularis ou cérvice com aspecto de morango. ❖ FASE CRÔNICA - os sintomas são leves, com secreção vaginal escassa; - essa forma é particularmente importante do ponto de vista epidemiológico → esses indivíduos são a maior fonte de transmissão do parasito. ✓ HOMEM - diferentemente da mulher, homens infectados pelo contato com parceira sexual infectada, por razão desconhecida, podem ter somente infecção autolimitada; - a tricomoníase em homens pode ser classificada em três grupos: ❖ ESTADO ASSINTOMÁTICO - pode apresentar: 1. escasso corrimento; 2. disúria; 3. prurido; 4. ulceração peniana; 5. sensação de queimação imediatamente após a relação sexual. - complicações são raras, mas podem incluir epididimite, infertilidade e prostatite. ❖ ESTADO AGUDO - caracterizado por uretrite purulenta abundante. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ❖ ESTADO ASSINTOMÁTICO LEVE - clinicamente indistinguível de outras causas de uretrite; - muitos homens com idade entre 16 e 22 anos apresentaram-se positivos para tricomoníase quando submetidos a massagem prostática; - exame do sedimento urinário, rotineiramente utilizado para o diagnóstico de tricomonas em homens, pode induzir falsos resultados se não for acompanhado de massagem prostática. ➢ DIAGNÓSTICO - diagnóstico da tricomoníase não pode ser baseado somente na apresentação clínica; - diagnóstico laboratorial é feito pela visualização direta de trofozoítos → amostra de secreção vaginal, uretral e prostática; - isolamento e cultivo do protozoário → método mais sensível para o diagnóstico da tricomoníase. ✓ CULTURA - possui sensibilidade >95%; - é o método padrão-ouro para o diagnóstico → simples de interpretar e requer somente 300 a 500 tricomonas/ml de inóculo para iniciar o crescimento; - no entanto, são necessários alguns dias (3-7 dias) para a identificação do parasito → tempo durante o qual os pacientes infectados podem continuar a transmitir a infecção. ✓ EXAME DIRETO A FRESCO - análise microscópica da secreção vaginal em mistura de solução salina e de fluido genitais; - secreção vaginal é obtida do fórnix posterior; - o pH é medido; - secreções são colocadas em 2 lâminas e diluídas com: 1. hidróxido de potássio a 10% em uma lâmina → exame a fresco com KOH; 2. cloreto de sódio a 0,9% na outra → exame a fresco com soro fisiológico. - para o teste do cheiro, a amostra de KOH é marcada por odor de peixe, decorrente das aminas produzidas na vaginite por tricomonas ou vaginite bacteriana; - a lâmina úmida com solução salina é examinada ao microscópio óptico o mais rápido possível → detectar tricomonas que podem se tornar imóveis e mais difíceis de reconhecer minutos após a preparação da lâmina. ✓ PREPARAÇÕES FIXADAS E CORADAS - possuem sensibilidade de 50-65%; - os principais são: alaranjado de acridina, Giemsa, Leishman, Diff-Quik, Fontana, ácido periódico de Schiff, imunoperoxidase e hematoxilina fémca. ✓ TESTES RÁPIDOS - possuemsensibilidade de 60- 90%; - testes rápidos de antígenos como o AFIRM e OSOM podem ser úteis em locais de alta prevalência e em que a disponibilidade da cultura é baixa. ✓ TESTES DE BIOLOGIA MOLECULAR - possuem sensibilidade e especificidade de 95- 100%; - feitos através de amplificação nucleica com PCR; - são caros e pouco disóníveis. Leandra Bitencourt - Turma XVI - MED UESB ➢ TRATAMENTO - o tratamento deve ser simultâneo para os parceiros sexuais; - MULHER → sistêmico e local; - HOMEM → apenas sistêmico; - algumas orientações são: 1. abstinência sexual; 2. não ingerir bebida alcóolica durante o tratamento. ✓ MEDICAÇÃO SISTÊMICA - relatos sobre potencial carcinogênico no uso do Metronidazol → tratamento de longo prazo com altas doses estar relacionado a indução de tumores nos pulmões de animais; - dados clínicos sobre câncer provocado pelo uso de metronidazol são raros → vantagens no tratamento da tricomoníase sobrepõem-se aos seus riscos; - metronidazol atravessa a barreira placentária → não é indicado para o tratamento de mulheres infectadas que estejam no primeiro trimestre de gravidez; - para gestantes é empregado apenas o tratamento local. ✓ MEDICAÇÃO LOCAL ➢ PROFILAXIA - o principal mecanismo de contágio da tricomoníase é a relação sexual → controle é constituído das mesmas medidas preventivas que são tomadas no combate as outras ISTs, tais como: 1. prática de sexo seguro → inclui aconselhamentos que auxiliam a população a fazer as escolhas sexuais mais apropriadas para a redução do risco de contaminação com agentes infecciosos; 2. uso de preservativos; 3. abstinência de contatos sexuais com pessoas infectadas; 4. limitação das complicações patológicas → administração de tratamento imediato e eficaz, tanto para os casos sintomáticos como para os assintomáticos; 4. tratamento do casal → mesmo que a doença tenha sido diagnosticada em apenas um dos cônjuges; 5. exames periódicos; 6. educação em saúde.