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1 Giovana Melque – Semiologia de Pequenos Animais METODOLOGIA São utilizados meios semiológicos para examinar os sistemas do paciente, sendo eles: • Inspeção (visão) • Palpação (tato) • Auscultação (audição) • Percussão (audição) • Olfação (olfato) Esses meios semiológicos podem ser utilizados de forma direta / imediata (sem auxílio de instrumentos), ou de forma indireta (com auxílio de aparelhos). Regra dos 3 ‘’Ps’’ em cada uma das técnicas para obtenção de melhores resultados – paciência, persistência e prática Exames Um exame físico bem realizado + histórico do animal fornece a chave para o diagnóstico do paciente: • Anamnese – 50% • Exame físico – 35% • Exames complementares – 15% Inspeção Utilizado a visão para o começo de uma exploração clínica, sendo o primeiro método a ser utilizado no exame físico do paciente. Pode ser realizada de uma forma geral (a distância) ou detalhada (próximo ao animal). Promove a socialização. Direta Não utiliza aparelhos, apenas o sentido da visão. O ambiente deve estar bem iluminado e tranquilo. Indireta Usa de instrumentais para aumentar a visibilidade, como iluminadores ou espéculos, ou o uso de aparelhos para aumentar o poder visual, como lupas, microscópio, raio-x, US. A inspeção pode ser classificada em 4 modalidades: Observação dos animais em grupos: A interação entre o animal e o meio ambiente é analisada, assim como seu comportamento em relação aos outros da mesma espécie. Observação de animais em movimento: Pode ser analisadas alterações do sistema locomotor ou sistema nervoso periférico (claudicação, lesões de atropelamento, sequelas de cinomose) Observação de animais em estação ou posição quadrupedal: Analisa a constituição, alterações do estado geral, comportamento, e realiza o exame das funções vitais Observação de animais em decúbito Cada espécie apresenta um tipo, assim como a reação do animal ao se aproximar de uma pessoa. Existem 5 classificações de ‘’score’’: 1. Muito magro – costelas aparentes e flancos fundos 3. Peso quase ideal – costelas pouco visíveis 5. Ideal – costelas facilmente palpáveis, com cintura 7. Costelas quase não palpáveis, perda da cintura 9. Obeso – sem cintura, depósito de gordura abdominal Semiologia 2 Giovana Melque – Semiologia de Pequenos Animais Palpação Utiliza o tato, associado com ação muscular. É definido pela aplicação dos dedos com leve pressão na superfície do corpo, com a finalidade de determinar a consistência do órgão pesquisada, podendo ser direta ou indireta. Direta • Palpação: utiliza apenas o sentido tátil sem pressão, para verificar modificações de temperatura, umidade e alterações de superfície • Pressão: utiliza a força muscular associada ao sentido tátil, para avaliar a sensibilidade de órgãos profundos e sua consistência (grau de resistência que a formação examinada apresenta com a pressão) • Tato: exame de cavidades naturais feita as escuras, como toque retal (exame de próstata), palpação bucal, toque vaginal Indireta É de menor aplicação, com a ajuda de um instrumento entre nossa mão e a região a ser palpada, como na cateterização uretral. A consistência se refere ao grau de resistência que a estrutura/formação ou o órgão examinado apresenta a nossa pressão. Mole: região que cede a pressão, após a pressão a superfície da formação/estrutura volta a sua posição original. Ex: tecido gorduroso Firme: a estrutura palpada oferece uma certa resistência à mão que palpa, por isso a pressão deve ser maior. Ex: palpação do fígado, baço e massas musculares Flutuante: ocorre a sensação de líquido no interior de uma cavidade. Ex: palpação de hematomas, abcessos e cistos Crepitante: sensação de crepitação, deslocamento de bolhas no interior de um órgão ou estrutura. Ex: gases em alças intestinais. Auscultação Utiliza a audição para avaliar os ruídos que os diversos órgãos produzem espontaneamente. • Pulmões: ruídos respiratórios normais e anormais (crepitações – acúmulo de líquido, edema pulmonar, pneumonia, penumopatia; sibilos – problemas respiratórios crônicos). • Coração: bulhas cardíacas e suas alterações, reconhecimento de sopros (somente identificado pela auscultação) e outros ruídos • Cavidade abdominal (ruídos do sistema digestório): estômago (animais com cólica – equinos) • Sistema reprodutor (viabilidade fetal durante o período gestacional): não produzem ruídos Direta Quando se aproxima a orelha do examinador diretamente na área examinada Indireta Quando se utiliza aparelhos de ausculta, como: Estetoscópio – possui cones na extremidade e são ideais para auscultar ruídos de baixa frequência Fonendoscópio – possui uma membrana (diafragma) que favorece a ausculta de ruídos de alta frequência. Doppler – ultrassom de onda sonora que alcança os vasos e o coração, retornando com modificação no ruido; serve para obstetrícia e aferimento de pressão Para uma boa auscultação, deve-se por em prática técnicas como contenção, 3 Giovana Melque – Semiologia de Pequenos Animais posicionamento e divisão das grandes áreas de auscultação. • Contenção: conter a respiração, fechar a boca do animal para que a respiração forçada não atrapalhe a auscultação • Posicionamento: em estação, no máximo sentado, com o tórax livre. • Dividir o tórax em grandes áreas para melhor auscultação Tipos de ruídos detectados na auscultação: Aéreos: passagem de ar pelas vias aéreas – sistema respiratório Hidroaéreos: movimento de gás em um meio líquido, como borborigmo intestinal Líquidos: movimentação de líquidos em uma estrutura (sopro anêmico) – o sopro é a passagem de sangue de forma turbulenta entre estruturas do coração Sólidos: atrito de duas superfícies sólidas rugosas, encontrado na pericardite – ex: raspar de superfícies Percussão Utiliza o sentido da audição. É um método que se realiza uma avaliação dos sons produzidos (vibrações) após atingir uma determinada parte do corpo, através de golpes rápidos, curtos e de intensidade variável, que retornam com uma modificação (característica), onde pode se pensar em um diagnóstico. É aplicado principalmente nas regiões torácicas e abdominais. • Torácicas: presença de gases facilita as ondas, sistema respiratório, comorbidades, doenças, pneumonia, neoplasia, presença de líquidos, presença de gases fora do pulmão, pneumotórax) • Abdominal: presença de líquidos, sistema digestório – estômago, intestino e outros órgãos que produzem sons característicos. Direta Ex: em pequenos animais utiliza os dedos; em grandes animais utiliza os punhos fechados. Apresenta como desvantagem a produção de um som baixo. Indireta Ex: uso de martelo e plexímetro (lâmina de aço inox para potencializar a onda sonora, que chega na estrutura desejada e retorna com som normal ou anormal) em grandes animais, onde é possível produzir golpes mais intensos na tentativa de alcançar órgãos localizados mais profundamente, mas apresenta como desvantagem a produção de sons intermediários. Avaliação da cavidade torácica Em Pequenos Animais Entre a mão percutora e a região percutida existe a presença de uma de nossas falanges (percussão digito-digital ou de GERHARDT) – a mão dominante assume o papel de martelo; dígitos nos espaços intercostais ao invés do plexímetro. Apresenta como vantagem ser de boa adaptação e ser da mesma constituição das estruturas que se deseja percutir. O animal deverá estar em posição de estação ou em decúbito esterno abdominal. 4 Giovana Melque – Semiologia de Pequenos Animais TIPOSDE PERCUSSÃO Profundidade da estrutura ou órgão examinado – ter noção de anatomia Superficial: requer o suo de um golpe fraco Profunda: uso de um golpe forte Ex: 1. Dimensionar o tamanho da tireóide: é um órgão externo, em região cervical próximo a traqueia = órgão de localização superficial, se a onde sonora alcança o órgão não tem necessidade de golpes fortes 2. Alcançar alça intestinal: golpes mais fortes, pois o órgão está localizado profundamente Percussão comparada: comparação de sons obtidos de diversas regiões de um mesmo órgão Ex: 1. Região hepática apresentando neoplasia ou cisto em sua superfície 2. Hepatização: termo usado para consolidação do órgão pulmonar – onde era alvéolos ou trocas gasosas sofreu alteração no tecido que faz com que haja mais ar e um processo inflamatório, se tornando sólida. lobo pulmonar que perdeu a função = percebe um som diferente de outras partes do pulmão do mesmo animal Percussão topográfica: delimita a superfície de um órgão, observando as linhas ou contornos, a partir dos quais o som próprio do órgão deixa de ser ouvido. Cavidade torácica (sistema respiratório e cardiovascular) = podemos saber onde é a área cardíaca, a respiratória e a junção das duas, somente com sons obtidos Ex: 1. Pulmão normal em direção a região cranial onde se localiza o coração 2. Tamanho de um órgão (anatomia topográfica) ao saber sua localização, identificando anomalias sem o auxílio de um ultrassom CLASSIFICAÇÃO DOS SONS Os sons produzidos podem ser classificados em: Fundamentais Claro Som obtido ao se percutir uma cavidade que contenha ar no seu interior, onde as paredes estão distendidas (dentro da normalidade) Ex: área pulmonar de um animal normal Timpânico Som obtido ao se percutir órgãos ocos, com cavidades grandes repletas de ar ou gás, e com paredes semidistendidas – som de maior intensidade do abdômen Meio termo entre o claro e o maciço, por exemplo em grandes animais poligástricos, com problema em uma das câmaras gástricas com aumento abdominal e acúmulo de gases – percussão da um som diferente Ex: percussão do abdômen Maciço Som obtido ao se percutir órgãos maciços, que não contêm gás em sua estrutura Ex: percussão do fígado e baço 5 Giovana Melque – Semiologia de Pequenos Animais Representação gráfica do encontro do som maciço com órgãos – cada número representa uma patologia Intermediários Hipersonoro Som entre o claro e o timpânico, obtido na percussão de cavidades contendo ar, onde as paredes estão distendidas em excesso Ex: percussão de um animal que apresenta quadro de pneumotórax ou timpanismo gasoso / cão com torção gástrica, onde o estomago não consegue fazer digestão adequada, acumulando gases Submaciço Som entre o timpânico e o maciço, obtido da percussão de regiões onde existe uma massa compacta intermeada com gás Ex: porção do fígado onde há o ‘’repouso’’ do rebordo pulmonar
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