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Interferência de medicamentos em exames laboratoriais e procedimentos estéticos Profa. Dra. Carolina Garrido Zinn Farmacologia aplicada à Biomedicina 2021/1 Medicamentos Não gerar resultados falsos Evitar reações adversas Conhecimento Obje%vos da realização de exames laboratoriais • Estabelecer diagnós0co • Avaliar gravidade da doença • Planejar o tratamento mais adequado • Avaliar a eficácia do tratamento ins0tuído Farmacologia x Exames laboratoriais Os protocolos para exames de bioquímica clínica, imunologia, sorologia, entre outros, podem exigir que as coletas sejam realizadas em condições ideais de jejum, restrição de exercícios físicos, uso de medicamentos que podem constituir interferente. É importante que sejam protocolados, com o propósito de evitar alterações nos resultados advindas dessas interferências e que possam induzir a erros na interpretação dos resultados. • Administração de substâncias com finalidades terapêuticas ou para fins recreacionais è podem causar variações nos resultados de exames laboratoriais • Próprio efeito fisiológico, in vivo • Quando o medicamento é capaz de provocar uma alteração que se expressa na modificação do resultado. • Pode ocorrer por indução e a inibição enzimáticas, a competição metabólica e a ação farmacológica. • Exemplos: • hiperglicemia causada pelo uso de corticoides • plaquetopenia induzida por heparina. • Medicamentos que interferem aumentado o RNI em um paciente em uso de anticoagulante do tipo warfarina: antibióticos (por exemplo eritromicina), medicamentos cardiovasculares (por exemplo, amiodarona e propranolol), AINEs (por exemplo, piroxicam) e medicamentos gastrointestinais (omeprazol). • Uso a longo prazo de metformina pode ser uma possível explicação para B12 sérica baixa. • Efeito sobre o sódio e potássio è diuréticos podem causar alterações como hipernatremia (especialmente diuréticos de alça), hiponatremia (tiazidas), hiperpotassemia (diuréticos poupadores de potássio) e hipopotassemia (diuréticos de alça e tiazídicos). Farmacologia x Exames laboratoriais • Por interferência analí0ca, in vitro • Quando o uso da droga é capaz de produzir alterações na amostra coletada, gerando resultados que não se correlacionam com a clínica do paciente, confundindo a dosagem do analito. • Possibilidade de ligação preferencial às proteínas e eventuais reações cruzadas. • Na interferência puramente analí0ca, o fármaco ou seu catabólito, pode, em alguma etapa analí0ca, interagir com as substâncias cons0tuintes dos reagentes químicos u0lizados, causando um falso resultado da análise. • Ex.: • ácido ascóbico reduz a glicose sérica no método glicose-oxidase • o uso de bio0na e dosagens hormonais. Um número significa0vo de imunoensaios fundamenta-se na ligação bio0na-estreptavidina como parte do do teste. É este o princípio de muitos marcadores, como a troponina, pep0deo natriuré0co hormônios 0reoidianos, testosterona, estradiol e HCG, por exemplo. Farmacologia x Exames laboratoriais Mecanismos mais comuns de interferência Mecanismos mais comuns de interferência Farmacologia x Exames laboratoriais • Para que os resultados de alguns exames laboratoriais tenham valor clínico, deve ser registrado o horário de coleta e referido o uso de determinados medicamentos, incluindo: • tempo de uso; • horário de tomada; • dosagem. • Recomendação aos pacientes: • quando for fazer um exame, levar uma lista com os nomes, de preferência dos princípios ativos, de todos os medicamentos que tiver ingerido até três dias antes. Incluir na lista ervas, chás, laxantes, homeopáticos, fitoterápicos, suplementos vitamínicos e álcool. Farmacologia x Exames laboratoriais Cuidados na coleta em pacientes com cateter: • Em relação à infusão de fármacos, é importante se lembrar de que a coleta de sangue deve ser realizada sempre em local distante da instalação do cateter, preferencialmente, no outro braço. • Mesmo realizando a coleta no outro braço, se possível, deve-se aguardar pelo menos uma hora após o final da infusão para a realização da coleta. • Em situações em que esse 0po de coleta é imprescindível, há necessidade de que um volume significa0vo de sangue seja desprezado devido à estase e à heparina ali existentes. A amostra ob0da pode não alterar significa0vamente o eritrograma e o leucograma, mas a contagem de plaquetas pode ser falseada. Inibe a conjugação e diminui a excreção da bilirrubina, causando icterícia Dosagem de gama-glutamil-transferase (GGT) Enzima solicitada na avaliação laboratorial das doenças do fígado. • Anticoncepcionais • Anticonvulsivantes, como carbamazepina, ácido valpróico, principalemente a fenitoína e o fenobarbital (indução enzimática) ↑ nível sérico • azatioprina, clofibrato, estrogenos e metronidazol↓ nível sérico Dosagem de hormônios %reoideanos • Fármacos estrógenos • Es0mulam a produção hepá0ca da globulina ligadora da 0roxina (TBG) = concentrações ↑ de T4 e T3 totais (p.ex., uso de an0concepcionais). • Contudo, o uso de esteroides anabolizantes e altas doses de glicocor0coides podem reduzir a concentração de TBG e, consequentemente, dos hormônios 0reoidianos totais. • An0convulsivantes • Reduções de 25 a 30% nas concentrações de T4 livre e T4 total podem ser encontradas durante o uso dessas medicações è podem tanto deslocar o T4 da TBG (fenitoína, carbamazepina) como aumentar o metabolismo do T4 (fenitoína, fenobarbital e carbamazepina). Dosagem de hormônios hipofisários • Estrógenos/progestágenos • Suprimem a síntese e a secreção dos hormônios hipofisários LH e FSH e, consequentemente, o estímulo à produção ovariana dos estrógenos, progestágenos e, parcialmente, dos andrógenos. • Uso de ACO è As concentrações de todos esses hormônios podem estar baixas. • Esteroides anabolizantes • Muitas vezes sem indicação médica e com finalidade estética è ↓ pode suprimir os hormônios hipofisários LH e FSH. • Várias composições contendo sal de testosterona são detectadas nos imunoensaios comerciais (cipionato, undecanoato de testosterona), e as concentrações observadas são dependentes da dosagem utilizada e do tempo decorrido da última administração do hormônio. Dosagem de Prolactina ↑ PRL: • Estrógenos: discreta elevação da PRL pode ser observada em 20 a 30% das mulheres em uso de ACO; • Neurolép0cos/an0psicó0cos: são os medicamentos que mais frequentemente resultam nesse aumento; em 40 a 90% dos pacientes em uso de an0psicó0cos anpicos (p.ex., bu0ferona) ocorre elevação da PRL; o aumento também ocorre em 50 a 100% daqueles em uso de risperidona; • An0-hipertensivos: alfame0ldopa, labetalol, reserpina, verapamil; • An0convulsivantes: fenitoína; • An0depressivos tricíclicos: clomipramina, amitrip0lina; • Inibidores da recaptação da serotonina: fluoxe0na. Dosagem de catecolaminas • An#depressivos tricíclicos: são uma fonte importante de falso- posi#vos para as dosagens de norepinefrina e normetanefrina, um resultado das ações pri márias desses agentes na inibição da recaptação das monoaminas; essas medicações devem ser suspensas no mínimo 15 dias antes da coleta; • Outros: medicamentos que podem provocar uma interferência significa#va incluem levodopa, alfa-me#ldopa, agonistas dos receptores adrenérgicos (p.ex., alguns desconges#onantes), inibidores da MAO, bem como a suspensão abrupta da clonidina ou da ingestão alcoólica. Dosagem de glicose • Hiperglicemia • Qualquer fármaco ou grupo de fármacos capaz de bloquear a despolarização das células beta do pâncreas, reduz a secreção de insulina e eleva a glicemia • Fármacos que mobilizam glicogênio hepá0co • Agonistas de receptores beta-2- adrenérgicos (salbutamol - Aerolin) • Cor]costeróides – prednisona, dexametasona, hidrocor]sona... Tto de hipertensão Dosagem de glicose • Hipoglicemia • Beta bloqueador • Fluoxetina • HIPOGLICEMIANTES ORAIS è sulfonilureias, metformin, entre outros. • InsulinaHemograma Hemograma Exame de urina • An#bió#cos è alteram as culturas Exame de urina Exame de urina Dosagem de digoxina • É um digitálico amplamente utilizado no tratamento da insuficiência cardíaca e no controle de distúrbios do ritmo cardíaco. • Dosagem deve ser realizada 6 horas após a última dose do medicamento, sendo útil para se prevenir toxicidade. • Alguns compostos endógenos podem ter reatividade cruzada com a digoxina, determinando níveis falsamente elevados. Esses compostos podem ocorrer na insuficiência renal, insuficiência hepática, gravidez e em crianças. • ↑ níveis séricos: Quinidina, verapamil e amiodarona podem elevar os níveis séricos da digoxina. Drogas que aumentam níveis de digoxina: indometacina (AINS), eritromicina, itraconazol, espironolactona. • ↓níveis séricos: podem ser encontrados nas tireoidopatias e na diminuição do fluxo mesentérico. Algumas drogas diminuem a absorção da digoxina: fenitoína e medicamentos para problemas gástricos como metoclopramida, colestiramina, antiácidos, laxativos. Fármacos que interferem nos procedimentos estéDcos Uso de anticoagulantes Cor]cóides Isotre]noína