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@kamillacornel @kamillacornel 1 MHC - COMPLEXO PRINCIPAL DE HISTOCOMPATIBILIDADE 1- O QUE É? É uma família de genes encontrada na maioria dos vertebrados. Possui importante papel no sistema imune, na auto-imunidade e no sucesso reprodutivo. É muito elaborado, possui um conjunto de genes que codifica um grupo de antígenos ou proteínas encontrado na superfície das células e que atuam no reconhecimento e apresentação desses antígenos. O MHC é componente mais importante do sistema imune. Nos seres humanos, este complexo recebe o nome de Antígenos Leucocitários Humanos (HLA). Como existem várias espécies os diferentes complexos de MHC podem receber denominações diferentes. Ex.: em camundongos é H2. Assim, o MHC representa o conjunto de genes responsável por codificar as moléculas de histocompatibilidade. 2- ORIGEM O descobrimento desse conjunto gênico foi por Jean Dausset em 1954. Foi descrito pela primeira vez como sendo implicado na rejeição de transplante. Foi uma das primeiras regiões do genoma humano totalmente sequenciada, por conta do grande interesse principalmente área médica pela rejeição de transplante e na (biologia evolutiva, com aproximadamente 4 megabases e 224 locos gênicos. Se originou também devido às pressões evolutivas que os microrganismos inferiram nos vertebrados com o passar do tempo. 3- FUNÇÃO Este complexo identifica e impede que um corpo estranho entre ou se espalhe no organismo. Isso geralmente acontece em coordenação com o sistema imunológico que desencadeia uma resposta imediata contra esses corpos estranhos. Seu papel principal é na apresentação de antígeno onde as moléculas de MHC indicam fragmentos do peptídeo para o reconhecimento por linfócitos apropriados, ou seja, codificam proteínas de superfície que reconhecem e apresentam antígenos próprios ou externos para o nosso sistema imune adaptativo Linfócitos T só podem ser ativados com a presença das moléculas do MHC. 4- COMO FUNCIONA O sistema imunológico identifica e reage a organismos estranhos pela identificação dos antígenos. Quando o organismo reconhece um antígeno estranho, desencadeia uma resposta com o objetivo de destruí-lo. Este corpo estranho detectado pode ser tanto uma bactéria ou vírus, como um tecido, órgão ou medula transplantados. Assim, o MHC vai agir. O MHC codifica as proteínas trans-membranas (TCR que caracteriza o Linfócito T) que são expressas na superfície das células, que atuam no reconhecimento e na apresentação de constituintes dos agentes estranhos, e apresenta tanto antígenos próprios (fragmentos de peptídeos da própria célula) e antígenos externos (fragmentos de microrganismos invasores) para os linfócitos T que tem a capacidade de matar ou coordenar a morte de patógenos, células infectadas ou com função prejudicada. O TCR reconhece um complexo do MHC, que são as moléculas de MHC, associadas a determinados antígenos, geralmente proteicos, que são então apresentados aos Linfócitos T. Esse modelo de reconhecimento lembra o modelo chave- fechadura, pela forma que o TCR e o MHC + complexo se encaixam, ou seja, o linfócito T é específico para encaixar em determinado complexo com a sua estrutura tridimensional. O linfócito T reconhece tanto o MHC quanto o antígeno associado, então por isso se diz que reconhece o complexo. Quando se tem uma situação de infecção viral, a qualidade de antígenos apresentados será diferente de uma infecção bacteriana. Teoricamente teremos linfócitos T específicos para tal complexo, de forma que eles sejam ativados na eventualidade de uma resposta imune adaptativa. Após o linfócito ter sido ativado, vai para o segundo passo da ativação. @kamillacornel @kamillacornel 2 Tanto os linfócitos T CD4 quanto os linfócitos T CD8, dependem dessa interação do seu TCR com o complexo MHC na superfície de uma APC. Mesmo dependendo, os tipos de moléculas de MHC que cada um dos dois linfócitos irá reconhecer é diferente. 5- TIPOS DE MHC Existem dois tipos diferentes de produtos do gene MHC chamados moléculas do MHC de classe I e moléculas do MHC de classe II, que contêm diferentes antígenos proteicos. Os antígenos de classe I e II são proteínas expressas nas células e tecidos. 6- MHC CLASSE 1 Responsável pela apresentação de antígenos endógenos, são produtos de degradação derivados de proteínas intracelulares, ou seja, são glicoproteínas encontradas em todas a células nucleadas (não em células vermelhas do sangue). A molécula do MHC de classe 1 é “montada” no interior da célula. Por exemplo: uma célula infectada por um vírus com antígeno endógeno, que será processado no RE e será ligado às moléculas de MHC de classe 1 (interior da célula). Quando as moléculas de MHC vão para a superfície da célula, elas nunca estão sozinhas, pois levam esses antígenos do vírus para o reconhecimento dos linfócitos T, e nesse caso do MHC 1, especificamente apresentará ao linfócito T CD8. Então, o processamento e apresentação por MHC de classe 1, em geral se refere a antígenos que são endógenos da célula, podendo ser os próprios antígenos dessa célula ou de microrganismos que invadiram a célula. Ativa somente linfócitos T CD8 via TCR. (MHC de classe 1 + antígeno). 7- MHC CLASSE 2 Responsável por apresentar antígenos exógenos (adquirido de fora). São produtos que estavam no exterior da célula, entraram na célula por um processo de fagocitose por exemplo, e acabou por digerir essa partícula, e então esses pequenos fragmentos de antígenos serão apresentados. Assim como o MHC 1, o MHC 2 nunca chega na superfície da célula sozinho, e sim levando os antígenos. O complexo antígeno MHC de classe 2 é usado para a ativação dos linfócitos T CD4. MHC de classe 2 incluem células dendríticas, macrófagos, células B e alguns outros tipos. Apenas um limitado grupo de células expressam MHC classe II, que inclui as células apresentadoras de antígenos (APC). Ativa somente linfócitos T CD4 via TCR. (MHC de classe 2 + antígeno). Além desses dois complexos, há os produtos dos genes de classe III que são proteínas encontradas no soro ou outros fluidos do corpo. Não participam da rejeição de transplantes, são mais envolvidos com a inflamação e não possuem grande foco no assunto e geralmente não é muito comentado. 8- FENÔMENO DE EXCEÇÃO Existem um fenômeno chamado APRESENTAÇÃO CRUZADA. Exemplo: Uma célula apresentadora de antígeno (MHC) fagocitou uma célula morta. Se trata de uma situação de lesão tecidual, onde se tem excesso de células mortas. @kamillacornel @kamillacornel 3 A célula morta foi adquirida de maneira exógena (de fora da célula), porém esse material exógeno nem sempre vai ser apresentado via MHC de classe 2 (aqui está a exceção), acontecerá nesse caso a apresentação cruzada. Na apresentação cruzada a célula pode incorporar um produto exógeno, esse produto vai para dentro de um vacúolo, e muitas vezes ocorre um escape desse material dentro do vacúolo, pois existem mecanismos associados a esse vacúolo capazes de jogar esse material no citoplasma. Se esse material que foi endocitado de maneira exógena cai no citoplasma, ele acaba indo para a via de apresentação do MHC de classe 1, ou seja, por estar agora DENTRO da célula. Assim se dá o processo de apresentação cruzada, quando um antígeno exógeno acaba sendo apresentado pelo MHC classe 1, ao invés do MHC classe 2, passando a ativar então, linfócitos T CD8 ao invés do CD4. Vale lembrar que essefenômeno não ocorre sempre, é apenas uma exceção. 9- HERDABILIDADE DE MHC- GENÉTICA A histocompatibilidade é a compatibilidade ou equivalência entre células, tecidos e órgãos. Para sabermos um pouco melhor de histocompatibilidade é preciso entender porque existem essas diferenças de genes entre os seres humanos. É importante saber que o MHC ou HLA é herdado, uma parte da mãe a outra do pai. A identidade MHC é composta por vários genes agrupados na mesma região no cromossomo 6. Cada gene possui uma diversidade muito grande de alelos. Sabe-se que mais de 11 mil alelos já foram identificados em todo o mundo. Por isso, é muito raro que dois indivíduos tenham o mesmo grupo de genes. Uma série de genes do MHC ainda vão predispor a autoimunidade. 8- RELAÇÃO COM OS TRANSPLANTES O MHC é o conjunto de genes mais polimórfico entre os mamíferos. O entendimento do termo polimorfismo é essencial para a compreensão dos mecanismos de associação com as doenças, da evolução das espécies, e, também, para a seleção de doadores em transplantes de órgãos ou células Tecidos entre indivíduos com MHC diferentes eram rejeitados. A grande complexidade dos transplantes é encontrar a compatibilidade entre doador e receptor. E ainda sim, mesmo com o uso dos medicamentos imunossupressores, que ajudam a adequar o sistema imunológico contra o ataque a esse corpo estranho, a rejeição do órgão pode acontecer. A prova cruzada (Cross Match) é o exame realizado para detectar a presença de anticorpos pré-formados específicos contra antígenos do doador. Pode-se dizer que é uma simulação do transplante in vitro. A prova cruzada positiva determina alto risco de rejeição hiperaguda após o transplante. Pela vasta pluralidade dos genes, outro exame é necessário para definir a tipagem do HLA (ou MHC). Existem os genes da classe I: HLA-A, B e C. E os genes da classe II: HLA-DR, DQ e DP. E em cada um desses grupos existem muitos alelos específicos e diferentes. 10- RESUMO/ CONCLUSÃO ➔ Linfócitos T somente reconhecem, via seu TCR, antígenos ligados a moléculas do MHC. (não existe reconhecimento de TCR somente de antígeno solto, sem o MHC). ➔ Os antígenos são processados dento das células para formar pequenos peptídeos, que se associam às moléculas do MHC. (peptídeos= proteínas, ou seja, a maioria dos antígenos apresentados são produtos da degradação de proteínas). ➔ MHC influencia na rejeição de transplantes, resposta a infecções (quando um indivíduo responde bem ou não a uma infecção, autoimunidade, etc. (importante na medicina).
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