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ALTERAÇOES FISIOLÓGICAS DA GESTAÇÃO E PLANEJAMENTO FAMILIAR

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Bianca Cardoso e Santos 
 
Bianca Cardoso e Santos 
 
 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS TÍPICAS DA GESTAÇÃO 
Mudanças fisiológicas ocorrem na gravidez para nutrir o feto em desenvolvimento e preparar a mãe para o 
trabalho de parto. Algumas dessas alterações influenciam os valores bioquímicos normais, enquanto outras 
podem mimetizar sintomas de doenças médicas. É importante diferenciar entre as alterações fisiológicas 
normais e patológicas. 
Essas repercussões já são observadas desde a concepção e a implantação. 
Alterações cutâneas 
 Estrias gravídicas ou víbices: decorrentes do estiramento das fibras colágenas. São comuns no 
abdome, mamas, nádegas e coxas. Costumam ser avermelhadas durante a gestação e brancas 
pós-parto. 
Alterações vasculares (vasodilatação) que resultam principalmente do aumento do estrogênio. 
 Eritema palmar: vermelhidão difusa mais pronunciada na região tenar e hipotênar. Encontrada em 
70% das mulheres. 
 Telangiectasias/angiomas/aranhas vasculares: vasos que aparecem como pequenas elevações na 
pele, vermelhas, principalmente na face, pescoço e parte superior do tórax. Ocorrem em 60% das 
mulheres brancas. 
Alterações pigmentares: Na gestação o aumento da progesterona e do estrogênio leva a uma hipertrofia do 
lobo intermediário da hipófise responsável pelo metabolismo pró-opiomelanocorticotrofina em betaendorfina 
e alfamelanotropina, sendo esta última estimulante ara os melanócitos. Essas alterações aumentam de 
acordo com a exposição solar. 
 Linha nigrans: pigmentação preta-acastanhada da linha média do abdome. 
 Cloasma ou melasma gravídico: manchas acastanhadas da face. Não é uma alteração típica da 
gestação. 
 Hipersecreção de glândulas sebáceas: a pele se torna mais oleosa, o que predispõe a queda 
capilar e acne. 
 
Alterações osteomusculares 
 O peso adicional (útero, feto e anexos) faz com que o centro de gravidade seja desviado para 
frente, para “corrigir” a gestante tende adotar uma postura de lordose lombar de forma 
involuntária. 
 A base de sustentação da grávida também se altera (alarga) dessa forma há alteração dar marcha 
(passos curtos, lentos e base de sustentação alargada), típica marcha anserina (de pato). 
 São comuns também compressões radiculares, sendo a lombalgia uma queixa frequente. 
 Relaxamento do sistema articular do organismo, sendo maior a mobilidade das articulações 
sacroilíacas, sacrococcígenas e pube. 
 
Alterações das mamas 
 Mastalgia: é um dos primeiros sinais clínicos da gestação, hiperplasia de elementos celulares e 
ramificação dos ductos mamários. 
 Tubérculos de Montgomery: 8 semanas as aréolas tornam-se mais pigmentadas e surgem 
projeções de glândulas mamárias acessórias e glândulas sebáceas hipertrofiadas (tubérculos). 
 Com 16 semanas é possível extrair o colostro e verifica-se o aumento da vascularização venosa 
(rede de Haller). 
 20 semanas os mamilos ficam mais pigmentados (sinal de Hunter). 
 Estrogênio, progesterona, homônimos placentários, hormônio lactogênico placentário, prolactina 
(aumenta progressivamente na gravidez), gonadotrofina coriônica, cortisol e insulina contribuem 
para a conversão de células alveolares terminais inativas em secretoras de leite. 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
Bianca Cardoso e Santos 
 
*não ocorre produção láctea antes do final da gestação porque apesar do estrogênio e progesterona 
aumentar o número de receptores de prolactina, a progesterona dificulta a ligação dela com o receptor. 
Após 3 dias pós parto há a depuração do estrogênio e progesterona. 
 
Alterações genitourinárias 
 Útero: sofre hipertrofia e hiperplasia de suas miofibras (podendo aumentar de 500 a 1000x o seu 
tamanho até o final da gestação). A sua espessura pode chegar até 1,5 cm. O estímulo para o 
crescimento uterino vem principalmente do estrogênio, com menor participação da progesterona. 
O crescimento se dá de forma assimétrica (maior no fundo uterino e no sitio placentário), com 
pequena rotação do seu eixo para a direita. Inicialmente adquire um formato piriforme e depois 
globoso. 
 Com 12 semanas o útero é palpável acima da sínfise púbica; 16 semanas entre a sínfise e a 
cicatriz umbilical; 20 semanas na altura da cicatriz umbilical; 40 semanas no apêndice xifoide. 
 Colo uterino: a cérvice (parte que liga o útero à vagina) torna-se mais amolecida e arroxeada. As 
glândulas cervicais sofrem hipertrofia e hiperplasia. Há eversão do epitélio da endocérvice (colunar 
simples) tornando a ectocérvice (estratificado não queratinizado) friável e sangrante ao menor 
contato. O muco cervical se torna mais viscoso e espesso. A progesterona reduz a concentração 
de sódio nas secreções cervicais. 
 Tampão mucoso: substância que protege o colo uterino durante a gravidez (é eliminado nos dias 
que antecedem o parto). 
 Trompas: hipertrofia das camadas musculares e aumento da vascularização e devido ao 
crescimento uterino se desvia para a cavidade abdominal. A motilidade tubária diminui pela ação 
da progesterona. 
 Ovários: o processo de maturação folicular cessa. O corpo lúteo (estrutura q se forma no ovário 
após a ovulação) permanece funcionante por ação do hormônio gonadotrófico coriônico (hCG) 
produzido pelo sinciciotrofoblasto (camada de células que abre caminho para a implantação do 
blastocisto no endométrio). O corpo lúteo produz progesterona nas primeiras 6-7 semanas até o 
completo funcionamento placentátrio. 
 Vagina: apresenta-se violácea, as células musculares e papilas se hipertrofiam. Aumenta de 
comprimento e largura. Aumento da vascularização e atividade glandular (aumento da secreção 
vaginal rica em células epiteliais descamadas). Ph vaginal se torna mais ácido (lactobacilos 
produzem mais acido láctico pelo glicogênio das células descamadas). 
 Vulva: violácea. Hipertrofia dos grandes e pequenos lábios e meato uretral. 
 Rins: hipertrofia e aumento do fluxo plasmático renal (aumento do peso/tamanho). Aumento da 
vascularização e diminuição na resistência vascular (aumento da taxa de filtração 
glomerular/aumento da frequência urinária), com consequente perda de aminoácidos, vitaminas 
hidrossolúveis, glicosúria e redução da ureia e creatinina (aumento do clearance de creatinina). 
 Ureteres: sofrem compressão pelo crescimento uterino. Progesterona reduz a peristalse uretral 
(favorece infecções de trato urinário). 
 Bexiga: diminuição do tônus vesical (pode gerar incontinência urinária). 
 
Alterações respiratórias 
 As alterações respiratórias são mais pronunciadas a partir da 37ª semana e tendem a normalizar 
pós-parto. 
 Demanda do oxigênio aumenta cerca de 20% (dispneia fisiológica), por isso a gestante tende a 
hiperventilar (aumenta o volume minuto – volume de ar mobilizado durante 1 minuto), aumentando 
também o volume corrente (volume de ar que entra e sai do pulmão durante 1 ciclo). Essas 
alterações decorrem da hemodiluição em quem diminui a concentração e hemoglobinas e mantém 
a FR. 
 pO2 está aumentada. 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
Bianca Cardoso e Santos 
 
 Há elevação do diafragma (cerca de 4 cm), com isso os ângulos subcostais se alargam e a 
circunferência da caixa torácica aumenta, diminui a capacidade funcional residual. 
 A hiperventilação promove a queda da pCO2 (maior eliminação de CO2 - alcalose respiratória) 
facilitando a circulação do CO2 feto para a circulação materna. 
 Alcalose respiratória compensada: hiperventilação aumenta o pH (diminui a concentração 
plasmática de CO2 aumenta o bicarbonato), o que é compensado pela queda do bicarbonato 
(HCO3-) plasmático, facilitando a passagem do O2 do feto para a mãe (efeito Bohr). 
 Edema de mucosa nas vias superiores, congestão nasal e aumento das secreções (mais difícil de 
intubar). 
 
Alterações hemodinâmicas 
 FC aumenta em 10-15 bpm, importante para manter o debito cardíaco. 
 Sopros sistólicos são frequentes devidos ao aumento do debito cardíaco e redução da viscosidade 
sanguínea (diminuição da resistência vascular periférica). A progesterona, estrogênio e prostaglandinas agem nas paredes dos vasos sanguíneos 
diminuindo a resistência vascular periférica. 
 Diminuição da PA, principalmente da PA diastólica (10-15 mmHg). A PA sistólica não diminui tanto 
devido o aumento do debito cardíaco (3-4 mmHg). 
 O crescimento uterino comprime a veia cava inferior e as veias pélvicas, dificultando o retorno 
venoso e aumentando a pressão venosa nos MMII (edema dos MMII, hemorroidas). 
 Síndrome da hipotensão supina: queda significativa do débito cardíaco pela compressão da veia 
cava inferior pelo útero quando a gestante permanece 4-5 minutos em decúbito dorsal (reflexo 
vasovagal: bradicardia, hipotensão, lipotimia). Rapidamente corrigido ao adotar a posição de 
decúbito lateral. 
 No final da gestação o débito cardíaco é maior em decúbito lateral, pois aumenta o retorno venoso 
pela descompressão da veia cava inferior. E também durante o trabalho de parto (redução do 
volume do útero aumenta o retorno venoso). 
 
Alterações hematológicas 
 Aumento do volume plasmático cerca de 40-50% (hipervolemia), diminuição da viscosidade 
sanguínea (hemodiluição). Essa expansão do volume circulante decorre provavelmente da ação 
do sistema renina-angiotensina-aldosterona. 
 Há aumento do número de hemácias (30-40%), o que aumenta a demanda por O2. 
 Diminuição do hematócrito e concentração global da hb (anemia fisiológica da gestação). 
 Como as necessidades fetais de ferro são elevadas há aumento na demanda de ferro da gestante. 
Caso não haja reposição pode surgir um quadro verdadeiro de anemia. 
 No 2 e 3 trimestre é comum uma leucocitose devido aumento de neutrófilos segmentados 
(leucócitos 8.000-12.000/mm3). Há diminuição da função dos leucócitos no 2 trimestre o q 
favorece infecções como pielonefrite e pneumonia, 
 A imunidade humoral e celular se encontra suprimida, visa evitar a rejeição fetal. 
 A contagem de plaquetas se encontra relativamente inalterada. 
 Fatores de coagulação estão alterados (aumenta a incidência de fenômenos tromboembólicos): 
aumento do fibrinogênio (ate 50%), agentes pro coagulantes aumentados, fatores de coagulação 
7, 8, 9 e de von Willebrand com atividade aumentada, redução do sistema fibrinolítico e aumento 
da resistência dos anticoagulantes endógenos. 
 
Alterações metabólicas 
 Ganho ponderal: em média 12,5 Kg ao longo da gestação (útero, feto, placenta, líquido amniótico, 
aumento das mamas, volume sanguíneo e líquido extravascular e reservas de gorduras e 
proteínas nos tecidos). 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
Bianca Cardoso e Santos 
 
 Retenção de água (processo fisiológico de retenção de sódio, aumento da pressão venosa). 
Edema de MMII. 
 Há aumento da necessidade proteica. Diminuição da albumina circulante. 
 O aumento do estrogênio e progesterona altera o metabolismo da glicose (estimulam a liberação 
de insulina e melhoram a utilização periférica da glicose). No entanto na metade da gestação há o 
aumento dos hormônios contrainsulínicos (hormônio lactogênico placentário e cortisol) que 
estimulam a lipólise (aumenta ácidos graxos livres) e desenvolvem resistência periférica a insulina 
(aumento da concentração sanguínea de glicose devido a redução de sua utilização periférica), 
por isso a gestação é considerada potencialmente diabetogênica. Como mecanismo 
compensatório há um hiperinsulinismo secundário. 
 Aumento da concentração plasmática de lipoproteínas, apolipoproteinas (proteínas que ligam 
lipídeos) e lipídeos totais. Colesterol aumenta 50% e triglicerídeos pode triplicar. 
 No inicio da gestação os níveis plasmáticos de ácidos graxos e glicerol diminuem devido o 
acúmulo de gordura corpórea na região central do corpo (para proteger o feto e gestante do jejum 
prolongado). 
 Cálcio e magnésio diminuem (pela redução da albumina). São importantes na bioquímica da 
contração uterina. 
 Necessidade de ferro está aumentada devido o aumento dos eritrócitos. Por isso recomenda-se a 
suplementação de 30-60 mg/dia de ferro elementar no 2 e 3 trimestre e durante a lactação. 
 Diminuição do iodo. 
 
Alterações endócrinas 
 Prolactina: hipófise anterior sofre hiperplasia das células produtoras de prolactina, com isso a 
prolactina aumenta continuamente (ate 10x o valor normal) até o trabalho de parto, quando decai 
seus níveis circulantes, quando passa a ser liberado em pulsos que respondem ao estímulo da 
sucção do mamilo. 
 Tireóide: aumento dos níveis da globulina carreadora de hormônios tireoidianos - TBG (cerca de 
2x) devido ao aumento do estrogênio (diminui a metabolização hepática da TBG). Isso leva um 
aumento compensatório de T3 e T4 para manter a concentração adequada de hormônio livre. 
 hCG estimula a tireoide (pois sua subunidade beta é semelhante ao TSH), aumentando a 
concentração de T3 e T4 livre no inicio na gravidez, e queda do TSH, retornando a normalidade no 
final da gravidez. 
 
Alterações gastrointestinais 
 O crescimento uterino leva ao deslocamento do estômago e intestinos; o trânsito intestinal e 
esvaziamento gástrico ficam mais lentos provavelmente por ação da progesterona (constipação 
intestinal e aumento da incidência de hemorroidas). 
 Diminuição do tônus e relaxamento do esfíncter esofagiano inferior e deslocamento do estômago 
(pirose e refluxo). 
 Hiperemia e amolecimento gengival favorecendo sangramentos a traumatismos leves. 
 Progesterona compromete o músculo liso da vesícula biliar (estase biliar) favorecendo a formação 
de cálculos biliares. 
 
PLANEJAMENTO FAMILIAR 
A Lei nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regulamenta o § 7º do art. 226 da Constituição Federal, que 
trata do planejamento familiar, estabelece em seu art. 2º: 
Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da 
fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
Bianca Cardoso e Santos 
 
homem ou pelo casal. Parágrafo único – É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para 
qualquer tipo de controle demográfico (BRASIL, 1996). 
Determina a mesma Lei, em seu art. 9º, que: 
Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos e técnicas de 
concepção e contracepção cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das 
pessoas, garantida a liberdade de opção (BRASIL, 1996). 
Portanto, as instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS), em todos os seus níveis, têm a 
obrigação de garantir a atenção integral à saúde, que inclua a assistência à concepção e à contracepção, 
num contexto de respeito aos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos. 
O planejamento familiar permite aos casais decidirem o numero de filhos que desejam ter e programar o 
intervalo entre as gestações. 
As áreas englobadas por ações preventivas e educativas, incluem o auxílio à concepção e contracepção, o 
atendimento pré-natal, a assistência ao parto, puerpério e ao neonato, o controle das doenças sexualmente 
transmissíveis e controle e prevenção do câncer de colo do útero, de mama e de pênis. 
O planejamento reprodutivo deve ser trabalhado juntamente com a prevenção de DST’s. Dando-se ênfase 
à dupla proteção (uso combinado do preservativo masculino ou feminino com algum outro método 
anticoncepcional), dessa forma promovendo ao mesmo tempo a prevenção da gravidez e a prevenção da 
infecção pelo HIV/Aids e por outras DST’s. 
No que se refere particularmente à atenção em anticoncepção, esta pressupõe a oferta de informações, 
de aconselhamento, de acompanhamento clínico e de um leque de métodos e técnicas anticoncepcionais, 
cientificamente aceitos, que não coloquem em risco a vida e a saúde das pessoas, para homens e 
mulheres, adultos(as) e adolescentes, num contexto de escolha livre e informada. 
A lei de planejamento familiar também estabelece as regras de esterilização cirúrgica. Somente podem 
submeter-se a ela homens e mulherescom capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade 
ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a 
manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a 
serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando 
desencorajar a esterilização precoce; Ela também pode ser realizada quando uma nova gravidez pode 
trazer risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto. 
As únicas formas aprovadas para esterilização são a laqueadura tubária e a vasectomia, não sendo 
permitida sua realização pela retirada do útero ou dos ovários. 
 Escolha do método: 
É fundamental discutir o conceito de escolha livre e informada. É comum observar-se nos serviços de 
saúde a conduta simplista de oferecer liberdade de escolha não informada (inicia a orientação perguntando 
em que método a pessoa está pensando ou considerando como preferencial), dando apenas informações 
muito superficial sobre todos os métodos, sem conferir se a pessoa conhece as características de cada um. 
 Eficácia: 
Não existe método 100% eficaz. Todos os métodos anticoncepcionais apresentam taxa de falha, que é 
calculada com o número de gestações não desejadas entre os usuários(as) de determinado método 
anticoncepcional, nos primeiros 12 meses de uso. Dessa forma, duas taxas podem ser encontradas para 
cada método: 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
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-Eficácia no uso rotineiro ou típico (efetividade): taxa de falha entre os usuários (as) de uma forma geral de 
uso, isto é, sem considerar todas as dificuldades que possam ter sido encontradas durante o uso . 
-Eficácia em uso correto e consistente (eficácia): leva em conta apenas os usuários que fizeram o uso 
correto e consistente do método escolhido. 
*índice de Pearl: corresponde ao numero de gestações (falha) ocorridas em 100 mulheres que utilizaram 
sistematicamente o método durante um ano. Quanto menor o índice maior a eficácia. 
 
Efeitos secundários 
A ausência de quaisquer efeitos secundários adversos seria condição ideal, ainda não conseguida na 
maioria dos métodos anticoncepcionais até os dias atuais. No entanto alguns causam mais efeitos 
secundários adversos que outros, sendo direito do usuário (a) ser informado (a) dessas diferenças. Todo 
método tem vantagens e desvantagens. 
O profissional de saúde deve estar capacitado para prevenir e tratar tais efeitos, assim como avaliar os 
riscos que o uso de determinados métodos possa acarretar à saúde. 
Aceitabilidade 
A aceitação do método, o grau de confiança que nele se tem, a motivação para seu uso e a correta 
orientação do profissional de saúde são importantes fatores para o sucesso do método escolhido. 
Disponibilidade 
O acesso gratuito aos métodos anticoncepcionais é condição fundamental para que a escolha se realize 
livremente, sem restrições, pois grande parte da população não tem condição de pagar pelo método. 
Nas situações em que a oferta de determinado método não seja possível, é da maior importância 
considerar o seu custo, avaliando-se a possibilidade da(o) usuária(o) arcar com ele. 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
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Facilidade de uso 
De nada adiantará a indicação de um método que tenha todas as qualidades anteriormente descritas se 
sua utilização for difícil, complexa ou de difícil assimilação para a pessoa. No entanto, a maior parte das 
dificuldades relacionadas ao uso do método pode ser resolvida com o adequado suporte do profissional de 
saúde. 
Reversibilidade 
Existem métodos considerados reversíveis, que são aqueles em que a pessoa, após parar de usá-los, 
recupera a fertilidade. Existem métodos considerados irreversíveis, como os métodos cirúrgicos 
(laqueadura tubária e vasectomia), porque após utilizá-los é muito difícil a pessoa recuperar a capacidade 
reprodutiva. 
Proteção contra doenças sexualmente transmissíveis (DST) e infecção pelo HIV 
A ocorrência das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV traz consequências para o 
exercício da sexualidade e da reprodução e produz série de desafios e desdobramentos para a área da 
saúde reprodutiva e sexual. Dessa forma, é fundamental estimular a prática da dupla proteção. 
Considerando o fato de existirem os recursos disponíveis para tratamento ou controle de DST e Aids, o 
diagnóstico para essas infecções deve ser oportunizado e garantido também nos serviços de planejamento 
reprodutivo. 
Fatores individuais e contexto de vida relacionados aos usuários(as) que devem ser considerados 
no momento da escolha do método. 
 Condições econômicas. 
 Estado de saúde. 
 Características da personalidade da mulher e/ou do homem. 
 Fase da vida. 
 Padrão de comportamento sexual. 
 Aspirações reprodutivas. 
 Fatores culturais e religiosos. 
 Outros fatores, como medo, dúvidas e vergonha. 
Critérios de elegibilidade 
Tem objetivo de auxiliar os profissionais da saúde na orientação das(os) usuárias(os) de métodos 
anticoncepcionais. Deve ser considerados como uma recomendação apenas , que pode ser adaptada às 
condições locais de cada país. 
Consistem em uma lista de condições das(os) usuárias(os), que poderiam significar limitações para o uso 
dos diferentes métodos, e as classificam em quatro categorias: 
• Categoria 1: o método pode ser usado sem restrições. 
• Categoria 2: o método pode ser usado com restrições (precauções). São situações nas quais as 
vantagens de usá-lo geralmente superam os riscos comprovados ou teóricos que seu uso poderia 
acarretar. As condições da Categoria 2 fazem com que o método não seja a primeira escolha e, se 
usado, um acompanhamento mais cuidadoso faz-se necessário. 
• Categoria 3: os riscos comprovados e teóricos decorrentes do uso do método, em geral, superam 
os benefícios. Quando há condição da Categoria 3 para um método, este deve ser o de última 
escolha e, caso seja escolhido, é necessário acompanhamento rigoroso da(o) usuária(o). 
 Bianca Cardoso e Santos 
 
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• Categoria 4: o método não deve ser usado, pois apresenta risco inaceitável.

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