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Hipertensão arterial Doença crônica. Não transmissível. Multifatorial. Níveis pressóricos elevados (elevação persistente da PA, PAS maior ou igual a 140 mmHg e/ou PAD maior ou igual a 90 mmHg, medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva). Benefícios do tratamento medicamentoso e não medicamentoso superam os riscos. Assintomática Evolução com lesão em órgãos alvo como coração, rim, vasos e cérebro. Coração: doença arterial coronária (DAC), insuficiência cardíaca (IC), fibrilação atrial (FA) e morte súbita. Cérebro: acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico (AVEI) ou hemorrágico (AVEH), demência. Rins: DRC que pode evoluir para necessidade de terapia dialítica. Sistema arterial: doença arterial obstrutiva periférica (DAOP). Fatores de risco Genética. Idade. Sexo. Etnia. Sobrepeso/obesidade. Ingestão de sódio e potássio. Sedentarismo. Álcool. Fatores socioeconômicos. Medicamentos Apneia obstrutiva do sono (AOS). Prevenção primária Controle do peso Dieta saudável Diminuir ingesta de sódio (5g de sal de cozinha/dia) Aumentar ingesta de potássio (substitutos do sal contendo cloreto de potássio e menos cloreto de sódio, alimentos pobres em sódio e ricos em potássio, como feijões, ervilha, vegetais de cor verde-escura, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata- inglesa e laranja). Atividade física (150 min/semana de atividades físicas moderadas ou 75 min/semana de vigorosas. Os exercícios aeróbicos (caminhada, corrida, ciclismo ou natação) podem ser praticados por 30 minutos em 5 a 7 dias por semana. A realização de exercícios resistidos em 2 a 3 dias por semana também pode ser recomendada). Álcool (limitada a 30 g de álcool/dia = 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 mL) / 2 taças de vinho (12% de álcool, 250 mL) /1 dose (42% de álcool, 60 mL) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso, mulheres e indivíduos com sobrepeso e/ou triglicerídeos elevados). Suplementos alimentares (discreta redução da PA: vitamina C, peptídeos bioativos derivados de alimentos, alho, fibras dietéticas, linhaça, chocolate amargo (cacau), soja, nitratos orgânicos e ômega 3. As suplementações de magnésio, vitaminas combinadas, chá e coenzima Q10 não tiveram efeito significativo). Cessação do tabagismo. Espiritualidade. Doença arterial e dano vascular Já ocorre impacto do aumento da PA no risco CV, na disfunção endotelial (dano camada endotelial vascular) e na rigidez arterial (dano camada média vascular) antes mesmo do diagnóstico de HA. Disfunção endotelial Caracterizada pela baixa disponibilidade de NO e pelo consequente desequilíbrio local entre fatores de relaxamento e constrição de arteríolas. A disfunção endotelial decorre do desequilíbrio entre a produção de NO pela sintase endotelial (eNOS) ou a transformação do NO no radical livre peroxinitrito (NOO-). Nesse caso, a vasodilatação mediada por vários peptídeos, incluindo a bradicinina e angiotensina 1-7, é prejudicada, o que leva ao aumento da resistência vascular periférica e à alteração da permeabilidade endotelial. A instalação de um estado inflamatório crônico em pacientes com HA, pelo aumento na produção de citocinas pró-inflamatórias (como moléculas de adesão leucocitária, endotelina-1, angiotensina II), reduz a expressão da eNOS, enquanto o aumento do estresse oxidativo acelera a degradação do NO. A baixa disponibilidade local de NO aumenta o tono do músculo liso vascular, induz a proliferação de células musculares lisas da camada média e aumenta a permeabilidade do endotélio. Isso facilita a passagem das lipoproteínas de baixa densidade (LDL-c) para o espaço subendotelial, que parece ser o evento inicial no desenvolvimento da aterosclerose. Rigidez arterial Tem provavelmente tem um componente genético, mas também temos dois outros importantes determinantes: a idade e os níveis da PA. A idade tem maior impacto nas artérias proximais (centrais), predominantemente elásticas, do que nas artérias periféricas, predominantemente musculares. As artérias centrais tornam-se mais rígidas com a idade, enquanto as musculares sofrem menos alterações. Com a idade, observamos fragmentação e degeneração da elastina e aumento progressivo do colágeno, acompanhado de depósito de cálcio na camada média arterial, com consequente aumento da rigidez arterial. O aumento sustentado da PA é um gatilho para o desenvolvimento da hipertrofia da camada média da parede arterial, por promover alterações quantitativas e qualitativas de seus componentes (elastina, colágeno e células musculares lisas) que levam a adaptações mecânicas. Células mecanossensitivas responderam ao aumento de estresse com produção de matriz. Portanto, a HA acelera o envelhecimento vascular, uma resposta mecanobiológica local ao aumento de estresse induzido pelo aumento da PA e, consequentemente, da rigidez arterial. Entretanto, vários estudos demonstraram aumento da rigidez carotídea ou aórtica em indivíduos normotensos, apesar de a PA nestes ser normal. Artérias mais rígidas representam maior impedância para a ejeção ventricular, o que exige maiores valores de pressão para manter constante o fluxo sanguíneo. Dessa maneira, tal aumento da rigidez arterial também é capaz de levar, a longo prazo, ao aumento da PA e, consequentemente, do risco CV. Os estudos demonstraram que a rigidez arterial poderia preceder a HA, estabelecendo a teoria da rigidez como causa. Porém a hipótese de um feedback positivo, causa e consequência, ou seja, um ciclo rigidez-HA-rigidez mostra- se conveniente. Os biomarcadores para a avaliação da rigidez arterial: Dilatação mediada pelo fluxo (DMF) - verifica a função endotelial. Velocidade de onda de pulso (VOP) e o índice tornozelo (ITB) conferem a camada média arterial. Índice Tornozelo-Braquial (ITB) Razão entre a pressão sistólica no tornozelo e no braço Marcador de rigidez arterial (camada média) em pacientes sem doença arterial periférica. Pode ser realizado com o uso do Doppler ou através do método oscilométrico ITB ≤ 0,90 foi associado a aproximadamente o dobro de mortalidade idade-ajustada em 10 anos, mortalidade CV e maior taxa de eventos coronários. Velocidade de Onda de Pulso (VOP) Padrão-ouro na avaliação da rigidez arterial Calcula-se a VOP carotídeo-femoral (VOPc-f) dividindo-se a distância percorrida pelo tempo (VOPc- f= distância/ tempo). O tempo pode ser medido diretamente na mesma onda de pulso ou indiretamente por meio da utilização do eletrocardiograma. Indivíduos com prioridade para a avaliação da VOP (SAGE): S (systolic blood pressure – pressão sistólica braquial). A (age – idade). G (fasting plasma glucose – glicemia de jejum). E (estimated glomerular filtration rate – estimativa da taxa de filtração glomerular). O valor de corte de normalidade da VOP, na maioria dos estudos e diretrizes, é menor que 10 m/s ajustado para idade. Pressão Central A pressão central (aórtica, carotídea) não corresponde à pressão periférica (braquial), devido à amplificação de pulso que ocorre da aorta para a periferia e é mais relevante para a patogênese das doenças CV que a pressão periférica. Atualmente, a pressão central pode ser facilmente acessada de maneira não invasiva, com os mesmos equipamentos utilizados e validados para a medida. Doenças de apresentação precoce e tardia Acidente vascular encefálico. Doença cardíaca coronária. Insuficiência cardíaca. Morte cardiovascular. Doenças de apresentação tardia Cardiomiopatia hipertensiva. Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada. Fibrilação atrial. Cardiopatia valvar. Síndromes aórticas. Doença arterial periférica. Doença renal crônica. Demências Diabetes melito. Disfunção erétil. Diagnóstico e classificação Avaliação inicial: Confirmação do diagnóstico Suspeita e a identificação de causa secundária Avaliação do risco cardiovascular (CV). As Investigação de lesões de órgão-alvo (LOA) e as doenças associadas. Ações: Medida da pressão arterial (PA) no consultório e/ou fora dele, utilizando-se técnica adequada e equipamentos validados e calibrados. Obtenção de história médica (pessoal e familiar). Realização de exame físico. Investigação clínica e laboratorial. Inicialmente medida nos dois braços e idealmente estabelecida por medição simultânea. Caso ocorra uma diferença > 15 mmHg da PAS entre os braços, há o aumento do risco CV (doença vascular ateromatosa). Todas as medidas subsequentes devem ser realizadas no braço com valores mais elevados da PA. Na suspeita de HA secundária à coartação da aorta, a medida deverá ser realizada também nos membros inferiores. Em idosos, diabéticos, disautonômicos ou naqueles em uso de anti-hipertensivos, a PA também deve ser medida 1 minuto e 3 minutos após estar em pé (imóvel). A hipotensão ortostática é definida como uma redução na PAS ≥ 20 mmHg ou na PAD ≥ 10 mmHg dentro de 3 minuto em pé e está associada a um risco aumentado de mortalidade e eventos cardiovasculares. O diagnóstico de HA deverá ser sempre validado por medições repetidas em duas ou mais visitas médicas em intervalo de dias ou semanas; ou de maneira mais assertiva, realizando-se o diagnóstico com medidas fora do consultório (MAPA ou MRPA), excetuando-se aqueles pacientes que já apresentem LOA ou doença CV. Define-se a classificação de acordo com a PA do consultório e pelo nível mais elevado de PA, sistólica ou diastólica. Definição de HAS PA no consultório ≥ 140 e/ou ≥ 90. MAPA 24 horas ≥ 130 e/ou ≥ 80. Vigília ≥ 135 e/ou ≥ 85 Sono ≥ 120 e/ou ≥ 70 MRPA ≥ 130 e/ou ≥ 80. Hipertensão do avental branco (HAB): PA é elevada no consultório, mas é normal fora dele. Principalmente se não houver evidencia de LOA. Hipertensão mascarada (HM): PA é normal no consultório, mas é elevada fora dele. Principalmente se houver LOA e alto risco CV. Classificação da PA PA ótima < 120 e < 80. PA normal 120-129 e/ou 80-84. Pré-hipertensão 130-139 e/ou 85-89. HA Estágio 1 140-159 e/ou 90-99. HA Estágio 2 160-179 e/ou 100-109. HA Estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110 Seguimento Pré-hipertensão: considerar HM, pedir MAPA ou MRPA. HAS 1 ou 2: Considerar HAB, pedir MAPA ou MRPA. HAS 3/presença de LOA ou doença CV: Pode se estabelecer diagnóstico de HAS e iniciar tratamento. Fatores de risco CV Sexo masculino Idade: > 55 anos no homem e > 65 anos na mulher DCV prematura em parentes de 1o grau (homens < 55 anos e mulheres < 65 anos) Tabagismo Dislipidemia: LDL-colesterol ≥100mg/dL e/ou não HDL-colesterol 130 mg/dL e/ou HDL- colesterol ≤ 40mg/dL no homem e ≤ 46mg/dL na mulher e/ou TG >150 mg/dL Diabetes melito Obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2 ). Lesões em órgãos-alvo Hipertrofia ventricular esquerda ECG (índice Sokolow-Lyon (SV1 + RV5 ou RV6) ≥ 35 mm; RaVL > 11 mm; Cornell voltagem > 2440 mm.ms ou Cornell índice > 28 mm em homens e > 20 mm em mulheres ECO: IMVE ≥ 116 g/m2 nos homens ou ≥ 96 g/m2 nas mulheres. ITB < 0,9 GR Doença renal crônica estágio 3 (RFG-e entre 30 e 60 mL/min/1,73m2). Albuminúria entre 30 e 300 mg/24h ou relação albumina/creatinina urinária 30 a 300 mg/g . VOP carótido-femoral > 10 m/s (GR: IIa, NE: A). Fatores que podem modificar o risco do paciente hipertenso História familiar ou nos pais de início precoce de hipertensão arterial. Nível muito elevado de um FR individual, incluindo HA estágio 3. Eclâmpsia/pré-eclâmpsia prévia. Apneia do sono. Pressão de pulso > 60 (em pacientes idosos). Ácido úrico > 7 mg/dL (homens) e > 5,7 mg/dL (mulheres). Proteína C-reativa ultrassensível > 2mg/L. FC > 80 bpm Síndrome metabólica (obesidade central, definida como circunferência abdominal > 80 cm em mulheres ou > 94 cm em homens de descendência europeia ou africana ou > 90 cm naqueles de descendência asiática, além de dois entre os quatro fatores a seguir: triglicerídeos > 150 mg/dL, HDL-C baixo (< 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres), hipertensão arterial; glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL ou DM tipo 2 previamente diagnosticado). Sedentarismo Fatores psicossociais e econômicos Distúrbios inflamatórios crônicos
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