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apostila de Fundamentos em Neurociências e Disciplinas Afins

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PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS 
PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUNDAMENTOS EM NEUROCIÊNCIAS E DISCIPLINAS AFINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Dra. Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva 
Prof. Me. Edna Barberato Genghini 
 
 
 
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SILVA, Lisienne de Morais Navarro Gonçalves 
GENGHINI, Edna Barberato 
 
 
Fundamentos das Neurociências e Disciplinas Afins (livro-
texto) / Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva; Edna 
Barberato Genghini. – São Paulo: Pós-Graduação Lato Sensu 
UNIP, 2019. 
 
236 p. il. 
 
 
1. Neurociências. 2. Neuropsicologia. 3. Neuroanatomia. 4. 
Transtornos de Aprendizagem. 5. Sistema Nervoso. Pós-
Graduação Lato Sensu UNIP. III. Fundamentos das 
Neurociências e Disciplinas Afins. 
 
 
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FUNDAMENTOS EM NEUROCIÊNCIAS E DISCIPLINAS AFINS 
 
 
Professor Conteudista 
Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva, Professora Universitária desde 1999, 
atuando como professora da educação presencial e da distância. Com experiência em todos 
os níveis da educação – Educação Infantil, Fundamental, Médio (na modalidade Magistério) 
e Superior. Gestora de escola de Educação Infantil por 15 anos, atualmente coordena o Curso 
de pedagogia, por 18 anos, da Universidade Paulista- UNIP, Campus Alphaville. Mestre e 
doutora em Psicologia da Educação com especialização em Psicopedagogia, a qual atua até 
hoje. Coautora do livro A Escola e o Aluno: Relações entre o sujeito-aluno e o sujeito-
professor. Desenvolve projetos para atender as comunidades da microrregião de Osasco que 
congrega os municípios de Barueri, Cajamar, Carapicuíba’, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora 
do Bom Jesus e Santana de Parnaíba. Coordena os Projetos: Oficinas Pedagógicas de Arte 
e Expressão - que trabalha com crianças com dificuldade de aprendizagem da região e Menos 
Um- de alfabetização de jovens e adultos da região. Participa do Grupo de Pesquisa 
Multiletramento na formação contínua de educadores, Diversidade e inclusão nas práticas 
sociais e Líder do Grupo de Linguagens Pedagógicas de Educação a Distância: Diversidade 
em Ação, da Universidade Paulista-UNIP registrados no CNPQ. Realiza pesquisa na área, 
apresentando trabalhos em congressos nacionais e internacionais. Orienta pesquisas de 
graduação, de iniciação científica e Pós-Graduação da Universidade Paulista- UNIP. 
 
Professora Colaboradora/coordenadora: 
EDNA BARBERATO GENGHINI, Professora Universitária desde 2002. Atualmente no 
exercício da função de Coordenadora para todo o Brasil de cinco cursos ao nível de Pós-
Graduação Lato Sensu: em PSICOPEDAGOGIA E NEUROCIÊNCIAS, PSICOPEDAGOGIA 
INSTITUCIONAL, DOCÊNCIA PARA O ENSINO SUPERIOR, FORMAÇÃO E GESTÃO EM 
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA e em FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, pela UNIP - 
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP/EaD, onde também atua como Professora Adjunta, nas 
modalidades SEI e SEPI. É Diretora e Psicopedagoga da MENTOR ORIENTAÇÃO 
PSICOPEDAGÓGICA LTDA. ME desde 1991. Possui graduação em Economia Doméstica - 
Faculdades Integradas Teresa D'Ávila de Santo André (1980), graduação em Pedagogia pela 
Universidade Guarulhos (1985), Pós-graduação em Psicopedagogia pela Universidade São 
Judas (1987), Mestrado em Ciências Humanas pela Universidade Guarulhos (2002) e pós-
graduação Lato Sensu em Formação em Educação a Distância pela UNIP - Universidade 
Paulista (2011). É autora e coautora de livros Textos para os cursos de Pós-Graduação Lato 
Sensu em Psicopedagogia Institucional, Docência para o Ensino Superior e Formação em 
Educação a Distância da UNIP - EaD. Áreas de Interesse: Neurociências - Educação Inclusiva 
- Psicopedagogia Clínica e Institucional - Formação e Gestão em Educação a Distância - 
Formação de Docentes para o Ensino Superior. 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO 06 
INTRODUÇÃO 08 
 
UNIDADE I 
INTRODUÇÃO DAS BASES NEUROLÓGICAS FUNCIONAIS E PSICOLÓGICAS E 
ESTUDOS NEUROLÓGICOS APLICADOS À PSICOPEDAGOGIA 09 
1.1. Histórico dos estudos em neurociências 09 
1.1.1. A evolução do Sistema Nervoso 26 
1.1.2. Características gerais do sistema nervoso 32 
1.2 Neurobiologia Celular: células do Sistema Nervoso 37 
1.2.1 Neurônios 38 
1.2.2 Tipos de Neurônios 44 
1.2.3 Células da Glia 47 
1.2.4 Astrócitos 49 
1.2.5 Oligodendrócitos e Células de Schwann 50 
1.2.6 Nódulos de Ranvier 52 
1.2.7 Células Não Neuronais 54 
1.3 Potencial da membrana 54 
1.3.1 Sinapse e Transmissão sináptica 57 
1.3.2 Impulso nervoso e sinapse nervosa 60 
1.4 Introdução aos conceitos de divisão do sistema nervoso 64 
 
 
UNIDADE II 
FUNCIONAMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL E SUAS CORRELAÇÕES 
COGNITIVAS: ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DOS PROCESSOS DA 
APRENDIZAGEM E DA NÃO APRENDIZAGEM 68 
2.1. Fundamentos de Neuroanotomia e Neurofisiologia 72 
2.1.1 Neurotransmissores 75 
2.1.1.1. Como os neurotransmissores funcionam 76 
2.2. Divisão anatômica e funcional do Sistema Nervoso: áreas corticais, 
Plasticidade neural 77 
2.2.1. Cérebro 84 
2.2.1.1 Córtex Cerebral 87 
2.2.1.2 Hemisférios Cerebrais 89 
2.2.1.3 Diencéfalo 89 
2.2.1.4 Tálamo 90 
2.2.1.5 Hipotálamo 91 
2.2.2. Cerebelo 93 
2.2.3. Tronco Encefálico 95 
2.2.4. Mesencéfalo 97 
2.2.5. Ponte 97 
2.2.6. Bulbo 98 
2.2.7. Medula Espinhal 99 
2.3. Sistema Nervoso Periférico 100 
2.3.1 Neurônios Simpáticos Pré e Pós-ganglionares 103 
2.3.2 Neurônios Parassimpáticos Pré e Pós-ganglionares 110 
2.4. Neuropsicologia das funções cognitivas 111 
2.4.1. Funções executivas 113 
2.4.2. Atenção, memória e linguagem 114 
2.4.3. Visuoconstrução, praxias e cognição social 115 
2.5. Introdução Geral à Neuropsicologia 116 
2.5.1. Principais casos clínicos da Neuropsicologia 117 
2.5.1.1 O Caso Phineas Gage 117 
2.5.1.2 O Caso Henry Molaison 118 
2.5.1.3 O Caso Donald 119 
2.6. O encéfalo e suas estruturas fundamentais relacionadas à motricidade, 
 
5 
aos sistemas sensoriais, à linguagem, à memória e aprendizado, ao espaço, 
às emoções e à inteligência, em um sistema de processamento distribuído 121 
2.7. Aspectos do desenvolvimento Psicomotor 125 
2.7.1. Sensação e Percepção (tátil, olfativa, gustativa, visual, cinestésica e de equilíbrio) 127 
2.7.2. Processos mentais relacionados à aprendizagem 127 
2.8. Distúrbios e doenças relacionadas ao Sistema Nervoso 132 
2.8.1. Causas das encefalopatias crônicas não evolutivas 132 
2.8.2. TID – Transtornos Invasivos do Desenvolvimento 133 
 
Unidade III 
ASPECTOS NEURAIS ASSOCIADOS ÀS PRINCIPAIS DESORDENS NEUROPSICOLÓGICAS. 
DESCRIÇÕES CLÍNICAS DOS PRINCIPAIS TRANSTORNOS E DIFICULDADES DE 
APRENDIZAGEM – OCORRÊNCIAS EM IDADE ESCOLAR 140 
3.1. Alterações Neuropsicológicas 140 
3.1.1. Déficit de Atenção 141 
3.1.2. Transtornos específicos de aprendizagem (dislexia e discalculia) 144 
3.2. Alterações Neuropsicológicas e comportamentais associadas a quadros neurológicos 150 
3.2.1. Autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA) 151 
3.2.2. Alterações cognitivas do envelhecimento 155 
3.2.2.1 Doença de Alzheimer 155 
3.2.2.2 Demência Fronto-temporal 156 
3.3. Distúrbios do desenvolvimento da linguagem oral e escrita 156 
3.4. Distúrbios de Aprendizagem 158 
3.5. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) 159 
3.6. Transtornos invasivos do Desenvolvimento 162 
3.6.1. TID – TEA 162 
3.6.2. Síndrome de Down 164 
3.6.3. Síndrome do X-frágil 166 
3.6.4. Paralisia cerebral 167 
3.6.5. Distúrbios convulsivos 168 
3.7. Outras alterações sindrômicas
mais comuns na população infanto-juvenil, relacionadas 
à cognição e à aprendizagem 169 
3.7.1. Síndrome de Turner 169 
3.7.2. Síndrome de Williams 170 
3.7.3. Síndrome de La Tourette 172 
3.7.4. Síndrome de Rett 174 
 
Unidade IV 
ASPECTOS NEUROLÓGICOS DAS DESORDENS NEUROQUÍMICAS 176 
4.1. Alterações Neuropsicológicas e comportamentais associadas a quadros neurológicos: 
Epilepsia e Acidente Vascular Encefálico 176 
4.2. Avaliação Neuropsicológica e seus Instrumentos 179 
4.3. Reabilitação Neuropsicológica 181 
4.4. Diretrizes diagnósticas dos principais transtornos e dificuldades de aprendizagem 186 
4.4.1 Anamnese 187 
4.4.1.1 O que observar na Avaliação de Linguagem 189 
4.4.1.2 O que observar na Avaliação do Raciocínio Lógico/Matemático 189 
4.4.1.3 O que observar na Avaliação da programação dos movimentos 191 
4.4.1.4 Avaliação dos Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez 
na infância ou na adolescência 192 
4.5. Quando e como encaminhar para Avaliações Multidisciplinares 193 
4.5.1 Avaliação Neuropsicológica 196 
4.5.2 Avaliação do Processamento Auditivo Central (PAC) 198 
4.5.3 Avaliação Psicológica 200 
4.5.4 Avaliação Fonoaudiológica 200 
 
REFERÊNCIAS 202 
 
ANEXOS 206 
 
 
6 
 APRESENTAÇÃO 
 
Olá Aluno (a), 
Seja bem-vindo (a)! 
 
A disciplina “Fundamentos em Neurociências” tem como objetivos apresentar 
os mecanismos fisiológicos de funcionamento do sistema nervoso central, desde uma 
única célula nervosa até os processos cognitivos, comportamentais e motores que 
ditam nossas emoções, ações e como este sistema determina nossos movimentos 
físicos propriamente ditos. 
A ideia central reflete o fascínio e a curiosidade que todos temos acerca de 
como percebemos, nos movemos, sentimos e pensamos. A elucidação do genoma 
humano trouxe a promessa de “mudar tudo o que sabemos” sobre o nosso encéfalo, 
motivo pelo qual as neurociências avançaram muito então temos, agora, uma visão 
sobre como os neurônios diferem em nível molecular, e esse conhecimento tem sido 
aproveitado para desenvolver tecnologias revolucionarias que permitam estabelecer 
as conexões entre os neurônios e investigar as suas funções. 
O sistema nervoso humano é examinado em diferentes escalas, desde as 
moléculas que determinam as propriedades funcionais de neurônios até́ os grandes 
sistemas no encéfalo que são a base da cognição e do comportamento bem como as 
alterações deste sistema alteram nosso corpo, mente e interação com o meio 
ambiente. 
A disciplina Fundamentos das Neurociências e Disciplinas Afins buscará 
atender sua expectativa de entender o funcionamento do sistema nervoso central 
compreendendo o processo cognitivo e motores que impulsionam o aprender que 
auxilia no desenvolvimento do ser humano permitindo que uma sociedade eclética 
erija. A complexidade do cérebro humano levou pesquisadores se unirem na busca 
de desvendar o indesvendável, pois, ele nos surpreende dia após dia. 
O século passado foi considerado como o marco do cérebro pelas descobertas 
realizadas e reconduzindo as pesquisas dessa área percebendo o cérebro como o 
núcleo do desenvolvimento humano. 
A Neuropsicologia surge com o objetivo de entender a relação existente entre 
cérebro e o comportamento humano e explicar como comportamentos complexos, 
sendo um deles a aprendizagem, acontecem. 
 
7 
Entender questões do nosso cotidiano, tendo como exemplo: falar, andar, 
diferenciar, pensar, planejar, organizar são desafiadores e necessários para quem 
pretende caminhar pela seara da educação. Somos uma máquina divina que requer 
pesquisa, ciência e amor para compreender e desvendar o indesvendável. 
Esse caminho requer uma disposição para o estudo sobre o funcionamento do 
sistema nervoso, o seu processo de desenvolvimento e como ele se desenvolve ao 
longo da vida humana. Sua importância no aprender e no se tornar agente participativo 
na sociedade. 
O foco desse estudo será o cérebro, sistema complexo e desafiador para nós 
que buscamos adentrar nesse mundo labiríntico. O convite é para não apenas ler, 
mas adentrar nessa magia humana. 
Vamos começar? Bom estudo! 
 
 
 
8 
 
 INTRODUÇÃO 
 
O que exatamente entendemos como neurociências e qual a importância de 
conhecer os mecanismos físicos que nos torna o que realmente somos? Estas são 
perguntas que frequentemente nos fazemos e o que mais ouvimos como resposta é 
que o sistema nervoso é um “mar desconhecido”. 
De fato, o sistema nervoso vem se mostrando com o passar do tempo um 
verdadeiro desafio para os estudiosos que se dedicam a isso, mas por outro lado, 
quanto mais conhecemos como o sistema funciona, mais somos capazes de 
relacionar o que nos parece invisível, com o que somos, como nos portamos e como 
as doenças que afetam tal sistema possuem sintomas muitas vezes, comportamentais 
diferentes de uma gripe, a qual conhecemos os sintomas como febre e dor de 
garganta. Os males que afetam o encéfalo e o sistema nervoso são em sua maioria 
de caráter subjetivo, ficando a critério dos cientistas a correlação entre os mecanismos 
normais, anormais, sintomas, prevenção e tratamento. 
A próxima vez que você se perguntar o que é neurociência lembre-se que é 
união de conhecimentos de várias áreas; tais como biologia molecular, anatomia, 
neurofisiologia, biologia do desenvolvimento, genética, fisiologia e psicologia; para 
entender melhor porque nos comportamos de determinada forma. 
Por que se dedicar ao estudo de uma ciência tão complexa e subjetiva então? 
Para entender o quanto do comportamento pode ser creditado a uma herança 
genética e o quanto é derivado do ambiente, sim o ambiente! Apesar de cada um de 
nós possuir anatomicamente o sistema nervoso igual, somos indivíduos 
completamente únicos em nossas diferenças e isso se dá ao processo adaptativo que 
o sistema nervoso sofre ao longo de nossas vidas sendo moldado por nossas 
experiências e aprendizados. 
Então, seja muito bem-vindo ao mundo do conhecimento de uma característica 
do ser humano ao mesmo tempo intrigante e fascinante: a Neurociência! 
 
 
 
 
9 
UNIDADE 1 
INTRODUÇÃO DAS BASES NEUROLÓGICAS FUNCIONAIS E PSICOLÓGICAS E 
ESTUDOS NEUROLÓGICOS APLICADOS À PSICOPEDAGOGIA 
 
Dentro da história nos deparamos com diferentes áreas preocupadas em 
estudar o sistema nervoso em um diálogo interdisciplinar na busca de conhecer o 
cérebro. Nesse caminhar dialógico surge uma nova área de pesquisa, a neurociência, 
revolucionando a ciência. 
Os estudos sobre o sistema nervoso percorrem as áreas da biologia, da física, 
da matemática, da medicina, da psicologia, da química e agora da educação, que 
percebe a importância do cérebro para o entendimento do desenvolvimento humano. 
De acordo com Bear (2002) isso aconteceu no momento que a 
interdisciplinaridade passa a ser valorizada para o entendimento das funções 
cerebrais. Com esses estudos que se entrecruzam e se auxiliam, foi possível perceber 
que os caminhos para desvendar o cérebro começam no diálogo entre as diferentes 
disciplinas e áreas de conhecimento, pois nenhuma ciência é forte o bastante, para 
desvelar o cérebro humano sozinha. Desta maneira, as ciências juntam-se, por volta 
da década de 1980, formando a neurociência. 
Para Barros (2004) essa intercomunicação só tem a contribuir no conhecimento 
das propriedades cerebrais e auxiliar os profissionais entenderem sobre o 
funcionamento desse órgão importante para o ser e agir humano. 
Os estudos sobre o cérebro são recentes (em termos históricos), por isso, 
vamos introduzir nosso Livro texto com o contexto histórico para que você possa situar 
em todo conteúdo acerca dos Fundamentos em Neurociências e Disciplinas Afins. 
Vamos lá? 
 
 
1.1 Histórico dos estudos em neurociências 
Começaremos nosso estudo com um breve passeio pela
história da 
neurociência. O que tem pensado os cientistas acerca do sistema nervoso ao longo 
dos anos? Quem são os neurocientistas de hoje e como eles abordam o estudo do 
sistema nervoso? 
O termo “neurociência” é relativamente novo, a Society for Neurosciense 
(Sociedade para as Neurociências, sediada em Washington) a associação que 
 
10 
qualifica os neurocientistas profissionais foi fundada apenas em 1970, jovem não 
acha? Porém o estudo do encéfalo é tão antigo quanto a própria ciência. A forma 
como o encéfalo e suas funções eram vistos teve início em meados do século XX com 
a junção de cinco linhas experimentais: anatomia, fisiologia, farmacologia e psicologia. 
O médico grego Galeno no início do século II supôs que os nervos (ainda não 
conhecido com profundidade), levavam um fluido produzido pelo encéfalo através da 
medula espinhal até todas as regiões periféricas do corpo. O que Galeno propôs foi 
utilizado como único conhecimento aceito até a invenção do microscópio que mostrou 
alguns detalhes desconhecidos até então sobre as células do sistema nervoso. 
Acredita-se que os homens primitivos, tinham esse conhecimento, pois muitos 
hominídeos encontrados tinham seus crânios perfurados, levando os cientistas a 
acreditarem que o cérebro já ocupava espaço de curiosidade e percebiam que era 
uma região que guardava certa importância. 
Pesquisas revelam que além de tentarem acertar o cérebro ou o coração nas 
caças ou embates, acreditavam que retirando um aparte do cérebro muitas doenças 
poderiam ser curadas. 
Documentos datados de 8.000 anos atrás, por arqueólogos, mostram que a 
trepanação, perfuração craniana, era uma técnica comum na busca da cura de 
doenças, tendo como exemplo a loucura ou a retirada do demônio (exorcismo) das 
pessoas. 
 
Figura.1 Trepanação e o crânio trepanado 
 
 
11 
 
Fonte: < https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Arqueologia/noticia/2015/06/solucao-para-problemas-
mentais-na-antiguidade-furar-cabeca-dos-pacientes.html>acessado 20/05/19. 
 
A princípio, não havia nenhum cuidado ou preparo para esse tipo de cirurgia, 
usava-se pedra, vidro, perfurador rústico, aparecendo o bisturi depois, de aprenderem 
a fabricar materiais mais complexos. 
Algumas evidências apontam que nossos ancestrais pré-históricos já tinham 
noção da importância vital do que havia dentro do que hoje chamamos de caixa 
craniana, o encéfalo. Alguns registros arqueológicos possuem crânios com lesões 
semelhantes a traumatismos cranianos fatais. 
 
Figura 2: Evidência de cirurgia encefálica pré́-histórica. Este crânio, de um homem 
datando de mais de 7 mil anos atrás, foi aberto para cirurgia enquanto ele ainda estava 
vivo. As setas indicam dois locais da trepanação. 
 
 
Fonte: ALT et al., 1997, Fig. 1a. apud BEAR, CONNORS e PARADISO, 2017. p.5. 
 
 
 
12 
Vale ressaltar que embora acreditasse que o cérebro era importante, 
considerava-se o coração a casa do pensar e do criar, haja visa que, quando as 
pessoas morriam removiam o cérebro pelo nariz e preservavam os demais órgãos, 
por serem mais importantes que o cérebro, o que passou a ser questionado por 
Hipócrates- 420 e 350 A.C., considerado o pai da medicina. Hipócrates mudou a forma 
de pensar e agir dessa disciplina, executada por sacerdotes, e a transformou em 
ciência médica, escrevendo o tratado sobre o cérebro e mudando o olhar sobre a 
medicina. 
 
 
 
Hipócrates de Cós (460-370 a.C.), filho de médico, aluno de Heródico de 
Selímbria, nascido de uma família de sacerdotes-médicos - diziam ser 
descendente de Asclépio -, rompeu com o culto estabelecido, não visitou o 
Oriente nem o Egito (os estágios no exterior da época), praticou e ensinou sua 
medicina em Larissa, Tasos, Delos, Abdera, Perinto, Crotona e outras cidades, 
acompanhado de assistentes e auxiliares, conforme o costume da época. 
Quando Péricles morreu vitimado pela peste em Altina, em 481 a.C., 
Hipócrates lá se encontrava. Mostrando que quem é bom nasce feito, foi 
cognominado o “Pai da Medicina”, sendo a personalidade central do que é 
chamada a “Escola Hipocrática”, que refugou a visão templista do 
curandeirismo mágico e, além dos postulados éticos, começou a dar à Medicina 
uma conotação de corpo integrado por disciplinas, indo do diagnóstico ao 
tratamento e prognóstico. 
É importante ressaltar que, embora o Hipócrates histórico - figura 
totalmente humana, tenha sido famoso como médico e professor, nenhum 
tratado isolado pode ser seguramente identificado como sendo dele e muitos 
dos detalhes tradicionais de sua vida são invenções posteriores a ela. 
Contemporâneo de Sócrates, Platão, Heródoto, Tucidides, Fídias, 
Polignoto e Péricles em Atenas, vivendo numa época áurea e numa cidade que 
liderava intelectualmente o mundo e para este mostrava os caminhos da 
inteligência, da razão, da beleza, da harmonia e da grandeza, deixando um 
sombrio passado para trás, Hipócrates representou para a Medicina o que as 
maiores contribuições de seus iluminados contemporâneos representaram para 
a filosofia, as artes e a política. 
 
13 
 
Hipócrates, mesmo não tendo feito uma trepanação, pode observar sendo feita 
e entender o procedimento realizado. Pesquisas mostram que era comum utilizar esse 
procedimento para cura de dores de cabeça em pessoas que se voluntariavam, no 
intuito de saná-las, para aliviar sofrimentos de pacientes lesionados por quedas, 
pancadas ou algum traumatismo. 
Não se sabe ao certo, quando que o homem começou a utilizar essa técnica e 
pelo qual motivo o levou a acreditar que solucionaria o problema apresentado. A vida 
do homem primitivo era dão difícil, sujeita a constantes perigos que a subsistência 
fazia com que ele buscasse soluções para acontecimentos, na tentativa de sobreviver. 
Nos estudos arqueológicos, muitos corpos estranhos foram encontrados 
indicando procedimentos cirúrgicos, devido lesões e fraturas. 
Interessante lembrar que a trepanação como se usava antigamente, felizmente 
não se utiliza mais, porém, ainda ela está presente em alguns casos emergenciais, 
como na contenção da hemorragia craniana, chamada hoje de craniectomia. 
Historiadores da área médica, na busca de entender essa dinâmica de cura, 
tiveram acesso a escritos de 5.000 anos que mostram que os egípcios tinham 
conhecimento das consequências de uma lesão cerebral, mas acreditavam que era o 
coração a casa da memória e do espírito. 
Compreender as diferentes funções do corpo é aprender a observar a formação 
de cada parte, pois elas se formam e preparam para uma determinada função. 
Observe o nariz, boca, olhos, mãos, pernas e pés e tente entender por que elas 
têm esse formato, para qual função elas servem e porque não poderiam servir para 
outra função (sem levar em consideração as possíveis adaptações que podem ser 
feitas). Assim, você conseguira entender o que significa quando dizemos cada 
estrutura tem uma função, pois, elas se organizam para atender uma determinada 
necessidade humana. 
Foi nesse processo que Hipócrates entendeu que o encéfalo era um órgão 
importante e responsável pela sensação. Feche seus olhos, experimente uma fruta e 
perceba como essa informação chega ao cérebro e depois toca seu coração. 
 
Figura 3. Hipócrates 
 
14 
 
Fonte: https://medium.com/@milenacarvalho_67013/hip%C3%B3 socrates-e-as-alegrias-e-
tristezas-do-c%C3%A9rebro-f6f7b11d1640 Acessado em 20/05/2019 
 
Nesse caminho histórico, deparamos com Aristóteles (384-322 A.C), não 
abandonou a ideia de que o coração era o que propiciava a inteligência e o encéfalo 
era responsável em esfriar o coração que, com a intensidade das emoções, fervia. 
Para ele, quanto mais potente um cérebro mais inteligente e racional é um ser 
humano, pois o coração poderá agir e contar com o cérebro para esfriar o sangue 
quando ferver. 
 
 
 
 
 
Descarte, em seus estudos, em meados do século XVII, por volta de 1630 – 
1650, elabora
sua tese sobre o corpo humano, sendo uma máquina. Em sua teoria 
Você sabia que usamos o termo 
cérebro erroneamente? Na realidade o sistema 
nervoso central é formado pela medula 
espinhal e o encéfalo, e o encéfalo estão 
localizados dentro do crânio, ou caixa craniana. 
O cérebro é a parte mais desenvolvida do 
encéfalo, são as dobrinhas, conhecidas como 
circunvoluções. Portanto, encéfalo e cérebro 
não são sinônimos. 
 
 
 
15 
mecanicista, compara o corpo com uma engrenagem de uma máquina, a qual cada 
parte tem uma função, separando o corpo da alma. Para Murta (2017, p.04), ao citar 
Descartes: 
 
[...] quão diversos autômatos, ou máquinas móveis, a indústria dos homens 
pode produzir, em empregar nisso senão pouquíssimas peças, em 
comparação à grande multidão de ossos, músculos, nervos, artérias, veias, e 
todas as outras partes existentes no corpo de cada animal, considerará esse 
corpo como uma máquina que, tendo sido feita pelas mãos de Deus, é 
incomparavelmente melhor ordenada e contém movimentos mais admiráveis 
do que qualquer das que possam ser inventadas pelos homens. 
 
Ao fazer analogia à uma máquina explica todo o funcionamento. Para 
Descartes o corpo humano: 
 
Nada mais seja do que uma estátua, ou máquina de terra que Deus forma 
deliberadamente, para torná-la o mais possível semelhante a nós: de modo 
que ele lhe dá não só a cor e a forma de todos os nossos membros, como 
também insere todas as peças que são necessárias para fazer que ela 
caminhe, coma, respire, enfim, imite todas as nossas funções, que se imagina 
proceder da matéria e só depender da disposição dos órgãos. (MURTA, 2017, 
p.04). 
 
Segundo o filósofo a mente e o cérebro eram separados, afirmando que o ser 
humano além do corpo possuía uma mente. O corpo era uma máquina que se 
movimentava, o coração bombas e os pulmões o ar que sopra, tendo ainda a alma, 
ou mente. Conheça Descartes: 
 
 Fig. 4 René Descartes 
 
 
Fonte:<https://universoracional
ista.org/o-que-significa-penso-
logo-sou/>acessado em 
20/05/2019 
 
 
16 
 
 
 
 
 
A biologia nasce no século XIX, com a revolucionária teoria de seleção natural 
de Darwin (1809-1882), a mente como algo divino do ser humano. Charles Robert 
Darwin veio de uma família de gênios, estudiosos, que contribuíram para a história e 
para algumas teorias estudadas na contemporaneidade. Darwin afirmou que o homem 
é mais uma espécie da Terra, não sendo único ser que têm ancestrais influenciando, 
assim, vários estudos em diferentes áreas. Ele atribuiu a mente uma posição marcante 
nos futuros estudos e descobriu que a anatomia do córtex era definida e, portanto, 
possível de ser estudada. 
 
 
Figura 5- Charles Robert Darwin 
 
Fonte: < https://pgl.gal/charles-darwin-teoria-evolucionismo/> acessado 
20/05/2019 
 
Seu conceito sobre a evolução das espécies pela seleção natural contribuiu e 
mexeu com todas as áreas, inclusive a política e a economia, dentre outras. 
Quanto se estudou para chegarmos à discussão do século 
XXI sobre a mente humana e seu funcionamento? 
 
 
17 
Mesmo assim, esse tema não se mostrou tão interessante para a comunidade 
cientifica até que o italiano Camillo Golgi e o espanhol Santiago Ramón y Cajal 
mostraram detalhes mais específicos e que despertaram interesse no final do século 
XIX. Golgi desenvolveu uma técnica pioneira para corar as células nervosas baseada 
em sais de prata que permitiu a visualização precisa em microscópio da estrutura da 
célula nervosa. 
Baseado na técnica de Golgi, Ramón y Cajal observou e determinou que o 
sistema nervoso não era composto de uma única célula multinucleada originada por 
fusão de células uninucleadas ou por muitas divisões celulares incompletas de 
células, foi então que ele desenvolveu alguns conceitos que hoje são conhecidos 
como doutrina neuronal o princípio de que “os neurônios individuais são os blocos 
construtivos elementares e os elementos sinalizadores do sistema nervoso”. 
Em meados do ano 1800 Franz Joseph Gall, um médico especialista em 
anatomia de Viena, deu início as tentativas de integrar conceitos biológicos e 
psicológicos propondo suas ideias novas: a primeira foi a rejeição a ideia de que corpo 
e mente são entidades separadas e a segunda foi que o córtex encefálico não 
funcionava como um órgão único, mas que possuía regiões especificas relacionadas 
a atividades diferentes. 
Em 1808, Dr. Franz J. Gall estudou a anatomia do cérebro e fundou a 
frenologia, a ciência que estuda cada parte, determinando que o cérebro é o ponto de 
partida das manifestações morais e intelectuais humanas e o de chegada das 
sensações. Proclamou que as características físicas determinavam as características 
mentais das pessoas. Para ele, há uma área para cada processo mental do ser 
humano e acreditava que poderia reconhecer as habilidades das pessoas pelo 
tamanho da cabeça delas. 
 
Figura 6. Dr. Franz J. Gall, 
 
 
Fonte: 
<http://blog.buko.net/gbu/professor-
gall/prof-franz/>Acessado: 
20/05/2019 
 
 
18 
 
Considerado o pai da frenologia Gall entrou em atrito com a igreja, por afirmar 
que a mente tinha um lugar dentro do corpo e com os cientistas que alegaram que ele 
não tinha provas concretas de sua teoria. Na época, Gall não teve muita sorte com 
sua teoria, deixando Viena e tendo sua teoria considerada inválida na França por 
Bonaparte. 
Gall enumerou aproximadamente 27 regiões diferentes no encéfalo cada uma 
relacionada a uma função específica. 
 
Figura 7: Um dos primeiros mapas para localização das funções do encéfalo. 
 
Fonte: http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenwhy_port.htm (acesso em 21.01.2019) 
 
Outro cientista revolucionário no contexto histórico da neurociência foi Paul 
Broca (1824 – 1880) que aos 20 anos se forma em medicina e estudou a cartilagem, 
ossos, patologia do câncer, tratamento do aneurisma, mortalidade infantil, a relação 
anatômica do cérebro e crânio, a relação com a inteligência e a capacidade mental. 
Dentre vários estudos sua contribuição para a neurociência foi o que hoje leva 
o seu nome, o centro da fala denominada como área de Broca, devido a um paciente, 
Leborgne, que perdeu a fala, mas não a compreensão, começa a se firmar a relação 
entre cérebro e a linguagem. 
Assim, ao receber que Leborgne, como um paciente que não apresentava 
dificuldades em relação à compreensão de linguagem, mas não era capaz de falar, 
logo após a sua morte em 1861, o Dr. Broca examinou seu encéfalo e detectou uma 
 
19 
lesão na região do lobo frontal esquerdo, levando-o a concluir que aquela região 
estava diretamente ligada a produção da fala. 
Esse transtorno foi denominado Afasia1 de Broca. No córtex cerebral a área de 
Broca se situa no lobo frontal. Quando ela é atingida, ocorre a afasia motora ou a 
afasia2 de Broca. Afeta principalmente a expressão da fala: estilo telegráfico, baixa 
fluidez, problemas de sintaxe e gramática, vocabulário reduzido, dificuldade em 
encontrar as palavras certas, problemas de articulação. 
 
Figura 8 - Paul Pierre Broca 
 
 
 
1 A afasia é a perda total ou parcial da capacidade de comunicar-se (falar e compreender). Geralmente 
é causada por uma má irrigação do cérebro. Os especialistas em linguagem distinguem os distúrbios 
da fala, que incluem dificuldades de pronunciação e de articulação, dos distúrbios da linguagem, que 
se manifestam pela dificuldade em encontrar palavras e formular frases. A afasia reúne esses dois 
distúrbios. 
2 Classificação das Afasias: Segundo a neuropsicologia, distinguem-se dois grandes grupos de 
afasias, cada uma das suas variedades referindo-se a lesões cerebrais de localização precisa: o grupo 
das afasias de expressão/condução e o grupo das afasias sensoriais ou de recepção. As afasias de 
expressão compreendem essencialmente: 
 Afasia de Broca: descoberta por Paul
Broca (1861), que se caracteriza por uma perturbação da 
expressão oral e escrita (dificuldade ou incapacidade de articular um discurso, de produzir 
linguagem eficientemente) e por uma alteração ligeira a moderada da compreensão que tende a 
melhorar. A característica marcante dessa afasia é discurso hesitante, tendência a repetir frases 
ou palavras, sintaxe e gramática desordenadas e estrutura desordenada de palavras individuais. 
 Afasia de Condução: Grande espectro de lesões que acometem as áreas subcorticais, 
principalmente o fascículo arqueado, que conecta as áreas de Broca (áreas 44 e 45 de Brodmann) 
e de Wernicke (Área 22). Causa dificuldade de propor respostas adequadas, embora a 
compreensão esteja pouco alterada. O sintoma principal é uma alteração do sistema fonológico 
que se exprime com prejuízo da repetição, da escrita quando ditada e da leitura em voz alta, da 
reprodução de ritmos e pela presença de parafasias na linguagem espontânea. 
 Afasia sensorial (receptiva) e Afasia de Wernicke: são afasias fluentes, caracterizam-se por 
uma perturbação da compreensão do discurso, embora a fala esteja fluente, com poucas 
repetições espontâneas havendo, porém, um uso não adequado das palavras. 
 
Fonte: 
http://www.cerebroment
e. 
org.br/n02/historia/broc
a_p.htm Acessado: 
20/05/2019 
 
 
20 
 
Figura 9: O encéfalo que convenceu Broca da localização de funções no 
cérebro. Esse é o encéfalo preservado de um paciente que perdeu a capacidade de 
falar antes de morrer, em 1861. A lesão que produziu esse déficit está indicada no 
círculo. 
 
Fonte: Corsi, 1991, Fig. III, 4. 
Gall, realizou uma autópsia em Leborgne, em 1861 (fig. 9), paciente citado 
acima, que não falava, mas compreendia e não tinha nenhuma sequela física e 
detectou o local lesionado que se localizava no lobo frontal esquerdo. 
Treze anos depois, 1874, Wernicke descreveu pacientes que conseguiam falar, 
mas não compreender, dando uma nova perspectiva para o estudo do cérebro 
humano, denominado a fala normal e a falta de compreensão como um tipo de afasia 
sensorial, quando a fala está preservada e a compreensão da linguagem está 
prejudicada. 
A afasia de Wernicke é causada por danos na área de Wernicke, perto do 
córtex auditivo primário. A pessoa afetada não tem dificuldade em falar, mas 
utiliza palavras inadequadas e sem construção lógica com uma alta fluidez, o 
que torna a sua fala seja incompreensível. Sua compreensão oral e escrita 
também é perturbada. No entanto, ela não tem consciência da sua doença. 
Observe as duas áreas citadas: 
 
Fig. 10 - área de Broca e Wernicke. 
 
21 
 
 
A área de Broca, como se pode ver, localizada no lobo frontal esquerdo, é 
responsável pela expressão da linguagem e programas motores da fala e os nervos 
faciais. 
A área de Wernicke está localizada no lobo temporal esquerdo, responsável 
pela compreensão da linguagem, reconhecimento da linguagem, interpretação e 
processamento semântico, portanto, uma pessoa lesionada nessa área, escuta e 
reconhece as palavras soltas, mas não consegue agrupá-las para compreender o 
contexto de uma frase. 
Em 1885, Hermann Ebbinghaus traz a possibilidade de testar o cognitivo do ser 
humano e descreve a dinâmica da aprendizagem e do esquecimento, com um método 
de memorização que consistia palavras aleatórias que deveriam ser escutadas, em 
um determinado ritmo (metrônomo) e repetidas. Depois criou o teste lacunar, que 
consistia em dois momentos. O primeiro a leitura de frases e no segundo, essas frases 
teriam palavras faltando (lacunas), as quais teriam que ser preenchidas. Com seus 
estudos, traça a velocidade em que apendemos e a curva do esquecimento. 
 
 
O SISTEMA LÍMBICO E O CIRCUITO EMOCIONAL DE PAPEZ 
Acesse o Anexo I, ao final deste Livro-texto para entender a complexidade da estrutura cerebral. 
 
Figura 11. Hermann Ebbinghaus 
Fonte:<http://imensoamor01.bl
ogspot.com/2015/10/area-de-
broca-e-area-de-
wernicke.html>Acessado em 
20/-5/2019 
 
22 
 
 
Ebbinghaus, muito conhecido entre os psicologos, pois foi o primeiro a estudar 
a memória e abriu as portas para outros pesquisadores. Se interessou pela percepção 
das cores- senso percepção, trazendo estudos da ilusão ótica, a qual o objeto é 
percebido de acordo com o tamanho dos objetos que estão ao seu redor. 
Em 1891. Santiago Ramón Y Cajal, médico- historiador Espanhol, formula a 
teoria neuronal explicando a composição e a função do sistema nervoso e como ele 
se conecta com os demais elementos. Assim, foi considerado o fundador da teoria 
neuronal. Cajal teve a contribuição de Golgi, que juntos ganharam o Prêmio Nobel, 
em 1906. 
 
 
 
Conheça mais sobre a história da neurociência e como podemos relacioná-la a 
educação em: RIVEIRO, S. Tempo de cérebro. Estudos avançados. 27, (77).2013. 
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v27n77/v27n77a02.pdf 
 
Figura.12 - Santiago Ramón y Cajal e Camillo Golgi 
Fonte: 
www.ib.usp.br/.../008%20Rodrigo%2
0Pavão%20-
%20APRENDIZAGEM%20E%20...A
cessado em :20/05/2019 
 
 
23 
 
Fonte: https://edukavita.blogspot.com/2015/ Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n1/a07v36n1.pdf 
06/biografia-de-santiago-ramon-y-cajal.html acessado 20/05/2019 Acessado:20/05/2019 
 
Cajal e Golgi conseguiram colorir os neurônios com sais de prata, conseguindo 
enxergar as estruturas celulares e suas ramificações. Evidenciando que os neurônios 
individuais são fundamentais para o funcionamento do sistema nervoso. O 
conhecimento que temos sobre as estruturas dos neurônios se deve aos estudos 
desses dois médicos- historiadores. 
Uma investigação com abordagem voltada para o funcionamento (fisiologia) do 
sistema nervoso teve início no final do século XVIII quando Luigi Galvani (médico e 
físico) quando descobriu que as células nervosas e os músculos produziam algum tipo 
de descarga elétrica. Os fisiologistas alemães Johannes Müller, Emil Du Bois-
Heimmond e Hermann von Helmholtz no século XIX, através de estudos de 
eletrofisiologia conseguiram medir com precisão a velocidade de condução da 
atividade elétrica ao longo das células nervosas e como essa descarga elétrica 
interage com as células adjacentes. 
 
 
 
 
 
Figura 13. Células piramidais coloridas Golgi e Cajal 
 
24 
 
Fonte:< http://www.scielo.br/pdf/rpc/v36n1/a07v36n1.pdf> acessado 20/05/2019 
 
Os estudos de Cajal possibilitaram conhecer as sinapses mentais e entender 
os mecanismos da aprendizagem e da memória. 
O Século XX encontramos vários estudiosos da mente e do cérebro, 
principalmente porque as guerras (primeira e segunda) deixaram muitos feridos, com 
sequelas e alavancaram as pesquisas de reabilitação neurológicas. 
Vygotsky e Luria se dedicaram a neurociência cognitiva com seus estudos 
sobre as estruturas anatômicas cerebrais e as vias que compõem os sistemas dos 
Processos Psicológicos Superiores-PPS que estão relacionados à aprendizagem, 
cognição e linguagem, trazendo o meio como componente importante nesse 
processo. Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) e Alexander Romanovich Luria 
(1902-1977) contribuíram muito para que a aprendizagem e seu processo sejam 
entendidos. Ressaltam a importância da atenção, memória, reconhecimento dos 
objetos (gnosia / percepção), pensamento e comportam 
 
 
 
 
 
25 
Eletrofisiologia é a ciência que estuda as propriedades elétricas presentes 
nas células e tecidos do corpo. São realizadas aferições do potencial elétrico 
em proteínas de canais (presentes nas membranas das células). 
Os antigos filósofos gregos desde o início da ciência ocidental, tentaram 
estabelecer conexões entre a mente humana e o comportamento. No século XVII 
René Descartes conseguiu distinguir o corpo da mente, na sua percepção era 
atribuído ao encéfalo apenas as funções como percepção, atividade motora, 
memória, apetite e outras funções atribuídas a animais inferiores. Entretanto as 
funções superiores como
consciência, não representava uma das funções do 
sistema nervoso, mas sim da alma. 
Interessante essa visão não acha? Hoje com a informação que temos, fica 
difícil acreditarmos que um dia alguém pensou assim, porém sabemos também 
que o conhecimento que temos hoje nos parece obvio que a evolução da ciência 
faz com que nós olhemos de uma forma diferente para a visão de Descartes. 
 
 
 
Para conhecer mais sobre o olhar de René Descartes sobre um olhar filosófico 
da neurociência, leia: DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. Editora Edipro. 
 
 
 
 
 
 
Figura 14 - Leontiev, Vygotsky e Luria 
 
26 
 
Fonte:< http://itca.org.br/web/especializacao-em-teoria-historico-
cultural-turma-x/ > acessado: 20/05/209 
 
Vygotsky, com seus colaboradores Leontiev e Luria, deixaram marcas na 
educação com as pesquisas voltadas para a área que envolve o pensar, se comunicar, 
agir e aprender. 
 
 
1.1.1 A evolução do Sistema Nervoso 
Neurocientistas, profissionais de várias disciplinas se uniram para um trabalho 
incansável do desvelar esse segredo, portanto, a curiosidade de entender o cérebro 
ou o encéfalo não é tão jovem, arriscaria dizer que é velho em demasia, pois como já 
dito anteriormente, o homem gosta de desenredar mistérios. 
Um conhecimento que perpassa por disciplinas e de aprofundamento que 
requer muito estudo e dedicação. O sistema nervoso do corpo humano é composto 
pelo encéfalo, medula espinhal e nervos do corpo, essenciais para o pensar, sentir 
mover-se e aprender. 
Nossa trajetória, de maneira rápida, pela história possibilitou que você 
caminhasse um pouco pela evolução da neurociência. Deparamos, em 1962, com 
uma organização que conecta todas as universidades do mundo que queiram discutir 
sobre a neurociência - Neuroscience Research Program. 
Esperamos que você tenha entendido o processo do estudo do cérebro que 
tem como base a medicina, caminhando para os psicólogos e ampliando para um 
 
27 
diálogo interdisciplinar da neurociência, que busca estudar as estruturas cerebrais que 
possibilitam o desenvolvimento do ser humano. 
A neurociência se ocupa em entender e investigar o sistema nervoso no intuito 
de compreender esse principal órgão dos animais vertebrados e da maioria dos 
invertebrados e, nos humanos, o sistema nervoso está protegido pelo crânio. 
A cabeça, uma parte do corpo humano que guarda o órgão essencial para nós 
seres racionais e emocionais, é responsável por todas as ações do corpo humano, as 
voluntárias, que desejamos e percebemos e as involuntárias que independente de 
desejarmos acontecerá, como o batimento do coração, o respirar, o piscar e outras 
atividades vitais. 
O cérebro comanda todos os movimentos e processos do desenvolvimento do 
ser humano, fazendo com que o corpo ande e funcione de maneira sincronizada. 
É interessante saber que, diferente das demais células do corpo que ao 
morrerem são substituídas, a morte de um neurônio não acarreta o aparecimento de 
outro e sim a ausência dele, trazendo a importância do estímulo e de um ambiente 
aprendente adequado e organizado. 
 
 
 
 
 
Entendamos o cérebro e sua divisão. 
 
Figura15. Cérebro humano 
Você nunca se perguntou como 
funciona nossa mente? O que nos faz 
tristes, alegres, chorosos, pensativos? O 
que é loucura, desatenção, raiva? 
O mesmo órgão que nos deixa 
triste, nos deixa alegres e loucos. 
Que loucura!!! 
 
28 
 
Fonte:<https://realidadesimulada.com/por-que-nosso-cerebro-possui-um-
forma-enrugada/>acessado: 20/05/19 
 
A anatomia cerebral tem um propósito e se diferencia entre as espécies, 
mesmo perceptivelmente sendo maior o cérebro de animais maiores, tendo como 
exemplo baleia e elefante, proporcionalmente o cérebro humano é grande quando 
comparado ao nosso corpo ocupando 2% do peso. Mas não é isso que nos diferencia 
dos demais animais, pois o cérebro do rato também equivale a 2% do peso. A magia 
desse órgão é sua complexidade, suas dobras, rugas que contemplam as sinapses 
realizadas, a inteligência que o ser humano possui. 
O tamanho, portanto, não é algo que se diferencie e decisivo para a nossa 
inteligência, mas as pregas, sinal de inteligência e explicação de muitos 
acontecimentos do desenvolvimento humanos. 
Observe imagem abaixo e brinque com a imaginação e se desafie a pensar o 
quanto inteligente somos. 
 
 
 
 
 
 
Figura 16. Cérebro de diferentes animais comparados ao cérebro humano 
 
29 
 
 
Fonte:< https://hypescience.com/veja-o-tamanho-e-peso-do-cerebro-humano-
em-comparacao-com-outros-animais/> Acessado em 20/05/19 
 
 
Figura 17- divisão dos Lobos 
 
30 
 
Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br/lobo-temporal-afetividade-memoria/ 
acessado 20-05-19 
 
Observe seu tamanho em relação aos demais Lobos e ainda é subdividido em 
córtex motor, responsável pelo movimento dos olhos, da escrita e da linguagem e o 
córtex pré-frontal que cuida da habilidade de conhecer, de comportar-se e de 
emocionar-se. Assim, temos um cérebro que se organiza para que o indivíduo se 
desenvolva em harmonia. O corpo humano parece uma orquestra comandada pelo 
cérebro. 
É interessante saber que o funcionamento do cérebro é cruzado, ou seja. Lado 
esquerdo do cérebro comanda o lado direito do corpo e o direito do cérebro o esquerdo 
do corpo. 
 
 
 
 
31 
 
 
Já vimos que o Lobo Frontal é muito importante por ser responsável pelas 
funções do processo de informações com caráter executivo. O maior lobo e o último 
a ser formado. Vejamos agora as funções do parietal, temporal e occipital. 
Lobo Parietal é responsável pelo cálculo, reconhecimento de determinadas 
situações e nos possibilita tarefas rotineiras como voltar para casa, se vestir, escovar 
dentes, dançar, sensação de felicidade, o calor de um abraço, a força de um aperto 
de mão, lembranças de momentos ao comer uma comida ou olhar um objeto (ligado 
a sensação) e serviços diários. 
O Lobo Temporal fica responsável pela memória auditiva, visual e 
compreensão da fala. Perceba que o Parietal é a área da relação objeto com o 
passado e o temporal guardar o que ouve, vê e escuta, reconhecendo formas, texturas 
e peso. 
O Lobo Occipital, localizado na parte traseira da cabeça tem a função de 
controlar a visão, e os estímulos trazidos pela visão, um pequeno lóbulo que processa 
o que vemos e leva para o lóbulo frontal. 
Vimos um pouco de cada Lobo cerebral, mas iremos mais para frente nos 
aprofundar. Continuemos nessa caminhada de descoberta e imersão no 
desconhecido mundo cerebral. 
 
 
Vamos entender um 
pouco de cada Lobo? 
 
32 
 
 
A neurociência se ocupa em investigar o sistema nervoso, um estudo complexo 
e trabalhoso dividido em campos como: 
Neurofisiologia- estuda o funcionamento do sistema nervoso; 
Neuroanotomia - busca compreender a estrutura do sistema nervoso para 
nomeá-los. 
Neuropsicologia -estuda a área psíquica e as relações entre as ações dos 
nervos e suas funções; 
Neurociência comportamental - busca compreender o sistema nervoso que 
controla o comportamento voluntário ou não, está ligada a relação do organismo com 
o pensamento e emoções. 
Neurociência e a neurociência cognitiva estudam pensamento, aprendizagem 
e memória. 
A Psicopedagogia para contribuir de maneira efetiva no processo de ensino e 
aprendizagem precisa se apoderar do funcionamento do cérebro e compreender o 
que acontece com as crianças quando apresentam dificuldade de aprender e executar 
tarefas. 
 
 
1.1.2 Características gerais do sistema nervoso 
O sistema nervoso é um dos diversos sistemas no corpo humano responsável 
por transmitir sinais de todas as partes do corpo e coordenar as respostas sejam elas 
voluntárias ou involuntárias. Em nós humanos e na maioria dos vertebrados o sistema 
nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico 
Você consegue 
entender a magia da 
neurociência?
33 
(SNP) ambos conectados entre si e que se comunicam em uma via de mão dupla 
onde o SNP leva informações para o SNC, este processa a informação e encaminha 
uma resposta ao SNP. 
A Neurociência como já abordado anteriormente surge em meados de 1960, 
com uma visão interdisciplinar, abarcando várias áreas de pesquisa e estudo. Ela foi 
pegando força e trazendo pesquisadores de todo o mundo interessados na área do 
conhecimento e aprendizagem, desmistificando a ideia de que as células gliais 
deixavam de ser produzidas com o tempo e idade. 
O sistema nervoso surge na 3ª ou 4ª semana de gestação. Vamos tentar entrar 
no mundo secreto da construção do cérebro. Após a concepção temos um 
aglomerado de células que irão se transformar do embrião para um feto e uma criança. 
As placas neurais irão tomar forma, ao longo do dorso embrionário, um tecido 
desdobrando dentro da sua estrutura - invaginação dos neurônios 
 
Figura 18- desenvolvimento sistema neural 
 
Fonte:adaptado<https://www.famema.br/ensino/embriologia/img/sistema-
nervoso/desenvolvimento-do-encefalo/sistemanervoso29.jpg >acessado:20/05/2019. 
 
34 
 
 
Observe que no começo ele é liso e aos poucos vão se formando os sulcos 
originando o tubo neural, que dentro tem o líquido amniótico que, em um processo 
mágico aparecerão o encéfalo e a medula espinhal que crescerá e se contorcerá 
tornando-se as vísceras encefálicas primitivas. 
Lent (2001) explica que o líquido originará os ventrículos cerebrais e o canal o 
qual eles se comunicarão. A construção do sistema nervoso central (SNC) - 
Morfogênese-acontece junto com o sistema nervoso periférico (SNP). 
 
Figura 19 - Sistema nervoso central 
 
Fonte<https://www.coc.com.br/blog/soualuno/ biologia/como-funciona-o-
sistema- nervoso-do-corpo-humano> 
 
A partir da medula, surgirão as cristas neurais dos dois lados da medula que 
conectarão todas as partes do organismo. Serão os nervos condutores de informação 
e ligação do encéfalo com todo o nosso corpo. Como você pode observar, todo o 
sistema nervoso do corpo humano deriva das células primitivas do embrião, sendo 
essas denominadas tronco, ou células tronco. 
Lent (2001) ressalta que essas células guardam a capacidade de renovação e 
de se dividirem milhares de vezes, gerando a mãe que dará origem aos demais 
neurônios e as glias, que alimentarão e sustentarão os neurônios. Foi no final do 
século passado, por volta doa anos 90, que pesquisas revelaram que as células-
 
35 
tronco continuam a alimentarem e sustentarem os neurônios, como também a fabricá-
los. Portanto, sendo capazes de regeneração. 
 
 
Figura 20- sistema nervoso central e periférico 
 
Fonte: adaptado <http://www.anatomiaemfoco.com.br/wp-
content/uploads/2018/11/sistema-nervoso-perif%C3%A9rico.jpg acessado 
essado:20/05/2019 
 
Assim, podemos entender que o desenvolvimento, tanto físico quanto mental 
requer tempo, estímulo, passando por fases a serem respeitadas e observadas. 
O sistema nervoso tem uma função muito importante, pois coordena todas as 
atividades do corpo humano, formado por órgãos que captam estímulos, interpretam 
e respondem, comandando todo o organismo humano. 
 
36 
Como dissemos já na Introdução, na Unidade II iremos estudar, 
especificamente, os principais distúrbios e doenças relacionados ao Sistema Nervoso. 
Mas, antes de avançarmos, julgamos por bem mostrar aqui uma das mais comuns 
das doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central, crônica e progressiva, ou 
seja: a Doença (Mal) de Parkinson. 
A Doença de Parkinson é causada por uma diminuição intensa da produção de 
dopamina, que é um neurotransmissor (substância química que ajuda na transmissão 
de mensagens entre as células nervosas). A dopamina ajuda na realização dos 
movimentos voluntários do corpo de forma automática, ou seja, não precisamos 
pensar em cada movimento que nossos músculos realizam, graças à presença dessa 
substância em nossos cérebros. Na falta dela, particularmente numa pequena região 
encefálica chamada substância negra, o controle motor do indivíduo é perdido, 
ocasionando sinais e sintomas característicos, que veremos adiante. 
Com o envelhecimento, todos os indivíduos saudáveis apresentam morte 
progressiva das células nervosas que produzem dopamina. Algumas pessoas, 
entretanto, perdem essas células (e consequentemente diminuem muito mais seus 
níveis de dopamina) num ritmo muito acelerado e, assim, acabam por manifestar os 
sintomas da doença. 
Não se sabe exatamente quais os motivos que levam a essa perda progressiva 
e exagerada de células nervosas (degeneração), muito embora o empenho de 
estudiosos deste assunto seja muito grande. Admitimos que mais de um fator deve 
estar envolvido no desencadeamento da doença. Esses fatores podem ser genéticos 
ou ambientais. 
Os principais sintomas da doença de Parkinson são a lentidão motora 
(bradicinesia), a rigidez entre as articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e 
tornozelo, os tremores de repouso notadamente nos membros superiores e 
geralmente predominantes em um lado do corpo quando comparado com o outro e, 
finalmente, o desequilíbrio. Estes são os chamados “sintomas motores” da doença, 
mas podem ocorrer também “sintomas não-motores” como diminuição do olfato, 
alterações intestinais e do sono. 
Bem, visto acima, o sistema nervoso central SNC (e uma das suas principais 
doenças – O Mal de Parkinson) e o sistema nervoso periférico (SNP) vamos, agora, 
conhecer um pouquinho sobre o sistema nervoso autônomo, responsável pelo piscar, 
inibição saliva, estimulo contração estomacal e intestinal, relaxamento do reto e 
outros. Vejamos na figura abaixo. 
O SNA (Sistema Nervoso Autônomo) se divide em duas partes (simpática e 
parassimpática) que exercem funções antagônicas, enquanto uma dilata a pupila 
outra contrai. Em órgãos inervados pelo sistema nervoso autônomo simpático e 
parassimpático, os efeitos fisiológicos geralmente são antagônicos, ou seja, se o 
 
37 
simpático excita o órgão, o parassimpático inibe-o. Vale a pena entender, pois não 
depende de um desejo nosso e sim um trabalho para auxiliar no funcionamento 
harmonioso do corpo e organismo. 
 
Figura 21- dois esquemas para entender o funcionamento Sistema Nervoso 
Autônomo-SNA 
 
Fonte: <https://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-nervoso.htm> 
acessado 25/05/19 
 
 
1.2 Neurobiologia Celular: células do Sistema Nervoso 
Se pensarmos no corpo humano sob o ponto de vista microscópico, 
podemos dividi-lo em partes indo do macro para o micro da seguinte forma: 
 
Figura 22: demonstração esquemática da “ordem” das estruturas do corpo humano. 
 
38 
 
Fonte: elaboração própria 
 
Todos os tecidos e células do corpo humano são especializados e suas funções 
são analisadas sob o ponto de vista da interação entre célula – tecido – órgão 
funcional. Sobre o sistema nervoso assim como os outros sistemas, é representado 
por um grupo de diferentes tipos celulares com funções diferentes, porém quando 
olhamos para cada uma delas, podemos ver que todas mesmo diferentes, trabalham 
em conjunto para que o sistema nervoso desempenhe suas funções. 
Vamos começar os estudos funcionais deste sistema aprendendo quais são e 
como funcionam as células do sistema nervoso. 
As células básicas que compõem o sistema nervoso são os neurônios e as 
células da glia 
 
 
1.2.1 Neurônios 
 
Um neurônio típico é composto por quatro partes básicas: (1) corpo celular; (2) 
dendritos; (3) axônios e (4) terminais pré-sinápticos (Figura 6) 
 
Figura 23: Representação da estrutura básica de um neurônio. 
 
39 
 
Fonte: KANDEL, E. R. et al. Princípios de Neurociências. 5ª edição. Editora Artmed. p. 20. 2014 
 
 
a) Corpo Celular ou Soma: é considerado o “centro de comando” da célula 
nervosa, pois é nesta região que são encontradas organelas (pequenas estruturas 
presentes em todas as células que “respiram”
- mitocôndrias, “digerem” – lisossomos 
por exemplo). São tais estas estruturas que são de fato quem mantem a célula 
funcionando e vivendo. 
 
Figura 24: Estrutura interna de um neurônio típico. 
 
40 
 
Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 30. 2017 
 
Além das organelas, é no soma que se localiza o núcleo da célula, onde está 
inserido o material genético (DNA). O DNA em cada neurônio é igual entre eles e em 
comparação as outras células do organismo, como assim? 
Dizemos que em todas as células, de todos os sistemas e em todos os órgãos 
o DNA é o mesmo, não apresentando diferenças estruturais por serem de diferentes 
órgãos, o que muda é a informação gerada em cada tecido. 
Tais informações são diferenciadas em cada tecido devido a uma peculiaridade 
característica do DNA que recebe o nome de expressão gênica (Figura 8). O papel 
da expressão genica é de extrema importância, pois o resíduo final deste processo é 
a formação ou síntese de proteínas, e no contexto nervoso essas proteínas podem 
 
41 
ser por exemplo, um neurotransmissor (nós os estudaremos detalhadamente mais 
adiante). 
 
Figura 25: Transcrição gênica. (a) Moléculas de RNA são sintetizadas pela 
RNA-polimerase e, então, processadas, produzindo o RNAm, que leva as instruções 
genéticas do núcleo ao citoplasma para a síntese proteica. (b) A transcrição inicia na 
região promotora do gene e termina na região de término. O RNA precursor deve ser 
cortado e reunido para remover os íntrons que não codificam proteína. 
 
Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 31. 2017 
 
 
Como estamos até agora? Compreendendo os conceitos básicos? Afinal qual 
a importância destes conhecimentos dentro das neurociências? Você vai 
compreendendo ao longo da leitura que para compreender como aprendemos, 
memorizamos e nos desenvolvemos, depende necessariamente da compreensão do 
funcionamento básico das células nervosas. Então, anime-se e vamos estimular 
nossas mentes para novos aprendizados! 
Do corpo celular se originam dois tipos básicos de ramificações, os dendritos e 
um axônio longo e tubular. Os dendritos se ramificam ainda mais parecendo uma 
arvore e são responsáveis em sua maioria pela recepção dos sinais e estímulos vindos 
das periferias de todo o corpo (chamamos este processo de vias aferentes – vias que 
 
42 
conduzem o sinal da periferia para o centro que irá processar a informação). O axônio 
por sua vez, se distancia do corpo celular até outros neurônios ou diretamente no seu 
órgão efetor este “caminho” de informação é chamado de vias eferentes – aquelas 
que levam a informação do centro de processamento até a periferia. 
 
Figura 26: Representação esquemática da direção das vias aferentes e eferentes. 
 
Fonte: elaboração própria 
 
 
Ainda em relação ao corpo celular, consideramos esta região como um “centro 
de controle” por que é de onde são gerados os impulsos nervosos que caracterizam 
a função desta célula. Os impulsos elétricos agora serão chamados de potenciais de 
ação, são gerados em uma região chamada de zona de gatilho próxima ao início do 
axônio e se propagam ao longo de toda sua extensão até o seu terminal axonial. 
Guarde esta informação que iremos precisar dela mais adiante. 
 
b) Terminação Axonial: Independente do tipo de neurônio, todos os 
axônios possuem regiões em comum, são elas: (1) cone de implantação – região 
inicial logo após o corpo celular; (2) região intermediaria e (3) região final chamada de 
botão terminal ou terminação axonial. 
 
 
 
43 
Figura 27: (A) O axônio e os colaterais axonais. O axônio funciona como um 
fio de telégrafo que envia impulsos elétricos a locais distantes no sistema nervoso. As 
setas indicam o sentido do fluxo de informação. (B) A terminação axonal e a sinapse. 
As terminações axonais formam sinapses com os dendritos ou com a soma de outros 
neurônios. Quando um chega à terminação axonal pré-sináptica, são liberadas 
moléculas de neurotransmissores das vesículas sinápticas na fenda sináptica. Os 
neurotransmissores ligam-se, então, às proteínas receptoras específicas, 
desencadeando a geração de sinalização elétrica ou química na célula pós-sináptica 
A B 
 
Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 42. 2017 
 
 
Para conhecer mais sobre o funcionamento dos neurônios leia: MOREIRA, C. 
Neurônio. Ciência Complementar. Volume 1. 2013. Disponível em: 
https://www.fc.up.pt/pessoas/jfgomes/pdf/vol_1_num_1_06_art_neuronio.pdf 
 
 
44 
c) Dendritos: são as terminações aferentes, eles se ramificam e vão 
ficando mais finos quanto mais distantes do soma e possuem pequenas expansões 
bulbosas (espículas dendríticas) onde fazem contato com outros neurônios (Figura 
11). 
 
 
Figura 28: Espículas dendríticas. Método de Golgi. Microscopia confocal de neurônio 
piramidal do córtex motor de rato, onde são indicados dendritos (D), axônio (A), 
espículas dendríticas e botões sinápticos. 
 
A B 
 
Fonte: MONTANARI, T. Tecido Nervoso. Capitulo 4, p. 88. 2014. Disponível 
em: http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/4Nervoso.pdf 
 
 
1.2.2 Tipos de Neurônios 
 
Através das metodologias utilizadas por Golgi para a coloração e visualização 
dos neurônios, foi desenvolvido um sistema de diferenciação dos tipos de neurônios 
de acordo com a morfologia (forma dos dendritos e axônios) e nas estruturas que 
esses neurônios enervam. 
Um dos critérios de classificação dos neurônios, é o número de neuritos 
(dendritos e axônios) que se prolongam a partir da soma, onde quando houver um 
único neurito dá-se o nome de unipolar, se houver dois neuritos é do tipo bipolar ou 
 
45 
pseudounipolar, quando o neurônio apresentar mais de dois neuritos é chamado de 
multipolar. 
 
 
 
A grande maioria dos 85 milhões de neurônios que possuímos em nosso 
sistema nervoso é do tipo multipolar. 
 
 
Figura 29: Representação morfológica dos diferentes tipos de neurônios. 
 
Fonte: http://www.lapa.ufscar.br/graduacao/AULA%209%20-
Tecido%20Nervoso.pdf (acesso em 24.01.2019) 
 
 
46 
 
 
 
 
Existem comprovadamente relações entre doenças como deficiência 
intelectual e a morfologia dos dendritos. Para saber mais leia: BEAR, M. F.; 
CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências Desvendado o Sistema 
Nervoso. 4ª edição. Porto Alegre. RS. Editora Artmed. 
 
Outra classificação utilizada para diferenciar os tipos de neurônios é em relação 
a suas funções propriamente ditas, são elas: 
 Neurônios Sensoriais: conduzem a informação dos tecidos mais periféricos 
até o sistema nervoso central (SNC) e são responsáveis pela percepção e 
atividade motora. 
 Neurônios Motores: transmitem informações do SNC e medula espinhal para 
os músculos (voluntários e involuntários) e glândulas (que possuem 
musculatura lisa – do tipo involuntário) 
 Interneurônios: garantem a condução do impulso nervoso através de axônios 
longos em áreas distantes do SNC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
Figura 30: Representação dos diferentes tipos de neurônios de acordo com suas 
funções. 
 
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/12771510/ (acesso em 24/01/2019) 
 
 
1.2.3 Células da Glia 
 
Para iniciarmos os estudos sobre as células do sistema nervoso convidamos 
você a ler o Anexo I sobre as células glia. 
 
Glia: dos velhos conceitos às novas funções de hoje e as que ainda virão 
Flávia Carvalho Alcântara Gomes, Vanessa Pereira Tortelli e Luan Diniz (vide 
texto completo ao final deste Livro-texto – anexo II) 
 
 
48 
 
Percebe-se com o texto do Anexo 1 que os estudos os gliócitos passaram a ser 
vistos como elemento importante no desenvolvimento do ser humano, que orientam 
tanto o crescimento dos neurônios como a migração deles, além de nutrir, sustentar 
regenerar o metabolismo neural. 
O avanço da ciência vem mostrando ao longo do tempo que este tipo de célula 
é de extrema importância no contexto encefálico, tanto no seu funcionamento
quanto 
na atividade destas células isoladamente. As células da glia oferecem suporte 
nutricional e imunológico tanto aos neurônios quanto ao sistema nervoso de uma 
maneira mais ampla. 
A glia se diferencia dos neurônios morfologicamente, pois não possuem 
dendritos nem axônios, porém em relação a sua fisiologia (funcionamento) são muito 
semelhantes aos neurônios uma vez que também são células excitáveis (podem 
sofrer alteração na carga elétrica) mesmo não estando diretamente ligadas a 
condução elétrica neuronal. 
 
 
Figura 31: Organização dos diferentes tipos de células da glia. 
A 
 
 
 
 
B 
 
49 
 
Fontes: (A) elaboração própria e (B) KANDEL, E. R. et al. Princípios de 
Neurociências. 5ª edição. Editora Artmed. p. 24. 2014 
 
 
Atividade de Aplicação 
Leia o texto indicado para leitura obrigatória (Anexo 1) e elabore um texto 
o qual você dicuta, com embasamento, o caminho percorrido pela neurociência. 
Qual a importância de se estudar as celulas neuronais para a educação? Qual a 
importância de saber que a as celulas gliais continuam sendo produzidas? 
 
 
1.2.4 Astrócitos 
 
Os astrócitos, conforme o próprio nome sugere possuem esse nome porque 
têm uma morfologia semelhante a estrelas; são as mais numerosas células do sistema 
nervoso e costumam preencher espaços entre os neurônios. Uma das funções 
essenciais dos astrócitos é manter o fluido extracelular em equilíbrio iônico e 
balanceando a quantidade de neurotransmissores presente na região ao redor dos 
neurônios através de proteínas mobilizadoras que degradam as moléculas que podem 
(porém não devem) excitar outros neurônios. 
 
50 
 
Figura 32: Demonstração morfológica dos astrócitos, em (A) astrócito marcado com 
GFAP e (B) astrócito marcado com vimentina. 
A B 
 
Fontes: http://anatpat.unicamp.br/xnptradionecrose2c.html e 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Astr%C3%B3cito [acesso em 24/01/2019] 
 
 
1.2.5 Oligodendrócitos e Células de Schwann 
 
Estes tipos de células da glia possuem uma função muito importante que é a 
manutenção da camada lipídica (gordurosa) que envolve os axônios da maioria dos 
neurônios. Essas membranas são conhecidas como bainha de mielina. 
Qual é a sua importância, você deve estar se perguntando? Então vamos 
conhece-la! 
A condução do impulso elétrico pelos neurônios funciona de maneira parecida 
como os cabos de eletricidade caseiros que todos nós conhecemos, ou seja, um cabo 
elétrico doméstico é revestido por uma camada de borracha ou plástico, certo? Se em 
algum momento essa camada se rompe, a eletricidade se perde ou é dissipada de 
forma que se tocarmos em um fio desencapado, poderemos sentir a eletricidade na 
forma de um choque. Este ponto de ruptura do isolamento elétrico faz com que a 
corrente não chegue ao seu final. 
Pois então, um neurônio pode ser comparado e um cabo elétrico onde a bainha 
de mielina faz o papel do revestimento de borracha, só que neste caso é um 
isolamento de lipídeos (gordura) que impede a perda do sinal elétrico, garantindo 
 
51 
assim que a eletricidade chegue até seu ponto final de forma integra que com a 
mesma amplitude do local onde foi gerada, entendeu? 
Neste contexto, os Oligodendrócitos e as células de Schwann mantêm a bainha 
de mielina sempre integra garantindo que o sinal elétrico não perca sua intensidade. 
 
Figura 33: Demonstração das células da glia. (A) posicionamento morfológico das 
células da glia; (B) enfoque para os oligodendrócitos e células de Schwann na 
formação da bainha de mielina. 
A 
 
 
 
B 
 
 
52 
 
Fontes: (A) https://www.infoescola.com/citologia/celulas-da-glia/ (B) 
http://distoniasaude.com/dyt6-dystonia-protein-regula-o-processo-critico-para-
maturacao-neuronio/ [acesso em 25.01.2019] 
 
 
 
A membrana plasmática da bainha de mielina é constituída por 70% de 
lipídeos e 30% de proteínas, enquanto outras membranas possuem 35% de 
lipídeos e 65% de proteínas. Os lipídeos constituem em fosfolipídios, 
glicolipideos e colesterol. Fonte: MONTANARI, T. Tecido Nervoso. Capitulo 4, p. 
88, 2014. Disponível em: http://www.ufrgs.br/livrodehisto/pdfs/4Nervoso.pdf 
 
 
1.2.6 Nódulos de Ranvier 
 
Ao longo dos axônios a bainha de mielina é descontinua e estes intervalos na 
bainha são de aproximadamente 1 a 2 mm deixando expostos pequenos fragmentos 
 
53 
de axônios. Tais intervalos são chamados de nódulos de Ranvier onde há uma grande 
concentração de íons do tipo: Na+. 
Deve estar se perguntando novamente, por que há intervalos na bainha de 
mielina, uma vez que ela tem como função isolar a eletricidade conduzida ao longo do 
neurônio? A resposta é simples, imagine que um neurônio motor possui um axônio 
que vai do encéfalo até seu braço, é um caminho longo, não acha? Então para que o 
impulso nervoso chegue com a mesma intensidade do ponto onde foi gerado até seu 
braço é preciso “reforços” iônicos (veremos esse mecanismo com mais detalhes em 
potencial de membrana) renovando o impulso e mantendo sua amplitude. É 
exatamente esta a função dos nódulos de Ranvier (Figura 17). 
 
Figura 34: A bainha de mielina de um axônio é interrompida periodicamente 
nos nódulos de Ranvier. 
 
Fonte: BEAR, CONNORS e PARADISO, p. 52. 2017 
 
 
 
 
 
 
54 
1.2.7 Células não neuronais 
 
São tipos celulares específicos que não possuem atividade neural propriamente 
dita, mas apresentam atividade importante paralelamente as células neurais. As 
células ependimárias são epiteliais que revestem os ventrículos encefálicos e o 
canal central da medula espinhal, em alguns locais essas células possuem cílios que 
auxiliam na movimentação do liquido cefalorraquidiano (LCR). 
O outro tipo de célula não neuronal é a micróglia que morfologicamente são 
alongadas, com prolongamentos curtos e irregulares (Figura 18). Em relação a sua 
função, basicamente é imunológica, são células fagocitárias e participam de 
processos inflamatórios e de reparação do tecido nervoso. 
 
Figura 35: Fotomicrografia de preparado realizado com o método de impregnação 
metálica de Golgi. 
 
Fonte: JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 10ª edição. Ed. 
Guanabara Koogan. p. 164.2004 
 
 
1.3 Potencial da Membrana 
O encéfalo e a medula espinhal ficam envolvidos por membranas denominadas 
meninges, as quais têm a função de proteger sistema nervoso central. 
 
55 
As Meninges são constituídas por tecido conjuntivo e são formadas por três 
camadas as quais, de fora para dentro, são assim denominadas: dura-máter, 
aracnoide e pia-máter. 
 
Figura 36: As camadas da meninge 
 
Fonte: https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/03/meninges.jpg, 
acesso em 13/05/2019. 
 
a) Dura-máter 
A dura-máter é a meninge localizada mais externamente, formada por um 
tecido conjuntivo denso, contínuo com o periósteo dos ossos da caixa craniana. Já a 
dura-máter que envolve a medula espinhal, é separada do periósteo das vértebras, 
originando entre ambos, o chamado espaço epidural, onde são encontradas algumas 
estruturas como: veias, tecido conjuntivo frouxo e tecido adiposo. A parte da dura-
máter que está em contato com a aracnoide é um local de fácil clivagem, onde em 
algumas situações patológicas, pode haver o acúmulo de sangue externamente à 
aracnoide, no chamado espaço subdural e pode ser preenchido por sangue em 
algumas doenças. Este, por sua vez, não existe em condições normais. 
 
56 
 
b) Aracnoide 
A aracnoide é uma membrana sem vascularização que se divide em duas 
partes: uma em contato com a dura-máter e sob a forma de membrana, e a outra 
formada por traves que conecta a aracnoide com a pia-máter. Os espaços entre as 
traves dão origem ao espaço subaracnóideo, onde está presente o líquido 
cefalorraquidiano, protegendo o sistema nervoso central contra traumatismos. Nesta 
membrana, existem saliências formadas devido à expansão da aracnoide que 
perfuram a dura-máter,
recebendo o nome de vilosidades. Estas estruturas possuem 
a função de transferir o líquido cefalorraquidiano para o sangue. Este líquido atravessa 
a parede da vilosidade e a do seio venoso, até chegar à corrente sanguínea. 
 
c) Pia-máter 
A pia-máter é extremamente vascularizada e encontra-se aderida ao tecido 
nervoso, contudo não está em contato com as células ou fibras nervosas. Entre esta 
membrana e os elementos nervosos encontram-se prolongamentos dos astrócitos, 
que formando uma camada muito fina, unem-se à face interna da pia-máter. Os vasos 
sanguíneos entram no tecido nervoso através de túneis revestidos por esta 
membrana, chamados de espaços perivasculares. Antes destes vasos se 
transformarem em capilares, a pia-máter desaparece. 
 
Como já vimos, os neurônios, principais células do sistema nervoso, recebe e 
conduz os impulsos porque tem as membranas, uma barreira que impossibilita que o 
conteúdo celular saia e que entre partículas. 
Reforçando: tanto os neurônios quanto as células gliais são células nervosas, 
lembrando que as células gliais dão suporte para que o sistema nervoso central 
trabalhe. Acredita-se que haja 10 Glias para cada neurônio sendo elas astrócitos, 
células ependimárias, micróglia, oligodendrócitos e células de Schwann. 
 
Figura 37 Células Gliais 
 
57 
 
Fonte: https://www.todamateria.com.br/celulas-gliais/ > acessado: 20/05/2019 
 
As células nervosas são conduzidas pelos impulsos elétricos, chamados de 
potência de ação (PA), equivalendo a um circuito elétrico, se movimentando o tempo 
todo pelo corpo, sem nunca descansar podendo ser medido pelos diferentes 
aparelhos, tendo como exemplo a eletrocardiografia e o eletroencefalografia. 
A potência de ação (P.A) responde aos estímulos, portanto, um estímulo lento 
fará com que ele tenha uma potência menor, uma redução de sua frequência, um 
estímulo prolongado ele se adaptará e ao acabar o estímulo ele se desadaptará. 
Acreditamos que você está começando a fazer as relações com algumas teorias que 
utilizam os termos adaptação, acomodação, desadaptação. Mas quando ocorrem as 
sinapses acontece a fixação. 
As membranas além de serem uma parede protetora elas conduzem 
informações e substancias. Elas protegem criando uma barreira entre o meio externo 
e interno, selecionando os resíduos que devem ser excretados e os que devem ser 
absorvidos pelo organismo. Muitas pessoas não dão o devido valor a ela, porém, há 
estudos que mostram que a membrana pode ter sido o primeiro elemento celular que 
possibilitou o metabolismo. 
 
 
1.3.1 Sinapse e transmissão sináptica 
Para entendermos o que é sinapse pense em um plug de uma televisão que ao 
entrar em contato com a tomada faz com que o aparelho funcione. 
 
58 
Sinapse é a conexão por proximidade (contiguidade) entre neurônios e 
estruturas, tendo como exemplo músculo, que fará com que ele entender o que tem 
que ser feito. 
A comunicação entre os neurônios acontece pela pré-sinapse (como se fosse 
o fio e a sinapse o plug que ao entrar em contato com a tomada, rede elétrica faz a 
comunicação entre o aparelho e a rede elétrica, envia do a informação). É a região 
entre neurônio e a célula que transmite o impulso nervoso. 
Para que o ser humano responda à um estímulo essa informação deve chegar 
ao local desejado e esse caminho e a conexão entre informação e local denominam 
pré sinapse e sinapse. Esses impulsos nervosos, ao serem conectados com o terminal 
receptor, passam a ser chamados por impulsos químicos. 
Existem duas maneiras em que as conexões entre os neurônios podem 
acontecer: sinapses química e elétrica. 
A maioria das sinapses é química que os neurônios inibem ou excitam 
substancias. Essa sinapse é mais complicada e começaremos a explicação por ela. 
As sinapses ficam entre as estruturas do neurônio transmissor (terminal axônio) 
e o receptor, entendendo que um axônio pode ter ramificações e cada ramificação 
poderá fazer sinapse. O terminal axônio tem vesículas sinápticas com 
neurotransmissores. 
 
Figura 38- sinapse 
 
 
Fonte:<https://pt.khanacademy.org/science/biology/human-biology/neuron-
nervous-system/a/the-synapse> acessado em 23/05/19 
 
 
59 
 
Esse espaço entre pré e pós-sinapse chamado de fenda sináptica são 
interligadas por potencial de ação ou impulso permitindo a conexão entre as vesículas 
sinápticas e terminal e ative uma energia. 
O sinal de entrada da sinapse química é dado quando o neurônio libera, através 
da fenda, um neurotransmissor que é percebido pelo outro neurônio que transmitirão 
sinais. Os neurotransmissores São substâncias químicas produzidas pelos próprios 
neurônios para que possam se comunicar com o outro neurônio. 
O neurotransmissor liberado pelo primeiro neurônio é chamado de pré-sinapse 
resultado de reações intracelulares (de dentro da célula). Nos mamíferos as sinapses 
que prevalecem é a química, mas as sinapses elétricas acontecem em lugares 
específicos, nas junções, formando canais que conduzem os íons de um citoplasma 
de uma célula para o citoplasma de outra célula, sendo a transmissão muito rápida, 
sendo basicamente instantâneo o PA- potencial de ação no neurônio pós-sináptico. 
Assim, a sinapse elétrica acontece onde os neurônios devem ser sincronizados 
entre eles, geralmente em células não neurais do músculo cardíaco, algumas 
glândulas, glia e outras. 
Os neurônios em si, devem estar interconectados formando uma rede de 
atividade elétrica, mas devemos entender que as células transmissoras e receptoras 
estão separadas e entre elas há um espaço denominado sinapse, que permitem a 
passagem do impulso nervoso. Substancias químicas, neurotransmissoras, são 
responsáveis em permitir que os íons andem dentro e fora das células receptoras. 
Perceba que o caminho do axônio (do grego eixo) terminal é denominado pré 
sinapse e o neurônio alvo pós-sináptico e a condução chama-se sinapse. O cérebro 
infantil tem muitas sinapses que começarão a diminuir na adolescência conforme os 
eventos naturais da vida. 
É bom ressaltar que os neurotransmissores são moléculas pequenas e as 
células não secretam os mesmos neurotransmissores, cada substancia química 
cerebral trabalha em áreas diferentes no cérebro tendo consequências diferentes, 
conforme o local que ocorre a atividade. 
Para Del Nero (1997) a desorganização entre neurotransmissores e receptores 
causam danos cerebrais. Uma máquina que deve funcionar de maneira orquestrada, 
sincronizada. 
Aprender está diretamente ligado à sinapse, pois neurônios sem conexões não 
servem para nada. Eles devem se conectar, pois, por mais que ele tenha uma 
especialização funcional sozinho não tem valor. São as redes neurais que possibilitam 
que haja a aprendizagem, e que se faça as relações entre conceitos e situações. 
 
60 
É interessante elucidar que a quantidade de neurônios de uma pessoa com 
altas habilidades é a mesma que uma pessoa com a inteligência dente dos padrões 
de normalidade, sendo a diferença as conexões complexas que são feitas. O 
funcionamento deve ser sincronizado, qualquer distúrbio dessa degeneração pode 
causar doenças como Alzheimer, Parkinson, demência, perda da memória e outras 
perdas irreversíveis. 
Nessas atividades intensas, com excessos de neurônios, sinapses e conexões 
neurais, está incluída a degeneração sináptica e a morte neural. Uma programação 
que acontece já no ventre materno, considerado normal e benéfico, para o bom 
funcionamento do organismo. 
 
 
1.3.2 Impulso nervoso e sinapse nervosa 
Os estímulos nos neurônios fazem o mesmo percurso chegam nos dendritos, 
continuam pelas células, percorrem o axônio e na extremidade passam para outra 
célula, continuando o percurso de dendrito, corpo celular e axônio. 
O impulso que se propaga nos neurônios tem origem elétrica, sendo resultado 
de cargas elétricas alteradas das superfícies tanto interna quanto externa da 
membrana celular.

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