Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PARTE I - GESTÃO DO DESEMPENHO Objetivo A partir da premissa de que as organizações são formadas por um conjunto de processos organizacionais inter-relacionados, nosso objetivo nessa primeira parte será o de entender como é que, por meio do uso de indicadores de desempenho, pode-se direcionar o desempenho da organização como um todo, e de cada um de seus processos, e se pode também avaliar o desempenho organizacional e dos processos, por meio da medição dos resultados relativos aos indicadores de desempenho estabelecidos. Sumário Os tópicos que abordaremos nesta parte são os seguintes: Organizações como um conjunto de processos Gestão de desempenho dos processos Indicadores de desempenho: o que são, o que medem e para que servem Sistemas de indicadores de desempenho Significado de bom desempenho 1 – Organizações como um conjunto de processos Para que possamos pensar em desempenho organizacional, nossa primeira proposta é que devemos entender as organizações em geral, e as empresas em particular, como sendo macroprocessos, formados por um conjunto de processos principais e de apoio. Na abordagem da FNQ (2016: 78) processo é “um conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas)” Um exemplo simples para entender essa definição é pensar numa indústria de papel e celulose, que transforma eucalipto em papel, ou uma lavanderia, que transforma roupa suja e amarrotada em roupa limpa, pronta para uso. Definição similar é apresentada por HARRINGTON (1993: 10), que afirma que processo é “qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma saída (output) para um cliente externo ou interno. Os processos fazem uso dos recursos da organização para gerar resultados concretos.” Fig.1.1 – O que é um processo PENSE Que leitura você faz da figura 1.1 acima? O que deve vir em primeiro lugar? Para que se tenha uma visão mais completa das organizações como processos, o mais comum é entender que elas constituem um macroprocesso formado por um conjunto de processos ou sub processos, interdependentes, que contribuem para a criação de valor para os clientes e para as outras diferentes partes interessadas (acionistas, fornecedores, força de trabalho, sociedade, etc). Uma forma interessante de se ver uma organização como um macroprocesso é através da montagem do “mapa do negócio” apresentado na figura 1.2. Para melhor se interpretar esse mapa de negócio, vale conhecer algumas das definições a ele relacionadas, que nos são dadas pela FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (FNQ, 2006: 56) Processos de agregação de valor: “são processos por meio dos quais uma organização gera benefícios para seus clientes e para o negócio da organização. (...) Os processos de agregação de valor usualmente são classificados em processos principais do negócio e processos de apoio.” (FNQ/CE, 2006: 56) Processos principais do negócio: “processos que agregam valor diretamente para os clientes. Estão envolvidos na geração do produto e na sua venda e transferência para o comprador, bem como na assistência após a venda e disposição final. (....) Os processos principais do negócio usualmente são divididos em cinco categorias genéricas: logística de entrada; operações; logística de saída; marketing & vendas e serviço” (FNQ/CE, 2006: 56) Processos de apoio: “processos que sustentam os processos principais do negócio e a si mesmos, fornecendo produtos e insumos adquiridos, equipamentos, tecnologia, softwares, recursos humanos e informações. (...) Os processos de apoio usualmente são divididos em quatro categorias: suprimento, desenvolvimento de tecnologia; gerenciamento de recursos humanos; e gerenciamento da infra-estrutura organizacional (também conhecidos como processos organizacionais). (...) Dentre os processos relativos à infra-estrutura organizacional, incluem-se processos como de liderança, planejamento estratégico, gestão de informações e gestão econômico-financeira.” (FNQ/CE, 2006: 56) Produto: “Resultado de atividades ou processos. (...) Pode incluir serviços, materiais e equipamentos, informações, ou uma combinação desses elementos.” (FNQ/CE, 2006: 56) Figura 1.2 – Mapa do Negócio Fonte: PBE/FNQ/2006 1 2 11 4 3 9 10 5 6 7 8 12 1. Cadeia de fornecedores 2. Matérias-primas e insumos 3. Processos de fornecimento 4. Processos principais do negócio 5. Produtos 6. Clientes-alvo 7. Segmentos-alvo 8. Mercados-alvo 9. Processos de apoio 10. Produtos dos processos de apoio 11. Força de trabalho 12. Comunidade / sociedade No “mapa do negócio” – fig.1.2 – os produtos (5) destinados aos clientes-alvo (6) são originados dos processos principais do negócio (4) que, por sua vez, dependem das matérias primas e insumos (2) vindos da cadeia de fornecedores (1) e que chegam através de processos de fornecimento (3) e dependem também da força de trabalho (11) e dos produtos dos processos de apoio (10), originados dos processos de apoio (9). Uma ilustração do que podem ser os chamados processos principais do negócio ou processos de apoio de um mapa de negócios, é encontrada nos quadros 1.1 e 1.2 que mostram os processos principais e de apoio de um complexo hospitalar e de uma indústria de papel Quadro. 1.1 – Processos de Criação de Valor Santa Casa – Complexo Hospitalar Porto Alegre - RS Processos Principais Processos de Apoio Atendimento ambulatorial Internação hospitalar Procedimentos cirúrgicos e obstétricos Serviços auxiliares de diagnóstico e tratamento Infra-estrutura; manutenção predial, geral e de informática. Processamento de roupas (lavanderia hospitalar); engenharia clinica. Compras, guarda e suprimento de materiais e serviços. Recrutamento, seleção, capacitação e desenvolvimento de pessoas; benefícios a pessoas. Faturamento SUS e de outros convênios; desenvolvimento de software; suporte aos servidores e sistemas corporativos; apoio a projetos de informatização e automação. Avaliação da satisfação dos clientes, relacionamento com os clientes (ouvidoria), prospecção de mercados; apoio no desenvolvimento de projetos de captação de recursos extraordinários Produção e distribuição de alimentação; assistência nutricional clínica Arquivamento, manutenção e disponibilização dos prontuários dos pacientes. Fontes: FNQ - Relatório de Gestão - Santa Casa – Complexo Hospitalar de Porto Alegre Quadro 1.2 – Processos de criação de valor Suzano Papel e Celulose Processos Principais Processos de Apoio Produzir madeira Produzir celulose Produzir papel Comercializar celulose Comercializar papel Gestão da informação Planejamento e relações institucionais Gestão da inovação Logística e suprimentos Gestão financeira Competitividade Gestão de pessoas Fonte – FNQ – Relatório de Gestão – Suzano Papel e Celulose - 2008 O que você pode verificar nos exemplos dos quadros 1.1 e 1.2 é que, independentemente de um processo ser classificado como principal ou de apoio, o que importa é que ele seja útil como processo de agregação de valor. Assim, mesmo que se reconheça que, para um hospital, processos como atendimento ambulatorial, procedimentos cirúrgicos ou serviços de tratamento constituam sua razão de ser, não há como se pensar em um bom funcionamento desses processos sem um adequado funcionamento de outros processos como infraestrutura, processamento de roupas ou alimentação, classificados como processos de apoio. Na abordagem de PORTER (1990), os processos principais do negócio e os processos de apoio formam a chamada “cadeia de valor”, cadeia essa responsável pela geração de resultados do negócio. Emoutras palavras, quando pensamos no conjunto de processos de uma organização, temos que pensar que esses processos devem produzir resultados, de preferência bons resultados. Na abordagem de PORTER: Em termos competitivos, valor é o montante que os compradores estão dispostos a pagar por aquilo que a empresa lhes fornece. O valor é medido pela receita total, reflexo do preço que o produto de uma empresa impõe e as unidades que ela pode vender. Uma empresa é rentável, se o valor que ela impõe ultrapassa os custos envolvidos na criação do produto. Criar valor para os compradores que exceda o custo disto é a meta de qualquer estratégia genérica. O valor, e não o custo, deve ser usado na analise da posição competitiva, pois em geral as empresas deliberadamente elevam seu custo para impor um preço prêmio, via diferenciação. Em resumo, organizações são formadas por processos, quer sejam eles classificados como principais ou como de apoio, e processos, por sua vez, nada mais são do que a transformação de entradas (insumos) em saídas (produtos), através de um conjunto de atividades inter-relacionadas, que devem gerar valor para clientes e outras partes interessadas e produzir resultados favoráveis, que como veremos mais adiante, não se resumem a resultados financeiros. PENSE Você trabalha? Você sabe dizer quais são os processos principais e os processos de apoio da organização onde está trabalhando? Você sabe dizer como é que eles geram valor para os clientes? Você sabe dizer como eles contribuem para os resultados financeiros da organização, em especial a rentabilidade? 2 – Gestão do desempenho dos processos Como é estudado na disciplina “Gestão para Excelência”, o ideal é que os processos organizacionais, principais ou de apoio, sejam de alguma forma padronizados, isto é, tenham regras orientadoras de sua execução, para que, com isso, se consiga uma constância da qualidade dos produtos de cada processo. Na abordagem do Modelo de Excelência da Gestão(MEG), que é objeto da disciplina “Gestão para a Excelência”, cada processo organizacional deve seguir o ciclo PDCL (plan, do, check e learning), onde P (plan) implica a padronização do processo e o C (check) envolve três níveis: Controle dos padrões: métodos de controle identificados nos processos como forma de monitorar a correta execução dos padrões planejados para o alcance do propósito pertinente. Controle da eficiência: métodos de controle identificados nos processos como forma de monitorar a adequada utilização dos recursos planejados. Controle da eficácia: métodos de controle identificados nos processos, como forma de monitorar o alcance do propósito pertinente. (FNQ, 2017: 29) Não vamos tratar aqui do nível “controle de padrões”, mas o que se pode adiantar é que eles normalmente são realizados por supervisão direta, ou também por auditoria interna. Nosso foco será nos assuntos eficiência e eficácia dos processos e nossa proposta será fazer isso por meio da utilização de indicadores de desempenho, também chamados de indicadores de resultados. Essa escolha é baseada no fato que por meio de indicadores de desempenho pode-se, no mínimo, direcionar o desempenho (por meio de estabelecimento de metas quantitativas) e avaliar o desempenho (por meio da análise de resultados quantitativos dos processos). 2.1 – Indicadores de desempenho O que são indicadores de desempenho No dicionário (Aurélio) a palavra indicador é definida como “o que indica” e a palavra indicar significa tornar patente, demonstrar, revelar, denotar. Se nós buscamos um indicador de desempenho de alguma coisa, nossa busca deve se concentrar naquilo que possa demonstrar ou revelar o desempenho dessa mesma coisa. Assim sendo podemos afirmar que um indicador de desempenho é uma variável que serve, quando quantificada, para demonstrar/revelar/direcionar o desempenho daquilo que se está querendo medir. I Indicador de desempenho Variável que serve, quando quantificada, para demonstrar/revelar/direcionar o desempenho daquilo que se está querendo medir. Os economistas, por exemplo, têm a preocupação de saber se a atividade produtiva do país está andando em ritmo satisfatório ou não, se os preços de tudo o quanto é transacionado estão estáveis ou não, se as pessoas estão empregadas, ou se a dívida pública está em níveis aceitáveis, entre outros assuntos. Para que possam fazer essas avaliações, certamente eles não ficarão olhando empresa por empresa, trabalhador por trabalhador, preço por preço; eles usam indicadores que retratam o comportamento da produção do país, dos preços, do nível de emprego ou do endividamento público. Tab. 1.1 – Alguns indicadores econômicos Indicadores Comportamentos/desempenhos Retratados Taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) Indica se a produção total anual do país está aumentando, diminuindo ou estagnada. Índice de inflação Indica a evolução média, de um período para outro, dos preços de tudo o quanto é transacionado na economia. Taxa de desemprego Indica o percentual de pessoas, da população economicamente ativa, que estavam sem trabalho, no momento do cálculo da taxa. Relação divida pública/PIB Indica o quanto a divida pública representa do PIB. Quando maior essa relação maior o risco de calote. Veja a importância de se trabalhar com indicadores. Olhando um simples número de uma variável como a taxa de crescimento do PIB de um país, você já sabe como anda a atividade produtiva desse país; olhando um simples número como o da variável taxa da inflação de um país você já saberá se nesse país há ou não inflação e se essa inflação é grave ou não; olhando simplesmente os números da variável taxa de desemprego de vários períodos em sequência você saberá se o nível de desemprego vem aumentando, diminuindo ou está estável. O fato é que esses indicadores de fato indicam muita coisa. Tal qual os médicos ou os economistas, entre outros, os gestores organizacionais também precisam de indicadores que sejam simples números que lhes permitam saber se a organização está fazendo o que deve ser feito e, se da melhor forma. Tab.1.2 – Coisas que os gestores precisam saber Tipo de organização Algumas coisas que os gestores precisam saber Empresas Será que o negócio está valendo a pena? Somos competitivos? Os clientes estão satisfeitos? São fiéis? Instituições sem fins lucrativos Estamos cumprindo nossa missão? Estamos sendo eficientes no uso dos nossos recursos? Instituições governamentais Estamos cumprindo nossa missão? Estamos sendo eficientes no uso dos nossos recursos? Analisando a tabela 1.2 acima, talvez seja fácil para você sugerir indicadores de desempenho que deem aos gestores as respostas às indagações apresentadas. Veja se consegue. Veja se suas respostas se assemelham ao que está apresentado a seguir: No caso das empresas, a primeira indagação certamente é uma das mais fáceis de serem respondidas. Normalmente, os gestores organizacionais trabalham com o indicador “taxa de retorno dos investimentos” para saber se o negócio está valendo a pena. Já para saber se a empresa está sendo competitiva, a resposta não é tão simples assim, visto que vários indicadores podem ser utilizados para isso, tais como: preços, participação de mercado, ou custos unitários. A definição e o cálculo de um “índice de satisfação de clientes” pode ser a forma utilizada para se acompanhar o grau de satisfação dos clientes, e alguma outra medida pode ser utilizada para se tratar da fidelidade dos clientes, como, por exemplo, “índice do número de clientes atuais que já compraram anteriormente” No caso das organizações sem fins lucrativos, para que se possa saber se estão cumprindo sua missão, certamentehaverá necessidade de se quantificar sua produção. Assim, se essa organização for um hospital social, talvez se possa considerar o “número de atendimentos” como indicador do cumprimento da missão, se for uma instituição voltada à alfabetização de adultos, talvez o indicador do cumprimento da missão possa ser o “número de pessoas alfabetizadas”. Já no que diz respeito ao uso eficiente dos recursos, talvez um bom indicador possa ser o custo médio dos atendimentos médicos ou de alfabetização. Provavelmente, as instituições governamentais possam seguir os mesmos caminhos propostos para as organizações sem fins lucrativos, para definirem alguns dos seus indicadores de desempenho. Em resumo, o que se espera de um indicador de desempenho é que ele consiga demonstrar/revelar, por meio de números, um estado ou uma situação/comportamento que se deseja avaliar. Se é bom para um médico ter parâmetros para identificar situações de saúde e não saúde, também é bom para os gestores organizacionais poderem trabalhar com variáveis e números que permitam avaliar como está a organização. Utilização de indicadores quantitativos Os médicos como referência Os médicos, em geral, trabalham fundamentalmente com base em indicadores de saúde das pessoas ou de grupos de pessoas, para avaliar o seu estado de saúde. Comparativamente, grosso modo, pode-se afirmar que podemos fazer a mesma coisa com as organizações, por meio do uso de “indicadores organizacionais de desempenho”, que podem ser traduzidos como indicadores da saúde organizacional. Vamos tentar entender o que se quer dizer quando os médicos trabalham com indicadores de saúde. Se você vai a um médico, para uma consulta, talvez ele meça a temperatura do seu corpo e a sua pressão arterial; afora isso talvez ele solicite que você faça alguns exames laboratoriais de sangue, urina, fezes ou qualquer outro. Se você já se submeteu a algum tipo desses exames você sabe que os resultados dos diagnósticos são numéricos. Os médicos utilizam os números obtidos para avaliar como está sua saúde. Assim, por exemplo: Você estará bem se sua temperatura do corpo estiver bem próxima dos 36 graus. Se você estiver com 38, 39 ou 40 graus, você estará com febre e isso será sinal de que algo não está funcionando bem no seu organismo.Se sua pressão arterial estiver próxima de algo como 12 por 8 é bem provável que você receba a notícia que neste aspecto você está muito bem. Se, por outro lado, for identificado que sua pressão está, por exemplo, como 23 por 15, será bastante provável que o médico sugira sua internação hospitalar, para tratamento. Se você fizer um exame de sangue para identificar seu colesterol total, e for identificado que você está com algo como 180 mg/dl, o médico lhe dirá que seu resultado é favorável. Se, entretanto, esse número superar os 240 mg/dl, provavelmente o médico lhe sugerirá alguma forma de tratamento, com o objetivo de baixar este número. O que os exemplos acima mostram é que os médicos trabalham com “indicadores de saúde”, que nada mais são do que “indicadores de desempenho (ou do funcionamento) do corpo humano”. No exemplo citado, o que nós estamos chamando de indicadores de desempenho são: a temperatura do corpo, a pressão arterial e a taxa de colesterol. Certamente existem muitos outros que você conhece, e se você tiver curiosidade de ver, perceberá que praticamente todos podem ser expressos numericamente. O que veremos mais adiante é que, da mesma forma que os médicos, os gestores organizacionais também podem saber sobre a saúde de suas organizações por meio do acompanhamento de resultados de indicadores de desempenho organizacional. A vantagem que os profissionais da área da saúde levam em relação aos gestores organizacionais, é que para os “indicadores de desempenho do corpo humano” já existem hoje muitos números, pré-definidos, que indicam quando um resultado é aceitável ou não. Se você já viu os resultados de um exame laboratorial, você já deve ter percebido que são apresentados: (a) os resultados do material avaliado e (b) os valores de referência. Isso permite aos médicos, e até a você mesmo, saber quando um resultado é bom e quando não é. Infelizmente, no mundo organizacional não é assim, não existem valores de referência pré-definidos que sejam válidos para quaisquer organizações. Um detalhe importante que deve ser destacado é que, no caso dos médicos, os resultados dos indicadores de desempenho do corpo humano são utilizados para diagnosticar as condições de saúde das pessoas, só que os diagnósticos não são um fim em si mesmo, eles devem servir para orientar ações. Resultados bons ou satisfatórios normalmente permitem aos médicos dizerem para seus pacientes continuarem a viver como estão vivendo; resultados insatisfatórios levam a ações destinadas à recondução do funcionamento do corpo aos níveis desejáveis, ou à minimização dos sofrimentos. Nas organizações, o que se espera é que os procedimentos devam ser similares: o sistema de indicadores de desempenho deve ser bom o suficiente para servir de base para avaliação da saúde organizacional e a análise dos resultados desses indicadores deve servir para reforçar o que apresenta bom desempenho, e para corrigir o que apresenta desempenho insatisfatório. O que medem os indicadores de desempenho Na abordagem da Fundação Nacional da Qualidade, indicador de desempenho “é uma informação quantitativa ou qualitativa que expressa o desempenho de um produto ou processo, em termos de eficiência, eficácia ou nível de satisfação e que, em geral, permite acompanhar a sua evolução ao longo do tempo e compará-lo como outras organizações” (FNQ, 2014). Aceita essa definição, como complementar à definição já apresentada anteriormente, podemos assumir que indicadores de desempenho servem para medir os fatores eficiência, eficácia e nível de satisfação. Para que isso seja feito, é fundamental que se entenda o significado desses fatores. Então vamos lá. Quadro 1.3 - Definições de eficiência e eficácia Eficácia Eficiência “Palavra que é usada para indicar que a organização realiza seus objetivos. Quanto mais alto o grau de realização dos objetivos, mais a organização é eficaz” (Maximiano, 2008: 11) “Palavra usada para indicar que a organização utiliza produtivamente, ou de maneira econômica, seus recursos. Quanto mais alto o grau de produtividade ou economia na utilização dos recursos, mais eficiente a organização é. [A maior eficiência é obtida com] ausência de desperdícios, uso econômico dos recursos ou menor quantidade de recursos para produzir mais resultados” (Maximiano, 2008: 11) “Eficácia é fazer a coisa certa, correta, ou seja, aquilo que precisa ser feito para atingir resultados que sejam válidos para a organização. (...) Diz respeito a relação entre objetivos e resultados” (Lacombe, 2003: 164) “A eficiência é a relação entre os insumos aplicados no processo e os resultados, isto é, fazer aquilo que está sendo feito da maneira certa, ou fazer corretamente as coisas, considerando todos os aspectos da sua tendência, mas sem considerar se o que está sendo feito é realmente o que deveria ser feito. (...) Diz respeito ao desempenho do sistema quanto ao uso dos seus meios” (Lacombe, 2003: 165) “É a extensão com que as saídas de um processo ou subprocesso atendem às necessidades e expectativas de seus clientes. Um sinônimo de eficácia é a qualidade. Eficácia é ter a saída certa, no lugar certo, no momento certo. A eficácia exerce impacto sobre o cliente.” (Harrington, 1993: 88) “Significa a extensão com que a demanda de recursos é minimizada e o desperdício eliminado, na busca da eficácia. Produtividade é uma medida de eficiência” (Harrington, 1993: 88)Analisando as definições acima podemos concluir que: Um remédio para combate à dor será tão ou mais eficaz quanto mais ele efetivamente contribuir para a eliminação da dor. Uma equipe de vendas será tão ou mais eficaz, quanto mais ela conseguir atingir seus objetivos de vendas. Essa equipe será tão mais eficiente, quanto menor o esforço (tempo) e gastos que tiver que despender para atingir seus objetivos de vendas (desde que, é claro, os objetivos tenham sido bem definidos). Processos de produção serão ineficazes quando, por exemplo, não houver cumprimento de prazos ou quando os seus produtos apresentarem não conformidades em relação aos requisitos estabelecidos. Esses processos de produção serão tão mais eficientes quanto maior for a relação entre produtos saídos e recursos utilizados A gestão de um presidente de empresa será eficaz se os objetivos por ele estabelecidos forem atingidos. Essa gestão será tão mais eficiente quanto menos recursos (humanos, financeiros, tecnológicos, etc) precisarem ser utilizados para que os objetivos sejam atingidos Relembrando o significado da palavra objetivo “Uma palavra extremamente importante no vocabulário do administrador, que indica um conceito central em administração, é objetivo. Objetivos são resultados desejados, que orientam o intelecto e a ação. São os fins, os propósitos, intenções ou estados futuros que as pessoas e as organizações pretendem alcançar, por meio da aplicação de esforços e recursos.“ (Maximiano. 2008: 120) * * * “Há uma variedade de palavras que expressam objetivos, como: metas, fins, missões, propósitos, padrões, linhas-mestra, alvos, cotas, etc. Geralmente, todas estas palavras significam um estado de coisas desejáveis para sua empresa” (Chiavenato, 1994: 61) Além de servir para medir eficiência e eficácia, os indicadores de desempenho também são utilizados para medir níveis de satisfação ou insatisfação das partes interessadas. Trataremos disso mais adiante quando abordarmos o assunto indicadores relativos às partes interessadas. Satisfação/insatisfação “A satisfação do comprador após a realização da compra depende da oferta em relação às suas expectativas. De modo geral, satisfação é a sensação de prazer ou desapontamento resultante da comparação entre o desempenho (ou resultado) percebido de um produto e as expectativas do comprador. Se o desempenho não alcançar as expectativas, o cliente ficará insatisfeito. Se alcançá-las, ele ficará satisfeito. Se o desempenho for além das expectativas, o cliente ficará altamente satisfeito.” (Kotler, 2006: 142) Para que servem os indicadores de desempenho Até agora, temos essencialmente trabalhado com a ideia de que os indicadores de desempenho organizacional servem para avaliar a saúde das organizações, da mesma forma que os indicadores da saúde humana servem para os médicos avaliarem o estado de saúde de seus pacientes; só que esses indicadores não servem somente para se avaliar um nível de desempenho atual, ou a evolução desse desempenho, até o momento atual, eles servem, também, para direcionar um desempenho ou um estado que se deseja atingir. Por exemplo, certamente você já conhece o indicador IMC de saúde (indicador de massa corporal que mede a relação altura de uma pessoa e o seu peso ao quadrado). Esse indicador é medido numa escala numérica de 1 em diante, sendo considerado normal o peso de quem apresenta seu IMC entre 20 e 25, como tendo sobrepeso quem tem IMC maior do que 25 até 30, e como obeso, quem tem o IMC maior do que 30. Muito bem, a pergunta é: será que as pessoas só calculam o IMC para saber se estão no peso ideal ou não? Certamente a resposta é não. Muitas pessoas que estiverem abaixo ou acima do peso considerado normal provavelmente desenvolverão esforços para atingir o número ideal. Neste caso, o indicador de desempenho IMC considerado ideal servirá como meta e, portanto, como direcionador de um desempenho. Em outras palavras, os indicadores de desempenho, inclusive os organizacionais, quando transformados em metas, servem para definir o rumo das ações. Mas nem só para avaliar ou direcionar o desempenho organizacional é que servem os indicadores de desempenho. Na abordagem da FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (2012: 60), “entre outras funções, um sistema de medição de desempenho pode”: Comunicar as estratégias e as prioridades da alta direção e dos gestores; Servir como base para o reconhecimento da dedicação coletiva; Analisar os problemas estratégicos de forma proativa; Apoiar a tomada de decisão; Apoiar a busca de novos caminhos estratégicos para a organização; Apoiar o aprendizado organizacional O que significa para você saber que uma empresa que tem certificação ISO 9001, se cumprir com os padrões certificados, estará garantindo a eficácia dos seus processos, não havendo, entretanto garantia de que os processos certificados sejam eficientes A comunicação das estratégias se dá por meio de metas para indicadores que representam os objetivos estabelecidos pela alta direção e seus gestores. O uso de indicadores para reconhecimento da dedicação coletiva, normalmente, está relacionado aos sistemas de remuneração variável, atrelados ao alcance de metas por indivíduos ou grupos. O uso de indicadores para análise de problemas estratégicos, para apoiar a tomada de decisão e para a busca de novos caminhos estratégicos, se constitui em algumas das finalidades da análise dos resultados. Também servem os indicadores de desempenho para avaliar as práticas de gestão da organização, indicando aquelas que prioritariamente devem ser avaliadas e melhoradas (aprendizado). Abordagem mais recente da FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (2015:26), torna ainda mais clara a utilidade dos indicadores de desempenho, quando afirma: “Por qualquer ângulo que você tentar compreender a função de um indicador, vai chegar à conclusão de que ele só tem uma: apoiar as decisões. Foi para isso que ele nasceu. O objeto da decisão é que varia: Deixar o processo como está? Parar alguma atividade? Mudar a estratégia? Reformular o produto? Reduzir o risco? Melhorar a oferta de valor a um segmento de clientes? Recompensar o pessoal? Pressionar uma unidade para resolver uma questão ambiental? Promover o recall do produto? Alterar a meta de um processo de suporte? Interromper o serviço no site agora ou mais tarde? Reinvestir o lucro no próprio negócio? Trocar a diretoria? Emprestar dinheiro para a empresa? (p.26) Em suma, avaliar a saúde organizacional é somente uma das funções de um sistema de medição de desempenho, já que existem outras importantes funções, sendo as mais importantes o direcionamento do desempenho (metas) e o estímulo ao elevado desempenho (remuneração variável baseada no alcance de metas individuais ou grupais) Você conhece organizações que se utilizam de indicadores de desempenho não só financeiros? Para que elas utilizam esses indicadores? Para controle? Para estabelecimento de metas? Ou para quê? 2.2 – O que avaliar A essa altura você deve estar se perguntando, quais os indicadores de desempenho que uma organização deve ter. E uma resposta simples é: depende do que ela quer avaliar. Atributos a serem avaliados Na abordagem da FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (2015), antes de definir os indicadores, é importante que a organização defina primeiramente o que ela gostaria de avaliar, isto é, os atributos que podem ser objeto de avaliação. Na abordagem da FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE(2015:46), um requisito prévio para definição de um sistema de indicadores é a definição dos atributos que se quer avaliar. Na linguagem convencional empresarial, usamos o termo “indicador”com dois significados: o de indicador propriamente dito, conforme definição já apresentada, e o de atributo, que ó o que o indicador ajuda avaliar. Por exemplo, um atributo importante de uma organização pode ser o desempenho dos fornecedores; esse atributo pode ser medido por um ou mais indicadores, tais como índice de lotes aceitos, percentual de itens contratuais cumpridos, índice de não conformidades, etc. Em resumo: Atributo é o que deve ser avaliado (qualitativa ou quantitativamente) Requisito é um atributo especificado e assumido como um compromisso da organização Indicador é como o atributo é medido (se for avaliado quantitativamente) Em síntese, o atributo é algo mais abrangente, revela mais uma intenção daquilo que se deseja avaliar. Já o indicador deve transformar essa intenção numa forma concreta de medição do atributo. Eu posso querer saber como anda a satisfação dos clientes (atributo) e eu posso saber isso por meio do “índice de satisfação dos clientes” (indicador). Na tabela 1.3 estão apresentados alguns atributos que podem ser objeto de medição, por meio de indicadores. Veja se você consegue imaginar alguns indicadores que podem servir para medi-los. Por exemplo, como você mediria o atributo rentabilidade? E o atributo impacto ambiental? No anexo A você poderá ver algumas sugestões de indicadores para boa parte dos atributos apresentados nessa tabela. Dê uma olhada nesse anexo. Essa tabela também pode lhe dar uma pista daquilo que, na abordagem da FNQ(2015) deve ser objeto de avaliação Tab. 1.3 – Atributos que podem ser objeto de avaliação 1 – Atributos de controladores, acionistas e financiadores Rentabilidade Atividade Liquidez Estrutura (ou alavancagem) 2 – Atributos da sociedade Imagem perante a sociedade Valor retornado à sociedade Impacto ambiental Impacto social 3 – Atributos de clientes Participação no mercado Satisfação do cliente Fidelidade do cliente 4 – Atributo das pessoas (força de trabalho) Valor percebido pelas pessoas Ambiente propício ao alto desempenho Preservação da saúde e bem estar do colaborador Qualificação da força de trabalho Liderança 5 – Atributos da cadeia de valor (processos principais e de apoio) Eficácia Eficiência Estabilidade Conformidade Compliance Custo de processo Agilidade Adaptabilidade Adequação ambiental e segurança de processos 6 – Atributos de fornecedores e parceiros Confiabilidade da cadeia de suprimento Desempenho de fornecedores e parceiros Valor percebido pelos fornecedores e parceiros Respeito ao contrato Tratamento equânimes 7 – Atributos dos ativos, recursos e competências Cultura e valores coerentes Conhecimento adequado à estratégia Inovação em processos e produtos Qualidade a infraestrutura Governança apropriada ao grau de risco do negócio Fonte: FNQ, 2015: 151/197 Saiba que... Na publicação “Transformando o sistema de indicadores: avaliação do desempenho global sob a ótica do MEG”, (FNQ, 2015), que estamos utilizando, há um anexo intitulado “atributos e indicadores mais usados: uma visão crítica” – p.149/197, com a apresentação comentada de indicadores relacionados aos atributos apresentados na tabela 1.3 acima. Bom será se você puder ver essa publicação Sistemas de indicadores de desempenho na abordagem do MEG O MEG – Modelo de Excelência da Gestão – proposto pela FNQ, não trabalha explicitamente com atributos mas utiliza, em vários de seus pontos, o termo requisito, que nada mais é do que um atributo especificado e assumido como um compromisso pela organização (FNQ, 2015: 45). São os requisitos, então, que devem ser avaliados por meio de indicadores. O conjunto de indicadores a serem avaliados forma o sistema de indicadores. Certamente você sabe que organizações diferentes trabalham com indicadores de desempenho diferentes. O conjunto de indicadores para avaliar o desempenho de um hospital não pode ser o mesmo que avalia o desempenho de uma construtora, ou uma siderúrgica. Isto não impede, entretanto, que se tenham, ao menos, grupos de indicadores com objetivos similares. Para a Fundação Nacional da Qualidade (2017), as organizações que buscam a excelência da gestão, devem apresentar indicadores de desempenho para 7(sete) grupos de resultados, que são: Resultados econômico-financeiros; Resultados ambientais Resultados sociais Resultados relativos a clientes e ao mercado; Resultados relativos à força de trabalho; Resultados relativos aos fornecedores; Resultados dos produtos e processos Para entender o porquê do sistema de indicadores proposto pelo MEG contemplar esses 7(sete) grupos de resultados, talvez seja interessante voltarmos ao nosso entendimento de que as organizações nada mais são do que macroprocessos (conjunto de processos), que transformam entradas em saídas(produtos), destinados a clientes. Esses processos começam com as entradas, o que recomenda a gestão do processos de fornecimento (resultados relativos aos fornecedores) e culmina com a destinação dos produtos aos clientes, o que recomenda a gestão dos resultados relativos a clientes; esses processos impactam o ambiente e a sociedade, e é bom que se acompanhe esses impactos (resultados ambientais e sociais); esses processos para funcionarem, dependem da saúde financeira da organização, e impactam diretamente nessa saúde (o que justifica a necessidade de acompanhamento dos indicadores econômico financeiros); o funcionamento dos processos depende, em muito, da boa gestão da forma de trabalho (o que justifica ter-se indicadores para resultados relativos à força de trabalho); e, por fim, os processos do macroprocesso precisam ser controlados, em especial quanto à sua eficiência e eficácia (o que justifica a necessidade dos indicadores dos resultados de produtos e processos) Para que você possa saber, grosso modo, que indicadores podem fazer parte desses grupos de resultados, estamos reproduzindo na tabela 1.4, algumas sugestões que foram apresentadas pela FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (2005). Você irá perceber que a classificação dos indicadores é quase igual a apresentada acima, com a diferença de que os indicadores sociais e ambientais estão num grupo só Tab 1.4 - Indicadores de resultados sugeridos pela FNQ / 2005 Grupos de Resultados Alguns indicadores sugeridos Resultados econômico- financeiros Indicadores de estrutura Endividamento (passivo circulante mais exigível de longo prazo dividido pelo patrimônio líquido) Composição do endividamento (passivo circulante dividido pelo passivo circulante mais o exigível a longo prazo) Endividamento oneroso (recursos onerosos divididos pelo passivo circulante mais exigível de longo prazo) Imobilização (ativo permanente dividido pelo patrimônio) l Indicadores de liquidez Liquidez corrente (ativo circulante dividido pelo passivo circulante) Liquidez geral (ativo circulante mais o realizável a longo prazo dividido pelo passivo circulante mais o exigível a longo prazo Indicadores de atividade Prazo médio de recebimento de vendas Prazo médio de renovação de estoques Prazo médio de pagamento de compras Ciclo financeiro (prazo médio do recebimento de vendas mais o prazo médio de renovação de estoques menos o prazo médio de pagamento de compras) Indicadores de rentabilidade Giro do ativo (receita líquida dividida pelo ativo) Rentabilidade do patrimônio líquido (lucro líquido dividido pelo patrimônio líquido) Margem bruta (receita de vendas menos o custo dos produtos vendidos, dividido pela receita de vendas) Crescimento da receita Outros indicadores Valor econômico agregado (EVA) Ebtida Índice de cobertura das despesas financeiras (Ebtida dividido pelas despesas financeiras) Resultados relativos aos clientes e ao mercado Participação no mercado (percentual das vendas totais no setor de atuação) Percentual de clientes potenciais que tem imagem positiva da organização Percentual de entrevistados que se lembram da marca em primeiro lugar Percentual da base de clientes que é cliente há mais de três anos Percentual de clientes que relataram um ou mais fatores graves de insatisfação Percentual dos clientes que se declararam muito ou totalmente satisfeitos Número de inserções espontâneas e positivas na mídia Número de acessos à página da Internet Número de visitas informativas ao cliente Valor relativo do produto (qualidade relativa percebida pelo cliente dividida pelo preço) Tempo médio de solução de problemas, etc. Resultados Relativos à sociedade Percentual da receita investido em responsabilidade social ou em gestão ambiental Despesas de divulgação de ações ambientais e sociais Número de não conformidades ambientais Número de aspectos ambientais inaceitáveis Custo potencial de tratamento de passivo ambiental e de adequação à legislação Pontuação obtida pelo sistema de avaliação do Instituto Ethos ou equivalente Percentual dos entrevistados que declararam ter imagem positiva sobre a responsabilidade pública da organização Custos dos danos causados ao meio ambiente dividido pela receita Resultados relativos às pessoas (Força de trabalho) Percentual de oportunidades preenchidas internamente Percentual de pessoas que avançaram na carreira Percentual variável da remuneração total Número de sugestões implementadas por pessoa Percentual de pessoas que participam de projetos de melhoria Percentual da receita aplicado em treinamento Frequência e gravidade de acidentes Percentual das pessoas que têm substituto capacitado Percentual das pessoas que se declararam suficientemente motivadas e satisfeitas Percentual de pessoas que conhecem as estratégias e os valores da organização Valor econômico agregado por pessoa Resultados dos processos principais do negócio e dos processos de apoio (Produtos e processos) Processos principais do negócio Número de não-conformidades por projeto Número de alterações de projeto relacionadas a não conformidades Número de ideias de produto avaliadas por pessoas de P&D Número de ideias aproveitadas dividido pelo total de ideias Número de não conformidades de processos de produção Percentual de materiais perdidos em relação ao utilizado Número de horas de retrabalho dividido pelo total programado Percentual da programação da produção realizada Tempo entre o pedido e a entrega ao cliente Percentual das ordens de serviço cumpridas no prazo previsto Percentual da receita obtida por produtos lançados há menos de dois anos Número de produtos defeituosos dividido pelo total produzido Percentual de produtos produzidos dentro da especificação Percentual de produtos entregues no prazo Custo real dos processos dividido pelo custo ideal Percentual da capacidade global utilizada. Processos de apoio Número de não conformidades de processos de apoio e organizacionais Custo real de processos dividido pelo custo ideal Grau médio de avaliação dos líderes Percentual disponível das informações críticas necessárias Número de processos comparados e adaptados Percentual da força de trabalho que se declarou satisfeita com o estilo de liderança Percentual dominado das tecnologias necessárias Percentual de conhecimentos críticos documentados e disseminados Percentual de planos estratégicos executados. Resultados relativos aos fornecedores Número de não conformidades por auditoria de fornecedor Número de não conformidades por unidade adquirida Percentual não conforme do total comprado Percentual de fornecedores que se comprometeram com as metas Índice global de desempenho dos fornecedores Volume de compras críticas vindas de fornecedores com qualidade assegurada Economia realizada no período de um ano com o programa de desenvolvimento de fornecedores. Paradas de produção motivadas por faltas de fornecimentos Fonte: FNQ, 2005 Antes de seguir adiante na sua leitura, certifique-se de que leu atentamente linha por linha da tabela 1.4. Estamos certos de que não se trata de uma leitura agradável, mas pode-se garantir que será uma leitura muito proveitosa para a sua aplicação de conhecimentos Você pode fazer isso de uma forma interessante, basta que coloque na frente de cada indicador uma seta: (a) para cima, se a melhoria do indicador acontecer quando seus número aumentarem ao longo do tempo (exemplo: participação no mercado); (b) para baixo, se a melhoria do indicador acontecer quando seus números diminuírem ao longo do tempo (exemplo: número de reclamações dos clientes). Outra coisa que você poderá fazer é relacionar cada um dos indicadores desta tabela 1.5 com os respectivos atributos apresentados na tabela 1.4. Está será uma excelente forma de você verificar que um atributo pode ser avaliado por diferentes indicadores. Para quem não está familiarizado com o assunto “sistemas de indicadores” pode até parecer assustador imaginar que as organizações, para bem avaliar sua gestão, se obriguem a adotar um conjunto tão extenso de indicadores de desempenho, de tantos grupos de indicadores, como vimos neste tópico. Entretanto, o fato é que só o acompanhamento de alguns indicadores financeiros não é o suficiente. É necessário, também, que sejam definidos e acompanhados indicadores relacionados à gestão de clientes, de fornecedores, das pessoas da força de trabalho, dos produtos e processos, bem como os relativos à sociedade (sociais e ambientais) Por outro lado, o fato de existirem indicadores de desempenho sugeridos pela Fundação Nacional da Qualidade, não significa que todas as organizações devam utilizar o que é sugerido. Na verdade, cada organização estabelece seu conjunto de indicadores de acordo com seus objetivos, podendo alguns deles até ser comuns entre a maioria delas, mas esta não é a regra. Sistema de indicadores do MEG: aplicação Para que você possa ver, na prática, a utilidade da utilização de um sistema de indicadores, da forma que ele está proposto pelo Modelo de Excelência da Gestão da Fundação Nacional da Qualidade, a sugestão é que você consulte o “Guia de Referência para Medição do Desempenho” do PNQS – Prêmio Nacional da Qualidade em Saneamento” de 2019. (disponível em http://pnqs.com.br/wp-content/uploads/2019/03/GRMD_2019.pdf. Acesso em 23/10/19). Esse guia contém sugestões de indicadores de desempenho para organizações de saneamento, isto é, que atuam principalmente na captação, tratamento e distribuição de água potável, no serviço de afastamento (coleta) de esgotos e/ou no tratamento de esgotos. Normalmente atuam no setor empresas estatais (Sabesp, Copasa, Corsan, etc) , ou empresas privadas (nos caso de privatização dos serviços) e autarquias municipais O que você verá é que, inicialmente é apresentada s “lista dos indicadores do GRMD”, por grupos de indicadores, classificados em obrigatórios ou sugeridos, classificados em: Indicadores econômico-financeiros (18 indicadores) Indicadores sociais e ambientais ( 12 indicadores) Indicadores relativos aos clientes e ao mercado (13 indicadores ) Indicadores relativos à pessoas (13 indicadores ) Indicadores relativos aos processos ( 39 indicadores ) O que diferencia esse sistema de indicadores do PNQS com o sistema proposto pelo MEG, é que, enquanto o MEG separa os indicadores sociais dos ambientais,aqui eles estão num grupo só. Por outro lado nesse sistema de indicadores do PNQS os indicadores relativos aos fornecedores fazer parte do grupo de indicadores relativos a processos, enquanto no MEG eles aparecem em separado. Em resumo o GRMD contempla os mesmos grupos de indicadores que são propostos pelo MEG só que de forma mais agrupada. Na sequência você verá a “tabela detalhada dos indicadores do GRMD”, onde são apresentados: O código do indicador O propósito do indicador O nome do indicador A fórmula de cálculo do indicador A unidade de medida (%, valor, quantidade) do indicador O sentido da evolução favorável do indicador O perfil do negócio da organização (agua, esgoto, etc) O que você verá nessa parte é que as formulas são apresentadas por meio de siglas, e para saber o significado de cada sigla, você deverá consulta a parte seguinte que é o “glossário do GRMD”. Veja tudo isso com atenção. Você verá que valerá a pena. Depois invista um pouco do seu tempo na atividade (reflexão) sugerida abaixo. Atividade (reflexão) sugerida 1 – Após conhecer o GRMD, pense na hipótese que você seja convidado a dirigir uma organização de saneamento, de um estado ou de um município. 2 – Pense na hipótese de que você sabe pouco sobre essa organização. 3 – Pense que uma das primeiras medidas que você tomará é que sejam apresentados, para você, os resultados dos indicadores do GRMD aplicáveis à essa organização, relativos aos últimos 3 anos. 4 – Pense na hipótese de que a empresa consiga lhe passar essas informações com rapidez. 5 – Pense que você dedicará um tempo para analisar cada um dos resultados. A sugestão aqui é que você simule os resultados de cada indicador. Agora pense Será que os resultados apresentados poderão ajuda-lo a saber o que fazer como novo dirigente da organização? Por quê? Você continuaria a utilizar esse “sistema de indicadores” do GRMD se continuasse na organização por um bom tempo? Por quê? Eu imagino que, se você verificar que o “Índice de atendimento urbano de água” está baixo, isso acenderá em você uma luz de alerta, se o objetivo da organização for o atendimento pleno da população urbana. Se o “tempo médio de execução de ligação de água” for elevado, você também ficará preocupado. Você também poderá ficar satisfeito se o “índice de satisfação dos clientes” for elevado, e assim por diante. Em resumo o que se espera que você entenda desse exemplo, é que, assim como as organizações de saneamento podem ter um sistema de indicadores baseado na proposta do MEG, que pode ser muito útil para a gestão delas qualquer organização também pode definir seu sistema de indicadores, considerando os sete grupos de indicadores do MEG, como forma de poder direcionar e acompanhar o desempenho organizacional, de forma ampla. 2.3 – Significado de bom desempenho Por tudo que você já viu até aqui, você já sabe o que é um indicador de desempenho (ou se resultados), sabe para que podem servir os indicadores, e sabe como pode ser estruturado um sistema de indicadores. O que talvez você esteja se perguntando é como saber avaliar se os resultados apresentados por um indicador são bons ou ruins. É disso que vamos tratar agora. Critérios do MEG para avaliação de resultados Na abordagem da FNQ (2017), no Modelo de Excelência da Gestão/MEG, a avaliação dos resultados organizacionais deve levar em conta os fatores relevância, melhoria, competitividade e compromisso. Relevância. Esse fator refere-se à existência de um conjunto de resultados estratégicos e operacionais esperados, demonstrados por indicadores correspondentes, suficientes para avaliar a solicitação de um Grupo de Resultados, considerando as estratificações necessárias. Melhoria. Este fator refere-se à demonstração de melhoria contínua ou estabilização em nível aceitável, isto é, em nível suficientemente competitivo ou cumprindo compromissos com requisitos de parte interessada, ou ambos, de forma compatível com as estratégias, considerando pelo menos os últimos três ciclos ou exercícios, para os resultados estratégicos e operacionais esperados no Grupo de Resultados Competitividade. Esse fator refere-se à demonstração, pelo menos no último ciclo ou exercício, de níveis de desempenho equivalentes ou superiores a referencias comparativos pertinentes para os resultados estratégicos e operacionais no Grupo de Resultados, comparáveis no setor ou no mercado. Compromisso. Esse fator refere-se à demonstração, pelo menos no último exercício, de alcance ou superação de níveis de desempenho ou de melhorias esperadas, associados a requisitos de partes interessadas para os resultados estratégicos e operacionais, no Grupo de Resultados, que expressem esses requisitos. (31) Trataremos do fator relevância dos indicadores mais adiante. Por enquanto vamos procurar entender um pouco mais os outros três fatores. Melhoria Um resultado de um indicador de desempenho qualquer, apresentado de forma isolada num dado momento, pouco ou nada representa. Para saber se esse resultado é bom ou não, uma primeira forma de avaliação deve se dar por meio da comparação desse resultado com outros resultados do mesmo indicador , de outros períodos de tempo, na mesma organização, para que seja verificada sua evolução, favorável ou desfavorável. Assim, por exemplo, compara-se a evolução das vendas nos últimos anos; a evolução dos custos; a evolução da satisfação dos clientes; compara-se a participação de mercado de determinados produtos e assim por diante. É avaliando-se a “melhoria” que se pode saber se a eficiência ou a eficácia da organização está melhorando ou piorando, o mesmo acontecendo com a satisfação/insatisfação das partes interessadas. Quanto maior o número de períodos que for permitida a comparação dos resultados de um mesmo indicador, melhor tenderá a ser a avaliação da “melhoria”. Em resumo, uma primeira forma de se avaliar um resultado, é por meio da verificação da sua evolução ao longo do tempo. Se a evolução for boa, já será um bom começo. Competitividade Na abordagem do MEG, não basta ver se um resultado está evoluindo de forma favorável. É necessário ver se o resultado alcançado é um bom resultado, se comparado com os resultados de outras organizações, que possam ser consideradas como referência. Algo como pensar que um banco que apresente uma evolução, ao longo de três anos, de sua taxa de retorno do investimento de 3% a.a. para 5% a.a., não deverá ter muito a comemorar, se comparar o resultado do último ano (5%) com o resultado do banco que, no ano, tiver tido o melhor retorno, digamos 23%. Certamente seus dirigentes terão que pensar: por que tanta diferença? É razoável imaginar que nem sempre os indicadores de resultados são comparáveis, mas o ideal é que as organizações, ao definirem seus sistemas de indicadores, tenham como objetivo ter o máximo possível de indicadores comparáveis, em especial os chamados indicadores estratégicos1 Na abordagem da FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (2012: 48), os referenciais comparativos podem ser dos seguintes tipos: 1 Mais adiante estudaremos os indicadores separando-os em estratégicos e em operacionais. Lá você poderá entender melhor os motivos que fazem com que haja maior facilidade de se comparar indicadores estratégicos do que os operacionais. Competitivo – baseado em dados dos principais concorrentes ou do setor de atuação. Podem ser utilizados dados de um único concorrente mais importante, ou dados segmentados relevantes (em termos estratégicos), ou médias do setor obtidas através de associações ou pesquisas de consultorias e da imprensa. Similar – baseado em dados de organizações que, embora não sejam concorrentes ou nem mesmo sejam do mesmo setor de atuação, apresentamcaracterísticas similares de porte, ou tecnologia, ou região geográfica, ou outras. de Excelência – baseado em dados de uma organização que se destacou significativamente em um determinado campo, seja ela uma organização similar ou não. de Grande Grupo (Pool) – baseado em dados de muitas empresas não similares, obtidos através de grupos de benchmarking – ou de pesquisas genéricas, encontradas com frequência na literatura e na imprensa. A respeito da escolha de referenciais comparativos, o ideal é que eles tenham significado para as pessoas da organização. Representem algo que estimule as pessoas a buscar ou superar os números dos referenciais apresentados. Talvez para comparar rentabilidade, seja importante a comparação com a concorrência, já que negócios diferentes, podem ter rentabilidade média diferente. Já para comparar resultados de satisfação de clientes, ou de número de acidentes de trabalho, talvez se possa aprender muito, fazendo comparações com quem vem apresentando muito bons resultados, ainda que sejam de outros ramos de atuação. Compromisso A avaliação de resultados envolve também a verificação se os resultados alcançados atendem aos requisitos das partes interessadas (stakeholders) Na abordagem do Modelo de Excelência da Gestão(MEG), proposto pela Fundação Nacional da Qualidade, um dos fundamentos da gestão para a excelência é o compromisso com as partes interessadas, entendidas como: Organizações, pessoas ou entidades que afetam ou são afetadas pelas atividades de uma organização. A maioria das organizações apresenta as seguintes classes de partes interessadas: clientes, força de trabalho, acionistas, mantenedores e proprietários, fornecedores e sociedade. A quantidade e a denominação das partes interessadas podem variar em razão do perfil da organização. Para que o compromisso com as partes interessadas seja efetivo, o que propõe o MEG é que as organizações saibam como definir quais as partes interessadas da organização, quais são suas necessidades e expectativas , e saibam traduzir essas necessidades e expectativas em requisitos de desempenho. São esses requisitos de desempenho que devem ser transformados em indicadores de desempenho, e para eles devem ser definidos valores ou critérios para demonstrar o atendimento dos requisitos. Exemplificando, um dos requisitos da força de trabalho pode ser o cumprimento do contrato de trabalho por parte da empresa, e um requisito fundamental para isso é o cumprimento da legislação trabalhista, que, por sua vez, poderá ser verificado pelo número de processos trabalhistas procedentes perdidos pela organização. Uma forma de se verificar se esse indicador está demonstrando compromisso com a força de trabalho, é ver se seu número vem diminuindo ao longo do tempo. Em resumo, a avaliação dos resultados também requer que seja verificado se os resultados apresentados demonstram o atendimento dos requisitos das partes interessadas (acionistas, força de trabalho, clientes, sociedade, fornecedores, etc). Para que esta avaliação possa ser feita, é fundamental que se tenha claro quem são as partes interessadas, quais são seus requisitos, e como esses requisitos podem ser traduzidos em indicadores de desempenho com metas definidas. Talvez seja importante alertá-lo para o fato que não são todos os indicadores de desempenho de um sistema de indicadores que devem ser avaliados em relação ao fator compromisso. Os indicadores que não estiverem diretamente relacionados à verificação do atendimento dos requisitos das partes interessadas, não precisarão ser avaliados em relação a esse fator. Esse é o caso, por exemplo, dos indicadores relacionados às atividades de manutenção (Ex. Paradas não programadas) e de outros processos voltados para clientes internos. Diretamente eles não estão relacionados a nenhum stakeholders. Alcance de metas Você já deve ter entendido que, quando se trata da definição de indicadores de desempenho, o que se espera é que eles estejam atrelados a objetivos que a organização deseja alcançar. O que se espera, também, é que esses objetivos sejam transformados em metas, entendendo-se como meta o objetivo quantificado. Assim, por exemplo, se uma empresa tiver como objetivo aumentar continuamente seu faturamento, o seu indicador de desempenho poderá ser a “taxa anual de crescimento das vendas” e sua meta poderá ser ter, no mínimo, 10% de crescimento anual de suas vendas. A comparação de resultados alcançados com as metas estabelecidas, a princípio, poderá servir para indicar bom ou mau desempenho, mas isso dependerá da qualidade da definição das metas. Numa interpretação livre de SOBRAL e PECI(2013), as metas precisam ser desafiadoras mas alcançáveis, isto é, não podem ser algo muito fácil de ser atingido, mas também não podem ser vistas como inalcançáveis. Devem ser motivadoras, mas realistas. Em outras palavras, se as metas estabelecidas não forem desafiadores, de pouca utilidade será a sua comparação com os resultados efetivamente obtidos. De acordo com a FUNDAÇÃO NACIONAL DA QUALIDADE (2011): O estabelecimento de metas para as estratégias transmite para a força de trabalho os objetivos da organização e o foco em resultados de curto e longo prazo, gerando mobilização das pessoas e instrumentos para a tomada de decisão e o exercício da liderança. Portanto, as metas estabelecem padrões quantitativos esperados para avaliar o êxito da implementação das estratégias formuladas ao longo do tempo e são usadas para a comparação sistemática com os resultados obtidos, mantendo nesses o foco da gestão. (27) O que propõe esse texto é que para estabelecimento das metas, sejam utilizados os seguintes mecanismos: atendimento dos requisitos das partes interessadas; uso de informações comparativas, desafios incrementais e condições do ambiente externo. Assim, deve-se saber os requisitos das partes interessadas e se estabelecer metas que possam atendê-los; deve-se conhecer informações comparativas desafiadoras, e estabelecer metas que possam significar a busca ou superação desses referenciais; e pode-se, ainda, buscar a evolução favorável de determinados indicadores, estabelecendo-se metas (números desejados) para essa evolução (por exemplo aumento da satisfação dos clientes de 70 para 80%). As metas também têm que ser realistas com o que acontece no ambiente externo. Talvez não seja prudente estabelecer uma meta de crescimento anual das vendas em 20% se o país estiver crescendo a 1% ao ano. O desafio de quem estabelece metas será sempre o de combinar esses quatro mecanismos, para chegar a um número síntese, já que cada indicador só pode ter uma meta, por período de tempo estipulado. O Bom desempenho O que você já deve ter notado é que para que um resultado possa ser considerado como sendo bom, é necessário que: Apresente evolução favorável (melhoria); Apresente números iguais ou, de preferência, melhores do que os dos referenciais comparativos (competitividade); Não demonstre falta de atendimento de requisitos de partes interessadas (compromisso). Demonstre o alcance de metas estabelecidas (desde que as metas tenham sido bem estabelecidas) 2.4 - Identidade dos indicadores Para finalizar essa primeira parte, parece adequado sintetizar o que se deve contemplar, quando se deseja ter e utilizar adequadamente um indicador de desempenho, a começar pelo nome do indicador. Essas exigências são as seguintes Nome do indicador (e sigla, se tiver) Propósito do indicador (atributo que busca avaliar) Classificação do indicador (financeiro, relativo a clientes, estratégico, operacional, etc) Fórmula de cálculo Periodicidade de cálculo Unidade de medida (%, R$, quantidade) Sentido da evolução favorável ao longo do tempo( + ou -) Responsável pelo levantamento do indicador Fonte de dados Histórico do indicador Critério para estabelecimento de metas Metas do indicador Referenciais comparativos Requisitos das partes interessadas Responsável pela análise do indicador Metodologia de análise Destinatários (usuários) do indicador Uso dos resultados do indicador, pelos seus destinatários (usuários) Para que você possa entender adequadamente o rol de exigências relacionadas aos indicadores, apresentada acima, talvez seja interessante relembrar o que você viu no final do item 2.2, quando analisou o GRMD – Guia de Referência para Medição do Desempenho, proposto para organizações de saneamento. Lá você pode encontrar: O nome do indicador e sua sigla O proposito do indicador A classificação do indicador A fórmula de cálculo do indicador Sentido da evolução favorável ao longo do tempo ( + ou -) Tudo isso é necessário para se ter (ou se definir) um indicador, mas para se poder utilizá-lo adequadamente, as outras exigências também precisam ser atendidas. Veja você se concorda com isso. Em resumo, além de definir os indicadores (nomes, formula de cálculo, etc) é necessário que se defina os responsáveis por sua obtenção; os responsáveis pela sua análise, levando-se em conta que essa análise pode precisar de metas, referenciais comparativos, requisitos das partes interessadas e histórico do desempenho; e precisa-se definir também quem são os usuários dos indicadores e qual uso devem fazer dos resultados obtidos/analisados.
Compartilhar