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ELIEL VALENTIM | CLÍNICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO | PL2 Actinomicose em bovinos A actinomicose é uma enfermidade infecto-contagiosa crônica que acomete a cavidade oral principalmente dos ruminantes, podendo ser transmitida aos humanos. É caracterizada pela presença de lesão granulomatosa e supurativa, localizada na maxila ou na mandíbula. A doença pode ocorrer também em equinos, no entanto não é muito frequente. Etiologia: é uma causada pela bactéria Actinomyces bovis, sendo classificada como bacilo Gram positivo, não capsulado, não esporogênico e imóvel, que ao microscópio possui uma tendência de formar filamentos e ramificações, considerado anaeróbio e habitante natural da cavidade oral dos ruminantes. Patogenia: O Actinomyces pode invadir o tecido ósseo (principal diferença em relação a actinobacilose) por meio de lesões dentárias ou alveolares durante a erupção dos dentes, ou por ferimentos causados pela ingestão de capim ou corpos estranhos duros. Sinais Clínicos: O aparecimento da lesão ocorre normalmente em região mandibular, originando formação nodular indolor, imóvel e localizada geralmente no ramo horizontal da mandíbula. No início há apenas um aumento de volume, que pode evoluir para a formação de fístula e envolvimento de raízes dentárias com a evolução da doença. Caso ocorra o envolvimento dos dentes, observa-se a presença de dor à mastigação e/ou à ruminação, com consequente perda de peso. Diagnóstico: O diagnóstico é baseado na apresentação clínica da lesão, cultivo, biopsia e exame histopatológico. O grau da lesão no tecido ósseo pode ser verificado por exames radiográficos. No diagnóstico post-morten é observado com mais clareza as lesões ósseas. Observa-se a presença de abscessos no masseter e região de garganta, que se caracterizam pela sua imobilidade e presença de exsudato purulento, caseoso. Na histopatologia a presença de células inflamatórias também pode ser sugestivo para a infecção. Tratamento: A terapia empregada é a remoção cirúrgica associada à administração de iodeto de sódio e antibioticoterapia. A combinação de altas doses de penicilina e estreptomicina é mais indicada nesses casos. Profilaxia: A profilaxia para essa enfermidade dificilmente pode ser realizada, uma vez que o agente infeccioso é habitante natural da cavidade oral dos ruminantes. ELIEL VALENTIM | CLÍNICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO | PL2 Actinobacilose em bovinos Também conhecida usualmente como “língua de pau” devido a rigidez do órgão nos animais infectados, a actinobacilose é uma doença infecciosa, não contagiosa, geralmente crônica, caracterizada por reação inflamatória piogranulomatosa que ocorre em bovinos e, menos comumente, em ovinos, suínos e equinos. Tecidos moles de cabeça, pescoço e linfonodos regionais são afetados. Epidemiologia: A doença tem distribuição mundial, mas geralmente é de ocorrência esporádica. No entanto, tem sido descritos surtos de actinobacilose em bezerros e novilhos pastoreados em restevas de arroz ou soja com forragem grosseira, como talos que permanecem após a colheita de grãos e que podem induzir lesões por trauma na mucosa oral. Também são descritos surtos associados a pastoreio de bovinos em pastagens compostas predominantemente por anoni, uma gramínea grosseira acidentalmente introduzida. A transmissão é favorecida quando há animais com descargas infectantes que contaminam alimentos, cochos e bebedouros. Etiologia: É causada por Actinobacillus lignieresii, classificado como um cocobacilo Gram- negativo, é comensal do trato digestório dos bovinos. Alimentos fibrosos ou grosseiros, que induzem lesões traumáticas na cavidade oral, facilitam a instalação do microrganismo e seu acesso a linfonodos regionais e/ou outros órgãos, via hematógena ou linfática. Sinais Clínicos: Em bovinos as lesões localizam-se preferencialmente em língua e linfonodos de cabeça e pescoço, principalmente nos linfonodos retrofaríngeos, parotídeos, sublinguais e mandibulares e, menos comumente, em outros tecidos, como proventrículos, pulmões, útero e pele. A língua pode ser afetada parcial ou totalmente. A sua palpação pode evidenciar aumento de volume e rigidez; particularmente na base da língua, e sua manipulação provoca dor e repulsa nos animais acometidos. Na superfície lingual é possível perceber nódulos firmes de tamanhos variados, cuja incisão pode revelar múltiplos nódulos arredondados, esbranquiçados, que variam de alguns milímetros a cerca de três centímetros de diâmetro, contendo pequenos grânulos amarelados. Essas alterações interferem na mastigação e na deglutição, com resultantes sialorreia, dificuldade na apreensão de alimentos e perda de peso. Diagnóstico: baseia-se nos achados clínicos descritos anteriormente e histórico do animal, os principais métodos laboratoriais são: histopatologia e imuno-histoquímica. As alterações histológicas são caracterizadas por inflamação piogranulomatosa com coleções centrais de cocobacilos, cercadas por clavas eosinofílicas compostas por imunocomplexos. As clavas são dispostas radialmente, cercadas por quantidade variável de neutrófilos e rodeadas por macrófagos e/ou células gigantes multinucleadas. Infiltrados de linfócitos e plasmócitos estão presentes nas adjacências, além de tecido de granulação e fibrose reativa. O diagnóstico post-morten também é importante para identificar o grau das lesões. ELIEL VALENTIM | CLÍNICA DO SISTEMA DIGESTÓRIO | PL2 Tratamento: é feito com o uso de antibióticos à base de penicilina, sulfas ou estreptomicina, administrada por via muscular, durante 5 a 7 dias, associada com solução de iodeto de potássio a 10% por via oral na dose de 6 a 10 g/dia durante sete a 10 dias, na qual pode ser adicionado na água de bebida do animal, esse tratamento pode ser prolongado até o aparecimento da sintomatologia de iodismo, como lacrimejamento, anorexia, tosse e aparecimento de caspa. Também pode ser administrado por via intravenosa, o iodeto de sódio a 10% é aplicado na dose de 1 g/12 kg de peso corpóreo, em dose única. Profilaxia: é realizada através do isolamento de animais doentes, impedindo que ocorra contaminação de alimentos devido à secreção de lesões, bem como evitar uma dieta com alimentos grosseiros que podem causar ferimentos na cavidade bucal.
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