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Sociologia - Capitalismo e Karl Marx

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
MARIANA CORDEIRO FERRARIS
TRABALHO DA DISCIPLINA – AVA 2
SOCIOLOGIA
RIO DE JANEIRO
2021
As relações sociais atestam a interdependência dos indivíduos que dividem os mesmos espaços sociais e se destaca como um elemento de transformação dos contextos sociais. Há diversos fatores que interferem nessas interações, dentre eles os choques culturais e a desigualdade social. Dentro da perspectiva marxista as relações sociais estão diretamente ligadas às forças produtivas e aos meios de produção. Em sua visão, quando acontecem mudanças na força de produção, modificam-se os meios de produção e, como consequência, alteram-se as relações entre os indivíduos.
A partir da industrialização no século XIX, com o movimento de urbanização gerado pelo êxodo do campo quando as fábricas passaram a ser o espaço de trabalho do homem, um novo tipo de sociedade surgiu, uma sociedade industrial e capitalista. O capitalismo nasceu para consagrar a relação entre trabalho e capital. O trabalhador perdeu a autonomia sobre seus meios de produção, planejamento e processo de trabalho. 
Após a Revolução Industrial, Marx ao publicar o seu mais famoso livro, “O capital”, fez reflexões que explicam justamente essas novas relações sociais criadas pelo capitalismo. Marx traz a ideia de alienação promovida pelo sistema capitalista. Nesse contexto, de acordo com ele, as relações entre produtor e produto impostas pelo capitalismo retira do trabalhador a posse dos meios de produção, fragmentando as atividades, criando um cenário de desumanização. A alienação se dá exatamente por essa fragmentação e pela apropriação do produto por terceiros. Em sua crítica ao sistema capitalista, o autor descreve um modo de produção capaz de manter o trabalhador alienado das relações em que seu trabalho está inserido. Logo, o trabalho alienado acontece quando os meios de produção deixam de ser posse do trabalhador e que esse, assim como as ferramentas e maquinários, passam a fazer parte de uma linha de produção, sendo um mero instrumento para gerar lucro aos proprietários dos meios de produção.
Esse novo desenvolvimento das relações sociais de produção, que induz a divisão do trabalho, gera uma desigual distribuição das atividades e de seus produtos. Nesse cenário, o trabalho passa a ser uma atividade imposta ao homem e que estabelece relações de dominações entre eles, gerando então uma divisão social em classes. Nessa divisão de classes, os interesses materiais condicionaram as relações humanas e as classes dominantes passaram a ser aquelas que tinham o controle da produção.
Em uma de suas obras, Friedrich Engels sinaliza que a transformação na forma de produzir gerou, consequentemente, uma transformação na ordem social vigente. Ele afirma que os interesses das classes dominantes se converteram no motor da produção.
Nesse novo contexto social começam então a surgir as relações de troca entre mercadorias, que afetam diretamente as relações entre as pessoas. O trabalho se torna uma mercadoria e pode ser vendido no mercado enquanto o trabalhador, que antes detinha o poder de sua produção, passa então a vender sua mão de obra nesse novo mercado. Os homens deixam de produzir para satisfazer apenas as suas necessidades, mas para satisfazer também as necessidades de outras pessoas com as quais mantém relações sociais. É a ideia do homem comprando o tempo de trabalho de outros homens.
O trabalho então deixa de ser meramente necessário para suprir necessidades e passa a ser o trabalho que, como dito por Marx, aliena o homem, o afastando de sua própria produção e fazendo com que ele produza para que outro obtenha lucro. A obtenção do lucro é o maior objetivo do sistema. A classe burguesa então aparece como classe dominante, porque domina os meios de produção e as ideias, enquanto a classe trabalhadora como dominada. Começa-se então a surgir crises vinculadas ao capitalismo, pois ele se apoia na exploração do trabalho vivo, onde há concentração de riquezas, de conhecimento e poder em uma única classe, a burguesa, que é incapaz de distribuir e socializar a produção para o atendimento das necessidades humanas básicas da classe explorada. Daí inicia-se as relações de classe entre trabalho e capital.
Nas novas cidades, fora das fábricas, se torna necessária uma nova lógica de convivência que desencadeia a necessidade de infraestrutura básica: moradia, transporte, saúde, entre outras demandas, bem como a definição de um sistema político que dê suporte às relações sociais. Há a determinação de um quadro socioeconômico que demanda a regulação e estabilização do convívio social através do Estado, intermediando a relação de capital e trabalho.
Nesse momento de avanços e divergências nas relações entre os proprietários de capital e proprietários de força de trabalho, passou a ser função do Estado atuar como regulador da manutenção das funções capitalistas através da política social. As políticas sociais são aquelas destinadas a garantir o que é socialmente definido como um mínimo de condições de vida para quem não consegue obter esses parâmetros no mercado. Por um lado, as políticas sociais são fruto da organização e mobilização da classe operária por bens sociais e participação política. Por outro lado, elas se estabelecem como forma de manutenção da dominação da elite, desmerecendo os motivos das reinvindicações e fornecendo os bens sociais requisitados pelos trabalhadores, sem sequer questionar as regras do sistema capitalista. Nesse sentido, o Estado tem a função essencial de auxiliar na reprodução da força de trabalho e do capital, entrando com salário indireto na composição do salário do trabalhador através dos fundos públicos.
Após diversas reestruturações da função do Estado na sociedade ao longo do tempo, atualmente cabe ao Estado buscar a eficiência (otimização dos recursos) e a equidade (distribuição de renda de forma que todos os indivíduos consigam acesso às condições básicas necessárias ao bem-estar social), conceitos fundamentais para a promoção do crescimento e desenvolvimento econômico. Porém, em um sistema capitalista, baseado na acumulação de riqueza, na propriedade privada e, consequentemente, na desigualdade entre as pessoas, conseguir encontrar equilíbrio entre esses conceitos é um grande desafio.
Diante do exposto, podemos concluir que o modo de produção capitalista é a maneira a qual está organizado o sistema produtivo que predomina no mundo contemporâneo (tendo como o lucro seu principal objetivo) e com pouca ou quase nenhuma interferência do Estado (que se organiza com base nas concepções neoliberais). O capitalismo enquanto sistema socioeconômico não tem não tem dado respostas satisfatórias em relação ao aumento das desigualdades sociais, do crescente desemprego, da contínua destruição dos recursos naturais e da discrepância cada vez maior entre os países ricos e pobres. Portanto, é evidente que para compreender melhor esse sistema econômico, suas características, vantagens e desvantagens é importante sabermos o quanto as mudanças das relações sociais de produção e da interferência do Estado na sociedade ao longo do tempo influenciaram e ainda influenciam sua concepção e manutenção. 
 
BIBLIOGRAFIA
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