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Thais de Paula - Med 105 Dorso e coluna vertebral Resumo da aula - prof. Ruy 1. Vértebras: ao todo possuímos 33 vértebras. Sendo: - 7 cervicais - 12 torácicas (que comumente são chamadas de “dorsais” em exames, mas esse termo não é anatomicamente correto, já que dorso é toda a parte posterior, ou seja, todas elas são dorsais) - 5 lombares - 5 sacrais fundidas - 4 coccígeas fundidas = resquício da cauda humana. A vértebra recebe o nome da região em que ela está. Estrutura básica: presente em qualquer vértebra de qualquer região (exceto o sacro e o cóccix que são vértebras fundidas). a) corpo vertebral: parte arredondada e grande, possui a epífise anular e osso esponjoso, preenchido por medula óssea vermelha, essa forma é relacionada com a embriogênese das vértebras. A articulação entre os corpos vertebrais é do tipo sínfise, feita pelo disco intervertebral que é uma estrutura de fibrocartilagem. b) pedículo: liga o corpo, que é anterior, com a porção posterior. c) lâmina do arco vertebral: se projetam e foram o processo espinhoso d) incisuras vertebrais: na transição do pedículo para a lâmina. Ao juntar a superior com a inferior forma o forame intervertebral, por onde sai o nervo espinal. e) processo espinhoso: é o que consegue ser palpado sob a pele, os mais famosos são C7 e T1 (ponto de dor com estudo ou quando troca o travesseiro) que são os mais salientes. f) processo transverso Os processos espinhoso e transverso são locais de fixação de ligamentos e músculos. 1 g) processo articular superior e inferior: articulação de uma vértebra com as adjacentes, superior e inferior. A articulação entre os processos articulares é art. zigapofisária que é sinovial plana e permite movimentos de deslizamento. Cada articulação faz pouco movimento, mas o conjunto de articulações nos permite a mobilidade da coluna. Ou seja, a mobilidade da coluna vertebral é devido a soma dos movimentos das articulações entre os corpos vertebrais e as articulações entre os processos articulares, que sozinhos realizam deslizamentos, mas em conjunto permite uma amplitude de movimentos. h) forame vertebral: o conjunto de forames forma o canal vertebral. Obs: espondilite anquilosante é uma doença reumática em que o corpo produz anticorpos contra a membrana sinovial da articulação das vértebras (art. dos processos articulares), gerando perda do movimento e, com o tempo, o disco degenera. Outras doenças acometem a coluna nas zigapofisárias como a artrite reumatóide e lúpus. Hérnia de disco: hérnia é um termo usado para indicar uma estrutura que está fora da sua região anatômica, não deveria estar alí. A hérnia de disco ocorre quando o núcleo pulposo rompe o anel fibroso e extravasa, indo em direção ao nervo espinal começando a comprimir a medula ou o nervo. A extrusão de núcleo pulposo gera muita dor, que pode ser irradiada para membro inferior se for uma hérnia lombar, irradiada para membro superior se for uma hérnia cervical ou irradiada para as costelas se for uma vértebra torácica. 2 90% dos casos de hérnia são tratados com fisio e medicamentos. Quando é preciso fazer cirurgias, o nome do procedimento é laminectomia, ou seja, corta-se a lâmina da vértebra para retirar o núcleo pulposo que está comprimindo o nervo espinal. O paciente fica sem núcleo pulposo e com isso a art entre os corpos vertebrais fica prejudicada, o paciente deve ser informado, para evitar sobrecarregar as demais vértebras, é importante fortalecer a musculatura para ter um estabilizador melhor da coluna. Ao retirar uma lâmina, a pessoa vive bem, mas ao retirar duas ou mais lâminas é preciso estabilizar com parafuso, pois a coluna fica muito instável. 2. Vértebras cervicais: Revisando a estrutura básica: corpo, pedículo, lâmina, proc. transverso, proc. espinhoso, proc. articular superior e inferior, incisura superior e inferior e forame vertebral. A cervicais possuem com exclusividade o forame transversário que dá passagem à artéria vertebral. Podem ter algumas malformações e alguns indivíduos podem ter mais vértebras do que outros, mas de forma geral apenas cervicais tem forame transversário. A C7, que é a última vértebra cervical, tem o forame, mas a artéria vertebral NÃO passa por ele, então o forame é menor ou pode estar ausente. Existem outras características das cervicais, mas nas vértebras de transição, pode gerar confusão. Exemplos: - processo espinhoso bífido (pela inserção dos mm. interespinais do pescoço) não estão em todas as cervicais, mas grande parte. - C7 tem processo espinhoso mais longo que os demais e conseguimos palpar - o forame vertebral é triangular e grande 3 - processos articulares superiores são inclinados, não estão no plano vertical, são horizontalizados. - Unco: elevação no corpo vertebral (processo uncinado). Pode estar presente em T1 o que gera confusão ou C7 pode não ter unco. - Tubérculo anterior e posterior Atlas: C1 Recebe esse nome por Atlas ser o titã que carregou o mundo nas costas, já que ela segura o crânio. Ela tem características especiais: - 2 massas laterais - arco anterior - arco posterior - processo transverso - forame transversário - faces articulares - sulco da artéria vertebral (voltado para superior, no arco posterior) Áxis: C2 Seu nome vem de eixo, devido a presença do dente que articula-se com o arco anterior do Atlas para permitir os movimentos de rotação da cabeça. Possui: - corpo - pedículo - lâmina - processo espinhoso - processo transverso - forame transversário - dente do Áxis 4 Obs: fratura do enforcado = ao morrer enforcado, não se morre por asfixia, o que ocorre é a fratura de C2, que ocorre entre C1 e C2, afetando a região do bulbo onde está todo o controle visceral e com isso a pessoa morre por uma lesão medular alta. Na autópsia, a primeira coisa verificada quando se tem enforcamento é a fratura de C2, já que se não tem fratura foi morte por asfixia. Obs 2: Instabilidade atlanto axial na Síndrome de Down: crianças com essa síndrome possuem instabilidade entre C1 e C2, gerando afastamento entre essas vértebras,isso é um risco de lesão medular. 3. Vértebras torácicas: Algo exclusivo delas são as fóveas costais, ou seja, os locais de articulação com as costelas. São 3: fóvea costal superior, inferior e do processo transverso. São articulações sinoviais planas. Nem sempre teremos 3 fóveas costais: T10, T11 e T12 não possuem a fóvea costal inferior, a T10 possui só superior e do processo transverso e T11 e T12 apenas a superior. Isso ocorre pois as duas últimas costelas são as flutuantes e antes delas tem as falsas. Devemos ter cuidado com as transições, T12 é muito parecida com L1, então observamos se tem fóvea costal ou não. Outras características das torácicas: - processo articular verticalizado, estando no plano frontal da vértebra. - processo espinhoso verticalizado - corpo vertebral é maior que o cervical e menor que o lombar 5 4. Vértebras lombares: não possuem fóveas costais e nem forame transversário. Possuem: - processo articular no plano sagital - processo mamilar (inserção dos mm. multífidos) - processo espinhoso quadrangular - processo acessório (inserção dos mm. intertransversários) fica no processo transverso Obs: espinha bífida ocorre quando a coluna vertebral não se fechou na sua parte posterior, com isso fica bifurcada, uma lâmina não se encontrou com a lâmina do outro lado e não formou o processo espinhoso. Com isso, o forame vertebral fica com a medula exposta. Não fecha osso, músculos, tela subcutânea e nem a pele. Quando isso ocorre chama-se mielomeningocele, pois fica com as meninges expostas, a partir daquele nível não existem atividade motora e nem percepção sensitiva (como se fosse lesão medular). Já a espinha bífida oculta ocorre quando a pele, tela subcutânea e músculos se fecham, apenas a vértebra que não se fecha. É descoberta em radiografias, não possuindo repercussões na vida do indivíduo. A espinha bífida pode ocorrer em qualquer nível, não apenas lombar, mas se for muito alta, para o diafragma e é incompatível com a vida. Algo curioso é que na espinha bífida geralmente vemos uma pilificação aumentada ou uma mancha na região, isso ocorre porque tanto o sistema nervoso quanto a pele derivam do ectoderma, então se tenho má formação no SNC é comum associar uma lesão na pele junto. Ou seja, como a formação do tubo neural e da pele deriva do mesmo folheto, um defeito em um pode repercutir no outro. Doenças congênitas do SNC apresentam manifestações cutâneas comumente. 5. Sacro: é fácil de identificar 6 - forames sacrais anteriores ou pélvicos - forames sacrais posteriores ou dorsais - base do sacro - ápice do sacro - tem a forma de um triângulo invertido - promontório da base do sacro: é a parte mais anterior do sacro. Tem importância clínica, é utilizado como referência para os exames ginecológicos no toque vaginal durante a gravidez, por exemplo. 6. Cóccix: é um osso fundido. - remanescente da cauda - cornos coccígeos 7. Radiografia: Em uma visão anterior da coluna lombar identificamos os processos transversos, espinhoso (estrutura comprida, “nariz”), pedículos (“olhinhos”), corpo da vértebra. Obs: Sacralização de L5 = é a fusão de L5 com o Sacro. Obs 2: Vértebra de transição = é uma vértebra extra entre L5 e sacro. Não causa nenhum problema para o indivíduo. 8. Curvaturas da coluna vertebral: - cervical: concavidade posterior - torácica: concavidade anterior - lombar: concavidade posterior - sacral: concavidade anterior 7 Isso ocorre porque no desenvolvimento do indivíduo temos diferentes posições. No útero a coluna tem uma curvatura única para anterior, quando o bebê nasce e começa a sustentar a cabeça com 3 meses temos a formação de uma concavidade posterior cervical. Já quando a criança começa a andar (início do processo da marcha), inverte a curvatura e forma a concavidade lombar posterior. Ou seja, o desenvolvimento motor normal da criança leva a alteração das curvaturas da coluna vertebral. Obs: desenvolvimento motor normal da criança 1. sustentar a cabeça: 3 meses 2. sentar: 6 meses 3. engatinhar: 9 meses 4. andar: 12 meses Os locais que ficaram com a curvatura original da vida intrauterina é a torácica e a sacral, então chamamos de curvatura primárias, por se manterem como curvaturas com concavidade anterior. Já as curvaturas secundárias são a cervical e a lombar por terem invertido a concavidade, passando a ser posterior. Obs: Na ortopedia, ao ter alguma alteração nas curvaturas, damos nome a elas: - curvatura lombar aumentada = posição de lorde = lordose - curvatura torácica aumentada = cifose - desvio no plano frontal = escoliose É comum, na fisioterapia, chamarem de lordose qualquer curvatura cervical ou lombar e quando tem um aumento eles chamam de hiperlordose cervical ou lombar. Já as curvaturas torácicas e sacrais são chamadas de cifose e quando apresentam aumentam que passam a ser hipercifose torácica ou sacral. 8 9. Articulações do dorso: existem vários tipos - dos corpos vertebrais - dos arcos vertebrais - crânio vertebrais - dos processos articulares (são chamadas de zigapofisárias) são sinoviais planas 9. Sínfise: formada pelo disco intervertebral. O disco intervertebral é formado pelo anel fibroso e o núcleo pulposo, que deriva da notocorda (resquício do conjunto de células que estimula a formação do tubo neural). A função dos discos é de dar mobilidade a coluna e impedir choques mecânicos entre os corpos vertebrais. O anel fibroso é mais espesso anteriormente e mais fino posteriormente, com isso em casos de rompimento e formação da hérnia é mais comum romper na parte posterior. Com isso, o núcleo pulposo extravasa e vai em direção à medula e nervos espinais. O núcleo pulposo está mais para posterior no disco intervertebral, ele não está no centro, justamento porque o anel é mais espesso anteriormente. A dor da hérnia de disco é devido ao rompimento do anel fibroso, que é inervado em sua periferia e devido a compressão do nervo espinal pelo núcleo pulposo. A espessura do disco é variável, na região lombar a espessura é maiore isso permite uma região de mais movimento. Considerando a espessura relativa (ou seja levando em conta o tamanho do corpo vertebral e a espessura do disco) vemos que a é maior na cervical e na lombar, com isso são locais de maior movimento, ou seja, são locais mais propensos a hérnia de disco. 9 Na região torácica temos pouco movimento, devido a fixação da vértebra com o esterno pelas costelas. Com isso, é mais incomum ter hérnias de disco nessa região, mas quando ocorre é na região de T11 e T12, pois tem costelas flutuantes. Obs: um disco normal na Ressonância magnética temos um halo escuro e um centro mais claro. Quando ocorre protrusão ele vai para frente e quando ocorre extrusão temos o rompimento do anel e a formação da hérnia em si. Obs 2: articulação dos uncos vertebrais são geralmente consideradas como articulações sinoviais, mas fogem um pouco da regra já que não possuem todos os elementos da art. (cápsula, cartilagem e cavidade articular), mas chamam de sinovial por ter um líquido sinovial presente. Com o tempo os uncos se degeneram e acabam gerando problemas de artrose na coluna cervical. Obs 3: forma de evitar hérnias de disco é fortalecendo a musculatura, mantendo a postura correta, fazendo atividades físicas regulares e não ganhando peso. Além disso, para evitar artrose do joelho e de quadril devemos evitar ganho de peso. 11. Ligamentos: - ligamento longitudinal anterior: anterior ao corpo da vértebra. Limita a extensão. É um estabilizador da coluna. - ligamento longitudinal posterior: posterior ao corpo da vértebra. Limita a flexão. Ele se prolonga até o crânio se fixando na base do crânio e essa continuidade do ligamento longitudinal posterior se chama membrana tectória. Ele também está envolvido com as hérnias de disco, pois impede a formação delas na região central, fazendo com que elas se formem posterolateralmente. 1 0 - ligamento amarelo: fica vinho com o formal. Ele une as lâminas vertebrais de uma superior com uma inferior. Importante nas anestesias, pois a agulha o atravessa antes de chegar no canal vertebral, com isso sentimos uma resistência. - ligamento interespinhal: fica entre os processos espinhosos. - ligamento supra espinhal: posterior aos processos espinhosos - ligamento nucal é o prolongamento do supraespinal e vai até o crânio sendo ponto de fixação para músculos. - ligamentos intertransversários: entre os processo transversos. - membrana atlanto occipital anterior: continuação do ligamento longitudinal anterior - membrana atlanto occipital posterior: continuação do ligamento - membrana atlanto axial anterior: continuação do ligamento longitudinal anterior - membrana atlanto axial posterior: continuação do ligamento - ligamento cruciforme - ligamentos alares 12. Articulação atlanto occipital: entre o atlas e o osso occipital do crânio. É uma articulação sinovial elipsóide, não possui disco articular e realiza movimentos de flexão e extensão (movimento do sim). 13. Articulação atlantoaxial mediana: entre o atlas e o áxis. Faz o movimento do não com a cabeça. Ou seja, faz rotação do crânio com o dente do áxis articulando com o arco anterior do atlas 14. Articulações costovertebrais (veremos em tórax) 1 1 15. Articulação Sacroilíaca: - art. anterior com seu lig. - art. posterior com seu lig. - ligamento interósseo: fixa melhor o sacro com o ílio, é bem estável Obs: disfunção sacroilíaca ocorre quando o osso do quadril sobe, já que soltou a articulação sacroilíaca e a sínfise púbica. Radiografias Resumo da aula - prof. Ruy Raio X é a radiação usada para produzir o filme, que se chama radiografia (graphos vem de escrita). A radiação é uma “chuva de elétrons” na região que quero radiografar, eles sensibilizam o filme e geram a imagem. Temos a ampola que emite a chuva de elétrons sobre uma região corporal que vai em direção ao filme. A cor na radiografia depende da capacidade do tecido de absorver mais ou menos elétrons, por exemplo, na gordura os elétrons passam muito e a imagem fica escura, já quanto mais retidos os elétrons ficam no tecido, mais branca fica a imagem, o que ocorre no osso por exemplo. Em radiografias, temos o espaço articular radiológico formado pela diferença na absorção da radiação dos diferentes tecidos, gerando uma parte escura entre dois ossos por exemplo. 1 2 Em casos de radiografias com um projétil vemos que ele é mais branco do que o osso, pois é feito de chumbo que tem maior peso molecular e absorve muita radiação. O mesmo ocorre com as próteses que são de metal. Ou seja, quanto maior o peso molecular, maior a barreira para a radiação e mais branca a imagem na radiografia. O coração, mesmo sendo tecido mole, aparece mais branco pois tem uma espessura grande então acaba absorvendo mais radiação. O mesmo ocorre no diafragma, baço, estômago e intestino, por exemplo. Obs: as identificações das radiografias são colocadas no lado direito, como regra. Incidências: dependendo da incidência não consigo determinar o que é mais profundo, mais anterior.. entre outros. Então preciso de pelo menos duas incidências para ter uma visão geral melhor dependendo do caso, já que a imagem é plana e não tridimensional. As incidências mais usadas são: - AP = antero posterior - Perfil = de lado Existem exceções nessas incidências, pois se o objeto a ser radiografado estiver muito próximo da fonte de radiação, aumenta o tamanho e distorce a imagem. Então, para evitar esse problema, o objeto deve ficar próximo do filme. Com isso, para radiografar a coluna lombar devo colocar o paciente em decúbito dorsal e para radiografar o tórax fazemos uma PA (ou seja posteroanterior) e um perfil, ao invés de fazer uma AP. 1 3 Obs: em casos de radiografia de tórax em acamados ou indivíduos traumatizados não tem como fazer PA, então usamos a AP e tentamos investigar mesmo com as distorções. Para radiografar mãos e pés, geralmente não faz diferença se é AP ou PA. E geralmente pedimos uma oblíqua (fonteem 45 graus com o filme), mas a perfil também pode ser usada, para ver o calcâneo, por exemplo, embora com perfil fique muita sobreposição de imagens. Ou seja, devemos pedir radiografias com duas incidências. Contrastes: usado para investigar partes moles. Injeta-se uma substância no sangue do paciente que possui um peso molecular elevado para visualizar os vasos. Geralmente usamos iodo para investigar Rins já que ele é excretado pela urina. Já para ver vísceras ocas pedimos para o paciente ingerir uma substância com bário. Artrose: é a degeneração da cartilagem articular. Aparece na radiografia com perda do espaço articular radiográfico. 1 4
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