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Sistema Imunológico Introdução

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Apresentação 
Damos o nome de resposta imunológica ao conjunto de reações fisiológicas 
do organismo formadas por componentes celulares e humorais contra 
componentes moleculares de microrganismos ou substâncias de origem não 
infecciosa. Esse conjunto de reações é fornecido pelo sistema imunológico. 
A inflamação é um tipo de resposta do sistema imune contra a infecção ou a 
lesão tecidual, cujo objetivo é o restabelecimento da homeostase. 
Percebemos a importância da inflamação em casos de deficiência de 
componentes do sistema imune em que ocorre um aumento na 
suscetibilidade a infecções. De maneira oposta, respostas exacerbadas a 
moléculas inofensivas podem gerar danos teciduais, eventos chamados de 
doenças por hipersensibilidade. 
Nesse contexto, a imunopatologia estuda as doenças de hipersensibilidade e 
as doenças autoimunes que estão relacionadas às respostas inapropriadas 
contra moléculas próprias, induzindo manifestações patológicas. 
Assim, nesta aula, estudaremos o sistema imune, focando no processo 
inflamatório e abordando alguns aspectos relacionados à imunopatologia. 
 
Objetivos 
• Reconhecer os componentes relacionados à Resposta Imune Inata e à 
Resposta Imune Adaptativa; 
• Explicar o processo inflamatório com base nos sinais cardinais e nos 
fenômenos relacionados ao início, ao desenvolvimento e à resolução da 
resposta inflamatória; 
• Definir reações de hipersensibilidade e doenças autoimunes. 
 
 
Noções gerais sobre sistema 
imunológico 
O sistema imune está relacionado à defesa contra microrganismos 
infecciosos e substâncias estranhas não infecciosas. Mecanismos que 
normalmente protegem os indivíduos contra uma infecção e eliminam 
substâncias estranhas também são capazes de causar lesão tecidual e 
doenças em algumas situações (ABBAS et al., 2015). 
O sistema imune é composto por células e moléculas, cuja resposta 
coletiva e coordenada com a entrada de substâncias estranhas no 
organismo é denominada resposta imune. Esses componentes estão 
presentes em nódulos linfáticos, linfonodos, baço, timo, sangue, linfa, 
tecido conjuntivo, pele e mucosas. A comunicação entre as células do 
sistema imune é realizada pelas citocinas (moléculas compostas por 
proteínas) (ABBAS et al., 2015; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008). 
Podemos classificar o sistema imune em: 
• Sistema Imune Inato (resposta celular, inespecífica) 
Com a defesa imediata contra a invasão microbiana. 
 
• Sistema Imune Adaptativo ou Específico (resposta humoral) 
Que complementa a imunidade inata. 
O sistema imune inato é a primeira linha de defesa do organismo contra 
microrganismos e consiste em mecanismos de defesa celulares e 
bioquímicos presentes mesmo antes da infecção, respondendo 
rapidamente a esta. A reação aos produtos dos microrganismos e 
células lesionadas ocorre da mesma forma em exposições repetidas 
(ABBAS et al., 2015; MURPHY, 2014). 
É composto por: 
• Barreiras físicas e químicas (epitélio e agentes antimicrobianos 
produzidos nas superfícies epiteliais); 
• Células fagocíticas (neutrófilos, macrófagos); 
• Células dendríticas; 
 Células linfoides (NK – natural killer); 
 Proteínas sanguíneas, incluindo membros do sistema complemento e outros mediadores da inflamação. 
A principal resposta do sistema imune inato contra agressões por 
infecção ou danos teciduais é a inflamação. 
No sistema imune adaptativo, observamos a resposta às infecções 
intracelular e extracelular. Determinantes antigênicos ou epítopos são as 
estruturas específicas presentes nos antígenos, e são responsáveis pela 
indução de respostas imunes específicas por meio do reconhecimento 
pelo sistema imune adaptativo (anticorpos ou linfócitos). 
As principais características do sistema imune adaptativo estão 
relacionadas a: 
Especificidade 
(respostas específicas para moléculas distintas). 
 
Memória 
(responder com mais eficiência e velocidade à exposição de um 
microrganismo com o qual já se teve contato prévio). 
 
Os componentes são os linfócitos, os 
anticorpos (Figura 1) e as citocinas (Figura 
2). 
 
 
 
Células do sistema imunológico 
A Figura 3 representa os principais tipos celulares que participam da 
imunidade inata: 
 
 
Os fagócitos são representados pelos neutrófilos – leucócitos 
polimorfonucleares com núcleo lobulado, grânulos citoplasmáticos 
azurófilos (lisossomos) e específicos (mediadores) que participam das 
fases iniciais da resposta inflamatória (até 24 horas) – e macrófagos – 
células teciduais que representam os monócitos da corrente sanguínea; 
a migração dos monócitos é tardia (24-48 horas). 
A função dos neutrófilos e dos macrófagos é eliminar agentes 
agressores (microrganismos, tecidos necróticos e substâncias 
estranhas) por internalização dos agentes e produção de moléculas com 
atividades oxidantes ou enzimáticas seguidas da liberação de 
mediadores químicos sinalizadores (citocinas e derivados metabólicos 
do ácido araquidônico). Os macrófagos em especial podem ser ativados 
por uma via clássica (eliminação do agente agressor por fagocitose), ou 
após a erradicação do microrganismo ocorre a ativação da via alternativa 
e a promoção do reparo tecidual. 
Os neutrófilos têm a capacidade de 
movimentação direcionada dos locais 
de maturação ou circulação para os 
locais de infecção ou agressão. A 
sequência de eventos associados à 
migração celular são: Marginalização, 
rolamento, adesão firme de leucócitos 
ao endotélio, transmigração entre as 
células endoteliais (diapedese) e 
migração para os tecidos intersticiais 
(quimiotaxia) (Figura 4). 
Os mastócitos são células teciduais 
que armazenam nos grânulos diversos mediadores da inflamação: 
Histamina, heparina e proteases. Calor, traumatismo mecânico, frio, 
detergentes, reação de antígenos com IgE na superfície da célula, ação 
das anafilatoxinas C3a e C5a representam estímulos para a 
desgranulação e liberação das substâncias presentes em seus grânulos. 
Os basófilos apresentam características funcionais e morfológicas 
semelhantes aos mastócitos, mas são células sanguíneas. Têm função 
pouco conhecida, mas armazenam e liberam histamina. Têm núcleo 
lobulado; numerosos grânulos no citoplasma; receptores de membrana 
para IgE; C3a e C5a (complemento) e para leucotrienos. A presença deles 
no processo inflamatório está relacionada a picada de carrapatos, 
inflamações alérgicas (asma brônquica, rinite alérgica e dermatite 
atópica). 
As células dendríticas estão relacionadas ao sistema imune adaptativo e 
são apresentadoras de antígenos aos linfócitos. Elas se caracterizam por 
possuírem longas projeções similares a dendritos. Ocorrem na pele, 
parênquima dos órgãos e mucosas e têm capacidade fagocítica. 
Os eosinófilos são leucócitos granulócitos que apresentam núcleo 
lobulado e estão presentes nas mucosas de órgãos do trato respiratório, 
do gastrointestinal e do geniturinário. 
Os linfócitos apresentam subpopulações que participam da resposta 
imune inata e adaptativa. Eles diferem na forma de executar as funções e 
em reconhecer antígenos. 
• Linfócitos B 
Reconhecem os antígenos extracelulares e diferenciam-se em 
plasmócitos produtores de anticorpos (ou imunoglobulinas – Ig). Os 
anticorpos são proteínas solúveis efetoras da imunidade humoral (Figura 
1). 
• Linfócitos T 
São células da imunidade celular que reconhecem peptídeos de 
microrganismos intracelulares e são divididos em dois subtipos: CD4+ e 
CD8+. 
Quando ativados, os linfócitos T CD4+ são chamados de células T 
auxiliares, ou helper, e auxiliam fagócitos a destruir microrganismos 
intracelulares. Os linfócitos T CD8+ eliminam células infectadas por vírus 
por indução de apoptose. 
Da mesma forma que outros leucócitos, os linfócitos ativados em uma 
resposta inflamatória também migram para os tecidos orientados por 
quimiocinas. 
 
• Atenção 
Ainda existe a subpopulação de Linfócitos NK ou natural killer, que 
participam da resposta imune inata apresentando em suas membranas 
receptores de ativação(carboidratos na membrana de células induzem a 
liberação de perforinas) que levam à morte celular por apoptose e 
receptores inibitórios (KIR) – MHC de classe I – que inibem a sinalização 
intracelular dos receptores de ativação. 
Células cancerosas e infectadas por vírus ou bactérias intracelulares 
não expressam MHC de classe I, ocorrendo a morte celular 
decorrente da ativação dos receptores de ativação. 
Células do sistema imunológico 
 
 
O sistema complemento é um conjunto de proteínas plasmáticas e de 
superfície com funções relacionadas ao sistema imune inato e ao 
sistema imune adaptativo. A ativação do complemento envolve cascatas 
proteolíticas: Uma enzima precursora inativa (zimogênio) se torna uma 
protease ativa que induz a atividade proteolítica da próxima proteína do 
complemento na cascata. As cascatas enzimáticas resultam em 
significativa amplificação da quantidade de produtos proteolíticos que 
são gerados. Esses produtos realizam as funções efetoras do sistema 
complemento. 
Na resposta imune inata, o sistema complemento participa da 
opsonização dos microrganismos e do recrutamento de fagócitos para o 
local de infecção, destruindo diretamente os microrganismos (Figura 5). 
Na resposta imune adaptativa, o sistema complemento participa da 
interação entre as proteínas e outras moléculas do sistema imune. Os 
produtos gerados funcionam na eliminação dos microrganismos. É 
ativado por microrganismos e por anticorpos que estão ligados aos 
microrganismos e a outros antígenos. 
O sistema complemento pode ser inibido por proteínas reguladoras 
presentes em células normais do hospedeiro e ausentes nos 
microrganismos (ABBAS et al., 2015). 
Inflamação 
Trata-se de uma reação inespecífica de tecidos vascularizados ao agente 
agressor (biológico, químico ou 
físico). Caracteriza-se 
morfologicamente pela saída de 
líquido e de células do sangue 
para o interstício. O objetivo da 
reação inflamatória é direcionar 
os componentes celulares e 
humorais para o foco da lesão 
tecidual, para manter a 
integridade do organismo. A 
função é diluir, destruir e 
neutralizar agentes nocivos 
(toxinas e microrganismos) e 
reparar os locais de lesão (Figura 6). 
É importante destacarmos que os componentes da reação inflamatória 
também podem provocar lesões em casos de uma reação inflamatória 
exagerada (infecção acentuada) ou prolongada, que pode ocorrer nos 
casos de o agente agressor ser resistente à erradicação ou em reação 
inflamatória inapropriada, quando observamos resposta contra antígenos 
próprios ou ambientais inofensivos. 
 
Sinais cardinais da inflamação 
São sinais e sintomas característicos que ocorrem no processo 
inflamatório. São representados 
por Rubor (vermelhidão); Calor (aquecimento); Tumor (inchaço); Dor e 
Perda de função. 
O calor e o rubor estão relacionados ao aumento da circulação; o 
tumor ao aumento local do líquido intersticial (edema); e, a dor, ao 
acúmulo de substâncias biológicas próximo às terminações nervosas. 
De forma geral, as manifestações da inflamação são decorrentes de 
alterações vasculares e recrutamento de células. 
 
Fenômenos da inflamação 
De acordo com Lima e Kanashiro (2015) e Brasileiro-Filho (2012), esses 
fenômenos são classificados em: Irritativos, Vasculares, Exsudativos, 
Alterativos e Reparativos. 
Os fenômenos irritativos são modificações provocadas pelo agente 
inflamatório ocorrendo a 
liberação de mediadores 
químicos pelo organismo. 
Na agressão, temos a 
liberação de substâncias 
que induzem modificações 
em moléculas de tecidos 
ou produção de lesões nas 
células ou na matriz 
extracelular e liberação 
de mediadores da 
inflamação pelos 
componentes teciduais 
que sofreram a agressão 
(Figura 7). 
Os mediadores da 
inflamação podem ser: 
• Armazenados nos mastócitos ou em terminações nervosas 
sensitivas; 
• Produzidos por células do endotélio, monócitos, macrófagos, 
neutrófilos, linfócitos e células parenquimatosas ou do estroma. 
Também apresentam diversas denominações genéricas: 
• Mediadores endógenos; 
• Autacoides; 
• Citocinas; 
• Quimiocinas. 
A liberação dos 
mediadores da 
inflamação leva ao 
aumento da 
permeabilidade 
vascular; à quimiotaxia; 
à febre; à dor e ao dano 
tecidual (Figura 8). 
 
Os mediadores da 
inflamação causam 
modificações 
hemodinâmicas na 
microcirculação 
representadas por: 
• Vasodilatação arteriolar, com aumento do fluxo e hiperemia 
(liberação da heparina); 
• Constrição de vênulas maiores, que leva ao aumento da pressão 
hidrostática; 
• Aumento da permeabilidade, com formação de edema. 
Essas modificações caracterizam os fenômenos vasculares. O resultado 
dessas alterações é o aumento da viscosidade do sangue, a lentidão da 
circulação e a lesão endotelial com consequente formação de trombos 
(Figura 9). 
Os fenômenos exsudativos estão relacionados à saída (exsudação) dos 
elementos do sangue (plasma -A exsudação plasmática dilui os agentes 
agressores e favorece a saída de anticorpos e moléculas do sistema 
complemento, componentes humorais do sistema imune inato que 
possuem ação neutralizadora e opsonizadora sobre microrganismos. 
Permite a saída de fibrinogênio, que na forma ativa é a fibrina, e funciona 
como suporte físico para a migração de leucócitos e a formação de uma 
barreira impedindo a disseminação de microrganismos pelo organismo.-
1 e células - Na exsudação celular, observamos a marginalização 
leucocitária, a diapedese, e, na fase inicial, a ocorrência de 
polimorfonucleares (24 horas) e de macrófagos (48 horas) com posterior 
aparecimento de linfócitos.) do leito vascular para o interstício. A 
exsudação plasmática ocorre nas fases iniciais do processo inflamatório 
continuando por todo o processo. 
 
Fenômenos alterativos resultam em processos de degeneração e 
necrose e estão relacionados à ação direta (efeito citopático viral) ou 
indireta (a própria resposta) do agente inflamatório. 
A capacidade de reparo da lesão inflamatória representa 
os fenômenos reparativos. Os mecanismos anti-inflamatórios se referem 
à cura ou à cronificação da inflamação. A eliminação do agente agressor 
depende da degradação dos mediadores químicos (vida média curta ou 
pela inativação enzimática). Se o agente não for eliminado, ocorre a 
evolução para a inflamação crônica. 
 
Inflamação aguda e inflamação 
crônica 
A inflamação é classificada em aguda ou crônica dependendo da 
duração. A inflamação aguda é uma reação de início rápido e de curta 
duração caracterizada morfologicamente por fenômenos exsudativos 
(edema, migração de neutrófilos da microcirculação e vasodilatação 
vascular com aumento do fluxo sanguíneo e da permeabilidade 
vascular). 
Os estímulos relacionados à inflamação aguda são: 
• Infecções (bacterianas, virais, parasitárias) 
• Toxinas microbianas, agentes físicos e químicos (lesão térmica, 
radiação, algumas substâncias ambientais) 
• Reações imunológicas (reações de hipersensibilidade) 
• Traumas 
• Necrose tecidual 
 
A inflamação crônica é uma resposta de duração prolongada (dias a 
anos), repetitiva, progressiva e caracterizada por influxo de linfócitos e 
macrófagos com proliferação vascular associada e fibrose 
(cicatrização). É uma interação complexa entre várias populações 
celulares e seus mediadores secretados. Por exemplo, linfócitos T 
ativados produzem citocinas que recrutam e ativam macrófagos que 
apresentam antígenos e secretam mais citocinas, criando assim um ciclo 
de reações celulares que mantém a inflamação de forma crônica e 
progressiva (FRANCO et al., 2015; LIMA; KANASHIRO, 2015; BRASILEIRO-
FILHO, 2012). 
 
A progressão da inflamação aguda segue para a resolução (regeneração 
e reparo), em uma resposta bem-sucedida, e para a restauração da 
arquitetura estrutural e funcional do hospedeiro. Também pode progredir 
para uma cicatrização, devido à destruição grave do tecido ou quando 
não há regeneração tecidual (ocorre substituição do tecido original por 
tecido conjuntivo), que podeevoluir para fibrose comprometendo 
funcionalmente o órgão, ou pode, finalmente, evoluir para uma 
inflamação crônica, processo que ocorre quando o agente agressor não é 
removido do organismo (FRANCO et al., 2015; LIMA; KANASHIRO, 2015; 
BRASILEIRO-FILHO, 2012) (Figura 09). 
 
Noções gerais sobre imunopatologia 
Imunopatologia é o estudo de lesões produzidas pelos componentes do 
sistema imunológico. Estudaremos aspectos relacionados à etiologia e à 
patogênese das doenças por hipersensibilidade, caracterizadas por 
respostas inflamatórias exacerbadas e autoimunes em que o organismo 
desenvolve respostas inflamatórias inapropriadas a antígenos inócuos 
ou próprios (Figura 11). 
Doenças por hipersensibilidade 
Caracterizadas por respostas 
imunes inadequadas a substâncias 
consideradas inofensivas ou 
inócuas (antígenos ambientais), 
promovendo lesões no organismo. 
As reações de hipersensibilidade 
geralmente ocorrem por ação de 
componentes genéticos ou por 
características particulares dos 
antígenos. As respostas imunes 
relacionadas às doenças de 
hipersensibilidade são crônicas e 
progressivas porque o antígeno é 
difícil ou impossível de ser 
eliminado ou evitado 
(autoantígenos e antígenos 
ambientais). 
As hipersensibilidades são classificadas em: 
• Tipo I (hipersensibilidade imediata) 
São mediadas por anticorpos IgE. 
As doenças por hipersensibilidade do tipo I são as alergias, as atopias ou 
as reações anafiláticas, sendo desencadeadas após a exposição a 
antígenos exógenos (alérgenos). São localizadas (anafilaxia localizada) 
ou sistêmicas (choque anafilático (LIMA; KANASHIRO, 2015; 
BRASILEIRO-FILHO, 2012). 
 
• Tipo II (mediadas por anticorpos IgM e IgG e ativação do sistema 
complemento 
As reações por hipersensibilidade do tipo II estão relacionadas às doenças 
não sistêmicas nas quais os anticorpos – IgG e IgM – atuam contra 
antígenos celulares lesando células diretamente (ação citotóxicas) ou 
alterando as funções celulares do próprio hospedeiro. Um exemplo é a 
anemia hemolítica autoimune, em que os eritrócitos opsonizados por 
autoanticorpos serão destruídos pelos fagócitos no baço (LIMA; 
KANASHIRO, 2015; BRASILEIRO-FILHO, 2012). 
• Tipo III (por depósito de imunocomplexos) 
Na hipersensibilidade do tipo III, os complexos antígeno-anticorpos 
produzidos de forma inapropriada na circulação ou nos tecidos se 
depositam nos vasos sanguíneos ou no interstício de tecidos, ativando o 
sistema complemento e induzindo respostas inflamatórias. Se os 
complexos imunes são formados na circulação, a lesão é sistêmica; se 
são formados em tecidos específicos, o dano é localizado. A artrite 
reumatoide é um exemplo de hipersensibilidade de tipo III (LIMA; 
KANASHIRO, 2015; BRASILEIRO-FILHO, 2012). 
• Tipo IV (imunidade celular) 
A hipersensibilidade do tipo IV, associada à imunidade celular, é 
caracterizada pela ação de linfócitos T nos locais em que os antígenos 
exógenos e inofensivos estão presentes (LIMA; KANASHIRO, 2015; 
BRASILEIRO-FILHO, 2012). 
 
 
Autoimunidade e doenças 
autoimunes 
Autoimunidade 
Autoimunidade é uma resposta imune específica contra um antígeno ou 
uma série de antígenos próprios. A doença autoimune é uma síndrome 
provocada por lesão tissular ou alteração funcional desencadeada por 
uma resposta autoimune. 
Autotolerância 
Autotolerância é a propriedade do sistema imune adaptativo que mantém 
a tolerância do sistema imune contra antígenos próprios. Falhas nesse 
mecanismo podem levar a autoimunidade e a doença autoimune. 
Tolerância central e periférica 
A tolerância central é induzida nos órgãos linfoides centrais (timo e 
medula óssea), quando linfócitos imaturos encontram autoantígenos 
presentes nesses órgãos; e a tolerância periférica se caracteriza pelo 
reconhecimento de autoantígenos em tecidos periféricos por linfócitos 
maduros. 
 
O sistema imune adquire autotolerância pela deleção clonal de linfócitos 
T e B autorreativos e pela supressão funcional de linfócitos T e B 
autorreativos . 
O timo e a medula óssea são órgãos linfoides centrais nos quais ocorre a 
produção e a maturação dos linfócitos T e B. 
A tolerância central em linfócitos T ocorre no timo quando linfócitos 
imaturos apresentam 
receptores de alta afinidade 
reconhecendo 
autoantígenos. Dessa forma, 
pode ocorrer a seleção 
negativa com deleção das 
células T imaturas ou o 
desenvolvimento de 
linfócitos T regulatórios, com 
a função de controlar as 
respostas aos autoantígenos 
em tecidos periféricos 
(Figura 13). 
Em linfócitos B, a tolerância 
central é induzida quando as células imaturas reconhecem 
autoantígenos polivalentes na medula óssea. Esse processo resulta em 
aquisição de uma nova especificidade, a edição de receptor ou a morte 
por apoptose das células B imaturas. 
O desenvolvimento das doenças autoimunes está associado a defeitos 
na autotolerância e/ou ativação de linfócitos autorreativos. Defeitos na 
autotolerância ocorrem pela não eliminação de linfócitos autorreativos 
durante a maturação. 
Fatores genéticos induzem à ocorrência de doença autoimune porque os 
mecanismos de autotolerância podem ser interrompidos pelos chamados 
genes de suscetibilidade. 
 
 
Fatores ambientais, principalmente agentes biológicos (infecções), 
induzem o desenvolvimento da autoimunidade por ativação de células 
apresentadoras de antígeno (sistema imune inato) (Figura 14), levando à 
expressão de moléculas coestimuladoras e à produção de citocinas. Isso 
resulta na ativação de linfócitos T autorreativos. 
A expressão de antígenos por microrganismos com a mesma sequência 
de aminoácidos que a de antígenos próprios (mimetismo molecular) 
acarreta na ativação de linfócitos T autorreativos. Um exemplo clássico é 
a cardiopatia reumática, uma miocardite decorrente da ação de 
anticorpos produzidos após uma infecção por estreptococos β-
hemolíticos que reconhecem de forma cruzada proteínas miocárdicas. 
Outras doenças autoimunes são o lúpus eritematoso sistêmico, em que 
há presença de complexos imunes contra compostos nucleares na 
circulação; a Miastenia gravis; e, a diabetes melito tipo I, decorrentes de 
resposta imune específica contra antígenos expressos em um órgão – 
mielina do sistema nervoso central e células β produtoras de insulina das 
ilhotas pancreáticas, respectivamente.

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